Alexithymia escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 11
Capítulo 10 — Não na chuva.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo novo, pessoas! Capítulo passado teve uma quantidade boa de reviews (na medida do possível), então... será que a gente chega a 50 reviews? Semana que vem eu venho postar e tal... acho que duas vezes (dependendo mais uma vez do bendito número de reviews). Sei lá... é bom saber que tem alguém lendo e gostando, sabe? Então, pls, não se sintam envergonhados em comentar/recomendar e etc. Beijos, gente!



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— Pode começar com os mínimos detalhes. — Minha mãe mandou assim que eu me sentei no sofá que para mim era novo. A casa toda, na verdade, me parecia nova. E claro que eu sabia que isso era porque fazia seis anos que eu não vinha aqui.

Meu pai, ao seu lado, sorriu e assentiu, concordando com ela. Ele estava com apenas algumas rugas nos olhos, mas nenhum cabelo branco. Minha mãe era a mesma coisa, sua testa tinha algumas rugas de expressão, mas seu cabelo ruivo continuava sem nenhum fio branco. Não pude evitar pensar que eles pararam de envelhecer porque eu fui embora.

Riley acariciou meu joelho com a mão e meu pai seguiu com o olhar a direção que sua mão tomava e eu não pude reprimir um risinho presunçoso de sair por entre meus lábios.

— Quanto tempo vocês se conhecem? — Mamãe perguntou, os olhos brilhando e um sorriso leve em seu rosto. Ela ainda tinha as covinhas na bochecha das quais eu me lembrava. Claro que antes era por ela gritar e não sorrir. 

— Seis anos. — Riley respondeu.

— Ah Bella! — Ela suspirou, feliz. — Fico feliz que tenha encontrado alguém decente.

Eu teria rido e murmurado “Decente” para Riley se estivéssemos sozinho, mas eu só reprimi um riso em uma tosse que me pareceu natural e olhei discretamente para ele que sorria, convencido.

— É — Concordei e olhei para Riley por alguns segundos, desviando os olhos para minha mãe porque se eu continuasse a lhe olhar, eu teria uma crise de risos por sua expressão de falsa solenidade. — Como que foram esses anos, mãe? — A perguntei, mudando o assunto de mim.

— Foram — Ela parou para pensar por um momento e expôs os dentes retos e brancos dela, assentindo — bons, Bella. Seu pai finalmente deixou de ser cabeça dura e se aposentou e acho que é só isso. Tem sido tudo muito tedioso por aqui.

Eu assenti, sorrindo na direção de meu pai.

— Era bom ter uma arma dentro da gaveta todo dia. — Ele resmungou.

Minha mãe o olhou com a cara feia — uma coisa nova para mim porque quando ela o olhava feio era sério e não brincalhão como estava agora — e tudo que eu fiz foi gargalhar baixinho, sentindo Riley se encolher ao meu lado. Por fim, ele acabou soltando uma risadinha sem graça quando eu o olhei de modo zombador, perguntando com os olhos se ele queria se retirar para vomitar. Ou quase isso.

— Me diga, me diga, me diga! — Mamãe exclamou e se sentou direito no sofá, sorrindo tão largo que eu me indaguei silenciosamente se aquilo não ia rasgar o rosto dela. — Quando é o casório?

— Ahn? — Eu estava distraída demais para saber de quem era o casório.

Ela revirou os olhos e bufou, impaciente.

— Quando vocês vão se casar? — Ela perguntou e meu pai se mexeu desconfortável no sofá, olhando para a janela enquanto respirava tentando soar calmo.

— Ah… — Franzi meu cenho, passei a língua por meus lábios que estavam ressecos. — É em Janeiro.

Mamãe queria saber de tudo, como tinha sido os anos na faculdade e eu, obviamente, mentira dizendo que tinha sido tudo normal. Não tinha sido normal. Eu tinha passado minhas férias toda catatônica, isolada em um apartamento horrível e sem falar com ninguém. Eles não precisavam saber disso. Se ficasse sem falar sobre isso, desapareceria da minha mente. Pelo menos eu esperava que sim.

