Alexithymia escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 20
Capítulo 19 — Pontos fracos.


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas! ♥ Como o prometido, aqui estou eu postando. Mds, o número de comentários no capítulo anterior foi ótimo! Seria bom se continuasse desse jeito, sabe? HASYHAUHSAUHS. Então né... muitas meninas ficaram revoltadas com o Edward, mas gente... se coloquem no lugar do coitadinho. Ele está sendo forçado, ele não é do mal (como eu queria que ele fosse e infelizmente não tive capacidade de fazer). Eu realmente sinto muito as meninas que... queriam que ele fosse bom, mas qual seria a graça? Eles ficariam juntos, o Riley voltaria, seria aquele drama todo... se for pra fazer drama, que seja bem feito ♥ AHSUHSAUHSAUH enfim, vocês já foram lá ver a minha nova fanfic? Se não, aqui está o link: http://fanfiction.com.br/historia/326767/Enjoy_The_Silence/.
Espero que gostem e que comentem! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/296081/chapter/20

Eu estava em um sono pesado quando alguém montou em minhas costas e mexeu em meus cabelos, rindo harmoniosamente quando resmunguei alguma coisa que eu pensei ser um pedido para que ela voltasse a dormir porque estava cedo demais. Isso pareceu ter algum teor engraçado já que Bella soltou uma gargalhada e continuou a tocar meus cabelos com as pontas dos dedos, passando as unhas pelo meu couro cabeludo… Se ela achava que aquilo me acordaria, estava bastante errada.

— É uma hora da tarde, Edward. — Ela sussurrou em meu ouvido e tudo que eu senti foi seu hálito de pasta dental. — E está chovendo tanto que está parecendo madrugada, mas já é de tarde.

— Você poderia se animar com isso e voltar a dormir.

Com um suspiro entediado, ela se deitou ao meu lado novamente e prendeu sua perna em minha cintura. Quando abri meus olhos, seu cabelo estava tão bagunçado que poderia ser comparado à palha, mas de qualquer jeito ela estava tão… imaculada com seu sorriso imprudente que seu cabelo poderia ser abstraído facilmente. Tirei uma mecha que caiu por seu rosto e sorri para seu rosto quando ela me olhou com os olhos vivos, jogando um braço por minha cintura, juntando-se mais ainda a mim.

— Está fazendo tanto frio. — Ela resmungou, esticando-se para beijar meu ombro. — Como aguenta estar sem camisa…?

Ela parou de falar e franziu o cenho, dedilhando as minhas costas com os dedos hesitantes como se estivesse descobrindo alguma coisa.

— O que foi isso aqui? — Perguntou com cautela, quase que com medo da minha reação.

E era exatamente por isso que eu odiava ficar sem camisa, por causa das cicatrizes que eu tinha em minhas costas, marcas da tortura que eu e Alice passamos quando nossos pais foram raptados. Eles não queriam saber nada, estavam apenas se divertindo com a nossa dor e é exatamente por isso que eu me sentia comprimido a sempre estar de camisa, assim evitava perguntas inconvenientes.

— Eu era um garoto muito travesso quando menor. — Sorri tortamente e ergui minha mão para desfazer seu cenho franzido.

— Mas eu não percebi isso quando estávamos juntos no terceiro ano. — Ela murmurou.

Por que mesmo que a Bella precisava ter uma memória de elefante? — Indaguei-me e rapidamente tentei achar alguma resposta plausível para isso. Assim como estava curiosa com a tatuagem, ela estava igualmente com as minhas cicatrizes que eu preferia que ela não percebesse. Respostas envolvem memórias e era torturante pensar nisso, pensar nos meus pais e em Alice…

Era para eu ter mais raiva de Bella com as memórias, mas não funcionava como antes. A minha raiva dela era fundada em quê?     Somente nos meus próprios desejos, Isabella Swan não fez nada a ninguém e… não merece o ódio já que era a criatura mais adorável de todo o mundo. Se não fosse por minha irmã eu já teria exposto a verdade, mesmo que ela me odiasse para sempre…

— Você sempre estava distraída demais para notar.

— Aposto que sim. — Ela sorriu.

