Porto Seguro - 1ª Temporada escrita por Allie Próvier


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

CHEGUEI.
No final tem uma surpresinha pra vocês, huhu.



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Capítulo 16

- ELE FEZ O QUÊ?!

- Rose, sem gritos, por favor. – sussurrei, tapando os ouvidos.

- CARAMBA, EU NÃO ACREDITO, SÉRIO! – Rosalie gritou, parecendo nem ter ouvido o que eu acabara de dizer. – CARA... EDWARD CULLEN É FO...

   Pulei em cima de Rose antes que ela completasse sua fala. Alice e Nessie, que estavam na sala, viraram a cabeça para nos olhar na cozinha, curiosas. Bufei, tirando a mão da boca de Rose, que ria feito uma idiota.

- Pare de gritar e nada de palavrões, cacete! – sussurrei.

   Rose arqueou as sobrancelhas para mim, com um sorriso irônico nos lábios. Percebi o que havia falado e revirei os olhos, indo até a geladeira para pegar algo gelado para me refrescar.

- Mas explica isso direito! – Rose pediu, sorrindo de orelha a orelha. – Ele te deu um vibrador e te convidou pra fazer uma “festinha particular” com o Eddie?

   Eddie. Agora Rose apelidou as “coisas” do Cullen de Eddie. Eu mereço uma coisa dessas?

   NÃO, EU NÃO MEREÇO NADA DISSO! CARAMBA, EU SOU UMA BOA MENINA! NÃO SOU?

   RESPOSTA: SOU.

   Expliquei novamente para Rose tudo o que havia acontecido, e ela começou a rir novamente.

- Me mostra! – ela disse.

   Mostrar o quê, cara-pálida?

- Me mostra o vibrador, sua lerda! – ela sussurrou, pegando minha bolsa em cima da bancada.

   Bufei e olhei pela porta da cozinha para ver se as meninas não estavam vindo. Ambas estavam vendo TV, ok. Barra limpa. Rose pegou a caixinha vermelha que estava em minha bolsa e gargalhou alto quando a abriu.

- Caramba, é enorme!1 – ela praticamente gritou.

- Rose, sem escândalo! – sussurrei. – E guarda isso antes que as meninas vejam, é vergonhoso!

   Rose revirou os olhos, ainda rindo, e guardou aquela coisa do demo dentro da bolsa novamente.

- Olha, ele disse na maior cara-de-pau que é pra você ligar para ele quando as “coisas esquentarem”. Por que não liga logo antes para ele mesmo vir aqui esquentar? – Rose disse como se fosse a ideia mais genial do mundo.

   Mas era genial só naquela cabeça perturbada dela, claro.

   Eu a deixei rindo e falando sozinha na cozinha e peguei minha bolsa, indo para o meu quarto. Eu precisava de um bom banho gelado para tirar toda aquela tensão que estava no meu corpo. Tranquei a porta do quarto e joguei a bolsa na cama. A caixinha vermelha pulou para fora dela, claramente querendo me provocar.

   Peguei aquela desgraça e fui até a sacada do quarto, jogando a caixa com o presentinho de Edward lá de cima.

   Ouvi alguém gritar lá em baixo e rapidamente voltei para o quarto, rindo. Ok, eu me sinto mais leve agora! Sorridente eu fui até o banheiro e tomei um relaxante banho.

   Edward Cullen não me faria ficar louca, com insinuações de gosto duvidoso e presentes suspeitos. Não mesmo. Com certeza é tudo piada e brincadeirinha daquele cretino, e ele não vai conseguir me provocar com isso, haha!

   É preciso MUITO MAIS para deixar Isabella Swan assustada ou nervosa. Não é?

   Resposta: É sim.

   ...

   Respira Bella, respira. Mantenha a calma. Ok? Ok.

- Srta. Swan, está me ouvindo? – a voz que vinha me assombrando toda a manhã disse calma.

 - E-Estou sim. – gaguejei miseravelmente, mentindo totalmente também. – Eu vou trazer os contratos para o senhor assinar e o seu café. Deseja mais alguma coisa?

   ME DEIXA SAIR DAQUI, POR FAVOR!

   Edward me avaliou dos pés a cabeça, encostado confortavelmente em sua poltrona grande e negra, os dedos longos passando levemente em sue queixo sob aquela barba bem aparada e...

   O QUE EU ESTOU PENSANDO? OMG!