Riley olhou pra mim, presunçoso quando minha mãe perguntou sobre filhos. O sorriso dele era arrogante e esperançoso ao mesmo tempo, talvez ele pensasse que com a pergunta de minha mãe, eu considerasse a ideia de ter filhos antes do casamento. Ou talvez pudéssemos fugir para Las Vegas e nos casarmos com a benção de Elvis Presley. Não era uma ideia em um todo ruim…

Eu deixei minha mãe sozinha com Riley quando pedi para ir ao banheiro e quando voltei, papai estava na cozinha, uma lata de cerveja na mão. Ele a tomava olhando para o nada, como se estivesse envolto em pensamentos — o que não era tão estranho para mim. Eu me parecia com ele: silenciosa e envolta em uma bolha de meus próprios pensamentos.

Minha mãe, não, ela já era muito falante e sorridente.

— Está tudo bem, pai? — Perguntei a ele.

Ele assentiu, engolindo a cerveja.

— É só que… — Ele olhou para o teto e trocou o peso de uma perna para outra. — Eu, Bella, eu… sinto muito por tudo. Tudo bem? Sinto muito mesmo. E… e você já está tão independente, já vai se casar… sinto que perdi uma parte enorme de sua vida.

Meus olhos marejaram e eu olhei para meus pés.

— Está tudo bem…

— Não! — Ele exclamou. — Não está. Eu vou sempre me perguntar se você não passou nenhuma necessidade durante a faculdade, se não precisou de nenhuma ajuda, sabe? Eu nunca estive pra você quando precisou de mim… Eu não fui à sua formatura. Em nenhuma das duas! E você simplesmente construiu sua vida perfeitamente sem ajuda de mim, nem de sua mãe.

— Pai, está… — Engoli em seco e passei a minha mão por meu rosto para limpar qualquer resquício de lágrima que estivesse lá. — Olhe só, o importante é que estamos agora aqui. — Acariciei o ombro dele com a minha mão direita e sorri de leve quando ele me olhou. — Nunca culpei nenhum de vocês por nada. — Não era 100% verdade, mas… — Eu só precisava de um tempo para pensar, sabe? Seis anos foram suficientes. — Ele sorriu e levou mais uma vez a lata de cerveja aos lábios, tomando um longo gole.

— Seis anos foi muito tempo, Bella. — Ele disse, paciente. — Todo santo dia eu me perguntava onde você estava, com quem estava, se estava bem. Se você estava viva ou morta! É… deprimente não saber se a sua única filha estava viva ou morta! Eu me senti tão… — Ele olhou para o lado e mexeu a perna do exato modo como costumava fazendo quando estava nervoso — Inútil.

— Foi minha culpa não ter ligado mais cedo. — Murmurei, prensando meus lábios em uma fina tensa e reta.

— Você ligou quando se sentiu preparada.

— Eu liguei quando senti tantas saudades de vocês que eu não conseguia dormir direito. — Corrigi. — Riley me mandou parar de ser covarde e quando eu liguei e a resposta foi positiva, ele comprou as passagens para Forks sem me perguntar — Sorri e olhei sobre o ombro só para vê-lo sorrindo com alguma coisa que minha mãe tinha falado.

— “Decente” — Ele resmungou e eu ri.

— Eu ainda estava com medo no hotel. — Admiti e baixei meus olhos. — Não sabia como seria recebida, e era estranho porque esses anos todos eu me tornei um pouco menos insegura do que eu era. Mas, pai — Eu sorri quando ele me olhou, esperançoso. —, isso é tão bom que eu nunca poderia ter imaginado. O que aconteceu com a mamãe? 

