Capítulo 21

- São parentes da srta. Swan? – ouvi uma voz masculina perguntar.

   Era o médico responsável por Bella. Fiquei de pé num pulo, assim como os outros.

– Sim! Sou o namorado dela! – falei.

– Eu sou a amiga e ela é a irmã! – Rose disse, apontando para si mesma e depois para Alice.

– Sou o dr. Campbell e já tenho o resultado do quadro da menina Swan. – ele disse, olhando para cada um de nós.

   Céus... Bella tinha que estar bem.

- E então, como ela está? – perguntei agoniado, balançando Nessie em meu colo levemente, como se de certa forma aquilo fosse me acalmar.

   O Dr. Campbell sorriu tranquilo para todos nós.

- Ela está bem, não se preocupem. Apenas fraturou o pulso e o tornozelo, portanto terá que usar muletas por um tempo, mas fora isso, está ótima. – falou.

   O suspiro de alívio foi coletivo, e Rose já sorria abertamente.

- Podemos vê-la? – perguntou ansiosa.

- Claro, me acompanhem.

   Seguimos o médico rapidamente. Nessie já estava acordada, e estava agarrada em meu pescoço, olhando tudo ao redor com curiosidade. Dei um beijinho em sua bochecha fofa, e ela sorriu para mim.

- Fala com a Bell, tá? – ela sussurrou como se fosse um segredo.

- Falarei sim.

- Seja doce com ela. – ela pediu, ainda sussurrando. – Não a pressione. Ela não funciona sobre pressão.

    Ri, assentindo.

   Logo chegamos ao quarto em que Bella estava, e o Dr. Campbell abriu a porta para nós. Rose e Alice entraram na frente, seguidas por Emmett e eu por último, com uma Nessie ansiosa no colo.

- Você quer me matar, mulher?! – Rose perguntava, segurando Bella pelos ombros e a olhando atentamente. – Eu já não te ensinei que você tem que olhar para os dois lados da rua quando for atravessar?!

   Bella sorriu fracamente, e percebi que ela estava muito pálida. Seu pulso estava enfaixado, assim como seu tornozelo.

   Rose e Alice abraçaram Bella, e Emmett fez o mesmo. Claro, não sem antes zoar Bella, que apenas riu e revirou os olhos.

   Logo seu olhar caiu sobre mim e Nessie, e a pequena em meus braços se remexeu querendo descer. Eu a coloquei no chão e ela correu até a irmã mais velha, se jogando sobre a cama e a abraçando. Bella sorriu abertamente, abraçando Nessie apertadamente. Assim que as duas se separaram, Rose pegou Nessie no colo e sorriu para mim.

- Agora vamos deixar o casal complicado se ajeitar em paz. Depois nós voltamos, bye! – Rose disse, correndo para fora do quarto com os outros.

   Olhei para Bella e vi que ela estava extremamente vermelha. Suspirei, pegando uma cadeira que havia no canto o quarto e a arrastando até o lado da cama. Bella me olhou, parecendo querer falar algo, mas nada disse.

- Como se sente? – perguntei, controlando a vontade de abraça-la e beijá-la.

   Bella deu de ombros.

- Bem. Meu pulso e tornozelo doem, mas fora isso eu estou bem. – ela murmurou.

   Suspirei, pegando em sua mão. Ficamos em silêncio por um tempo, enquanto eu entrelaçava meus dedos nos dela.

Kiss Me – Ed Sheeran:

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- Me desculpe por aquilo. – falei. – Eu não queria ser rude daquela maneira, mas é que eu realmente...

   Eu tentava explicar como me sentia, quando Bella apertou minha mão entre as suas e interrompeu minha fala.

- Eu te amo. – ela disse rapidamente.

   Arregalei os olhos, sentindo meu coração dar um pulo em meu peito.

- Me desculpe por não ter dito antes, eu não sabia que era tão importante para você, - ela tagarelava. – Mas é que eu sou um pouco lenta às vezes e eu realmente... Realmente não percebia isso! E eu ia te dizer, mas você bateu a porta na minha cara, e eu já não sabia como te falar isso na empresa...

   Caramba, como ela falava!