   Ele sorriu para mim. Aquele mesmo sorriso e olhar de ontem, quando me deu aquela bosta de presente. Se é que aquilo pode ser considerado presente, mas enfim, ele deu aquele sorriso. E eu não gostei. Não mesmo.

    Engoli em seco e senti minhas pernas tremerem, e ele percebeu.

   Aquele demônio percebia tudo.

   Ele ficou de pé, caminhando calmamente até mim. Senti vontade de sair correndo daquela sala, ou de pegar uma daquelas suas canecas e tascar naquele cabeção dele.

   Mas eu estava em frente à sua mesa. Longe demais das canecas e longe demais da porta, que parecia me chamar nesse momento.

   Edward parou ao meu lado, e eu cravei meu olhar no chão, tentando me mantar imóvel como um animal acuado.

   Não respire, Isabella. Ele pressentirá seu medo. Não respire... Não respire... NÃO RESPIRE, MANTENHA A CALMA E...

- AAAAAAAAAAAAAAAH, SAI DAQUI! – gritei, empurrando ele para longe de mim e correndo para fora da sala como uma débil-mental.

   Eu me joguei em minha cadeira, pegando todos os contratos que eu havia separado desde cedo para ele assinar com as mãos tremulas. Edward apareceu na porta de sua sala, com aquele maldito sorriso torto, e cruzou os braços. Peguei a papelada, joguei em seus braços e peguei minha bolsa, correndo para fora de seu escritório rapidamente.

   Assim que cheguei na calçada em frente a empresa, me permiti respirar.

   OMG! O QUE FOI AQUILO?

- Eu estou ficando louca... – murmurei, sentindo vontade de me jogar no chão e chorar pela minha sanidade perdida.

   Droga! Por que ele tinha que fazer aquilo?!

   Desde que cheguei ao trabalho Edward vinha me provocando. Não parou de me lançar aqueles sorrisos e olhares por um minuto, o que já estava me deixando ainda mais maluca e psicótica. Eu vou mata-lo!

   Entrei na Starbucks a passos duros, e as pessoas ao meu redor me olhavam estranho. EU VOU MATAR ESSA GENTE TAMBÉM, QUAL É O PROBLEMA DELES E...

- Bella?

   Prendi a respiração ao ouvir a voz tão conhecida por mim.

   Oh, shit! Jacob!

   Olhei para trás e o vi. Ele abriu um largo sorriso para mim, o que me fez querer sorrir também. Jake e sua capacidade de espantar as nuvens negras de cima de mim. O abracei apertadamente, e logo me senti mais calma.

   Acho que vou carregar Jake para o trabalho comigo... Será que pode?

- O que aconteceu? Que carinha emburrada é essa? – ele perguntou, dando um peteleco leve em minha testa.

   Ri, dando de ombros.

- Coisas do trabalho. – respondi simplesmente.

   Jake e eu logo compramos o que queríamos e, como ele estava com um tempinho livre, resolvi me sentar com ele em uma das mesas. Meu trabalho no escritório estava adiantado, então Edward uqe se vire com o que ele tem que resolver.

   Tomara que ele me esqueça. Por favor, Mundo. Faz isso por mim e...

   Ah, dane-se! Você nunca irá me ajudar mesmo que eu sei. ACABOU A AMIZADE. A-CA-BOU.

   Entrei em uma conversa leve com Jake, e ele me contava do hospital e sobre seus pacientes. Ele tratava de crianças, e havia uma ala no hospital para crianças com Câncer. Ele me contava que uma de suas pacientes, uma garotinha de 4 anos a qual ele havia se apegado muito, havia morrido na manhã anterior. Era visível sua dor, mesmo que a garotinha não fosse nenhum familiar seu, era doloroso para ele.

   Ele pediu para eu contar do trabalho, e comentou que me vira na rua dias atrás... Sendo arrastada por Edward.

- Bella, me diz... Ele te trata bem? Quero dizer... Ele te respeita? – Jake perguntou sério.

   AHAHAHAHAHAHA, RISOS PESSOAL! RISOS! RESPEITO? O QUE É ISSO?

- Trata sim. – falei, forçando um sorriso.

   Acho que saiu uma careta, mas tudo bem. Jacob cravou seu olhar em meus olhos, me fazendo sentir culpada por mentir pra ele. Ele estava preocupado comigo... Qual foi a última vez que alguém se preocupou de verdade comigo?

   Suspirei.

- Pode confiar em mim, Bella. Você sabe disso. – ele disse, pegando em uma das minhas mãos.