Quando se levantou, percebi que estava com a minha camisa que ficava parecendo um vestido curto nela. Eu deveria ter me lembrado das cicatrizes em minhas costas quando resolvi tirar minha camisa e colocar nela já que sua mala estava em outro quarto e ela não tinha ido pegar uma camisola. Mas ela ficava bem melhor que eu dentro da minha camisa, tanto que eu cheguei a pensar que todas as perguntas tinham valido a pena, afinal.

Observei-a encostado na porta do segundo quarto pegar uma escova e dar um jeito em seu cabelo rebelde, prendendo-o em um rabo-de-cavalo que destacava as maçãs róseas de seu rosto. Bella vestiu distraidamente uma calcinha preta e calçou as suas sandálias enquanto coçava os olhos. Pensei que ela fosse reclamar comigo por eu a estar espionando, no entanto quando ela se virou, um sorriso nasceu em seu rosto e ela caminhou até onde eu estava, pondo os braços ao redor de meu pescoço.

— Seu celular está com área aqui? — Perguntou. — Preciso ligar para minha mãe senão ela vai pegar o primeiro voo que tiver para Austrália e vir me procurar.

Depois que dei meu celular para Bella, desci para tentar preparar alguma coisa para comermos no “almoço”, mas já estava tudo feito e posto em cima da mesa com um esmero impressionante. Ah Isabella Swan… — Pensei suspirando pesadamente enquanto olhava para a mesa e os pratos perfeitamente virados para baixo, os talheres e o suco de maracujá na jarra transparente. Ela fazia ser impossível me manter sem sentimentos quando agia daquela forma e talvez aquilo fosse mesmo a sua vontade. Só que Bella não sabia com quem estava lidando de verdade… o quanto a sua vida estava correndo riscos se não fosse pela maldita  senha e… bem, por mim.

Espreguiçando-se, ela desceu as escadas com o telefone ainda preso em seu ouvido. Quando ela levantou os braços a camisa subiu um pouco mais e deixou suas coxas pelas quais eu tinha uma queda a amostra, em um convite mudo e inconsciente para que minhas mãos passassem por elas. Parei de pensar essas besteiras quando ela me olhou, um sorriso ainda tremulando em seu rosto por causa do que sua mãe ou seu pai falava do outro lado da linha. Os cabelos dela se soltaram do rabo-de-cavalo e escorreram por seus ombros e costas e ao contrário do que estava quando se acordou, estavam sedosos e controlados.

Não pude me impedir de pensar que eu havia perdido muito tempo para vê-la se acordando e perceber seu ótimo humor. Tanto tempo quando eu tive a oportunidade de fazer isso mais cedo, quando ainda estávamos na escola… talvez tudo pudesse ser mais diferente se ela estivesse comigo, talvez ela não precisasse sofrer tanto por seu bebê.

— É — ela resmungou revirando os olhos quando entrou na cozinha. —, aquele mesmo. Não fale para o papai, não ainda.  — Bella esperou por um instante e soltou um muxoxo. — Eu sei, mãe, eu sei, é só por alguns meses… tenho certeza que a senhora consegue isso, não é? Talvez eu te ligue domingo de noite, então não surte se eu não ligar amanhã, ok?

Depois de mais alguns minutos, ela finalmente desligou e suspirou, colocando o celular no balcão o qual ela estava encostada antes.

— O que você não pode falar para o seu pai ainda? — Eu perguntei, não contendo minha curiosidade.

— Que eu estou com você. — Ela sussurrou, envergonhada. — Não sei se ele se lembra do acontecimento de alguns anos atrás, mas… eu não estou com cabeça para brigar agora que eu voltei a manter contato.

— As coisas poderiam ser tão mais fáceis se…

— Não. — Ela disse firmemente, interrompendo-me. — As coisas são como são e… é passado, Edward, só não quero brigar com o meu pai agora…

— Eu sei, Bella. — Coloquei sua franja atrás de sua orelha e sorri para ela. — Se quiser podemos demorar tanto tempo quanto quiser para falar ao seu pai que estamos finalmente juntos…— Podemos nem falar, eu pensei em acrescentar, mas fiquei calado sabendo que aquela não era a coisa mais bonitinha para se falar.

