Capítulo 4

Parte 1 – Klaus Mikaelson

Coloquei uma toalha molhada na sua testa. Ela continuava inconsciente, e eu estava a começar a ficar preocupado. Não preocupado no próprio sentido da palavra, mas alerta porque era uma coisa incomum vampiros desmaiarem e vomitarem sangue.

Elijah e Tatia estavam ali, a zelarem também por ela.

-Talvez devêssemos chamar Stefan ou Damon – sugeriu Elijah.

-Nenhum deles estava com ela quando isto aconteceu. Ela está sozinha neste novo mundo – falei, não desviando o olhar do lindo rosto de Elena.

-Vou buscar uma bolsa se sangue, então – disse o meu irmão, saindo do escritório. – Para quando ela acordar.

Elena abriu os olhos e gemeu. Aproximei-me, ajoelhando-me no chão, perto do seu rosto.

-Olá, amor – falei, sorrindo para ela.

Elena olhou-me confusa, e depois olhou em redor.

-Onde estou eu? – perguntou, sentando-se cambaleante no sofá.

-Em minha casa.

Os olhos dela fixaram Tatia, que estava atrás de mim.

-Katherine.

-Um pouco mais antiga: Tatia – respondeu.

 Os olhos dela fugiram para os meus.

-Uma longa história. Basicamente, ela é a primeira doppelganger.

Elena voltou a olhar para Tatia.

-Oh.

Elijah entrou e sorriu para Elena.

-Acordaste – entregou-lhe a bolsa de sangue. – Alimenta-te.

Ela pegou na bolsa de sangue relutante, abriu-a e bebeu um pouco, mas vomitou logo de seguida. Limpei-lhe os lábios, num gesto inconsciente. Tirei-lhe a bolsa de sangue das mãos, sabendo qual era o problema dela.

-Isto está sempre a acontecer comigo. Não consigo manter nada no estômago – os olhos dela arregalaram-se e ficaram subitamente brilhantes, como se ela fosse chorar.

-Shhh, eu sei qual é o teu problema: precisas de te alimentar da fonte.

Ela olhou-me enojada e fugiu do meu toque.

-Não. Não vou matar ninguém.

-Não precisas de matar ninguém – interveio Tatia. – Nós ensinamos-te.

As duas trocaram um olhar, e por fim Elena acenou com cabeça, olhando também para mim e para o meu irmão.

-Está bem. Mas eu não quero mesmo matar ninguém.

Parte 2 – Katerina Petrova

Andava a vaguear pelas lojas de Mystic Falls, quando vejo Kol através do vidro de uma montra. Ele estava mesmo atrás de mim.

-É de mau tom aproximar-se de uma dama sem se dar a anunciar.

-Verdade. Mas sempre pensei que fosses mais uma vampira do século XXI do que do século XV.

-Bons modos nunca passam de moda – virei-me para ele, cerrando os lábios numa linha fina.

Ele sorriu torto para mim e eu fiquei rija naquela posição. Kol era irmão de Klaus, o que poderia ele fazer?

-Que tal uma bebida no Grill para refrescar a correria das compras?

Aquilo foi totalmente inesperado. Franzi o sobrolho e inclinei a cabeça para o lado.

-Qual é a armadilha?

-Sem armadilha. Só uma vampira entediante com um vampiro desejoso de ter um parceiro num crime que ainda estará por vir.

Sorri.

-Então vamos.

Começámos a andar pelas ruas, até ao Mystic Grill, que era o único lugar de jeito para se beber alguma coisa mais forte do que água.

Parte 3 – Tatia Petrova

Ataquei o seu pescoço, perfurando a pele do humano e depois de provar um pouco do seu sangue, tirei as minhas presas e coloquei-me ao lado dele.

-É a tua vez, Elena.

Ela arfava e negava com a cabeça, cheia de medo. Niklaus afagava o seu braço num gesto tranquilizador, que me causou ciúmes praticamente incontroláveis.

-Não vou conseguir parar – chorou ela.

-Nós estamos aqui, Elena – disse Elijah. – Ajudamos-te a parar. Tens a nossa palavra.

Elena era um gato assustado. Ela queria tanto aquilo, mas estava com tanto medo das consequências que não queria avançar. Então Nik forçou-a a avançar com uma mão no fundo das costas da doppelganger.

-Não…

-Elena, é agora ou nunca – disse, tentando parecer calma.

Os olhos dela escureceram e as veias debaixo dos olhos revelaram-se ao toque. Então ela atacou o pescoço do humano. Ela sugava a vida dele, e quando ele começou a perder os sentidos, Klaus pegou-lhe pela cintura e afastou-a dele. Cortei o meu pulso com a unha e levei à boca da vítima. Ele bebeu e Elijah aproximou-se de mim para o hipnotizar.

-Vês, Elena, conseguiste – disse Niklaus, com uma voz branda.

Ela estava a chorar. Céus, ela era pior do que eu no início da minha nova vida.

-Ela está desequilibrada – murmurei para Elijah, no tom mais baixo que consegui.

-Eu não estou desequilibrada! – exclamou Elena, virando-se para mim e avançando na minha direção.

-Elena, querida, vamos aceitar os factos, sim? Tu és jovem nisto e estás a sofrer imenso com aquilo que fazes. Porque tu és uma vampira e esta é a nossa natureza: matar.

-Não, não é!

Inclinei a cabeça para o lado e peguei-lhe nas mãos com força. Ela olhou as nossas mãos juntas e depois olhou para mim.

-É sim, Elena. E enquanto não aceitares isso, não conseguirás seguir em frente.

Ela não me estava a dar ouvidos, eu sabia disso, mas era necessário ela ouvir as coisas de qualquer das maneiras.

-Não quero ser vampira. Nunca quis ser uma – ela recomeçou a chorar e eu abracei-a, com pena dela.

Elijah e Nik olhavam a cena atentamente, e eu tentei tranquilizá-los com o olhar. Não mataria Elena, ela não era o motivo da minha volta a Mystic Falls.

-Quero ir para casa.

-Claro que sim, Elena – concordei e desfiz o abraço. – Vai.

Ela acenou com a cabeça e virou-se para Elijah e Nik, limpando as lágrimas.

-Eu levo-te – prontificou-se logo Nik, surpreendendo-nos a todos.

-Sério? – indagou Elena.

Ele revirou os olhos.

-Elena, se te quisesse morta, já te tinha colocado uma estaca no coração. Isso não aconteceu, pois não? Então, se não me deres motivo para tal, tão cedo isso não irá acontecer.

Apesar do tom brincalhão e do sorriso dele, Elena não sorriu, apenas ficou a olhar para Nik.

-Elena, estou a falar a sério.

Ela respirou fundo e depois de acenar para mim e Elijah, saiu com Nik no seu encalço.

©AnaTheresaC