- Está tudo bem, Jake. – falei. – Eu apenas tenho algumas desavenças com Edward, mas está tudo sob controle.

   E O PRÊMIO DE MAIOR MENTIROSA DO ANO VAI PARA... ISABELLA MARIE SWAN! PALMAS! Clap, clap, clap.

- Bella... – Jake murmurou. – Eu te conheço. Mas vou te forçar a falar nada. Quando quiser desabafar, pode vir até mim. Ou eu vou até você.

   Sorrimos um para o outro, e ele beijou minha mão. Senti vontade de abraçar Jake e não soltar nunca mais, mas já estava na hora de voltar ao trabalho.

- Eu tenho que ir. – murmurei me sentindo realmente triste por ter que voltar ao trabalho. Jake pareceu perceber isso, mas nada disse. – Podemos marcar outro dia para nos vermos?

   Ele sorriu radiante, e assentiu. Nós nos abraçamos e eu saí da lanchonete, pegando meu carro e voltando à empresa.

   Assim que cheguei ao escritório, vi Edward encostado à minha mesa, de braços cruzados. Que mania chata é essa agora?

- Finalmente chegou. – ele murmurou, sorrindo torto.

   Desviei o olhar dele e estendi a sacola da Starbucks com seu café para que ele pegasse. Graças aos céus o café ainda estava quente. Edward pegou a sacola das minhas mãos, mas continuou onde estava me encarando.

- Sua reunião com o Sr. Johnson é daqui a dez minutos. Acho melhor se apressar. – falei, sem olhá-lo.

- Você virá comigo. – ele disse.

   Respirei fundo, me controlando para não voar no pescoço dele. Ele sempre dizia que minha presença nas reuniões não eram necessárias e agora quer me arrastar junto? Ok, uma das minhas obrigações como sua secretária pessoal é acompanha-lo aonde ele for, mas mesmo assim... Ele está me irritando profundamente.

- Ok. – respondi, voltando minha atenção para a agenda de compromissos.

   Edward ficou mais alguns segundos parado em frente a minha mesa, mas ao ver que eu não levantaria o olhar para ele, voltou para sua sala.

   Ótimo, pelo menos não tentou nenhuma gracinha.

- Aliás Swan, já usou seu presente? Gostou?

   CADÊ A FACA PARA EU ESFAQUEAR ESSA COISA DO SUBMUNDO?!

   Bufei, lançando um olhar cortante. Edward riu alto e voltou para dentro de sua sala, me deixando ali com os nervos à flor da pele.

    Dez minutos depois o acompanhei até a reunião. Ele me apresentou aos seus clientes como a “Minha bela secretária, Isabella Swan”. Aí aquele monte de velho com calvície ficou sorrindo para mim e dizendo “Sente aqui do meu lado, querida”.

   SÓ SE FOR PARA TE MATAR, QUERIDO.

   Eu estava com tanta raiva de Edward e suas provocações! Durante toda a reunião, enquanto ele falava, seus olhos estavam pousados sobre mim. E quando ele percebia a minha irritação, dava seu sorriso torto e idiota.

   Ódio. Isso define Isabella Swan nesse momento.

   Ao fim da reunião, todos os clientes de Edward foram saindo enquanto eu arrumava a bagunça de papéis que Edward havia feito. Peguei todas as taças de água que haviam servido aos clientes e coloquei em uma mesinha do canto da sala de reuniões, para que os faxineiros pegassem depois. Pude ouvir Edward se despedindo dos clientes e logo depois silêncio total enquanto eu organizava os papéis espalhados na mesa.

   Ótimo, ele deve ter voltado para a sala e...

- Meus clientes pareceram mais felizes com sua bela presença, Swan. Você estará presente em todas as reuniões, a partir de agora.

   Prendi a respiração ao ouvir sua voz atrás de mim, próxima demais.

- Você consegue se virar sozinho. Conseguiu até agora. – falei nervosa.

   Edward riu. Uma risada baixa e rouca. Eu estava de costas para ele, as mãos trêmulas enquanto tentava ajeitar os papéis uns nos outros. Eu estava conseguindo manter a calma... Até que sinto suas mãos em minha cintura e seu peito largo e forte contra as minhas costas.

   Adeus, calma. Adeus, sanidade. Adeus, Mundo.