— Obrigada. — Ela sorriu hesitantemente. — Você é maravilhoso!

Na verdade, não… eu só quero salvar a minha própria pele. — Pensei enquanto ela beliscava a minha barriga de leve e sentava-se à mesa.

Bella rapidamente me distraiu de meus pensamentos obscuros quando começou a tagarelar sobre qualquer coisa. Eu estava prestando atenção só que não era somente em suas palavras, era em como a boca dela se mexia e como ela tentava reprimir um sorriso, puxando os lábios para baixo ou mordendo-os. Mas ela não conseguia, nunca conseguia reprimir um sorriso e às vezes, quando se lembrava de alguma coisa engraçada, pedia um segundo e ria como uma criança.

De alguma forma eu sempre ficava encarando-a com um sorriso hesitando nos lábios quando ela fazia aquilo, quando ela falava e tentava não sorrir. Desviei meus olhos dela quando o meu celular tocou e Bella revirou os olhos, dizendo-me que isso não eram horas para uma pessoa educada ligar.

— Em um instante eu volto. — Prometi.

— Logo.

Era John e antes de atendê-lo andei como se estivesse distraído até o jardim — um lugar onde Bella não tinha nenhuma chance de escutar o que eu falaria. Tudo iria por água abaixo em segundos se acontecesse algum deslize e eu não podia permitir — nem nunca permitiria — que Alice sofresse por causa disso.

— Edward! — Ele parecia tão empolgado quanto estaria se eu lhe desse um soco muito bem merecido. — Como vai nossa preciosa? — Minha, seu idiota, minha.

— Bem. — Respondi, revirando meus olhos.

— Conseguiu descobrir alguma coisa sobre a senha? Alguma coisa que possa afetá-la, talvez? — Perguntou.

— Nada a respeito do cofre e não sei de nada que possa afetá-la, ela é bem… forte quando se trata de sentimentos. — Fiz o meu melhor para mentir, mas pelo suspiro de raiva que ele soltou do outro lado da linha pareceu que eu não tinha convencido ninguém.

— Edward — ele hesitou. —, você está com a garota a mais de sete meses. Já deveria ter descoberto qualquer fraqueza dela. Essa sua lentidão está começando a me estressar, sabia? Em breve vou ter que mandar outra pessoa para lhe substituir já que você não está se mostrando tão hábil quanto antes. Não, não, talvez eu tenha que parar de ser bonzinho e voltar aos métodos anteriores de extração. Tortura, dor, gritos… e eu sei que você não se importa com ela nem um pouco, mas a tortura, dor, gritos não virão somente da Isabella, virão da sua delicada e querida irmã. Consegui ser claro o bastante? Então eu vou fazer a pergunta novamente, tudo bem? Há alguma coisa que possa afetá-la?

Suspirei e passei a mão pelo meu cabelo.

— Os pais. — Resmunguei. — Eles moram nos Estados Unidos, Washington, Forks. Charlie e Renée Swan…

Tentei agir normalmente quando voltei para a mesa onde Bella estava com uma carranca insatisfeita pela minha suposta demora. No entanto sua carranca logo se desfez por um sorriso quando ela começou a contar novamente tudo que achava que eu deveria saber e bem, eu deveria estar entediado por ela falar tanto, mas não estava. A vida dela era de longe melhor que a minha, sem nenhuma grande tragédia ou duplicidade.

Quando terminamos de “almoçar” fomos para sala e como o filme estava realmente dando-lhe nos nervos de tão dramático que era, Bella perguntou sobre a minha. Qual vida? A que eu sou o Edward Cullen normal e que trabalha numa empresa semelhante a sua ou o que está a enganando para conseguir liberdade? Decidi contar-lhe sobre a minha infância que foi a época mais normal da minha vida, então quando deitei meu rosto em seu colo e ela começou a mexer em meus cabelos, não consegui ficar com os olhos abertos por muito mais tempo.