Para ilustrar o que eu queria dizer, olhei mais uma vez na direção da sala em que minha mãe sorria largamente. Esperei que Riley não estivesse dizendo nenhuma besteira para ela por que… bom, ele tinha muitas coisas constrangedoras sobre mim armazenadas em sua mente e quando ele ficava sem assunto, falava qualquer coisa que dava na telha. E um de seus dons era fazer a pessoa rir — o que, naquele momento, não me favorecia nem um pouco.

— Quando você desapareceu, ela foi ao seu quarto. Antes disso ela passou uma noite inteira sentada na mesa da cozinha esperando que você descesse para comer alguma coisa. Você não desceu, então eu a vi indo ao seu quarto e, não sei se você se lembra, mas você deixou a porta trancada…

— Não queria que ninguém visse a carta que deixei… — Franzi meu cenho e baixei meu rosto com as bochechas em chamas.

— Ela esmurrou a porta e pediu para que você saísse, gritou seu nome por dez minutos até que eu me cansei e fui eu mesmo abrir a porta — Ele levou mais uma vez a lata de cerveja aos lábios e olhou pela janela. — Tive que arrombar… e não tinha ninguém lá dentro. Sua mãe foi a primeira pessoa a ler a carta e então ela meio que desabou na sua cama e começou a chorar de um modo que eu nunca tinha visto, Bella, sério…

Permaneci de olhos baixos mesmo quando a voz de meu pai se tornou mais baixa e engoli em seco, respirando rapidamente para controlar as minhas lágrimas. Sempre funcionava quando eu não queria chorar. Não funcionou naquela hora, por isso rapidamente passei minhas duas mãos em meu rosto, tentando ocultá-las.

— Ela passou o dia todo chorando, dizendo que era culpa dela. — O escutei engolir com dificuldade outro gole de cerveja e o olhei, vendo seu rosto contorcido em uma expressão de dor. — E depois pendurou a sua carta na geladeira como um tipo de motivação. Não sei o que ela pensou, ela não me contou… Mas passou a ser mais carinhosa, atenciosa e prestativa nos dias que se passaram e… depois me pediu para ter um filho. Ela disse que gostaria de saber onde você estava, talvez para consertar as coisas…

— Pai, eu… — Suspirei e não consegui terminar a frase porque eu realmente não sabia o que falar.

— Eu evitava pensar sobre você. — Ele admitiu, a voz tomando um tom baixo e envergonhado. — Talvez se tivéssemos parado para conversar naquele dia, talvez se eu tivesse te procurado… — Charlie balançou o rosto e bufou. — Doía pensar sobre você, Bella. — Sussurrou ele. — E começou a doer mais ainda quando Renée perdeu o bebê. Você sabe… ela tinha 42 anos e o médico desde cedo disse que era difícil…

— Sinto muito. — Sussurrei.

Ele assentiu.

— Eu também, Bella, eu também. — Ele olhou para mim com um sorriso sem graça nos lábios. — Eu senti sua falta. Pensei que nunca mais te veria.

Quando ela abriu os braços, me encaixei entre eles e o abracei tão forte quanto nunca tinha feito com ninguém de minha família. Ele encostou seu rosto no alto de minha cabeça e eu fiquei feliz que eu ainda me lembrasse do cheiro que ele tinha. Não que eu sentisse muito em abraços antigamente, era só que eu me lembrava do quanto eu odiava o quanto ele colocava de perfume.

— Obrigada por ter vindo. — Ele murmurou, acariciando meu ombro.

Antes de ir para casa, vi a carta que tinha deixado quando eu fugi realmente pendurada por imãs na geladeira. Só tinha escrito em letras tortas e borradas “Sinto muito” e eu ainda me perguntava o que eles pensaram quando eu só deixei isso em cima da cama. Eu poderia ter escrito “Sinto muito” e ter me matado logo em seguida, poderia ter… tanta coisa passou-se por minha cabeça, mas minha mãe dizendo que tínhamos que jantar lá tirou minha concentração.