   Edward virou meu corpo para ele rapidamente, me prensando contra a enorme mesa. Arfei, sentindo o cheiro de seu perfume. Era um cheiro meio amadeirado, e eu logo prendi a respiração. Fechei minhas mãos em punhos e meu corpo se retesou. Edward riu novamente e passeou com suas mãos de cima a baixo nas minhas costas, fazendo-me ficar ainda mais tensa.

   Seu rosto se aproximou do meu. Seus lábios em um sorriso torto, próximos demais.

- Por que tão tensa? – ele perguntou baixinho.

- Por que isso agora? – perguntei de volta.

- Você está começando a me deixar maluco, Swan. Todo esse seu mau-humor e abuso me atraíram.

   Soltei o ar lentamente, engolindo em seco.

- Eu te odeio. – murmurei, tentando pôr força em minha voz.

   Edward sorriu, encostando seu corpo ainda mais ao meu e me erguendo pelos quadris, me pondo sentada sobre a mesa. Arfei quando ele abriu minhas pernas e se pôs entre elas.

- Eu sei. – ele disse antes de atacar meus lábios.

   Tentei empurrá-lo, mas ele era mais forte.

   OK, QUEM EU QUERO ENGANAR? AQUILO TUDO ESTAVA COMO NO MEU SONHO... SÓ QUE MELHOR.

   Não me culpem. Eu realmente o odeio, ele é um tremendo idiota ignorante e prepotente... Mas era lindo demais. Isso ninguém pode negar.

   E estava me beijando.

   Quando menos percebi, ao invés de empurrá-lo como antes, eu estava era puxando-o de encontro ao meu corpo. Meus dedos se infiltraram em seus cabelos revoltos, enquanto sua língua fazia uma ronda em minha boca.

   Não foi nada romântico nem apaixonado, mas foi quente. Era isso que Edward Cullen era apesar da personalidade terrível.

   Uma de suas mãos estava em minhas costas, me segurando, e a outra acariciava minha coxa. Logo seus lábios desgrudaram-se dos meus quando nossos pulmões imploraram por ar. Edward logo os levou até meu pescoço, sugando e mordiscando minha pele.

   Gemi como uma idiota, e o senti sorrir contra minha pele.

   Droga, eu não posso dar esse gostinho a ele... Mas estava tão bom... Droga! Logo a realidade bateu em minha mente como um soco e arregalei os olhos, de repente desesperada. Empurrei Edward para longe de mim, e ele me olhou arfante e assustado. Seus cabelos estavam completamente desarrumados, e seus lábios vermelhos e inchados.

   Se ele está assim, imagina o meu estado!

   Fechei os botões da minha blusa que estavam abertos e ajeitei minha saia, saindo de cima da mesa rapidamente. Meu coração parecia querer pular para fora da boca, e de repente senti uma vontade absurda de chorar.

   Edward deu um passo em minha direção, e eu virei para ele abruptamente.

- NÃO CHEGA PERTO DE MIM! – gritei.

   Edward arregalou os olhos e eu engoli em seco, ainda podendo sentir suas mãos em toda parte do meu corpo. Passei a costa da mão sobre meus lábios, tentando normalizar a respiração.

- Isabella... – ele murmurou.

- Edward, por que tudo isso? Droga! – falei desesperada enquanto pegava os papéis em cima da mesa. – Eu não entendo você! É impossível! Do nada você resolve me dar a merda de um vibrador, me lança uma cantada e me agarra na porcaria da sala de reuniões! Qual é o seu problema, afinal?! Até dias atrás você me tratava como um nada, e agora isso?! – minha voz foi aumentando algumas oitavas quando, por fim, me calei.

   Larguei os papéis sobre a mesa e me apoiei nela, abaixando a cabeça e tentando me acalmar. Edward ficou em silêncio por algum tempo, até se manifestar.

- Para você foi de repente... Para mim faz tempo. – ele murmurou.

   Olhei para ele, sem entender, como sempre. Ele pareceu perceber minha confusão e explicou melhor, parecendo sem graça.

- Já faz um bom tempo que eu... Presto atenção em você. – ele disse. Arregalei os olhos. – E não faça essa cara, ok? Não aja como se eu nunca tivesse me importado com você!

   Com esse eu tive que rir!

- Deve ser porque você realmente NUNCA se importou comigo, Sr. Cullen! – falei.

   Edward suspirou, passando a mão pelos cabelos. Bufei.

- Eu juro que tento te entender, mas não consigo.

- Eu que o diga! – ela falou, com uma carinha de confusão. – Você grita comigo, me manda calar a boca, age como se a chefe aqui fosse você... Mas aí se eu te pego e te jogo na mesa você parece não querer me largar!

