Mudando o Destino escrita por YoruNoKaze


Capítulo 8
Capítulo 8 - In magnis voluisse sat est...


Notas iniciais do capítulo

Espero que este capítulo não tenha ficado muito idiota... xD



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Cap. VIII –  In magnis voluisse sat est./ Para as coisas grandes, apenas o desejo já é suficiente.


“No templo da deusa do vento, uma sacerdotisa estava inquieta. Afinal, aquilo SÓ podia ser brincadeira. Como ousaram provocar a deusa daquele modo? Ela tinha de ir contar à superiora.
- Senhora! Senhora Temari! Não imaginas o que aconteceu! Ooohhh... que lástima! Que terrível afronta! – A jovem quase não respirava.
- O que houve, Matsuri? – Sua voz, apesar de grave e forte, era reconfortante.
- Venha comigo, por favor. – Enquanto andava, explicava – Eu estava recolhendo as oferendas à deusa, e veja o que eu encontrei! – Apontou desesperadamente para o altar – Um porco! E vivo!!!
- E o que tem isso?
- Não é terrível?
- Não.
- Nem um pouquinho?
- Já disse que não.
- Mas...
- Bis repetita non placent (não gosto de me repetir)... Não há problema algum, só é bastante incomum.
- Ah... peço mil perdões, grande senhora! – Matsuri ruborizou drasticamente.
- Ahahahah... oras, não foi nada! – A sacerdotisa mais velha fez uma cara divertida. – Vamos, eu vou te ajudar com isto aqui.
- Mas, a senhora não tem coisas mil vezes mais importantes para fazer? Quero dizer, sendo assim tão importante... ‘Lógico que não, né? Ela é a chefona... ’
- Ah, não... será um prazer ajudar você... há muito tempo não faço isso!
- É claro – disse, sussurrando – há muito tempo que deixou de ser uma novata...
- Veja, o que você deve fazer consiste apenas em doar o porco a quem precisa, assim como estas frutas. – Apontou para uma cesta cheia delas e desviou o olhar para algo – E estas flores... – pegou o raminho – Matsuri, você já viu flores como estas antes?
- Ah sim, senhora. Têm muitas delas em minha terra natal. Chamam-se Sakura. São flores de cerejeira, vivem um dia apenas, em média, e essas cor de rosa são características da primavera...
- Só na primavera?
- Sim, absolutamente.
- Mas estamos no inverno. E elas não podem ter vindo de um lugar tão longe onde já seja primavera, se vivem apenas um dia.
- Bem observado, senhora.
Antes que pudesse completar seu raciocínio, deixou cair as flores de suas mãos. Seus olhos, de cor verde azulado muito escuro, brilharam de maneira incandescente, até pararem em um tom semelhante ao das folhas. Paulatinamente, as coisas ao seu redor começaram a flutuar e depois a girar incessantemente como numa espécie de redemoinho. Matsuri se agarrava a uma coluna, tão forte era o vento que agora soprava. O céu matinal era agora escuro e nublado. Tentando proteger os olhos da poeira que havia levantado do chão, murmurou abismada:
- Ela está flutuando!
Mais que isso, a augure tinha uma visão. Via o futuro. Durante o intervalo de cinco minutos, permaneceu naquele transe. Quando seus pés puderam tocar o chão novamente, desmaiou. Matsuri, que se aproximara correndo logo que o vento cessou, conseguiu evitar a terrível queda à qual a sacerdotisa se submeteria naquele momento. Gritava:
- Ajudem-me! Por favor, minha senhora teve um ataque fulminante!!! Ela está mal! Ela vai morrer, se continuar assim... eu nem sei o que pode acontecer!
Mas ninguém estava lá para ajudar. Com muita dificuldade, conduziu uma desmaiada Temari até seus aposentos. Ao chegar ao quarto da mestra, ficou deslumbrada. Era simplesmente maravilhoso! Bem decorado, espaçoso... muito diferente do buraco que ela chamava de ‘meu quarto’. Pensava: ‘Será que posso mesmo pisar neste chão de mármore? Ah, que se exploda! É uma emergência mesmo!!!’. Deitou, tão delicadamente quanto podia, a sacerdotisa na enorme cama que ocupava boa parte do espaço disponível, e sentou-se em uma cadeira próxima. Passou algum tempo a apreciar o quarto e os lindos móveis de madeira trabalhada, até que voltou a atenção à mulher deitada à sua frente. Dormia tranquilamente, tinha as feições muito suaves, e até se poderia dizer que ela estava sorrindo. Um discreto e sincero sorriso. Um sorriso que a fez adormecer ali, naquela frondosa e confortável cadeira. Durante dois dias e duas noites, ficou observando a sacerdotisa, quase sem sair do quarto, esperando que acordasse. Já tinha até preparado uma enorme cornucópia repleta de frutas, para caso Temari sentisse fome. E adormecia lá, e era acordada pelos raios de sol que transpassavam a janela de cristal, criando um espectro incrível. Uma dança de cores que, após duas manhãs, acabou despertando ambas, mestre e discípula, ao mesmo tempo.
