Mudando o Destino escrita por YoruNoKaze


Capítulo 9
Capítulo 9 - Munit haec et altera vincit.


Notas iniciais do capítulo

Saudações a todos!

Legenda:
'pensamento' ou "pensamento"
— Fala dos personagens.



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Cap. IX – Munit haec et altera vincit./ Um defende, e outro conquista...

"- Casar... com QUEM??? - A menina perguntava pela décima vez, absurdamente incrédula.
- Filha, não discuta! Vai para Roma casar-se com ele SIM!
- Mas... papai, eu não quero me casar agora... muito menos com ELE!
- Não me interessa! Querida, é o melhor que há para você. Ele é filho de um amigo meu, de inteira confiança, jovem, rapaz de bom coração, ótimas habilidades corporais... enfim, um pretendente quase perfeito!
- Quase! E sabe o que falta para ser perfeito?
- Não... o que falta?
- Falta ser normal!!!
- Filha, eu não entendo essa sua implicância com o rapaz! Não vejo o que ele possa ter de tão ruim.
- Em quatro palavras... ele é o Lee!!! Não dá pra ser mais clara que isso...
- Tenten, isso já foi decidido. Você se casa daqui a três meses.
- SE eu não morrer de nojo antes, é claro... - a moça fez uma careta.
- Arrume suas coisas. Em três dias você estará a caminho de Roma.
- Sim, senhor...

A jovenzinha grega foi para seu quarto. Separou algumas roupas, o suficiente para pelo menos três meses, quando voltaria para buscar o resto de seu armário. Tirou, despropositadamente, algumas roupas que estavam penduradas e colocou-as na mala. Ficou espantada quando percebeu que não conseguia fechá-la. "Isso que dá comprar tudo de couro..." foi o que ela pensou. Mas não tinha culpa, pois era a senhorita mais rica das redondezas. Ao final, tinha quatro malas grandes. E ainda era pouco.

A viagem durara pouco mais de cinco dias. Fora muito cansativa, ela tinha de admitir. O clima mediterrâneo não lhe fazia bem. Mas nenhuma sensação desagradável era comparável à idéia de se casar... "E ainda mais com o Lee... Não tinha um melhorzinho, não?" Bem, isso não mais importava. O fato é que ela estava indo ao encontro de seu noivo. Sentia um gosto amargo na boca: talvez fosse o calor intenso do momento. Ou talvez fosse a estranha imagem de seu antigo colega de lutas, que há muito tempo não via.

- Tenteeeeeeennnn!!! Que bom que você veio! Estou tão feliz por estar aqui! - Gritou, correndo na direção da guerreira, já nauseada.
- Lee! Contenha-se! - Fez-se ouvir uma voz bem conhecida. O mestre de Lee, amigo de seu pai, e antigo professor seu. - Minha querida pupila de longa data deve estar cansada da viagem. Faço questão de que descanse em um de nossos aposentos, e venha jantar conosco mais tarde.
- Mas... Gai-sensei... Não é preciso n...
- Não discuta! - Interrompeu o mais velho - Vai jantar conosco sim!
- Ah, e podemos ir juntos ao Coliseu amanhã... - continuou Lee - Você precisa conhecer umas maravilhas romanas urgentemente!
- 'Que ótimo, um teatro corrompido, ou um velho biruta metido a sábio?' Seria um imenso prazer... - respondia a jovem, totalmente a contragosto.
- Sabia que você era das nossas! - Respondeu o noivo.

No dia seguinte, Tenten acordou cedo. Separou um vestido qualquer, e não estava nem um pouco animada. Apenas um pensamento invadia sua mente no momento. "Quando será que vou embora daqui?" Já saía de seu quarto, quando encontrou Lee encostado à porta.
- Bom dia! Então, está ansiosa?
- Sinceramente, Lee... - fechou os olhos e respirou fundo - Não sei o que pode ter de tão bom nesse Coliseu que seja digno de minha ansiedade...
- Espere e verá... - Virou-se de costas, e continuou - Vista-se com sua melhor roupa, pois vai se deparar com coisas que nem imagina...
- Certo...