   Eu me levantei da cadeira abruptamente, e ela arregalou os olhos. Sorri abertamente, envolvendo seu rosto em minhas mãos e a beijando. Bella retesou o corpo, mas logo o relaxou, envolvendo meu pescoço com seus braços.

   Céus, beijar Bella era maravilhoso... Não havia nada no mundo que pudesse ser comparado a isso! Bella me puxou levemente em direção ao seu corpo, de modo que eu ficasse sobre ela na cama. Mal cabia apenas ela naquele colchão, e rimos juntos quando eu tive que me espremer para ficar junto a ela. Bella me olhou com um leve sorriso nos lábios bem esculpidos, e eu encostei minha testa na sua. Envolvi sua cintura com meus braços e ela deitou sua cabeça sobre o meu ombro.

- Você me desculpa? – perguntei baixinho, me sentindo culpado pelo modo como a tratei.

   Eu era um tremendo idiota.

   Senti Bella sorrir e seus lábios depositaram um leve beijo em meu pescoço, fazendo eu me arrepiar.

- Se eu não desculpasse você não estaria nessa intimidade toda comigo, moço. – ela falou.

   Sorri, virando o rosto para olhá-la. Bella me observava mordendo o lábio inferior, e eu tive vontade de fazer aquilo por ela.

- Me desculpa por ter sido tão... Fria. – ela murmurou. – Eu tenho um pouco de dificuldade para essas coisas.

   Sorri levemente, dando um beijo em sua testa e aspirando o cheiro doce de seus cabelos.

- Somos tão complicados. – ela murmurou novamente.

   Ri a apertando mais em meus braços.

- Somos dois estouradinhos. – falei, e ela assentiu, rindo.

- Geralmente os casais tentam lidar bem apesar das diferenças. – ela disse. – No nosso caso, temos que lidar com as igualdades.

- Mas nós conseguimos. – falei, aproximando meus lábios dos seus.

   Bella sorriu preguiçosamente, levando uma mão ao meu rosto e acariciando. Suspirei com o seu toque, fechando os olhos e desejando tê-la comigo daquela maneira eternamente. Abri os olhos novamente e vi que ela me observava com os olhos brilhando.

- Será que agora dá tudo certo? – ela perguntou baixinho.

- Eu te amo, você me ama... O que pode dar errado? – perguntei, aproximando ainda mais os nossos lábios.

   Bella abriu a boca para protestar novamente, e foi nesse momento que a calei. Ela suspirou, gemendo baixinho e levando uma das mãos à minha nuca, acariciando o local. Pedi passagem com a minha língua por entre seus lábios, e logo a recebi. Bella colou ainda mais seu corpo ao meu, abrindo os primeiros botões da minha blusa, acariciando meu peito por dentro da blusa.

   Arfei levemente, separando nossos lábios. Bella tinha as bochechas coradas, e me olhava arfante.

- Será que dá tempo de uma rapidinha? – sussurrou.

   Não aguentei e gargalhei alto, fazendo-a ficar ainda mais vermelha e tapar o rosto com as mãos. Controlei o riso e retirei suas mãos de seu rosto, olhando-a com adoração.

- Vamos ter todo o tempo do mundo, não precisamos fazer isso com tanta pressa. – falei.

   Bella ficou envergonhada, desviando o olhar do meu.

- Mas eu quero... – ela murmurou, fazendo um biquinho adorável.

      Prendi seu biquinho entre meus lábios, puxando-o levemente e ela suspirou.

- Prefiro fazer isso com mais calma, para apreciar melhor. – suspirei.

   Bella arfou e me empurrou levemente, com um vestígio de sorriso nos lábios.

- Ai seu pervertido, sai daqui. – ela disse.

   Ri e a prendi em meus braços novamente, respirando fundo a fragrância de seus cabelos.

- Passarei a noite com você. Amanhã você receberá alta e eu te levarei para casa. – falei.

   Ela sorriu e assentiu. Vi que suas pálpebras já pesavam, e ela se aconchegou em meu peito. Assim que ficamos em uma posição mais confortável, algo quase impossível naquela cama minúscula, eu senti o cansaço bater.

   Suspirei, me sentindo em paz com ela em meus braços. Era sempre assim quando eu a tinha.

   E logo eu mergulhei no meu mundo de sonhos com Isabella Swan.

(...)

