Eu, Fora De Controle escrita por Lionardo Fonseca Paiva


Capítulo 10
Capítulo 1 - Nona Parte




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/296345/chapter/10

Nona Parte

“Seja forte nos embates da vida e não desanime se o sofrimento o visitar, tanto em sua pessoa como nas pessoas que lhe são caras. O sofrimento, além de purificar-nos, realiza o aprimoramento de nossa força interna”.

“Ninguém consegue passar de ano sem prestar exame. Ninguém consegue progredir sem sofrer o exame da natureza, que verifica se realmente sabemos ser fortes, suportando as dores.”

Acordei ouvindo esta voz.

Abri os olhos senti a presença de algumas pessoas em minha volta.

— Onde estou? — perguntei.

— Em sua casa, filho! — era a voz da mamãe.

— Na sua cama para ser mais exato! — era a voz de Durval — Andou se metendo em encrenca?

— E das piores. — falei — Mas... quem estava lendo esse texto que eu escutei? Acho que conheço...

— Oi Dêner, sou eu... — Essa voz eu conhecia muito bem: Raquel!

— Meu Deus!... Você aqui! Não posso acreditar!

Tentei levantar, não deixaram.

— Quem eram eles, filho? — minha mãe perguntou — Por que te bateram?

— Que horas são? — Perguntei.

— Deve ser nove, nove e meia...

— Da manhã?

— Lógico — Durval falou friamente. — Você é um babaca mesmo.

Sorri e ignorei. Voltei-me para você.

— Você não devia estar trabalhando, Raquel?

— Devia, mas pedi uma licença para vir te visitar! — Trabalho com meu pai mesmo.

— Como você foi parar lá? — perguntei.

— Eu estava no carro com meu namorado. Ouvi o barulho de briga e as pessoas correndo para ver. Eu pedi para sair de perto mas quando vi o Saulo indo na direção achei que poderia ser alguém conhecido, e vi que era justamente você.

— Esta menina é um amor filho. Tem que agradecer a ela. Trouxe você aqui e estava preocupada. — Falou minha mãe.

— Claro... nossa, obrigado mesmo Raquel. Fico até com vergonha de você ter que passar por isto. — Mas como me trouxe? O Saulo te ajudou? Quem é este namorado?

— O Saulo não quis vir. A polícia passou por lá e você sabe que ele não gosta deles. Achou que ia sobrar para ele e pediu para eu e o Alex te trazer.

— Alex? — Gaguejei.

— Essa família não tem jeito. — resmungava Durval saindo do quarto batendo a porta. — Só encrenca.

Novamente Ignorei o comentário de Durval e não consegui esconder a frustração perguntando:

— O carro era dele? Ele que é seu namorado? — Perguntei, e não era curiosidade. Era ciúme.

Escutei você rindo.

— Alex é um amor, Dêner.

— É um bom rapaz este seu amigo Dêner — minha mãe falava. — Estava preocupado com você, precisava ver.

Eu estava pasmo.

— Você não sabia? Estou namorando aquele amigo seu, que trabalha em frente ao seu serviço. Vamos ver no que vai dar. Nada sério por enquanto. O que você acha?

— Bom... Você gosta dele?

— É simpático. Ontem ele foi me buscar na escola e ficamos dando umas voltas e conversando, até te encontrar naquele estado...

— Você sabe como Saulo me encontrou?

— Ele me disse que estava num bar bebendo e na frente do bar as pessoas estavam rindo de alguma coisa que acontecia na rua. Ele foi ver e era você brigando.

As risadas... Riam da minha desgraça.

— Onde está Saulo?

— Deve estar trabalhando! Disse que depois vem aqui te ver.

— Quem eram eles, filho? — minha mãe perguntou — Por que te bateram?

— Foi um assalto. Eu não tinha dinheiro e começaram a me bater — menti.

— Eu sabia que poderia ser algo assim — disse Raquel. — Não era briga de rua porque eu sei que você não é disto.

Aqueles caras voltariam. Tinha certeza. E agora a vingança deles seria contra mim e Saulo.

— Você precisa descansar. Depois eu volto para te ver. — disse você.

— Não... fique mais um pouco.

— Eu preciso ir, Dêner. — e senti sua mão passando por minha cabeça.

Uma sensação de alegria invadiu meu corpo. Seu contato era tudo que precisava naquele momento. Tentei disfarçar a emoção.

— Cuide-se! Você está melhor agora do que quando te achamos. Achei que tinha morrido?

Senti que você se distanciava até a porta. Mamãe a acompanhou.

Fiquei ali e Durval retornou ficando plantado na minha frente.

— Aquilo tem alguma coisa haver com a nossa irmã? — Perguntou.

— Não. Eram os irmãos de Patrícia.

 Fez uma careta e quando estava saindo perguntou:

— Você gosta dela, não?

— Quem?

— Dessa menina que saiu daqui agora.

Não disse nada. Estava surpreso.

— Notei sua reação quando ela disse que estava namorando um amigo seu. Você é otário.

— Vocês disseram alguma coisa para papai?

— Não. Ele está fazendo uma entrega em Mato Grosso. Deve chegar logo. Você vai dar queixa na polícia? Quando papai souber o que aconteceu, vai obrigá-lo a fazer isso.

— Não sei, Durval.

— Você está enrolado, mas isto é problema seu. Já tenho problemas demais.

Tentei me lembrar do que você estava lendo quando acordei. Era um texto bonito. Será que estava lendo para mim?

“Seja forte nos embates da vida...”

Eu serei, Raquel... por você!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eu, Fora De Controle" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.