Chegando ao Coliseu, Tenten finalmente percebera que não se tratava de um banheiro público, idéia que cogitou por um longo tempo. Analisou-o por fora: era um teatro. Era definitivamente um teatro. E um teatro gigante. Adentrou um dos inúmeros portôes daquela imensa construção. E nunca esteve tão espantada quanto no momento em que viu a arena ensanguentada das batalhas. estava lá para assistir a uma carnificina? Não queria imaginar. Sua experiência em guerras lhe fazia sentir remorso por aquilo. Desde criança convivera com a morte. "Morte cruél, e morte honrada, ambas pela ponta da espada." E o fato de ser mulher talvez suavizasse um pouco o que seria um coração duro como o de qualquer outro guerreiro. Mas seus pensamentos foram interrompidos por uma voz desconhecida:
- Oh, então esta é a famosa "Futura senhora Rock Lee"?
- Neji! - Gritou Lee - Quanto tempo, hein?! Sabia que você viria para a luta...
- De fato, não perderia isso por nada... não seria do meu feitio... ah, mas vejo que irá se casar em breve, não é?
- Sim, sim... daqui a três meses. Você vem ao casamento, não vem?
- Claro, não poderia perder isso por nada - lançou um olhar irônico para Tenten - Deve estar muito ansiosa para o casamento, eu imagino, senhorita Mitsashi.
- Certamente... "Não seria do meu feito" demonstrar tamanho desacordo! - Disse sarcasticamente, imitando as palavras e o tom de Neji.
- Que ótima noiva meu amigo Lee conseguiu... a senhorita Mitsashi mostra-se totalmente favorável ao seu casamento...
- Totalmente... - adquiriu feições de desagrado - senhor... Neji, não é?
- HYUUGA Neji, por favor... - sorriu discretamente - sou mais conhecido pelo sobrenome por aqui.
- Que infelicidade. Sua família deve sentir-se desagradavelmente desonrada em ter um representante como você...
- Ora, ora... qual o motivo de tanta irritação, senhorita Mitsashi? Seria o seu casamento? - Riu mais ainda.
- Imagine! - respondeu no mesmo tom - Nunca houve noivo melhor que o Lee.
- Tenteeeeeeennnn!!! - Gritava Lee ao longe, tendo se distanciado consideravelmente do grupo há algum tempo - venha conhecer uma pessoa!
- Bem, seu noivo a aguarda, Mitsashi Tenten... boa sorte... vai precisar.
- Muito espirituoso de sua parte, Hyuuga Neji.
- Até muito breve!
- Infelizmente. - E dirigiu-se ao lugar de onde seu noivo, saltitante, acenava para ela.

- Tenten, conheça o homem mais importante de Roma, Orochimaru.
- É um prazer conhecê-lo.
- Não posso dizer o mesmo.
- Err... Lee, aonde vamos nos sentar? - Perguntou desconfortavelmente. A aparência ofídica do homem à sua frente a fazia estremecer.
- Vamos ficar por aqui mesmo...
- Tudo bem.
- Veja, já vai começar a luta principal.
Tenten só pôde ver uma personagem adentrando a arena. A platéia daquele espetáculo macabro gritava fervorosamente seu nome: "Virago! Virago!"
- Virago... é uma mulher?
- Sim, e a mulher mais formosa que já vi...
- Há! Essa eu quero ver.

