Eu, Fora De Controle escrita por Lionardo Fonseca Paiva
Décima Parte
No outro dia eu já estava em condições de ir trabalhar. Estava cheio de curativos pelo corpo e com o rosto inchado. Os olhos doíam um pouco, mas a visão já estava boa. As vezes sentia o nariz escorrendo, mas o médico disse que eu iria ficar com isso por um tempo. Meus olhos se enchiam de lágrimas a todo momento e eu tinha que ficar com o lenço na mão. Um dente estava mole e teria arrancá-lo logo.
O Alex, ao saber que eu já estava trabalhando, foi ao escritório ver minha situação. Não conseguia sentir raiva dele, mas sabia que a nossa amizade de antes tinha acabado. Não seria a mesma coisa. Ele não tinha culpa, nem ao menos sabia que gostava de você, mas mesmo assim a presença dele agora me incomodava.
Ele chegou me cumprimentando e perguntando como eu estava. Fitei o seu rosto, e comecei a imaginá-lo dando-lhe beijos e abraços... Meu Deus! Tive vontade de mandá-lo para o inferno. Mas não o fiz.
— Puxa. Você levou uma surra e tanto — comentou — Pensei que ia demorar a vê-lo em forma novamente. Você até que está bem.
— Vaso ruim não quebra! — falei sério.
— Está comprovado. — falou sorrindo.
Quando a noite veio fui para a escola. Estávamos nas provas finais do semestre.
Ao chegar na porta do colégio, já entrando pelo portão, escuto uma voz conhecida me chamando:
— Hei! Dêner! — Era a voz de Alex. Estava num Opala vermelho e lá dentro você abraçada com o miserável. Ambos sorriam e você acenava para eu me aproximar.
— Olá! — falei — Você não vai entrar Raquel?
— Não. Vou sair com o Alex. Talvez eu assista à outra aula. Mas se tiver alguma coisa importante você me passa depois, pode ser?
— Já está melhor, Dêner? Não esta parecendo bem. — perguntou Alex.
— Estava... oh! Quer dizer... estou! — murmurei.
— Se você achar quem fez isto Dêner, me chame para te ajudar. Não deixa passar em branco não. — disse Alex
— O Saulo também não vai deixar você sozinho nisto. — Falou você. — Ele me disse que reconhece os caras se vê-los na rua, e quer pegá-los.
Estava tudo errado. Não era isso que eu queria. Eu não precisava disso.
— Não vai ser preciso, Alex. Vou pedir para o Saulo também parar de pensar nisto. Não sou de briga. Mas em todo caso, muito obrigado, amigo.
Eu era um otário mesmo. O Alex estava preocupado comigo, querendo me meter numa briga que não era dele para me ajudar, e eu odiando o cara somente pelo fato de ele estar namorando você, a garota de que eu gostava mas que ele não sabia. Alias, o palhaço desta história toda era eu, pois ficara adorando você à distância.
Eu não fiz o que tinha que ser feito. E o Alex fez.
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