A Sociedade Renegada escrita por Nome editado pela moderação


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura...



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Estava escuro.

Eu não conseguia enxergar nada, mas mesmo assim, aos meus olhos parecia lindo. Havia um mundo inteiro abaixo de mim, e eu queria explorá-lo. Eu nadava em águas profundas. A única luz que eu enxergava vinha da superfície. Mas eu não queria voltar para lá, nunca mais.

A sensação de flutuar em meio a uma imensidão azul me confortava. Eu via um pequeno cardume de peixes. Eles também pareciam me ver. Bolhas saiam de mim enquanto eu respirava, eu não precisava de ar, pelo menos não naquele momento. Estava tudo silencioso, o único som que meus ouvidos captavam era o da minha própria respiração. Eu estava sozinha.

Um golfinho saia de trás de algas negras, ele se aproximava, parecia me guiar. Eu o seguia, e nós brincávamos. Eu olhava para os lados, procurando o golfinho. E sempre o encontrava. Mas desta vez, eu não o enxergava mais.

Entrei em pânico. As águas se escureciam à medida que meu medo se espalhava. Eu não conseguia mais respirar. Eu tentava subir até a superfície, mas algo me impedia de ultrapassar os limites do oceano. Era como se uma barreira estivesse me impedindo de viver. Eu me debatia em uma tentativa desesperada de sobreviver, nada funcionava. Abri a boca para gritar e me afoguei.

– Evolet? - Abri os olhos. A voz vinha da escada, era minha Michele. Ela tinha cuidado de mim desde que meus pais tinham me abandonado e eu era muito grata por isso.

Senti como se ainda estivesse sonhando. Aquele sonho me assustava, porque era sempre o mesmo. Eu estava muito cansada, por isso só consegui balbuciar alguma coisa.


– Evolet Sutton! - Levantei da cama no momento que ela me chamou pelo nome completo. Ela nunca me chamava assim, e ela sabia que eu odiava ser chamada pelo sobrenome. - Você está atrasada para a escola.

Sai debaixo das cobertas, pulei da cama e tremi, eu conseguia ver minha respiração no ar. Por que estava tão frio?

Examinei o quarto, a janela principal estava entreaberta, mas não era o suficiente para deixar o frio entrar. Não me lembro de ter deixado a janela aberta, mas como normalmente, não me lembro de quase nada, só a fechei.

– Já levantei! - Gritei enquanto saltava da cama. - Só um segundo.

Peguei a roupa que tinha colocado ontem à noite na cabeceira e corri para o banheiro.

Me olhei no espelho e examinei meu rosto. Meu cabelo castanho escuro estava todo bagunçado e eu estava com olheiras em baixo dos meus olhos dourados. Aqueles olhos eram uma das poucas coisas de que eu gostava em mim, eles me lembravam quem eu era, por que eu não era humana, e disso eu tinha certeza. Eles eram tão brilhantes, que pareciam me deixar diferente do resto. E minha pele. Ela continuava tão branca quanto à neve.

Tirei minha roupa, minhas cicatrizes continuavam lá. Aliás, elas estavam lá desde que eu me entendia por gente. Ficavam bem nos ossos das minhas costas, onde em anjos, haveria asas. Não que eu goste de anjos, mas foram os melhores exemplos que encontrei.

Tomei um banho e penteei o cabelo, o que demorou muito tempo. Por fim, coloquei minha roupa. Um vestido longo preto com uma jaqueta esporte jeans por cima e um All Star preto surrado.

Abri a janela. O brilho do sol afastou meu sonho e me animou um pouquinho. Pensei que talvez, no final das contas eu conseguiria chegar ao fim do meu primeiro dia de aula. Respirei fundo e corri para a cozinha.

– Bom dia Michele, pode preparar uma torrada para mim? Já estou atrasada de novo. - Eu disse enquanto pegava minha mochila manchada de varias cores de tinta, que eu havia esquecido aqui no dia da pintura da casa.

– Está em cima da mesa, Evolet. - Ela disse seria.

– Nossa, para que tanto mau humor? - Eu disse sem olhar diretamente para ela.

– Me diga você, mocinha. - Ela respondeu cruzando os braços e fazendo um gesto para que eu sentasse. - Que história é essa de chegar em casa meia noite e meia?

– Eram meia noite e quinze... E eu só parei para tomar um lanche com Sarah depois da aula. - Eu respondi tentando melhorar a situação.

Sarah era minha melhor, e única, amiga. Eu nunca ficava muito tempo no mesmo lugar, Michele vivia se mudando, e por conseqüência, eu também. Já morei em Nova York, Inglaterra, Sydney, Chicago e até em Las Vegas. Mas é a primeira vez que venho morar na Califórnia.

Michele deu de ombros e colocou o prato com a torrada em cima da mesa. Eu a peguei com um guardanapo e corri pela porta da frente.

– Obrigado, Michele. - Disse enquanto saia correndo. 06h30. Droga! Não ia dar tempo.

Retirei a velha picape usada da garagem e avancei até a casa da Sarah. Parei. Estacionei na frente da porta de entrada e gritei:

– Rápido Sarah! Estamos atrasadas! - A vi me olhando da janela de seu quarto e pegando sua bolsa da Tommy. Sarah saiu correndo pela porta da frente e gritou:

– Tchau mãe! Não precisa me esperar para o almoço. – Ela disse entrando no carro e acenando para a mulher que a olhava pela janela. – Oi Evolet. A Michele ficou muito brava?

Sarah usava uma saia florida e uma camiseta branca, o que combinava muito com seus cabelos loiros. Não tínhamos nada a ver, mesmo.

– Na boa, eu disse que tínhamos ido jantar. – Na verdade tínhamos ficado até tarde no Shopping.

– E ela acreditou? Porque você mente muito mal... – Ela disse me fitando.

– Sei lá, espero que sim. – Ela não tinha acreditado. Mas foi o bastante para me livrar de um grande discurso sobre minha responsabilidade. Estávamos quase chegando ao colégio quando notei o quanto estávamos muito atrasadas.

Corri para dentro do colégio, peguei meus livros e entrei na sala.

– Desculpe o atraso Sr. Collins.

– Isso vai para seu boletim Srta. Sutton. Agora, vamos logo, sente-se.

Dirigi-me até o final da sala, com a esperança de que ninguém notasse minha presença. Sentei, passei os fones de ouvido pela manga da jaqueta e coloquei uma playlist para tocar. Só mesmo os maiores sucessos de Selah Sue para me distrair da aula de história americana. Eu realmente odiava história americana.

Tentei ficar o resto da aula sem ser notada. Se eu tinha conseguido? Claro que não.



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Notas finais do capítulo

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