Nós jantamos lá e depois minha mãe tinha assunto de sobra para conversar e acabamos perdendo a noção de hora. Eu acariciava a mão de Riley por debaixo da mesa como uma forma de agradecê-lo por ter me pressionado a fazer isso porque sabia que eu iria conseguir. Ou não. De qualquer jeito, eu seria grata a ele por mais essa coisa.

Minha mãe me fez prometer que eu mostraria a cidade a Riley já que eu não tinha mencionado nada sobre um passeio turístico. Sinceramente, com uma cama daquelas no quarto, quem pensaria em passeio turístico? Claro que eu não disse isso a ela, nem provavelmente diria isso a ninguém porque esses tipos de pensamentos… bom, eu falava pouco sobre meus pensamentos pervertidos.

— Você volta, certo? — Mamãe perguntou, os lábios prensados e os olhos verdes começando a marejar.

— Sim, mãe. — A abracei. — Teremos duas semanas inteiras para matar todas as saudades, relaxe. Eu não vou a canto nenhum sem te avisar antes, prometo.

Mamãe era um pouco mais alta que eu, porém ela apoiou seu rosto em meu ombro e fungou, apertando-me em seus braços como se fosse à última vez que ela fosse me ver. Apertei-a também, com um pouco mais de suavidade.

— Ah não, mãe, não chora. — Pedi baixinho. — Eu não quero chorar também.

Ela me soltou de seu abraço, mas ainda continuou com as mãos em meus ombros, seus olhos ficando secos na medida em que ela piscava para evitar as lágrimas.

— É só que… senti sua falta, Bella. Você não imagina o quanto.

Eu sorri, paciente e com os olhos ternos — Eu também. — A abracei de novo e ela parecia mais convencida que eu voltaria um dia depois já que me soltou com facilidade. Ela beijou minha bochecha e repetiu de novo em meu ouvido “Decente” ao se referir a Riley. Eu sorri para ela e olhei para ele que estava me fitando com um sorriso de “Eu te disse” quase cantarolado.

Como estava fazendo frio do lado de fora da casa de meus pais, o braço de Riley estava ao meu redor o percurso todo. E então quando começou a chover — o que era terrível para quem estava com casacos pesados — andamos rápido até estarmos correndo de mãos dadas na direção da pousada que estava a mais ou menos quinhentos metros de distância.

Riley tinha as pernas mais longas que a minha, então eu tinha que correr duas vezes mais rápido que ele por causa disso. Ele meio que me arrastava pela mão e ria de minha lentidão até que eu parei repentinamente e comecei a rir como uma retardada no meio a chuva e da rua. Ele revirou os olhos e riu por alguns segundos até me puxar de novo.

— Ah não, Bella. Não vamos dar uma de casal romântico no meio da rua e nos beijarmos na chuva. — Ele disse quando eu não saí do lugar e eu bufei, rindo.

— Não é nada disso! — Eu falei rindo, mas ele se aproximou de mim e pegou meu rosto entre as mãos, colando seus lábios rapidamente nos meus.

— Podemos ir agora? — Ele perguntou.

— Ah meu Deus! Você é tão idiota. — Dessa vez fui eu quem o arrastei pela mão com o rosto quente e provavelmente vermelho.

Ele franziu o cenho e pôs velocidade em seus passos até que estávamos correndo de novo o mais rápido que podíamos para a pousada. Chegamos à recepção totalmente molhados e, no meu caso, com o nariz vermelho do tanto que eu espirrei ao entrar na cobertura da pousada. Ele me olhou com a cara feia antes de pedir a chave. A mulher nos olhou como se fôssemos idiotas por sair em Forks sem guarda-chuva, mas… é, a culpa foi minha.

— Culpa sua querer ser romântica de uma hora para outra. — Riley tirou o meu casaco pesado e molhado e depois a minha blusa quando eu levantei meus braços.

— Eu só estava rindo. Não queria que você me beijasse na chuva! — Exclamei e ele me olhou, cético.

