Pov. Rosalina Stull

– Você tem certeza? – Ele perguntara à mim, estreitando os olhos azuis.

– Por que não, Finn? – Retrucara, mirando na cabeça de um boneco.

– Porque é perigoso, porque eu não acho que você esteja preparada, porque você é minha melhor amiga e, principalmente, porque eu não quero te perder. – Ele respondera, enquanto eu posicionava a arma. Assim que ouvi o “não quero te perder”, hesitei e acabei acertando a parede atrás do alvo, passando com a flecha bem rente ao que seria sua orelha.

– Oi? – Olhei para ele sem acreditar.

– Que foi? – Ele perguntou, assustado. Seus cachos negros caindo desajeitadamente em sua testa. – Falei algo errado?

Olhando aquele garoto de apenas 16 anos, fofo e bonitinho, era muito difícil dizer que ele tinha ganhado a 24° edição dos Jogos Vorazes.

– Não. Não falou nada. – Suspirei, pegando outra flecha.

Estava esperando o trem que ia à Capital. Um garoto chamado Jason estava ao meu lado, impaciente.

Tinha acabado de ver meus pais na Prefeitura. Eles disseram o quanto me amavam e o quanto eu me daria bem.

Respirei fundo.

A mesma coisa que eu falei para minha irmã, quando esta fora escolhida para os Jogos.

– Chegou. – Trindade vibrou ao meu lado, fazendo suas marias-chiquinhas coloridas e tão luminosas balançarem.

O trem parou e as portas abriram. Entrei primeiro, olhando ao redor. Todos os outros distritos, com exceção do 1, estavam ali. Trindade avistou os dois tributos do 4 e nos puxou para que ficássemos mais ou menos perto deles.

Desde cedo formando grupo de Carreiristas. Trindade é esperta.

Sentei de frente para Jason e observei enquanto o garoto começava a fazer malabarismos com a faca, passando-a por entre os dedos e girando-a em uma velocidade impressionante.

– Pare com isso, irá alertar os outros. – Ouvi uma voz ao meu lado. Olhei para cima e vi dois olhos muito azuis voltados para mim. – Vocês tributos nunca aprendem?

– Finn! – Sorri, enquanto ele sentava ao meu lado. O abracei e ele acariciou meus cabelos escuros, enquanto beijava minha testa. – Por que não foi me ver na Prefeitura, idiota? – Perguntei, batendo em seu peito. Ele riu e olhou para mim com uma sobrancelha levantada.

– É assim que deve se comportar na frente de um mentor? – Meu melhor amigo perguntou, tentando ficar sério, sem sucesso.

– Mentor? – Jason arregalou os olhos igualmente claros. – Você?

– Algum problema? – Finn estreitou os olhos que agora faiscavam em sua direção.

– Quantos anos você tem? 13?

– Dezesseis. – Respondi por ele, incomodada.

– Você não pode ser mentor. – Jason continuou teimando. – Não tem idade o suficiente.

– Vou me lembrar disso quando estiver com a salvação da sua vida em mãos. – Finn retrucou.

– Mas... – Entrei na conversa também. – Você realmente não tem idade.

– Mas eu tenho meus contatos. – Ele respondeu, me apertando mais contra ele. Jason revirou os olhos e levantou.

– Onde é o banheiro?

– Final do corredor. – Finn respondeu, sem tirar os olhos de mim. Assim que o garoto alto e loiro desapareceu de vista, meu mentor e melhor amigo olhou para mim com um sorriso bobo. – Achou mesmo que eu ia ficar longe de você? Que eu ia deixar qualquer um cuidar da minha menina?

Corei violentamente e olhei para a janela.

– Olha, o Distrito 1!