Escolhidos escrita por Sahh


Capítulo 11
11




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Roland está mesmo bem melhor, e até menos emburrado comigo. Paul partiu ontem a noite para sua casa. Roland disse que fica á uns bons quilômetros daqui. Imagino como ele deve estar com saudades de sua família. Perguntei se não era perigoso sair daqui com o pessoal do governo á procura de nós. Roland disse que não haveria problema, já que Paul está acostumado á passar pela floresta, e não será difícil para ele conseguir se esconder. Perguntei á Roland se ele não tem ninguém, ele não me respondeu, depois de muito hesitar, ele mudou de assunto. Não toquei mais no assunto.

Fico sentada no banquinho, prestando atenção no meu pai e em Oliver, e principalmente, ignorando Steel. O velho sabe mesmo me fazer perder a paciência com ele. Resolvo ficar na cozinha. Sue fica bastante lá, já que Oliver e meu pai é que servem no bar. Sue está lavando os copos enquanto eu rio com ela. Se ela estiver namorando Brandon, não será uma má ideia tê-la na família. Acho invasão de privacidade, mas tenho que perguntar. Brandon é meu irmão.

– Sue, você e Brandon... – Deixo no ar, esperando que ela complete.

– Pra você eu conto – diz ela, sorridente, parecendo não se incomodar por eu estar sendo intrometida. – Meio que estamos namorando.

– Sério? – pergunto, sorrindo. – Eu sabia que vocês tinham algo, só que achei que não deveria perguntar, sabe...

– Sem problemas. Eu gosto de você, Eve. Eu ia contar, mas depois do que aconteceu... – diz ela. Sorrio.

– Mas como está? – pergunto, mudando de assunto.

– Ele disse que vai falar com minha mãe. Mas eu não sei os seus pais...

– Eles são legais, duvido eles não aceitarem – digo. Ela sorri.

Sue fala dos beijos de Brandon e eu sinto que vou vomitar. Ela disse como era doce, apaixonante, quente e tudo o mais. Não quero saber como meu irmão beija. Prefiro sair da cozinha, mesmo se Steel implicar comigo. Ele nem notou que eu estava lá, fico aliviada. Roland aparece no bar e senta com Steel, achei estranho, nunca os vi conversando. Observo-os de minuto a minuto. Steel parece sóbrio dessa vez, balançava a cabeça em concordância e, algumas vezes, ele falava algo e botava a mão na cabeça. Ele tinha até esquecido o copo de lado. Umas das minhas olhadas, notara algo diferente, os dois, ao mesmo tempo, olharam para mim, em seguida, Steel falou algo e os dois voltaram a beber. Roland deve estar falando com ele sobre quase nos matarem na floresta. Os dois se levantam, vão até a porta e saem. Nunca vi Steel sair antes do bar fechar. Isso é estranho, nunca imaginei Roland conversando com Steel. Nunca imaginei ninguém querer conversar com Steel. Certo, pode ser coisa da minha cabeça, o que acho difícil. Ah, Steel está somente progredindo, dessa vez, ele deve ter ouvido o doutor. Mas não sei...

Resolvo saber mais e levanto. Ninguém nota que me levantei. Saio do bar, olhando de um lado pro outro, a procura deles. Nem sinal dos dois, mas acho que sei onde foram. Na pequena fazenda de Steel. É lá que ele vive, planta vários tipos de frutas e verduras. É de lá que vêm meus morangos. Lembro-me de quando era pequena. Eu sempre pulava a cerca branca e velha que cerca as pequenas faixas de terras e roubava morangos, por isso ele implica tanto comigo. Naquele dia, ele tinha me visto, mas não falou nada, achei até estranho. Depois daquele dia, sempre morria de medo quando Steel estava por perto. Aí, parei de roubar morangos. Ou eu compro ou alguém compra para mim.

Passando por entre o bar e a casa de Joel, avisto os dois mais á frente, perto do poço. Vejo Brandon saindo de trás da casa de Joel. Ele levanta as sombrancelhas enquanto eu fico paralisada.

– O que faz aqui? – pergunta ele. Pelo canto do olho, vejo Roland e Steel entrarem na casa do bêbado. – Eve?

– Ah, é que eu estou indo na padaria.

– Por aqui?

– É que é mais rápido por aqui – digo, e Brandon levanta uma sombrancelha.

– Eve, te conheço. Sempre em busca de confusões. Não acha que está tendo problemas demais? – Brandon nem sempre parece ter a idade que têm. Ele até parece um cara maduro agora.

– Mas eu não fiz nada. E o que você está fazendo aqui? – pergunto. Seu rosto fica vermelho. – O senhor Evans sabe que você saiu pra ver a namorada?

– O que? Que namorada? – pergunta ele, nervoso.

– Ah, Brandon. Eu já sei de você e Sue. – Giro o corpo para voltar ao bar. E falo alto por cima do ombro: – Gosto da Sue, boa escolha!

Sentada no balcão do bar, espero por qualquer sinal de Roland e Steel. Olho para a porta de cinco em cinco minutos. Eu queria ter ido até a casa de Steel, visto o que aqueles dois estão fazendo, têm algo muito estranho.

De noite, eles aparecem, logo quando eu havia desistido de vigiar a porta do bar. Eles se sentam na mesa de Steel e voltam a beber. Não importa o que eles estavam conversando, não tenho nada a ver. Brandon está certo, tenho grandes problemas agora. O bar está fechando, Roland e Steel saem ao mesmo tempo. Sentada no balcão, espero meu pai e Oliver terminarem de arrumar e irmos para casa. Brandon aparece no bar, acho que nunca o vi entrar aqui, ele não é de beber, e sempre está na padaria. Ele senta do meu lado.