— Você não quer que eu te beije? — Ergueu as sobrancelhas como se fosse impossível que eu negasse um beijo dele. Na verdade, era quase perto disso.

— Ah, Riley, você entendeu o que eu quis dizer.  — Suas sobrancelhas continuaram levantadas e eu olhei para outro lado e revirei meus olhos, trocando o peso de uma perna para outra. — Eu não queria que você me beijasse naquela hora, não parei para ser romântica no meio de uma tempestade. Pff! Até parece. Eu só não aguentava correr e rir ao mesmo tempo.

Ele sorriu e aproximou seu rosto do meu, fazendo nossos narizes se tocarem, em uma leve carícia que me fazia ter vontade espirrar mais uma vez.

— Eu nunca tinha beijado ninguém na chuva. — Ele admitiu e eu ri.

— É porque as pessoas normalmente deixam isso para aqueles filmes românticos e melosos. Tudo que eu penso quando eu estou na chuva é que eu quero chegar o mais rápido possível em algum lugar seco e quente.

Ele sorriu.

— Tão não romântica. — Ele murmurou para si mesmo, acariciando meu rosto com as pontas dos dedos.

— Você sabe que quando eu quero, eu sou. Só que… não na chuva. — Eu ri.

Eu estava tremendo de frio e Riley estava somente um pouco melhor que eu, então nós dois ficamos debaixo do chuveiro de água quente por bastante tempo. Às vezes nos beijávamos, mas ele logo estava falando sobre alguma coisa que minha mãe tinha deixado escapar sobre a minha infância e então nós riamos e eu entrelaçava meus dedos em seu cabelo e puxava seu rosto de novo para o meu. E ele me beijava com tanta doçura e carinho que eu gostaria de ficar para sempre com Riley debaixo da água quase fervendo que saia do chuveiro.

Só nos beijamos. Só conversamos. Só rimos.

Sequei meu cabelo com o secador porque, daquela vez, ele estava molhado demais para ir dormir daquele jeito. E depois me coloquei atrás de Riley, apoiando-me em suas costas descobertas, para secar o cabelo curto dele. Ele estava com os olhos pesados quando terminei minha missão e dormiu primeiro que eu que fiquei mexendo no cabelo dele, divagando como eles estavam mais macios agora.

Durante seu sono, Riley provavelmente pensava que eu era um travesseiro, pois me trouxe para mais perto dele como se eu não tivesse ossos. Estava fazendo frio mesmo… Com o rosto pressionando contra o peitoral quase sem pelos dele, adormeci em alguns minutos, perguntando-me o que Sue estava pensando dessas três semanas sem ver seu filho. Bom, ela estava raivosa. Eu não. Isso significava exatas três semanas sem ter o risco de brigar por causa de sua mãe. E partindo desse ponto, isso era mais que maravilhoso.

Minha mãe tinha conquistado Riley rapidamente e Riley tinha conquistado a confiança de Charlie no segundo dia que fomos lá. Não tinha nenhum motivo aparente, mas isso não era nada novo. Não precisava de muito para conquistá-lo e apesar de ele ter admitido que eu nunca me casasse, disse que talvez Riley fosse… a exceção para sua regra. Ele era bom demais. Gentil demais. Engraçado demais.

Charlie disse que o importante era que parecíamos acima de tudo amigos e Riley disse que foi porque ele demorou tempo demais para me conquistar, fazendo-o assim se conformar com a minha amizade. Eu ri e assenti, apesar de normalmente me sentir desconfortável quando entrávamos naquele assunto. Daquela vez, eu me senti confortável. Como se fosse uma coisa boa.

Mamãe disse que era uma coisa maravilhosa. Charlie concordou.

Estava no final da primeira semana de férias quando Riley decidiu que iriamos demorar um pouco para tomar banho já que me puxara para seu lado na cama, colocando-me em seu colo. Eu já sabia suas intenções, mas meu coração se acelerou feito um louco. Ele passeou as mãos pelas minhas costas após retirar o meu casaco e depois por minhas coxas, sorrindo entre o beijo.