Viram aparecer sete homens grandes e fortes, com toda sorte de armas. Apesar desses, a figura que mais chamava a atenção era certamente a encapuzada de preto. Esta, tirou o capuz que lhe cobria o rosto e cabelos, revelando incríveis madeixas cor-de-rosa, levando o público "ao delírio". Era uma mulher de fato muito bela, de olhos verde-esmeralda, e um pavoroso e profundo corte vertical no lado esquerdo da face, que vinha da testa à altura da maçã do rosto, passando pelo olho. "Ela deve ser cega", pensou a guerreira que a tudo assistia, "A luta será ainda mais difícil para ela do que eu pensava. Mas o Lee gostou dela, posso usar isso a meu favor."
A luta começara. O primeiro homem, que empunhava uma espada, avançou. Virago desviou-se dele com uma habilidade nunca antes vista por Tenten, para atacar um segundo homem, que tinha como arma uma rede. Este, que sequer percebeu que Virago escapara do primeiro homem, foi facilmente abatido com um potente soco na face, que o fez voar alguns metros. "Incrível!", pensava Tenten, "Ela nocauteou esse homem com um movimento só... que força... e foi um golpe muito inteligente, já que aquela rede poderia tornar-se um problema, uma armadilha talvez... muito astuta."  Virago estava agora cercada pelos seis homens que restaram. Com um pulo de alguns metros de altura, distanciou-se deles, e, à medida que vinham, ela desferia golpes potentes e rápidos, derrotando-os um a um, e deixando a Mitsashi boquiaberta. Qundo só restara um oponente, que já estava visivelmente cansado, Virago aproximou-se correndo, e, com dois dedos de cada mão, atingiu o pescoço do oponente em dois pontos simetricamente precisos. Ouviu-se a platéia gritar:
- 30! 29! 28! 27...
O gladiador ferido estava imóvel no chão, apertando o pescoço, como se estivesse sufocado.
- Lee, o que está acontecendo? - perguntava Tenten, que não entendia a situação.
- Espere, e verá!
- 10! 9! 8! 7! 6! 5! 4! 3! 2! 1!!!!
O gladiador fechou os olhos. Seu sangue escorria pela boca, pelo nariz  e pelos ouvidos. Estava morto.
A platéia agora dirigia o olhar a Orochimaru. O senador fez um sinal, e a gladiadora se retirou, aos gritos de louvor de quem assistia.
Tenten estava abismada. Aquela guerreira era incrível. E, justamente por ser tão habilidosa, não poderia passar o resto de seus dias gladiando. Era uma vida insignificante demais. Ela tinha de ser recrutada. Para um exército. O SEu exército.
- Lee!! Lee!! Eu quero comprá-la!
- Seria uma boa idéia mas...
- AGORA!!!
- Ok, vou ver isso com o Neji.
O noivo se afastava rapidamente, em direção a seu amigo. chegando a ele, foi indicado a outra pessoa. AQUELA pessoa. Lee teria de falar com ele. Justo ele.
- Tenteeeeeeennnn!!
- Fale, Lee.
- Neji me informou que deveríamos falar com Uchiha Sasuke-sama.
- E quem é esse?
- E quem quer saber? - Respondeu o moreno em questão, que estava logo atrás do casal, e ouvia a conversa.
- Muito prazer, sou Mitsashi Tenten.
- E o que quer?
- Gostaria de comprar Virago.
- Você não é romana, é? - arqueou a sobrancelha.
- Não, e daí?
- Então não faz idéia de quantas pessoas querem comprar a Haruno.
- Esse... é o nome dela?
- Não, é o sobrenome, o nome nem eu mesmo sei...
- Sim, mas voltando ao assunto... com a quantia em dinheiro que eu tenho a oferecer, tenho certeza de que ela aceitará de bom grado vir comigo.
- Então vamos, eu a acompanho até onde ela está. Tire suas próprias conclusões.
Os dois atravessaram o Coliseu, deixando Lee para trás. Entraram em um corredor escuro, iluminado por uma luz escassa vinda de algumas poucas tochas apoiadas na parede. Sasuke decidiu não passar daquele ponto, e voltara, deixando Tenten só. Ao fim do corredor, havia uma sala. Ao fim da sala, havia uma jaula. E na jaula estava a guerreira.
- Virago? - A voz da Mitsashi fazia eco.
- Quem me incomoda? - a jovem estava de costas, e assim permaneceu. - Não tem medo de morrer?
- Você me mataria sem saber o que eu tenho a dizer?
- Depende de quanto tempo demorasse para dizê-lo.
- Muito assustador... assim como suas habilidades...
- Eu tenho muitas habilidades, a qual delas se refere?
- Sua luta f...
- Não estou à venda!
- Muito perspicaz de sua parte.
- Se não tem mais nada a dizer, retire-se.
- Eu não vou pedir. Mas tenho uma oferta.
- Não quero me repetir. - ainda estava de costas.
- Tenho muito dinheiro...
- E eu tenho muita fama...
- Pense bem, sou chefe de um exército.
- Era pra eu ficar com medo?
- Você pode ser um soldado...
- Soldado... grande coisa! - Virou-se para a menina de olhos castanhos. - e desde quando soldado é gente?
- Eu não entendo... para você, o que é um soldado?
- Soldado serve para morrer. Luta em guerras que não conhece, por motivos que também desconhece. Se morre, logo é substituído. Soldado é coisa. Coisa como as pessoas que eu mato naquela arena todos os dias! Coisa como eu... - abaixou o olhar.
- Mas... você não é uma coisa! - Tenten estava confusa. "será que ela acha mesmo que não é uma pessoa?" - Você é gente, de carne e osso, ASSIM COMO EU!
Um silêncio anormal pairou pelo ambiente. E uma resposta seca cortou o ar:
- Então, por que você está tentando me comprar? - a voz da Haruno soou grave e firme. - Está me tratando como todos os outros.
A Haruno olhava fixamente para a Mitsashi. Esta podia ver a dor nos olhos daquela. Então entendeu o motivo de sua resistência.
- Virago... peço desculpas por ter te tratado assim... agora entendo como se sente. Por favor, perdoe-me. Lamento muito por você.
A ruiva não queria acreditar. Nunca ninguém lhe falara de igual para igual. Mas antes que as lágrimas pudessem se formar em seus orbes esverdeados, uma voz a despertou. Não sabia ao certo a origem daquele som, mas compreendia-o perfeitamente. Era sua incredulidade que lhe falava, insistentemente, irritantemente, dando outro significado às palavras da mestre de armas...
- Como você pode insultar minha inteligência com um golpe tão baixo? Logo se vê que me subestima.
A Mitsashi não pensou duas vezes. Aproximou-se das grossas colunas de ferro que prendiam a gladiadora, e ajoelhou-se, a meio metro da mesma.
- Você não tem MESMO medo da morte, não é?
- Morreria, se fosse preciso. Mas gostaria de obter seu perdão antes de morrer...
Seguiram-se vários minutos de silêncio. Virago não sabia como reagir, e Tenten estava decidida. Iria ficar ali o tempo que fosse necessário.
Virago levou a mão direita até a cintura, onde pendia uma espada. Desembainhou-a lentamente. Passou o braço pelas grades. Seu semblante era calmo. Fez um movimento. Pôde-se ouvir o som do metal cortando o ar.
Ela devia se defender. Sua vida era mais importante. Mas parou. Sabia que aquele momento era importante, essencial. Então deixou que a Haruno atacasse seu pescoço com toda a força. Um golpe. O golpe. E o silêncio de morte. Ela se fora, para não mais voltar. Um segundo, e a voz dela não se ouvia mais. Cessara. Num instante, foram-se dezoito anos. Mas ela não faria falta. Não ali, e nem naquela hora. e afinal, ela tinha o direito de dar fim naquela que tanto a incomodava. Com certeza ficaria melhor sem ela. Enjoara de sua voz, não a obedeceria.
Se sentiu aliviada.
- Por que não se defendeu?
- Porque sei que você me entenderia, como eu entendi você.
Tinha acabado. Ela finalmente estava morta. A incredulidade da Haruno realmente estava acabada. Lembrava-se do dia em que perdeu a visão. Não a visão de seu olho esquerdo, este sempre esteve intacto, mas a visão da alma. O ódio a cegara, e agora sua visão voltava aos poucos.  Via sua espada a centímetros de distância do pescoço vivo e pulsante da Mitsashi.
- Consegue ver? - Tenten entendeu que Haruno encontrara uma resposta.
- Melhor do que nunca... - respondeu a gladiadora.
- Eu não estou aqui para te escravizar. Você é muito valiosa, Virago, mas como pessoa, não como coisa. E é como pessoa que eu te admiro.
Algumas lágrimas caíram dos orbes esmeralda. E a esmeralda caiu, soltando a espada. Tenten estendeu a mão através das colunas de ferro.  Deslizou os dedos pela face úmida de virago. Era tudo de que ela precisava. Uma mão amiga. Naquele momento, nascia uma grande amizade.
 