   PRECISAVA MESMO JOGAR ISSO ASSIM, NA MINHA CARA? IDIOTA.

- Quem disse? Eu te empurrei para longe de mim, não empurrei? – praticamente gritei, sentindo minha face arder.

   O Cullen me observou por alguns segundos, e sorriu torto.

   Ah, não. Por favor.

   Ele foi se aproximando de mim novamente, tipo uma cascavel prestes a dar o bote num pobre animal indefeso.

- Edward, sai pra lá! – resmunguei, pegando os papéis e as pastas em cima da mesa e indo em direção à porta.

   O ouvi rir e vir atrás de mim.

- Admita logo, Swan... Você é louca por mim. E ainda vai me pedir para te jogar na minha mesa novamente.

   QUÊ?! O QUE ACONTECEU COM O EDWARD SÉRIO, CENTRADO E FOCADO DE ANTES?!

- Eu posso te processar por assédio, sabia?! – falei estupefata com suas palavras.

   Edward riu, andando rapidamente ao meu lado em direção ao elevador.

- Você não irá fazer isso. Você está gostando tanto quanto eu. – ele murmurou a última frase ao pé do meu ouvido, fazendo meu corpo se arrepiar.

   Cadê a faca quando se precisa dela?

   Ao fim do expediente eu já me sentia exausta. Mentalmente, claro. Edward Cullen estava destruindo meus neurônios e fazendo minha sanidade se dissolver com todos aqueles olhares e sorrisos e frases de duplo sentido.

   O que está acontecendo com esse homem? Resolveu se rebelar? Cansou de ser tão sério e esconder o seu enorme desejo e paixão pela minha incrivelmente bela pessoa?

   Ah, por favor. Me poupe. Isso tudo só pode ser piada.

- Estou indo embora. – falei, e tão rapidamente quanto entrei em sua sala eu saí.

   Edward gritou meu nome, e eu revirei os olhos. O que esse lunático quer agora?

- O que é. – praticamente rosnei, já sem paciência alguma, na porta de sua sala.

   Edward olhava para a tela de seu computador, em nenhum momento virou seus olhos para mim. Fez um sinal com os dedos para que eu fosse até ele e, impaciente, eu fui.

- Eu tenho que ir para casa logo, diga! – bufei.

   Edward olhou para mim, crispando os olhos. Oh, merda. Ele digitou algo em seu teclado e logo a tela do computador ficou escura. Edward ficou de pé e caminhou até mim.

   Àquela altura eu já estava tremendo. Edward se pôs atrás de mim, seu corpo próximo ao meu, e eu tive vontade de virar para ele e meter a mão em sua cara.

   Edward merece uns tapas, convenhamos.

   Suas mãos percorreram do meu pulso até o ombro, me deixando arrepiada. Ele retirou uma mecha dos meus cabelos do meu pescoço, dando um leve beijo no local.

   SOCORRO!

- Ainda posso levar Nessie ao parque? – ele perguntou com a voz rouca.

   Olha, eu não aguentei. Juro que até tentei segurar, mas não teve como não rir alto. Edward me olhou com um semblante divertido.

- Isso foi broxante! – falei entre risos, fazendo-o rir também. – Ai, ai... Legal a conversa, chefinho. Mas eu tenho que ir, adeus. – falei, dando um tapinha em seu ombro ao passar por ele em direção à porta.

   Edward agarrou meu braço, me puxando de volta pra ele. Meu corpo bateu contra seu peito, e arfei. Ele não falou nada pelos segundos que se passaram, apenas me manteve presa ao seu corpo com os braços envoltos em minha cintura.

- Ok, foi de repente. – ele murmurou contra os meus cabelos. – Mas eu gostaria de tentar.

   Hein?

- Tentar o quê? – murmurei confusa.

    Edward suspirou, encostando seus lábios em minha testa.

- Quero que você seja minha, Isabella.

   ... Hein?

--

- MAIS LERDA DO QUE VOCÊ IMPOSSÍVEL, MULHER!

- Rose, não grite! – pedi num muxoxo, com a cara enfiada em uma das almofadas do sofá.

   Rose bufou, se jogando na poltrona.

- Caramba, aquele pedacinho do céu lá te pedindo para você ser dele e você com essa cara de tonta! – Rose reclamou, e eu vi que ela queria me bater.

   Mas...

- Pedacinho do céu? – repeti suas palavras, fazendo careta.