Eu o olhei por alguns segundos e seu rosto parecia tão calmo e sorridente que eu fiquei o encarando enquanto esperava uma explicação. Ele olhou para o meu ombro e deslizou a alça da blusa por ele, fazendo o mesmo com o outro. Depois desabotoou na parte de trás e a tirou de mim, ainda parecendo pensativo.

— Eu quero um filho, Bella. — Segredou ele em meu ouvido, o hálito quente fazendo minha nuca se arrepiar.

Eu sorri de olhos fechados quando ele beijou a parte de trás de minha orelha.

— Você quer, é? — O indaguei e ele voltou o rosto para o meu, sorrindo largamente porque minhas respostas costumavam ser “não” logo de cara.

Quero.

— Sim.

— Sim? — Ele pareceu confuso, como se não acreditasse em minha resposta.

— Sim!

E então ele me deu um beijo tão apaixonado, contente e entusiasmado que eu perdi o ar e fiquei ofegante, encostando o rosto em seu ombro que ainda estava coberto pela camisa social. Hoje nós tínhamos ido a um restaurante em Port Angeles com meus pais e isso significava… mais roupas e mais trabalho para tirá-las quando chegasse ao quarto. Claro que eu não tinha pensado nisso no restaurante, era só que agora ela me parecia bastante incômoda.

Um por um desabotoei os botões da camisa de Riley enquanto ele beijava o meu pescoço e dificultava o meu raciocínio. Ops, eu já tinha desabotoado… ops, faltou esse de cima…

— É sério? — Ele pegou meu rosto entre as mãos para poder encarar meus olhos e ver se eu estava blefando. — Você tem que jogar todas as cartelas de anticoncepcionais fora e…

— Eu sei o que fazer para se ter um filho, ora. — Eu o interrompi antes que ele citasse todos os métodos contraceptivos que usávamos para não termos uma gravidez não esperada.

Ele sorriu amplamente, beijou minha boca várias vezes e voltou seus olhos solenes para os meus.

— Eu vou te fazer a mulher mais feliz de todo o mundo! — Prometeu e eu sorri docemente.

— Mais? — Ergui minhas sobrancelhas.

— Mais!

— Duvido. — Desafiei.

Ele riu, balançando o rosto como se desaprovasse o meu súbito desafio.

— Então… Senhora Duvida de tudo, o que eu tenho que fazer para ter fazer a mulher mais feliz desse mundo todo? — Ele perguntou, empurrando uma mecha de meu cabelo para trás de minha orelha. Seu dedo indicador desceu por minha espinha até chegar aos cós de minha calça jeans.

— Bom… você só precisa me dar um filho.

Fizemos amor tão calmamente, cuidadosa e solenemente que o tempo pareceu parar e fixar minha mente naquela hora. Várias horas, para falar a verdade, que me pareceram somente uma de tão rápido que se passou. A prova disso foi a minha respiração acelerada se misturando com a de Riley enquanto esperávamos que ela voltasse ao normal; o dia que parecia ter clareado; o suor que molhava nossas testas; o relógio que marcava quatro horas da manhã.

— Eu amo você. — Sussurrei a seu rosto sereno que estava apoiado no travesseiro.

Se seus lábios não tivessem se mexido em um sorriso, eu diria que ele estava dormindo pelos olhos fechados, mas ele sorriu e abriu os olhos, abaixando os lábios até minha testa.

— Eu também amo você, Bella. Nunca se esqueça.

— Por que eu me esqueceria? — Franzi meu cenho e bufei, ainda sorrindo.

Ele não me respondeu. Não tinha resposta para aquela pergunta naquele momento. 


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Notas finais do capítulo

Esse bebê vai trazer muitos problemas, só digo isso hahah ♥ Espero que tenham gostado, pessoas! Beijos! E ah.... aproveitem enquanto não chega os capítulos 11/12/13 ♥