- Que fome... – abriu lentamente os olhos – Quero uma maçã... – dizia a mais velha, meio inconscientemente.
- O QUÊ????!!! – Deu um pulo – Como assim, quero uma maçã? A senhora tem um surto, seus olhos ficam claros, tal como deveria estar o dia, se não fosse uma nuvem enoooooooooooooorme que chegou de repente, as coisas começaram a voar e girar em volta dos seus pés, e tudo o que tem a me dizer é que quer uma fruta???
- Não uma fruta qualquer, uma maçã. Eu gosto de maçãs...
- Eu mereço! Olhe à sua direita...
- Nossa! – Viu as frutas que Matsuri havia cuidadosamente escolhido e lavado – O que isso faz aqui?
- Eu preparei pra caso a senhora tivesse fome...
- Obrigada, mas como você sabia que eu ia acordar com tanta fome assim?
- Deixe-me ver... Talvez porque a senhora dormiu por dois dias seguidos??? Bem, eu acho que faz algum sentido, n...
- Meu Zeus! Então é por isso que você está me olhando com essa cara de idiota, né? Está esperando explicações, é lógico! Que burra que eu sou!
- Está certa, exceto pela parte da cara de idiota. – Ficou emburrada por alguns segundos. – Mas a senhora ainda não disse o que aconteceu! Vamos, diga logo!
- Está bem, está bem... vamos ver... deixe-me pensar em um jeito bem fácil de explicar...
- Não sei se a senhora percebeu, mas já é a segunda vez que me chama de idiota só no período dos dez minutos que se passaram depois que a senhora acordou.
- Essa é a idéia! – Deu uma piscadela. – Mas, voltando ao assunto, eu tive uma visão do futuro...
- Ahahahah... tá bom... e eu sou virgem! - O tom era extremamente irônico.
- Você não é virgem??!! – Perguntou espantada.
- Por que acha que eu vim parar aqui? – Estava ainda mais espantada que a primeira.
- Esqueça... Por que você acha que EU vim parar aqui?
- Porque a senhora não é mais virgem, seus pais ficaram bravos e decidiram que a senhora não se casaria?
 - Lógico que NÃO!!! Eu sou muito virgem sim e... deixa pra lá. O que eu estou tentando explicar é que vim de uma família milenar de augures e...
- Augures? A senhora é uma augure? ‘Uau! Tinha de ser minha mestra!!!’
- Sim... sou. ‘Por Hera, ela TINHA de ser minha discípula?’
- E o que a senhora viu?
- Bom, eu vi... espere...
- O que foi?
- Eu acho que me esqueci do que vi...
- Ninguém merece...
- Ah, acho que tinha a ver com as flores e o porco mas... lembrei!!!
- Então fale logo!
- Eu vi três mulheres...
- Hm...
- Sentadas em volta de uma fogueira.
- Hm...
- Uma delas era loira, e estava de cabeça baixa, por isso eu não pude ver seu rosto...
- Hm...
- Ela estava escrevendo... num grande conjunto de pergaminhos que parecia um livro...
- Hm...
- A outra estava de costas, e estava... ei, como pode?!
- Hm?
- Ela tinha cabelo cor-de-rosa!!!!!
- Hmmmm...- A mais nova arqueou uma sobrancelha.
- E a outra... a outra...
- Hm...
- Páre de falar hm!!!!
- Estou analisando a situação...
- A outra... tinha cabelos muito escuros...
- Hm...
- E... e olhos muito claros!
- Hm?
- Então a mulher de olhos claros virou-se para a de cabelos rosa e perguntou 'Quer ajuda?'. Ela tinha uma voz bem fininha e delicada.
- Hm...
- A de cabelo rosa respondeu que não, aí chegou uma outra...
- Hm...
- Ela era meio... normal, de cabelos e olhos castanhos, mas usava um penteado bem... estranho...
- Estranho como?
- Era assim... - dividiu verticalmente suas madeixas loiras em duas partes e enrolou-as como em um coque - Assim! Viu? Não é estranho?
- Ahuahuahauha - a discípula gargalhava, e mal podia falar- é... estranho mesmo!
- Essa mulher do penteado esquisito perguntou pra a menina de olhos claros: 'Você é sempre assim? Está sempre querendo ajudar?'
- E o que ela disse?
- Eu não lembro mais... O que será que isso significa?
- Hmmm... posso ser sincera?
- Claro.
- Hmm... - hesitou antes de prosseguir - Significa que a senhora está tendo alucinações, e por isso deve estar doente... - falou bem baixinho.
- COMO OUSA! As minhas visões nunca falham! O problema é que nem todos têm a capacidade de interpretá-las!!!!!- Gritava, exaltada.
- Terceira vez...- a voz demonstrava uma absurda indiferença ao que lhe era dito.
- Terceira vez o que?- Ainda falava alto, mas já estava mais calma.
- Que me chama de ignorante... acho que está realmente doente, senhora. Imagine!- Falou em um tom zombeteiro - Cabelos cor de rosa! E o pior: Olhos claros e cabelos escuros... esse tipo de pessoa definitivamente não existe! - Parou, pensou, e continuou - Cuide-se, senhora. Tome medicamentos. - E deu as costas, rindo.
- Eu sei que era um sinal... eu sei disso! - Falou para si.