   Que porcaria de “elogio” era aquele? Rose me ignorou totalmente, me olhando com os olhos arregalados.

- Edward Cullen... Pediu... Para você, Isabella Swan... Ser dele. – Rose disse pausadamente. – Estou falando lentamente para ver se essa sua cabeça oca consegue processar direitinho. Edward Cullen... Pediu...

   Interrompi Rose jogando uma almofada em sua cara.

- Eu já entendi, ok? – bufei. – Só que é estranho, Rose!

- O que é estranho? Um homem daquele te querer?

- É!

   Rose fez uma cara de tédio para mim, e fiz bico, fazendo-a revirar os olhos.

- Bella, você é linda. Sabe disso. E eu venho percebido desde o Natal que ele realmente parece gostar de você...

- Ah não, Rose! Olha... É impossível. Caramba, nós quase nos matávamos naquele escritório! Aí do nada ele começa com isso de “toma um vibrador pra se divertir e me chama” e “seja minha” e “vou te jogar na minha mesa”! – falei confusa, e Rose riu. – Não ria! Eu realmente não entendo... Ele me deixa maluca! Ele sempre pareceu gostar de Nessie, aí agora quer a irmã mais velha também?

- Ele quer o pacote completo, oras. – Rose disse, com um sorrisinho tão irritante quanto o sorriso torto do Cullen no rosto.

- Daqui a pouco ele vai querer levar a Alice também? – resmunguei, fazendo minha amiga rir.

- Bella, há quanto tempo você não namora? Desde o James, não é? – ela perguntou. Apenas assenti. – Dá uma chance ao Edward, poxa. Ele é tão fofo.

   Revirei os olhos.

- Ah sim, muito fofo! É realmente muito romântico um cara virar para você e dizer as coisas que ele me disse! Rose, por favor!

- Ai Bella, deixa de ser chata! – ela reclamou com os olhos cheios de lágrimas. – Você aí podendo se entender com o Edward, ele fazendo mil declarações para você, e eu estou aqui tentando te ajudar e indo todos os dias ao shooping para ver se encontro o Emmett! Você é uma sortuda, não reclame!

   Primeiro: mil declarações? “Todo esse seu mau-humor e abuso me atraíram”, ELE PRATICAMENTE ME CHAMOU DE VELHA RABUGENTE E MIMADA!

   Segundo: Ela estava indo todos os dias ao shooping atrás de Emmett?

- Por que não foi à empresa, coisinha inteligente? Emmett sempre está lá, mas eu é que não o vejo todos os dias porque o andar é diferente. – falei, impressionada com a lerdeza de Rose.

   Ela ficou me olhando por alguns segundos, com cara de lesada, e logo sorriu abertamente.

- Sério?! Por que não me disse antes? – ela perguntou de repente feliz demais.

- Por que VOCÊ não me disse que estava procurando por Emmett?

   Rose corou levemente, o que eu achei uma fofura. Ok, minha amiga ainda é como uma adolescente, fato.

- Eu fiquei com vergonha. – ela murmurou, sorrindo levemente.

   Revirei os olhos.

- Eu vou dormir, Rose. – falei, ficando de pé.

   Como ela iria dormir lá em casa, no quarto de hóspedes, fomos juntas até o corredor. Nós nos despedimos com “Boa noite” e logo cada uma foi para o seu quarto.

   Eu sabia que aquela conversa com Rose ainda iria se estender na manhã seguinte, e eu ainda iria ouvir muito dela, mas por enquanto é melhor deixa-la sonhando com Emmett.

--

- Rose, chega. Eu tenho que ir trabalhar. – falei, terminando de beber meu suco e pegando minha bolsa em cima da bancada.

- Você sabe que eu estou certa! Dê uma chance a ele, garota! O ódio é um sentimento apaixonado, sabia?!

   Eu não mereço uma coisa dessas, sério.

   Peguei meu carro e voei para a empresa. Assim que cheguei ao andar do escritório de Edward, o vi encostado em minha mesa... Novamente.

- Vai me recepcionar todos os dias? – perguntei a contragosto, colocando minha bolsa sobre a mesa e me sentando.

   Edward nada disse, nem me olhou. Suspirei, pegando minha agenda para olhar os compromissos do dia de Edward.

- Cancele os compromissos até meio-dia. – ele disse de repente.

- O quê? Por quê?

   Edward suspirou e virou-se para mim. Seus olhos sondavam-me brilhantes demais. Engoli em seco.