Ela me desgastava, como já disse anteriormente e mesmo que eu tivesse aprendido a controlar isso, nunca passava. Nunca. E piorava quando ela sorri e fala alguma coisa que me faz sorrir, piora quando ela me toca e quando ela toca em meu cabelo. Piora cada dia mais, por isso os remédios são sempre necessários mesmo não tendo prescrição médica. O que eu diria para ele? “Bom, doutor, eu me sinto mal toda vez que a minha namorada sorri ou demonstra afeto por mim… dores de cabeça, indisposição, essas coisas que são muito normais, sabe?” Era patético.

Eu tinha planos para aquele dia, mas todos foram por água abaixo quando eu me acordei, ainda no sofá e no colo de Bella e constatei ser final da tarde. Merda, merda, merda! Quanto tempo nós tínhamos até que John a tirasse bruscamente de mim? Não tanto quanto eu queria… não tanto para bolar um plano para talvez fugir com ela e com Alice. Não tanto para eu saber o que eu lhe falaria sobre essa fuga repentina. “Bella, é… eu estava com você só por causa de um cofre que você sabe a senha, mas eu me apaixonei, Bella, eu me apaixonei de verdade e seria ótimo se você confiasse cegamente em mim depois disso.” Ela era esperta demais para acreditar nisso por mais que fosse verdade

— Amanhã eu te levo. — Prometi.

— Isso é… — Ela começou sorrindo de lado. — se você conseguir se acordar antes das duas da tarde.

— É porque, sabe, ontem alguém roubou todas as minhas energias na piscina… e na sala, também e no quarto… — Bella me olhou por alguns segundos com os olhos ardendo de vergonha e olhou para o outro lado, provavelmente querendo me impedir de ver suas bochechas coradas.

Ignorei a minha cabeça latejante e puxei seu rosto na minha direção, não me impedindo de sorrir quando ela tentou puxá-lo de voltar. No geral, ela se rendia fácil quando eu inclinava meu rosto para o seu e a beijava docemente. Queria mostrá-la, no mínimo, que aquilo não era só mais um beijo, queria mostrá-la que eu gostava de verdade dela. Mais do que um dia eu já gostei de um trabalho meu.

Na verdade, queria explicá-la que ela não significava somente um trabalho para mim. Ela era… ela era Isabella Swan e eu estava apaixonado por ela, mesmo não podendo estar, mesmo sendo um erro enorme. Eu não sabia o que ela significava para mim concretamente, talvez a primeira mulher que eu amei, talvez a primeira mulher com que eu fiz amor. Amor de verdade, não o egoísmo que era o sexo.

— O que você quer comer agora? — Ela perguntou, jogando com os dedos uma mecha crescida demais de meu cabelo para trás. — Pizza? Poderíamos pedir uma pizza…

— Ótima ideia. Desde aquele dia que eu não como uma pizza decente…

— Eu também não. Que saudades!

Eram onze horas da noite e Bella já havia desmaiado ao meu lado na cama, e contendo o meu instinto de ficar velando seu sono, saí sem fazer nenhum movimento brusco demais para que ela não acordasse. Pegando meu celular no criado-mudo desci às escadas, distraído com os números que eu deveria digitar para conseguir ligar para Alice e perguntar se estava tudo bem.

Claro que eu sabia que estava tarde e ela provavelmente estava dormindo, mas eu só queria saber… Desde a ligação de John, eu estava incomodado com a ideia de Alice estar sozinha naquele apartamento todo ou com Jasper, no apartamento dele. De qualquer jeito, eu ainda não confiava inteiramente nele. Eu demorava mil anos para acreditar em alguém, era defeito e qualidade ao mesmo tempo.

— Ah Edward, Edward — Ela suspirou. — Sempre ligando nas horas mais inadequadas.

— Deixe de reclamar. Eu só queria saber como você está já que eu não voltei ontem, então…

— Ah, isso não me foi nenhuma surpresa. Eu sabia que você prenderia a Bella com você até o fim da semana. E aí? Vocês estão finalmente namorando? Se você machucar a minha amiga, seu ogro, você vai se ver comigo, está me entendendo?

— Que medo. — Zombei. — E sim, estamos namorando…

E eu estou apaixonado por ela e não poderia estar porque é um trabalho e pessoas não se apaixonam por seu maldito trabalho… — Pensei torturadamente. Seria tão bom se eu pudesse falar isso para Alice, parar de prender as coisas para mim mesmo, mas não. Não. Ela não podia saber sobre isso porque iria causar várias perguntas  e Alice saberia sobre toda a merda que era a minha vida e a dela.

