Tudo que eu passei foi culpa dele...

Todas as pessoas que matei foram por culpa dele...

Eu vou me vingar. Disso eu tenho certeza!_ Dizia a sombra em cima do telhado da mansão Phantomhive, abrindo as longas asas negras e sobrevoando o terreno.

Apesar da recente morte de Lizzie, temendo agora a morte de Ally, dentro da mansão, Ciel, Sebastian e Ally pesquisavam loucamente o que era aquele instituto e porque a Rainha tinha mandado matar Ally.

_Bocchan, encontrei algo interessante.

_O que foi Sebastian?_ perguntou Ciel.

_Um artigo de jornal falando sobre o massacre do Instituto de Demonologia._disse Sebastian, mal lendo o que estava escrito.

_De quando é esse jornal?

_De vinte anos atrás, bocchan.

Na semana passada, um massacre sanguinolento aconteceu no Instituto de Demonologia, situado em Londres.

A situação ainda está muito confusa, houve apenas um sobrevivente, que perdeu a esposa no massacre, e que ainda está muito perturbado.

A única pessoa viva depois do massacre foi o diretor do Instituto.

As palavras do Professor Gerard Bundy assustam.

‘’Tudo o que eu criei se rebelou contra mim e contra ela. ‘’

As testemunhas ao redor do lote disseram ter vistou uma mulher de cerca de 1,70 de altura, cabelos ruivos e pálida.  Quem souber o paradeiro dessa jovem, por favor, denuncie a polícia.

_’’Tudo o que eu criei se rebelou contra mim’’? Estranho..._disse Allison.

_Bem, isso é verdade. Vamos ter que pesquisar muito mais sobre esse instituto.

_Não será preciso._disse Sebastian, encostado no batente da porta._ Já encontrei o tal Professor Bundy. Ele mora nos arredores da Inglaterra, em uma cidadezinha abandonada chamada Hedgeville, bem isolada da cidade. Em uma vila onde o único morador é ele.

_Pra ele se isolar assim, o massacre deve ter sido...

_Horrível! _gritava Bundy, assim que tocaram no assunto do massacre._ Tenho terríveis dores de cabeça só de pensar naquela cena medonha.

O Professor Gerard Bundy era um senhor de cinqüenta e poucos anos, tinha cabelos grisalhos compridos e olhos cor de mel. Tinha um semblante assustado.

_Bem, querem uma taça de vinho?_perguntou o senhor, tentando dissipar o clima desagradável.

Ally e Sebastian aceitaram.

Ciel olhou as paredes daquela velha cabana, com as paredes descascadas e viu, num relance, uma fotografia. Parou para olhar. Era uma senhora que aparentava ter uns trinta anos, tinha os cabelos castanhos, usava óculos grandes e um jaleco de doutora.

Mas tinha um único detalhe: a foto estava suja de sangue.

_Quem é ela? _perguntou Ciel, curioso.

_Ela foi a única mulher que eu amei. Chamava-se Samantha Howell. Ela fazia as experiências nos demônios e cuidava da saúde deles. Eu também fazia as experiências, mas ao invés de cuidar da saúde deles, lecionava aos estudantes da Universidade. Ela também foi vítima do massacre._ disse o professor aposentado, lamuriando.

_ Mas por quem ela foi assassinada? Pela Red Raven?

_Quem me dera que fosse!_ disse o professor._ Foi um de nossos experimentos.

_Experimentos?

_Sim. Nós contratávamos uma empresa que caçava demônios, a Emerald Demon Hunting, para capturar demônios para nossas experiências científicas.

_Ah, essa época era terrível. Eu chegava a passar fome, porque não podia virar a esquina sem cruzar com um caçador de demônios._ reclamou Sebastian.

_Nós usávamos os demônios capturados para experiências. Mas um deles ultrapassou todas as nossas expectativas.

_Como assim?

_Imagine um demônio sendo possuído por outro mais forte ainda...

Todos na sala se assustaram.

_E como era o nome desse demônio?_perguntou Ciel.

_Miranda Valentine.

Sebastian gelou e deixou a taça de vinho cair.

_M-Miranda Valentine? Uma ruiva?_perguntou ele, visivelmente assustado.

_Sim! Ela foi possuída por um demônio chamado Azazel e matou todos no campus!

_O que houve Sebastian? Como você conhecia essa Miranda? _perguntou Ally.

_Ela... é a minha ex-esposa...

_Por Deus, por que você não nos contou que ela era um demônio?

_Porque fui eu quem a transformei.
Ally abraçou-o, enquanto ele caiu de joelhos no chão, se segurando para não chorar. Ela estava perguntando o porquê de ele ter feito aquilo.

_Ela começou a se esconder de mim, e me tratar como se fosse uma aberração. Não demonstrava mais me amar, mas ter medo de mim. Eu fiquei com tanta raiva que a transformei, queria que ela sentisse a mesma dor que eu senti... _disse Sebastian, se lamentando. Era a primeira vez que o demônio demonstrava fragilidade.

_Não fique assim, meu amor. Eu teria feito a mesma coisa.

_Meu jovem, eu mesmo fiquei assustado. Você acha que depois de tudo o que aconteceu, eu iria permitir que dois demônios e uma Elemental entrassem na minha casa sem que eu tivesse me preparado?_disse Gerard, mostrando quatro armadilhas para demônios.