   No dia seguinte, bem cedo e antes de Bella acordar, eu liguei para Alec me buscar no hospital. Fui para casa, tomei um banho, me arrumei e voltei para o hospital em meu próprio carro, dando o dia de folga para Alec.

   Assim que cheguei ao hospital, Rose e Alice já tagarelavam ao lado de Bella, enquanto terminavam de arrumá-la. Vi Nessie deitada no sofá do quarto, toda encolhida, dormindo.

    Estranhei. Ela estava tão cansada assim?

   Fui até Bella, que sorriu abertamente para mim, e envolvi sua cintura, beijando-a lentamente.

- Apaguem o fogo vocês dois! – Alice disse, fazendo careta e rindo logo sem seguida.

- Só se for com gasolina. – Rose disse, fazendo todos nós rirem e Bella corou.

   Deixei Rose e Alice terminando de ajeitar o cabelo de Bella e fui até Nessie. Eu me agachei até ficar na altura do sofá e acariciei seus cabelos. Logo ela abriu os olhinhos lentamente, suspirando.

- Oi, Eddie. – ela disse com a voz fraquinha.

   Alice, Rose e Bella pararam de falar na hora, prestando atenção em nós.

- O que você tem, pequena? – perguntei.

   Nessie se sentou, coçando os olhinhos.

- Nada. Eu só estou com sono. – ela disse, dando um pequeno sorriso.

- Rose, ela tem tomado os remédios? – ouvi Bella perguntar.

- Sim, eu tenho ficado de olho para ver se ela não está jogando fora como daquela vez. Ela tomou tudo direitinho. – Rose respondeu.

   Nessie se encostou ao sofá e seus olhos foram se fechando novamente. Suspirei, pegando-a no colo.

- Eu vou levá-la para fazer alguns exames. Tenho um amigo aqui no hospital, acho que ele pode examiná-la sem consulta. – falei.

   Bella assentiu, preocupada, e eu saí do quarto com uma Nessie sonolenta no colo. Logo fui até a sala de Ian Walker, um amigo meu de longa data. Bati algumas vezes na porta e ele a abriu, abrindo um grande sorriso ao me ver.

   Ian é gay, e eu sempre notei que ele tem uma... Queda por mim, digamos assim. Mas eu sempre deixei claro que gostava de outra coisa que ele não tinha, e ele sempre me respeitou.

- Edward Cullen, que milagre! – ele disse, abrindo passagem para que eu entrasse. – E quem é esse anjinho?

   Sorri com suas palavras, e Nessie pareceu despertar, olhando a sala ao redor, mas ainda com um ar sonolento.

- É a irmã da minha namorada. Nessie, esse é o Ian, meu amigo. – falei.

   Nessie sorriu para ele, tímida, e Ian sorriu abertamente para ela, fazendo um carinho em sua cabeça.

- Algum problema com ela? – ele perguntou.

- Isso que eu quero saber. – murmurei, olhando para o rostinho sonolento do meu anjinho.

   Ian mandou-me coloca-la sentada sobre a maca que havia no canto da sala e eu o fiz. Expliquei para ele o que havia ocorrido à um mês atrás, sobre a Anemia de Nessie, mas expliquei que ela estava tomando os remédios e vitaminas regularmente, mas andava muito sonolenta.  

   Ian a examinou e suspirou.

- Ela tem se alimentado bem? – perguntou.

- Isso eu não sei... Minha namorada, Bella, é minha secretária, então passa a maior parte do tempo trabalhando. Então Nessie fica sob os cuidados da amiga de Bella. – falei.

   Ian assentiu, virando-se para Nessie, que nos observava curiosa.

- O que você tem comido, Nessie? – ele perguntou.

- Eu tomo café-da-manhã e lanchinho na escola, aí depois eu volto para casa e a tia Rose faz meu almoço e o jantar, mas eu não gosto da comida dela. – ela disse baixinho fazendo uma careta.

   Suspirei, já prevendo o que acontecia.

- Nessie, você está jogando a comida fora? – perguntei sério.

   Ela abaixou os olhos, assentindo. Quando eu abri a boca para falar o quanto aquilo era errado, ela rapidamente arregalou os olhos sacudindo os braços em minha direção.

- Eddie, não conta pra Bell, por favor! Ela vai brigar comigo, e a tia Rose pode se chatear! Não conta! – ela pediu, com os olhos começando a se encherem de lágrimas.