Depois de me ameaçar incansavelmente, Alice bocejou e disse que precisava mesmo dormir porque, se eu não me lembrava, amanhã era sábado e ela tinha de ir trabalhar já que não era vadio como eu. Sim, ela sempre era um amor de pessoa desse jeito, desde pequena ela tinha o prazer de implicar comigo mesmo sendo significativamente menor.

Depois de tirar todas as minhas roupas, vesti uma sunga e entrei na piscina. Nadar normalmente tirava minha indisposição e dor de cabeça, então o fiz até estar clareando o dia e meus músculos estarem pedindo por clemência. Depois de tomar banho no banheiro do corredor, vesti-me apenas com a boxer e pensei em me deitar ao lado dela na cama, mas era… doloroso demais tocá-la ou puxá-la para perto de mim sabendo que em alguns meses teria de sobreviver sem isso.

Eu estava em pé de frente para a janela que tinha no quarto quando Bella envolveu os braços ao redor de minha cintura e abraçou minhas costas, encostando o rosto quente nelas.

— Volta pra cama. — Ela pediu. — Ainda não são nem seis horas.

Quando me virei para seus olhos estavam entreabertos por causa do sono e seu rosto estava amassado e corado de uma forma que não tinha nada a ver com vergonha de alguma coisa. Ela tinha um sorriso hesitando em seus lábios enquanto ajeitava com uma mão seu cabelo bagunçado, mas não armado. Queria poder vê-la acordando e me chamando para voltar para cama todos os dias sem ter que saber que toda vez que ela o fazia, era um dia correndo e se esvaindo.

Eu faria tudo para poder ficar com ela. Tudo menos arriscar a vida de Alice. Para ser sincero, eu estava em uma dúvida cruel sobre o que fazer com a minha vida e tudo isso porque quando eu me meti nisso não esperava que algum dia fosse olhar para a cara de alguma mulher e me apaixonar e depender dela. Olhar para ela e pensar que aquele sorriso era lindo, pensar que eu gostaria de ver todos os dias, pensar que poderia mimá-la, dar a ela tudo de bom pelo resto da vida.

Seria tudo tão mais fácil se essa mulher não fosse Isabella Swan. Tão mais fácil. Porque, afinal, ela sempre encontrava um jeito de se meter em uma furada mesmo sem intenção. E eu era a furada, eu era.

— Eu comprei algo para você. — Lembrei de repente.

— E você decide me dar isso de madrugada? — Ela perguntou erguendo as sobrancelhas, um sorriso brincalhão em seus lábios. — Que romântico! — Revirou os olhos e se deixou ser puxada até o outro lado do quarto, onde ficava a cômoda.

— Eu comprei para ter dar de presente no seu aniversário, mas eu acabei me esquecendo — Sorri tortamente para ela e soltei sua mão para colocar a caixinha de veludo em cima dela. — Eu percebi que você gostava de anéis, então eu decidi comprar um para você. Então toda vez que você estiver com vontade de me dar um murro, olhe para sua mão… e veja o quanto esse anel é lindo e o quanto eu tive bom-gosto ao lhe dar.

Ela riu.

— Ok… eu vou pensar no seu caso.

Bella abriu a caixinha quase que com um pouco de suspense e sorriu ao ver o anel. Hesitante, passou o dedo indicador pelos pequenos curtos e inofensivos espinhos prata que tinha a sua frente e sorriu largamente na minha direção.

— Um murro com isso e você está morto. — Ela disse.

— Eu vi na loja e pensei em você. — Sorri quando a vi colocando em seu dedo do meio, afastando a mão para apreciar o meu incrível bom-gosto. — Não importa se talvez você se sinta motivada a me dar um soco ou qualquer outra coisa.

— Claro que não. — Ela sorriu docemente para mim e colocou uma mão em meu rosto, trazendo-o para baixo o bastante para que nossos lábios pudessem se tocar.