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- Hinata, acorde. Você deve ir agora.
- Mas quem...- começou a menina, abrindo os olhos - NEJI-NII-SAN?!?!?!
- Não poderia esperar outro cumprimento de boas vindas, não é, ilustre prima?
- D-desculpe... é que... - a jovem se sentia desconfortável com o tom irônico com que seu primo pronunciara a palavra 'ilustre'.
- Não se explique. Irá perder tempo. Vim aqui apenas para descansar. Você não deve ir à cidade agora?
- N-nem me lembre...
- Posso ver que sente uma certa aversão aos dias de oferenda, certo? Diga-me o motivo.
- É que... s-s-sabe, tem o p-porco e...
- Porco? O que aconteceu com as frutas?
- Os soldados t-transferiram tudo... p-parece que tem uma g-g-guerra pra acontecer, então os gauleses est-t-tão levando todos os suprimentos...
- Você sabe de mais algum detalhe?
- N-n-não... por que?
- Nada de importante, eu acho. Vá logo, ou irá amanhecer.
- S-sim. V-v-você vem comigo?
- Não posso, devo tratar de alguns assuntos.
- Eu p-poderia...?
- Prisioneiros. Só isso.
- Ah...
A menina pegou a corda que amarrava o porco e saiu, sem entender por que o primo, que trabalhava num alto cargo no Senado, precisava "cuidar de prisioneiros".
Chegou ao templo. Diferentemente dos outros dias, à frente do altar se encontrava uma sacerdotisa. Aproximando-se, amarrou o porco em uma das colunas, e fez uma singela reverência, de olhos fechados. Permaneceu naquela posição esperando que a sacerdotisa viesse também cumprimentá-la. Esta caminhou em sua direção, pedindo:
- Levante-se.
A jovem levantou a cabeça e abriu os olhos. 'Não consigo acreditar. Então era verdade! Depois do que eu disse para a senhora Temari, só me resta cuspir no chão e sair nadando!' A sacerdotisa ainda estremeceu, mas manteve a pose:
- Qual o seu nome, jovem?
- Hy-Hyuuga Hinata, senhora...
- Por favor, não me chame assim... Sou apenas uma novata. - Reparou em um certo desapontamento por parte da Hyuuga. - Você gostaria de conhecer minha mestra? Acho que ela gostaria de te conhecer...
- Eu realmente posso? 'Nossa, se a discípula parece ser tão importante, imagine a mestra!'
- Claro... 'É o mínimo que posso fazer...' pensou Matsuri. - Venha comigo.
Mas não foi necessário andar muito. A grande augure do templo já as aguardava.
- Hinata, não é?
- S-s-s-s-sou sim... - A Hyuuga não conseguia palavras. Ela nunca vira uma mulher tão imponente e serena em toda a vida.
- Poderia nos deixar a sós, Matsuri?
- Claro, senhora. E peço desculpas. - Saiu correndo, terrivelmente envergonhada.
- Hinata... você é médica?
- Medicina... a melhor profissão do mundo... - deu um suspiro.
- Então, você é ou não?
- Infelizmente não...
- E você... - Era a hora. Ela tinha de tirar aquela dúvida. - está sempre disposta a ajudar as pessoas?
- Sim! Sempre! - O coração dela inflamou-se. - Esse é o meu jeito de ser! Mas... - voltou ao tom calmo - não me tem sido possível praticá-lo...
- Olhe, - Temari notou a tristeza com que a garota descrevia seu sonho. Parecia um tanto... inalcançável.- se você quiser, eu posso te ensinar algumas coisas que nós aprendemos aqui no templo. É treinamento para iniciantes, mas se você for bem sucedida, eu posso te ensinar um pouco mais...
- Sério? mas meu pai não deixaria e...
- Você só precisa vir até o templo para sua oferenda rotineira. Ele nem notará seu atraso de volta. Então, o que acha?
- Eu adoraria! - Deu um sorriso de orelha a orelha. - Muito obrigada!

Saiu correndo em direção à sua casa, sob os olhares curiosos de Matsuri, e sábios de Temari. Saltitava como nunca.

- Então teremos mais porcos? Durante muito tempo?
- Esteja certa disso, Matsuri..."


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