   Suspirei, e vi que Ian olhava para Nessie com um brilho no ar. Ele riu, achando graça da situação.

- Nessie, você não pode fazer isso. Você tem que se alimentar bem, e tomar seus remédios direitinho, para não adoecer. – ele disse.

   Nessie assentiu, cabisbaixa.

- Fora isso, o que você lancha na escola?

   Nessie sorriu abertamente, os olhos brilhando de repente, e ela começou a enumerar nos dedos o que comia:

- Batata-frita, Coca-Cola, hambúrguer, torta, bolo, às vezes eles dão salada de fruta, mas eu não gosto então não como, e biscoitos também! – ela disse.

   Suspirei, esfregando o rosto com as mãos, assim como Ian.

- Nessie, eu farei uma listinha de coisas que você terá que comer de agora em diante, entendeu? Você não pode ignorar nada da lista, tem que comer tudo! – Ian disse, indo até a sua mesa e pegando sua prancheta e caneta.

- Mas e se for algo que eu não gosto? – ela perguntou.

- Terá que comer mesmo assim. – ele disse irredutível. – Edward, eu te entregarei a lista e você a entrega para a sua namorada. Bella, não é? – perguntou, e eu assenti. – Certifique-se de que ela compre tudo o que há na lista, e fale para ela marcar uma consulta em um nutricionista para Nessie. Ela não pode ficar apenas à base de remédio e vitaminas.

   Assenti e Nessie me olhou com uns olhões de dar dó, mas eu logo tratei de desviar o olhar. Ian logo terminou a lista, onde havia desde cereais à vários legumes, frutas, verduras e carnes, e eu peguei Nessie no colo novamente.

- Tem que comer tudo, mocinha. Na próxima vez que eu vê-la, eu quero que esteja pulando e não com essa carinha sonolenta! – Ian disse.

   Nessie soltou um muxoxo, mas sorriu para ele, assentindo.

- Eddie, será que a Bella já terminou de se arrumar? Quero ir para casa logo! – Nessie disse, me olhando.

- Eu não sei, vamos lá ver. – falei.

- Sua namorada está internada? – Ian perguntou. Assenti. – Então vou com vocês, quero conhecer a dona do coração do Sr. Cullen.

   Revirei os olhos e ri. Fomos andando pelos corredores e conversando, e eu percebi os diversos olhares que as mulheres que passavam davam tanto para mim quanto para Ian.

   Será que esse pessoal do hospital sabe que ele é gay? Uma vez uma mulher chorou quando me pediu ajuda para conquista-lo, pois eu era seu amigo, e eu lhe contei que ela nunca teria chances com ele, por causa de sua opção sexual.

   Logo chegamos ao quarto em que Bella estava e assim que entramos, vimos Bella tentando andar com as muletas. Os três pares de olhos se viraram para nós, e Rose e Alice estacaram no lugar, com os olhares vidrados em Ian.

- Gente, esse é Ian, um amigo meu de longa data. – falei. – Ian, essa é a Bella, aquela é Alice, a irmã dela, e Rosalie, sua amiga. – falei, apontando para cada uma contanto que as apresentava.

   Bella sorriu para ele, acenando timidamente enquanto tentava se equilibrar sobre as muletas. Alice pareceu despertar e sorriu para ele também.

   Rose continuou encarando-o como se estivesse vendo uma miragem. Ian sorriu, sem-graça, e Bella revirou os olhos rindo.

- Rose, acorda para a vida! – falou.

   Rose piscou os olhos diversas vezes e corou levemente, sorrindo. Ian riu.

- É uma família bonita. – ele disse. – E Bella, o que te aconteceu?

- Digamos que carros não gostem muito de mim. – ela falou, fazendo Ian rir. – Mas estou bem.

   Ian abriu a boca para falar algo, mas uma enfermeira apareceu afoita na porta do quarto, chamando por ele.

- Céus, eu te procurei por todo canto, Dr. Walker! – ela disse ofegante. – Precisamos do senhor, uma criança acabou de chegar, vítima de acidente!

   Ian arregalou os olhos e se despediu rapidamente de todos nós.

- Espero vê-los novamente! – disse antes de sumir pelos corredores.