_Sei que não somos confiáveis para o senhor, mas não somos de sair matando pessoas inocentes por aí, se você entende._disse Ciel, com certa indiferença.

_Você ainda é recém-transformado. Quanto mais você crescer, mais sede de almas você vai sentir. Isso é normal. Quanto pior for a pessoa, pior é a alma, mas você se acostuma. Você não vai se sentir tão culpado assim.

Ciel hesitou um pouco. Não se imaginava saindo a noite, a procura de almas. Mas sabia que uma hora, isso seria necessário.

_Voltando ao assunto, você por acaso sabe de outra pessoa que tenha contratado os serviços dos caçadores de demônios?_perguntou Ciel.

_Sim, a Companhia Wharton. Mas não sei os motivos dessa empresa.

_Hmm... Interessante. Foi ótimo conversar com o senhor e obrigada pelo vinho. Adeus! _ despediu-se Ally, pegando as mãos de Ciel e Sebastian. Ela abriu as longas asas negras e saiu voando.

_A-Ally, o que pensa que está fazendo?_perguntou Sebastian.
_Já pensou se a gente cai daqui??? _ indagou Ciel, visivelmente assustado.

_Ah, isso? Eu só fiquei um pouco cansada de andar a pé até aqui e resolvi voltar voando, literalmente.

Quando eles chegaram, Sebastian ainda estava em estado de choque.

_Porque você me escondeu uma coisa dessas, Sebastian?

_Eu acho que eu escondi isso de você por medo de você ficar receosa comigo e deixar de me amar, como ela fez... _ disse Sebastian, com a voz embargada.

_Claro que eu não faria isso, meu amor. Eu também sou um demônio, e sei mais do que ninguém como é difícil lidar com os sentimentos quando todos pensam que você é uma aberração.

_Mas eu sou uma aberração!

_Não, aberrações não tem sentimentos. Você me ama, não é? Assim como eu amo você.

_Você tem razão._ele beijou Ally, mas dessa vez ele estava aborrecido pelas lembranças de sua ex-esposa. Ela era muito amável, mas quando se enraivecia, era melhor manter distância. Imagine sendo possuída por Azazel, que era um dos demônios mais temidos do Inferno!

_Sebastian, o que eu posso fazer pra te fazer sorrir um pouco, hein? Estou sentindo que você está muito triste.

_...

_Já sei._disse ela, com um sorriso malicioso, desabotoando a camisa do mordomo e dando beijos em seu pescoço, enquanto subia em seu colo. Ele segurou a cintura da jovem, que já tinha tirado o vestido. Beijou-a com desejo, tirando suas roupas. Já despidos, continuaram os beijos. Ela se mexia encima dele, deixando-o corado. Ele começou a se mexer dentro dela, fazendo com que ela gemesse baixinho. Ela mordeu o pescoço de Sebastian, e ele gemeu alto, se arrependendo depois, com medo de acordar as pessoas na mansão. Eles chegaram ao clímax, mas mesmo assim, não se deram por satisfeitos. As coisas teriam ido mais longe, se Sebastian não tivesse tido uma lembrança dos velhos tempos.

Flashback On

_Miranda, você está bem, querida?

_Não toque em mim! _disse ela apavorada, cansada e um pouco hesitante, segurando um crucifixo gigantesco.

Desde que ela tinha descoberto que ele era um demônio, ela estava evitando-o ao máximo. O pior, porém, estava vindo dali a algumas semanas.

_Deixe-me ver pelo menos como o bebê está!

_Não toque no meu filho!

Sebastian desabou no chão. Desejava nunca ter sido transformado.
_Eu amo você e eu quero ter esse filho!

_Não posso deixar que você o veja! Você é um de... aaah!_gritou ela, aparentemente começando o trabalho de parto.

_Deixe- me ajudar você.

_Fique longe de mim!

Ela deixou que o jovem carregasse-a até a cama, fazendo o parto com certa dificuldade.

Mas o parto não demorou muito... Porque não havia ninguém para nascer. Pelo menos não vivo.

_Não pode ser... Ele não pode ter morrido! _ela chorava desesperadamente.

_Como isso foi acontecer com ele?!_perguntava o demônio assustado.

_Eu não sei... Ele já nasceu assim... Morto._ ela gritava._ E isso é culpa sua! Se você não fosse um demônio, talvez isso não tivesse acontecido!

_Ei, não foi culpa nossa! 

_Foi sim. Foi culpa sua!

_Tá bom, foi minha culpa, mas me perdoa, por favor! Eu te amo!_disse ele. Era óbvio que ele não tinha culpa da morte do filho recém-nascido do casal, mas ele só dizia aquilo para fazer com que a moça tivesse o mínimo de compaixão dele.

_Não!

_Já chega! Eu já perdi a paciência!_disse ele, se levantando do chão.

_Se-Sebastian?

_Eu tentei te provar que eu te amava, mas você não escutou! Eu vou te mostrar como é difícil ser um demônio, e você vai aprender na prática!_bradou ele, envolto em uma aura negra, imobilizando Miranda e a transformando.

Flashback Off

Ele deitou Allison na cama.

Vestiu-se, vestindo-a depois e abraçou a moça, não dizendo mais uma palavra.

_Tudo bem, Sebby. Eu sei que você está muito assustado ainda. Nós fazemos isso quase todos os dias, mas hoje eu entendo a sua tristeza, tá? Eu só quero te ver feliz. Boa noite. _disse ela, dando um beijo nele pra depois adormecer em seus braços.