Depois de sussurrar um agradecimento em meu ouvido, voltamos para a cama e com os dedos de Bella em meu cabelo, rapidamente dormi. O modo como ela acariciava meu cabelo e envolvia seu braço livre ao redor de minha cintura parecia quase igual ao de Tanya na última noite em que ela passou viva ou sã. No entanto os cabelos dela não eram tão grandes e cheirosos quanto o de Bella e Tanya não me causava as mesmas coisas. Só pena.

Eu me lembrava de que naquele dia John tinha ligado para mim e murmurado “Extração” de uma forma que parecia que pelo outro lado da linha ele estava sorrindo. No mesmo dia Tanya estava sorridente e beijando-me toda hora — o que estava começando a me irritar seriamente — e depois quando fomos dormir ela murmurou que estava grávida.

— Eu não queria a porra de um filho! — Exclamei, desvencilhando-me de seus braços sufocantes e levantando-me da cama.

— Mas… mas… aconteceu. — Ela sussurrou, os olhos começando a marejar.

— Tire.

— Mas… é um bebê…

— Um feto. — Eu a corrigi. — Ainda é um maldito feto.

Ela não precisou tirar nada, nem precisou se preocupar em debater comigo o porquê de eu estar errado. Tiraram para ela quando invadiram a casa em que nós estávamos e um dos capatazes de John a puxou pelo braço e bruscamente a levou para dentro da vã. Mesmo estando no banco da frente, ao lado de John que era quem dirigia, eu podia escutar os gritos dela vindo de lá trás. Eles passaram a viagem toda lhe espancando.

E pessoas normais teria sentido culpa por isso, mas eu não era normal e não senti a mínima vontade de interceder a seu favor. Tanya era só um modo de chegar até onde eu queria, um passo a menos para a liberdade… Eu também não liguei quando ela enlouqueceu depois de uma semana no cativeiro e John, irritando-se com os gritos guturais dela, matou Tanya na minha frente. Tão perto que o sangue dela respingou em meu rosto.

***

Bella estava visivelmente mais animada que eu ao tirar os galhos e folhas da sua frente e tropeçar até estar em um lugar onde a lama não afundava. Ela sorriu e girou seus tornozelos para ter uma visão melhor de onde estávamos. Seus olhos prenderam-se no pequeno lago e nas flores que tinham ao lado de algumas árvores, de algumas plantas epífitas que se apoiavam nos galhos das árvores maiores.

Ela parecia maravilhada e o seu sorriso ao saltitar na minha direção confirmou isso. Ela jogou-se em meu pescoço e se colocou nas pontas dos pés para beijar meus lábios. Abaixei meu rosto para que ela não tivesse de se esforçar tanto e coloquei a cesta que carregava no chão para colocar minhas mãos em suas costas, infiltrando-as por debaixo da blusa fina que ela vestia.

Bella afastou seu rosto do meu e sorriu de novo.

— Não, seu pervertido.

Mas ela cedeu às suas próprias vontades quando eu a beijei novamente depois de termos forrado a toalha e comido os sanduiches que eu, orgulhosamente, a ajudei a fazer. E enquanto a deitava sobre a toalha e afastava as coisas com a mão, eu percebi que o meu caso era mais sério do que eu pensava. Eu a amava e amava também tudo o que ela era, o que fazia.

Céus, o modo que ela passava os dedos por meu cabelo e sorria, como ela pousava as mãos inocentemente no meu peitoral, como ela me olhava com os olhos brilhando diversas vezes, como respirava ofegante, o modo que deslizava as mãos por minhas costas e acariciava bem em cima das cicatrizes. Sem parecer ter nojo.

— Edward… — Amava seus sussurros também.

Amava-a. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não é mentira o que ele disse no final, gente D: Ele a ama mesmo, tipo... de verdade verdadeira. E não, o Edward não a diz nem tão cedo... e ah, não o odeiem mais ainda por ele ter entregado os pais de Bella, ele apenas não via nenhuma solução melhor. E ah, quem continua Team Edward? Fora a Anne (Briane) porque eu já sei que o amor dela pelo Edward de Alex é incondicional igual ao meu ♥ enfim, pessoas, espero que gostem! Não se esqueçam de comentar, tá?