– É verdade, não é? - Lena disse se aproximando ainda mais.

– Obque?

– Que vocês se beijaram? - Blair completou.

– Sei lá, mais ou menos. - Me senti ficando vermelha.

– Ahh! Que lindo! E você gosta dele? - Blair continuou. Ela parecia cada vez mais interessada.

Eu realmente não sabia o que responder. Eu não tinha certeza se gostava dele. Eu nem tinha certeza se tudo isso era realmente verdade, ou se era só um sonho meu! Não, tinha que ser verdade. Tinha que ser tudo verdade!

– Deixa disso, Blair. - Disse Lena. Fui salva pelo gongo. - Agora nós temos assuntos mais importantes para tratar com ela.

Ela me segurou pelo pulso e me puxou. Já era quase noite e todos os estudantes estavam reunidos na praça principal da academia, onde havia uma grande fonte no meio. Todos conversavam e riam. Parecia que estavam celebrando algo. Eu, Blair e Lena fomos as ultimas a chegar, porque, bem, eu não tinha terminado de comer. E mesmo depois disso continuei com fome.

– Eu gostaria de pedir um pouco a atenção de vocês, alunos da Academia Warlok. - A diretora Anne disse em baixo tom. Mas todos continuaram conversando. - Rowdy, por favor?

– SILENCIOO! A DIRETORA QUER FALAR! - Ele gritou. Achei que minhas orelhas fossem explodir. Foi tão alto, que até eco fez. Todos pararam no mesmo momento.

– Como alguns podem ter notado, tem uma aluna nova em nossa escola. - A diretora continuou.

– Evolet Sutton! Filha do líder da Sociedade Renegada: Christopher Sutton! - Rowdy gritou. Christopher? Era esse o nome do meu pai. Olhei em minha volta, todos pareciam perplexos, mas eu não entendia o motivo.

– Exatamente. - A diretoria completou. - Eu quero que a acolham com atenção e carinho. Venha aqui querida. - A diretora fez um gesto para que eu subisse no grande palco no lado direito do palco. E eu tinha opção? Claro que subi.

Todos aplaudiram, ou melhor, QUASE todos. Mas não fiquei triste de não receber aplausos de Hillary. Abaixei a cabeça e corei. Não estava acostumada a receber aplausos.

– Então querida, pode dizer a todos o que você é? - Ela disse quase que me interrogando.

– Como assim? Como assim o que eu sou? - Eu estava confusa. Pelo que eu sabia, eu era humana, não era?

– A sua raça, querida. - Rowdy tentou me explicar. Mas não serviu de muita coisa, porque eu ainda não estava entendendo nada.

– O que?

Lena fez sinal para a diretora, que desceu do palco e foi em sua direção. Ela murmurou algo em seu ouvido, e a diretora Anne subiu de volta.

– O que está acontecendo? - Eu disse para Rowdy.

Todos, por estarem chocados, estavam quietos, por isso consegui ouvir a diretora dizendo:

– Não pode ser.

– O que? O que não pode ser? – Eu a interroguei. Mas fui ignorada.

– Lena, Rowdy e Evolet. Quero vocês na diretoria. Imediatamente!

Fomos para dentro da academia, entramos em uma sala com apenas uma janela. Rowdy acendeu a luz, ele parecia aflito.

– Evolet, posso olhar suas costas? - A diretora disse.

– O que? Mas que tipo de perversão é essa!? - Eu disse constrangida.

– Rápido, tire a camiseta. - Lena completou.

Ela parecia seria, então eu tirei. Para minha sorte, eu estava usando biquíni.

– Não pode ser! - Rowdy disse passando as mãos em minhas cicatrizes.

– Isso? Não é nada, é só uma cicatriz. Michele disse que eu me machuquei quando pequena.

– Você é uma Enfidríade. - Lena disse.

– Enfi... O que? - Perguntei confusa;

– Enfidríade. - Rowdy repetiu.

– O que é isso?

– Enfidríades são ninfas da água com poderes de cura e profecia, e com certos controles sobre a água. Achamos que estavam extintas, achamos que sua mãe tinha sido a ultima. - Rowdy continuou.

– Mas o que!? - Minha cabeça estava cheia de informações novas.

– Você é uma en-fi-drí-a-de. Entendeu agora? – Lena repetiu lentamente.

– Espera, não é isso. Vocês estão me dizendo que eu sou uma enfrídiade, ou seja lá o nome disso...

– Enfidríade. - Lena me interrompeu.

– Que seja, então vocês querem, que eu acredite que minha mãe era uma ninfa, e que eu também sou? E que eu controlo água e posso curar as pessoas.

– É mais ou menos isso. - A diretora interrompeu.

O silencio predominou. Minha mão começou a arder, olhei para ela, estava com algumas manchas pretas. Que de repente começaram a se alastrar pelo meu corpo todo.

– O-Oque está acontecendo comigo? - Minha garganta estava começando a queimar. As manchas já estavam quase alcançando meus ombros.

– É uma profecia, Evolet. - A diretora disse. Senti minha voz mudar. Meu braços foram para trás em um ato súbito contra a minha vontade.

"Na décima sexta lua cheia, ela se levantará.

E o frio terá de as chamas apagar.

Com sua ultima lagrima, a mais suave.

O mundo cairá em suas mãos, e só ela terá a chave.

Para impedir a destruição, a garota se sacrificará.

E a Sociedade Renegada enfim retornará!"

Cai no chão de joelhos. Minha cabeça doía. Eu não fazia idéia do que eu tinha acabado de falar.

– Está acontecendo o que eu temia, Anne. - Rowdy disse à diretora - Você sabe o que vai acontecer, não sabe?

– O que vai acontecer? - Eu perguntei, mas fui ignorada.

– O QUE VAI ACONTECER? - Eu repeti.

– Você vai lutar contra Vulnere e seus seguidores, Evolet. - Rowdy disse.

– E se eu não conseguir?

– Bem... Se você não conseguir... Você morre. - Disse Rowdy com a voz mais sombria que já ouvi.

– Ótimo! Esse só pode ser o pior dia da minha vida!

Mas eu não tinha nem noção do quanto eu estava enganada...