- Espera aí gente... – Rose disse de repente, atraindo olhares. – Eu vou ali morrer devido tamanha beleza vista por mim e depois eu volto. – ela disse, sentando em uma cadeira que havia debaixo da janela e olhando para a paisagem lá fora.

- Sem querer te desanimar, mas já desanimando... Ele é gay. – falei.

   Todas elas arregalaram os olhos para mim, e logo o riso alto de Alice e Bella pôde ser ouvido.

- Você está brincando, né? – Rose perguntou, arregalando os olhos. – Como aquela coisa saída do céu beija rapazes?! Por quê?! Aconteceu algo que o traumatizou ou algo assim?!

   Revirei os olhos, rindo.

- Edward, ele já tentou algo com você? – Alice perguntou, ainda rindo.

   Assenti, e elas riram ainda mais.

- O mundo está perdido! – Rose lamuriou, mas logo abriu um largo sorriso. – Mas eu tenho o meu Emm!

 - Ai, vai começar o papo apaixonado. Podemos ir para casa? – Alice pediu, indo até Bella para ajuda-la.

   Ri e disse que eu mesmo ajudaria a minha garota, e passei Nessie para o colo de Alice. Peguei Bella no colo, sob seus protestos, e Rose foi levando suas muletas.

- Edward, me põe no chão! – Bella pediu pela milésima vez, envergonhada com os olhares que nos lançavam.

- É para eu ir treinando. – falei, sorrindo.

- Treinando para o quê? – perguntou inocente.

- Para o dia do nosso casamento.

   Bella corou violentamente, e eu ri alto. Ela murmurou coisas que eu não entendi e envolveu meu pescoço com seus braços, afundando o rosto em meu pescoço.

- Para com isso, seu bobo. – ela disse, mas pude senti-la sorrir.

   Definitivamente, eu amava aquela mulher!

(...)

   Deixei Bella e as meninas em casa, não sem antes ter passado no mercado para comprar as coisas que Ian anotou na lista, e fui para a minha casa. Expliquei tudo o que ele dissera para ela e ela concordou, dizendo que remarcaria a consulta no nutricionista para a nossa pequena.

   Nossa.

   Era bom ajudar a cuidar de Nessie como se ela fosse minha também. De certa forma, eu a tinha como a filha que me foi tirada. Hoje ela teria 4 anos... Ou 3, considerando que provavelmente nasceu no fim do ano.

   Suspirei quando as imagens formadas pela a minha cabeça de Melanie viram à mente. Ela teria os meus olhos verdes e os meus cabelos acobreados? Ou os olhos azuis de Brianna? Seus cabelos eram lisos como os meus ou ondulados como os da mãe?

   Senti um dor em meu peito quando a pergunta de um milhão de dólares me veio à mente novamente: afinal, Melanie estaria viva?

   Resolvi deixar essas coisas de lado e me focar na roupa que eu usaria. Já haviam se passado algumas horas, e eu prometi ir almoçar com Bella em sua casa. Já havia resolvido o que tinha para resolver em casa, que era em relação à Henrie e Lucky que haviam se machucado no quintal. Rapidamente tratei deles, com a ajuda da minha governanta, a Sra. Luce. Ela trabalhou para a minha família por anos, e era um amor de pessoa. Praticamente uma segunda mãe para mim.

   Terminei de vestir minha blusa e ouvi batidas na porta. Era Luce. Gritei para que ela entrasse e ela abriu a porta, me olhando confusa.

- O que há? – perguntei.

- Há uma visita para você, querido. – ela disse.

- Visita? Quem?

- Venha ver você mesmo. – ela disse, com os olhos levemente arregalados.

   Quem seria, afinal?

   Calcei rapidamente os meus sapatos e peguei minha carteira e a chave do carro, enfiando tudo no bolso da calça. Desci as escadas praticamente correndo e, assim que cheguei à sala, estaquei na porta.

   Ela me fitou, sentada no sofá, com um olhar inocente. Ela sorriu levemente, tímida, e ficou de pé. Os cabelos eram longos e lisos, castanhos escuros. Os olhos eram verdes como os meus, e ela usava um vestidinho vermelho e um casaco da mesma cor.

   Mas o que ela me disse, faz o mundo girar ao meu redor.

- Papai?