Capítulo 9

Parte 1 – Elena Gilbert

Quando chegámos a Chicago, já era início de uma manhã fria.

-Bem vinda a Chicago, Elena – falou Klaus, abrindo a sua porta. Eu saí do carro e segui-o.

Eu lembrava-me daquele lugar: eram as traseiras do bar da Gloria, onde Damon o tinha procurado.

-Vamos – disse ele, rodando a maçaneta.

Deu-me passagem, e eu entrei. Klaus fechou a porta atrás de si, e encaminhou-me para o centro do bar.

-Klaus – proferiu uma mulher, na casa dos quarenta e poucos.

-Olá, Julie.

-O que estás aqui a fazer? – ela parecia muito direta para o gosto de Klaus, porque ele sorriu e sentou-se numa cadeira.

-Que maneiras são essas, Julie? A tua mãe não era assim.

-A minha mãe morreu por tua causa.

Ele pareceu confuso, e Julie olhou para mim.

-E quem é esta?

-Elena. Ela está comigo em viagem de negócios.

-Ainda não me respondeste, Niklaus.

Ele semicerrou os olhos e andou sedutoramente até ela.

-Quero saber se Stefan Salvatore apareceu por cá.

-Saiu por volta das três da manhã – respondeu ela, cruzando os braços.

-E sabes se hoje volta?

-Provavelmente. Ele tem uma nova vampira a rondá-lo e ele está a gostar da atenção.

Aquilo doeu-me profundamente, partindo o meu coração imortal. Suspendi a respiração e tentei afastar as lágrimas.

-Sabes quem é ela?

-Saphira.

Klaus sorriu de orelha a orelha.

-Sei muito bem quem ela é. Obrigado, Julie – passou por mim. – Vamos, Elena.

Troquei um olhar com Julie, e saí atrás de Klaus.

-Então vamos esperar?

-Sim, vamos esperar – respondeu ele, entrando no carro.

Parte 2 – Kol Mikaelson

Manter a humanidade desligada deixava de funcionar ao fim de uns séculos. Um toque, uma frase, um beijo, tudo podia ativar a nossa humanidade sem nós querermos isso. E foi precisamente isso que me tinha acontecido mal ela uniu os nossos lábios.

Afaguei os seus sabelos cacheados, que formavam uma auréola á volta da sua cabeça.

-Estás a olhar – denunciou ela, e eu parei imediatamente o que estava a fazer.

-É romântico.

-É assustador.

-“Assustador” é o meu nome do meio.

Ela abriu os olhos e olhou para mim.

-Sério? Porque tu pareces inofensivo.

-Agora estás a brincar comigo – semicerrei os olhos e ela riu.

-Não, que ideia!

Levantou-se rapidamente e fechou-se na casa de banho.

-Vai-te embora, Kol! – disse ela, da casa de banho.

-E se eu não quiser ir? – recostei-me mais na cama.

-Tens aulas.

-Klaus não é meu pai. E liceu é chato.

Ela saiu da casa de banho, com o cabelo liso e roupas muito idênticas à de Elena.

-E se nós fôssemos lá para brincar?

-Tu? Como Elena Gilbert? Poupa-me.

Ela arqueou as sobrancelhas e fingiu-se ofendida.

-Achas que não me consigo fazer passar pela minha doppelganger?

Suspirei.

-Pronto, ganhaste. Vamos lá para o liceu lidar com drama de adolescente.

Parte 3 – Tatia Petrova

-Nem acredito que Klaus te fez isso – Elijah estava furioso, e eu tentava acalmá-lo, mas nada o conseguia demover daquela fúria.

-Elijah…

-Quando ele chegar de Chicago…

-Elijah, já chega! – exclamei e ele parou, olhando-me surpreso. – Compreendo o porquê de Niklaus me ter feito isto. Também devias de compreender, afinal, ele é teu irmão.

-Ele empalou-te! Com uma adaga! – ele estava incrédulo com a minha benevolência.

-Elijah – coloquei uma mão no seu rosto e ele fechou os olhos. – Para e pensa. Sempre foste o mais sensato da tua família.

Ele sorriu e abriu os olhos.

-Já te perdi uma vez, não te quero voltar a perder.

Coloquei a minha outra mão no seu rosto e sorri de leve.

-Não irás.

-Oh, Tatia… a falta que me fizeste – disse ele, segurando as minhas duas mãos e juntando-as no seu peito.

-Nunca vos deixei. Queria sempre saber onde estavam. Não me facilitaste a tarefa quando te separaste de Niklaus, mas…

Ele sorriu.

-Eu amo-te, Tatia. Sempre te amei, sempre te amarei.

A minha garganta ficou seca. Não consegui proferir nada. Era como se um nó enorme se tivesse apoderado da minha fala, e me impedisse de dizer o que fosse.

-Tatia? Não me amas?

-Eu… eu…

Ele largou-me as mãos bruscamente e afastou-se.

-Vens aqui, dizes que nunca te esqueceste de nós, e agora não consegues dizer que me amas? Que jogo estás tu a fazer, Tatia?

Porque será que Elijah tinha que ser sempre o mais esperto deles todos?

-Sai.

-O quê?

-Sai desta casa imediatamente, ou quem te vai empalar serei eu mesmo.

Arregalei os olhos, sentindo-me ofendida. Ele não disse nada, apenas me fitou com os seus olhos castanhos mais gélidos que nunca.

Engoli em seco e saí daquela casa, sem saber bem o que fazer. Ela iria ficar furiosa. O nosso plano tinha falhado.

©AnaTheresaC