   Droga, de novo não.

- Você pensou no que eu te pedi ontem? – ele perguntou.

   Fiquei em silêncio, encarando a mesa.

   O que eu diria? “Não, eu não pensei nada” ou “Sim, eu pensei, e a resposta é não”? Quero dizer... Eu queria? Queria tentar algo com Edward? Eu não o amava... Mas tudo bem, eu admito, gostava dele. E eu não acredito que ele me ame também. Pode até gostar de mim, como Rose disse, mas amor...

   Amor não se encaixa na nossa relação. É uma coisa meio improvável.

   Mas eu gostava de Edward. Mais do seu lado calmo, do seu sorriso de verdade, do modo carinhoso como ele tratava Nessie e, por vezes, se preocupava comigo. Como no Natal, quando ele se dispôs a rodar a cidade atrás de um peru comigo. E ele cuidou de mim no carro... Acho que foi a partir daquele dia que eu passei a me sentir mais atraída por ele.

   Mesmo com aquele jeito irritante dele... Até aquilo parecia atraente às vezes, mesmo que me fizesse quase ter um AVC ou um enfarte.

   Suspirei, olhando para Edward, que me olhava ansioso.

- Eu tenho medo do que isso possa causar. – murmurei.

   Edward sorriu levemente, levando uma de suas mãos até meu rosto e acariciando minha bochecha.

   Por que ele tinha que agir assim às vezes?

- O que vai mudar é que eu não vou mais ficar irritado o dia inteiro com você por, simplesmente, não poder te tocar. – ele murmurou.

   Espera aí... ELE AGIA DAQUELE JEITO SÓ PORQUE NÃO PODIA ME TOCAR?

   Revirei os olhos, ficando de pé. Rodeei a mesa e parei à sua frente. Edward me olhou, com aquele sorriso torto, e botou as mãos na minha cintura.

- Isso é loucura, você sabe. – falei. Ele assentiu. – E eu sei que eu irei acabar saindo ainda mais maluca disso tudo.

- Isso é possível? – ele perguntou risonho.

   Ri, sendo puxada para mais perto dele.

- Idiota. – sussurrei.

   Edward sorriu e me beijou. Dessa vez, calmamente.

   E eu vou te dizer: isso é estranho pra caramba.

   Mas não vou dizer que é ruim. Longe disso.

--

   Eu ainda não havia contado para Rose nem para Alice que eu e Edward estávamos... Namorando.

   Céus, que palavra mais estranha para definir nosso relacionamento.

   Rose não havia passado em minha casa nessa noite, e eu conversava com Alice. Nessie já havia ido dormir após ter jantado e tomado suas vitaminas. Ela já parecia bem melhor, e isso me lembrou que talvez eu não precisasse levá-la à nutricionista. Ela estava se recuperando bem.

   Nessie me contava animadamente sobre seu álbum.

- Jasper achou uma boa ideia mesclar vários estilos! Quase todas as minhas músicas tem algo de diferente, sabe? Algumas são mais country, outras mais agitadas, as letras também são bem diferentes, por isso terá de tudo em um álbum só! – ela dizia, sem tirar o sorriso do rosto. – E o nome será “Safe”.

- E “Safe” seria uma música nova? – perguntei, sorrindo.

   Alice assentiu.

- E por que você não cantou para mim ainda? Você sempre canta suas músicas novas pra mim! – falei, chateada.

   Alice riu.

- É uma surpresa. Acho que é a primeira música que eu escrevo baseada totalmente no que eu sinto, e não em algo ficcional. – ela disse.

   Crispei os olhos para Alice, percebendo que de repente ela pareceu triste demais.

- O que aconteceu? – perguntei.

   Alice suspirou, mordendo o lábio inferior.

- Você já gostou de alguém meio... Impossível? Mais velho do que você, mais vivido, e que te vê apenas como uma garotinha... Ou algo assim... – Alice murmurou, com os olhos focados no tapete da sala.

   Merda. Não pode ser...

- Alice, você está apaixonada pelo Jasper? – perguntei séria.

   Alice fez uma careta de choro e se jogou no meu colo, afundando o rosto na almofada em cima das minhas coxas.

- Me ajuda, Bell! – ela disse.

   Suspirei, passando a mão em seus cabelos.

- Não é só um encantamento? Ele é mais velho, bonito, legal e está te ajudando... De repente você apenas gosta dele como amigo, mas está confundindo. – falei.