– O que faz aqui? – pergunto.

– Estou esperando a Sue – diz ele, com as bochechas vermelhas. Sorri. – Ela vai jantar lá em casa – sussurra ele.

– Nossos pais sabem disso? – pergunto. Ele balança a cabeça.

– Ainda não. Eu só pedi pra minha mãe fazer um bom jantar hoje, pois teremos visitas. Acho que ela desconfia de algo... – diz ele, pensativo.

– Você acha? – pergunto, sarcástica. Brandon sorri.

Meu pai parecia confuso quando deixamos o bar onde Brandon e Sue conversavam na porta. Ele me fazia perguntas, tentando entender o que havia entre os dois. Eu não falava nada, Oliver fazia o mesmo.

Em casa, Oliver vai tomar banho, meu pai senta no sofá ao lado de Luke. Na cozinha, ajudo minha mãe com a mesa.

– O que há entre Sue e Brandon? – pergunta minha mãe.

– Desculpe, mãe, prefiro que Brandon diga – digo. Minha mãe me olha e sorri.

– Se for o que estou pensando, poxa, finalmente – diz ela, sorridente. Eu rio.

– Você sabia?

– Só desconfiava. – E virou-se para pegar a panela do fogão.

Depois de Oliver, vou tomar meu banho. No meu quarto, sento em minha cama, pensativa. Não quero aceitar a morte de Oliver, mas ele já aceitou. Só não sei o que direi ao Luke. Alguém bate na porta e peço para entrar. Achei que seria minha mãe, pois já é de costume ela me chamar para o jantar. Oliver abre a porta, me chamando pro jantar. Um incentivo da minha mãe, talvez? Quem sabe. Na mesa de jantar, Brandon parece desajeitado, nervoso para pegar a concha da panela. Eu seguro o riso quando ele faz algo desajeitado. Sue sorri para ele. Meu pai não entendia nada, olhava para todos que estam sorrindo. Terminado o jantar, Sue ajuda minha mãe na pia, Oliver e meu pai conversam sobre o bar. Como sento do lado de Brandon, resolvo avisá-lo.

– Se você está tão nervoso assim com nossos pais, imagine com a mãe de Sue? – sussurro para ele. Acho que fiz mal, Brandon parece mais nervoso. Sue não têm pai, já que ele morreu logo após seu nascimento por uma gripe que tinha dado na região onde ele fora trabalhar.

– Obrigado por avisar, Eve – diz Brandon entredentes. Eu sorri e botei a mão em seu ombro.

– Relaxa, mamãe adorou, papai vai gostar – tranquilizo-o.

– Como ela-

– Ei, falaram de mim? – Meu pai interrompe Brandon, á minha frente da mesa.

– Sim, pai. Brandon tem algo á contar – digo. Brandon me olha surpreso. – O que é? Você tem que contar logo – sussurro.

– Fale, Brandon – diz meu pai.

Brandon, bastante nervoso, se levanta e pega a mão de Sue, que coloca o pano de secar louça no ombro. Contornam a mesa e ficam de frente para nós. Minha mãe senta á mesa conosco, esperando pelo momento. Brandon olha nos olhos claros de Sue e diz. Diz que quer Sue como sua namorada, que adoraria, no futuro, casar com ela e ter filhos. Estamos todos em silêncio, olho para meu pai, que está pensativo, com a mão no queixo.

– Ah, era por isso que estava nervoso, Brandon? – pergunta meu pai. Eu sorrio. Conheço bem meu pai, ele não é do tipo que faz escândalos, briga ou reclama. Sei que ele gosta de Sue. – Vem cá, garoto, dá um abraço no velho aqui – dizendo isso, Brandon foi até meu pai, que já estava de pé e deu um abraço apertado, com tapas nas costas e sussurros. Meu pai foi até Sue e lhe abraçou. – Será ótimo tê-la na família. – Sue cora e dá um sorriso tímido.

São conversações e abraços de meus pais para com Sue. Fico feliz com aquilo. Olho para Oliver, do outro lado da mesa, ele está olhando pro meu pai, em seguida, me olha e sorri. Será que Oliver faria o mesmo que Brandon fez? Falar que me queria ao seu lado o resto de sua vida? Seria lindo se ele não estivesse doente. Olho para Luke, que está feliz, brincando com a colher de plástico.

Brandon sai para deixar Sue em casa. Estamos ainda todos na mesa, já conversando sobre o casamento deles, imaginando Brandon nervoso na hora da cerimônia. Fazemos algo pequeno aqui, nada grandioso. As mulheres se vestem com o vestido branco que são passadas de mães para filhas, os homens bem arrumados em suas roupas usadas em momentos especiais; os noivos trocam palavras doces um para o outro, o homem mais velho do vilarejo abençoa o casamento e há uma dança que fazemos para finalizar o casamento. Todos no vilarejo fazem de tudo para que o casamento saia bem bonito, todos ajudam no que podem.

Me sinto cansada e dou um abraço apertado no pequeno Luke. Meus pais vão para o quarto. Sento no sofá com Oliver e Luke. Não temos palavras, não sabemos o que dizer um pro outro, só o fato de estar perto dele, já é o suficiente. Não sei o que vou fazer e nem o que vai acontecer quando ele se for, se eu pudesse, eu realmente evitaria isso. Agora, quero somente aproveitar até os últimos momentos de Oliver com ele.

Será que vou me apaixonar novamente? Eu conseguiria?

Duvido. Eu não conseguiria.


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