- Eu vou com você. Até mesmo se for para a Grécia.
- Como... você sabe que sou grega?
- Por causa do emblema em seu bracelete. Conheço porque vim de lá. Só cheguei até Roma porque estava fugindo da Grécia.
- Então... tem certeza de que você quer voltar?
- Tenho.

- Tenteeeeeeeeennn!! - Era o jovem que chamava sua noiva.
- Lee! Não me assuste desse jeito! - virou-se de costas para virago. - O que você quer?
- Vamos embora. Você vai comprá-la ou não?
- Não, ela não quer ir.
- Então vamos logo!
- Vá na frente, preciso pegar minha espada.
- OK!! - E saiu saltitante.

- Então... você fez tudo isso para decidir que não vai me comprar?
- Quase isso...
- Vai me abandonar aqui?
- Nunca. Daqui a dez dias um soldado de minha confiança virá aqui. Prepare-se para fugir. E não morra até lá - Continuou, sorrindo.
- Para quê uma fuga, se você tem dinheiro o suficiente para me comprar?
- Porque você vale muito mais do que eu poderia pagar. - Levantou-se e foi em direção à saída. - Até breve, Virago.
- Sakura.
- O quê?
- Meu nome... é Sakura.
A Mitsashi olhou-a por cima dos ombros. "Um nome muito delicado para uma gladiadora". A Haruno sorriu para ela como nunca havia feito a ninguém. A Mitsashi retribuiu:
- E meu apelido é VICTUM (Conquistadora)...
Saiu andando. Escurecia, mas ela não se importava, pois já conquistara seu dia..."

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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! ^^



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