   Alice sentou-se rapidamente, negando com a cabeça.

- Não! – ela disse convicta. – Eu o amo, Bella!

   Droga.

- E ele...?

- Ele não me vê assim, eu já percebi. Ele gosta de mim, e me trata super bem. Mas não passa disso... E eu fico igual a uma idiota perto dele. Isso dói.

   Eu me senti triste por Alice e a abracei. Ficamos um tempo assim, cada uma com seus pensamentos. Eu sabia o que era ter um amor não correspondido, é claro. Já passei por isso quando tinha uns 15 ou 16 anos... Mas não importa a idade, é algo doloroso.

   E ver o quanto Alice parecia gostar de Jasper... Será que eu sentiria aquilo por Edward um dia? Ou ele sentiria isso por mim?

   Eu resolvi aceitar a proposta dele, estávamos namorando agora. Mas não havia amor ali. Pelo menos, não da minha parte. Mas isso poderia acontecer um dia? Nossa relação ficaria mais calma agora?

   Eram tantas perguntas. Edward conseguia me deixar cada vez mais confusa.

   Logo decidimos ir dormir, mas eu mal consegui fazê-lo. Edward me assombrava até na hora de dormir.

   Sorri comigo mesma com isso. Eu nunca iria imaginar que Edward me pediria em namoro um dia... Mas a dúvida era: daria certo?

--

POV EDWARD

   Suspirei, sentando na cama. Eu não conseguia dormir por nada, e a culpa era dela.

   Isabella Swan.

   Sorri, lembrando-me mais uma vez daquela carinha emburrada dela. Não havia coisa melhor no mundo do que irritá-la, era fato.

   Levantei e fui até sala. Meu apartamento, como sempre, vazio e silencioso. Grande demais. Espaçoso demais. Eu me joguei no sofá e, em cima da estante, vi as canecas que Isabella havia me dado de presente de natal. Eu pensei em coloca-las em meu escritório, assim como as outras da minha coleção, mas resolvi deixa-las na minha sala. Isso, é claro, só servia para que eu me lembrasse ainda mais do quanto eu amava aquela garota.

   Bella era tão espontânea, e não ligava em me xingar quando eu a irritava, mesmo eu sendo seu chefe. Mas era tão doce... E eu me pegava a admirando. Eu, Edward Cullen, estava admirado e encantado por uma mulher.

   Mas o modo como ela cuidava das irmãs, o modo como agia, até como respirava me atraíam de uma maneira quase enlouquecedora. E eu realmente não aguentava mais brigar com ela para disfarçar isso.

   A verdade é que era doloroso. Era divertido, claro, poder irritá-la. Ela ficava adorável toda vermelhinha. Mas doía... Doía gritar com ela e provoca-la quando, na verdade, eu queria abraça-la e beijá-la. Por mais que fosse divertido, eu preferia a Bella calma e sorridente.

      E pedi-la em namoro foi a coisa certa a se fazer, apesar de que ela não parece sentir o mesmo que eu sinto.

   E eu me sinto o patético da história.

   Mas ela era meio lenta também, não parecia perceber nem o que eu sentia. Com certeza pensava que eu era o crápula do chefe que queria se aproveitar dela, e que tudo isso devia ser uma piada minha de mau-gosto.

   Mas eu iria mudar isso.

   Isabella Swan seria minha até em alma.


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Notas finais do capítulo

UI, EDWARD! q
E aí? Gostaram? Odiaram? DIGAAAAAAAM! O/ O que vocês acharam do POV do Edward?! Ele ama a Bella... E ela é uma idiota. Pois é. O que vocês acham?
Ah! Antes que eu esqueça, eu criei um grupo no facebook para as minhas leitoras! *u* Participem!
Link do grupo: https://www.facebook.com/groups/524763704223492/
Acho que Facebook é uma coisa que quase todo mundo tem, e mexe. Por isso achei melhor criar o grupo do que o site! Então quem quiser, participe que eu sempre tentarei botar prévias e spoilers um dia antes de postar o capítulo! :D E também, vocês podem falar comigo, dar opiniões, ideias e dizer que estão achando!
Enfim, mandem revieeeeeeeeews! hahahahh Já chegamos aos 200 gente! Obrigada! Eu realmente fico feliz quando vocês mandam reviews, OMG! E que tal Recomendações?! hahahahh
Obrigada por tudo, meninas!
O próximo capítulo sai na Segunda-feira (21/01)!
Beeeeeeeeijos!!