Capítulo 3

Parte 1 – Elijah Mikaelson

-Elijah – disse ela e eu nem acreditei no que os meus olhos estavam a ver.

Não podia ser Elena porque os cabelos dela não eram lisos. Não era Katherine porque eles não eram perfeitamente cacheados e estavam cortados pelo pescoço. Só podia ser Tatia, mas ela estava morta, Klaus tinha-me dito.

-Não me reconheces? – indagou, com uma ponta de tristeza na voz. Engoli em seco.

Ela estava ainda mais perfeita, com aquele corte de cabelo que favorecia as suas feições do rosto e a fazia parecer uma mulher do século XXI.

-Elijah, sou eu, Tatia – afirmou ela, com uma certa rouquidão na voz. – Elijah, sou eu!

-Tatia – consegui finalmente verbalizar e abracei-a com força. – Tatia.

-Sim, sou eu – disse ela e percebi que estava a sorrir. – Oh, Elijah!

Agarrei-a com mais força, desejando nunca mais a largar. Eu nem estava em mim. Todos aqueles séculos, a acreditar que ela tinha morrido e ali estava ela, de carne e osso em pleno século XXI!

Ela desfez o abraço agilmente e pegou nas minhas mãos, sorrindo como se fosse noite de Natal.

-O que… o que te aconteceu?

-Eu conto-te tudo Elijah – prometeu. – Mas tens que estar preparado porque isso obrigará trazer memórias do passado.

Parte 2 – Tatia Petrova

Ele fez uma careta e eu desfiz o meu sorriso. Eu sabia que trazer memórias do passado, especialmente daquele tempo, não era um pedido fácil. Se ele quisesse saber tudo, eu tinha que retomar a história a partir do momento em que eles tinham desembainhado as espadas e tinham começado a lutar pelo meu amor.

-Entra – pediu ele, dando-me passagem para entrar na casa senhorial deles.

-Obrigada – agradeci, pisando o interior da casa.

-Oh, mas quem é ela! Katerina, o que fizeste ao cabelo? – indagou Kol, descendo as escadas, com um tom de humor na voz. Não consegui impedir-me em não sorrir.

-Kol, não é Katherine – disse Elijah e Kol olhou-me confuso.

-Esta história das doppelgangers confunde-me ainda mais. Mundo novo, corte de cabelo novo?

-Kol, esta é a Tatia.

Kol largou uma gargalhada bem sonora, mas nem eu, nem Elijah o acompanhámos e ele acabou por parar.

-Irmão, estás a alucinar! Tatia está morta! Niklaus disse-nos.

-Na verdade, eu morri. E ele viu – afirmei, dando um passo na direção de Kol.

Finalmente fez-se luz naquela cabeça. Semicerrou os olhos, com a fúria a disparar deles.

-Como é que lhes fizeste isso?! – ele pegou nos meus ombros com força, abanando-me. – Tu sabes o sofrimento que lhes causaste?

Engoli em seco e baixei o olhar. Eu sabia que tinha feito sofrer muitas pessoas, mas ninguém se magoou mais do que eu, que fui obrigada a observar tudo á distância, sem poder interagir com eles.

-Kol – avisou Elijah, pousando uma mão no braço do irmão. Kol largou-me logo e abanou a cabeça, em descrença.

-Não acredito – cuspiu ele e saiu disparado de casa.

-Ele odeia-me – afirmei, sentindo-me culpada por aqueles mil anos de dor que lhes causei.

-Não, ele só está magoado por saber que estás viva. Ficaste no nosso passado, e nunca mais falámos sobre ti – disse Elijah, olhando para mim com ternura. Como eu sentia falta daqueles lindos olhos castanhos a olhar para mim, a mostrarem todo o amor que ele tinha por mim. – Mas conta-me o que aconteceu.

Suspirei.

-Tem algum sítio onde possamos falar em particular? O hall de entrada não é muito privado.

-Claro – disse ele e apontou para as escadas, começando a subir a escadaria.

Segui-o e andámos por um longo corredor, até entrarmos numa divisão que era um escritório, perfeitamente bem decorado em tons escuros e sóbrios.

Sentei-me no sofá beije e ele sentou-se numa poltrona de frente para mim, olhando-me com interesse.

-Por favor, começa.

Parte 3 – Elena Gilbert

Era horrível. Eu não conseguia manter o sangue no meu organismo, mas não tinha coragem para abrir a veia de ninguém. E lá estava eu, outra vez no beco do Grill, a vomitar sangue de uma bolsa de sangue do stock de Damon.

Quando acabei de regurgitar aquele líquido vermelho do meu organismo, amparei-me à parede, sentindo-me sem forças para colocar um pé á frente do outro.

Suspirei cansada. Eu tinha que sair dali, mas não conseguia.

-Elena, o que se passa? – inquiriu Klaus, ao cimo das escadas.

Ia responder-lhe, mas a fadiga abateu-se sobre mim.

-Wow – disse ele, segurando-me nos seus braços, impedindo-me de cair. – Onde estão Stefan e Damon quando se precisa deles?

-Eles… não…

-Shhhh, não digas nada – mandou ele, e pegou-me nas pernas. Entrelacei o meu braço à volta do seu pescoço e caí na inconsciência.

Parte 4 – Klaus Mikaelson

Entrei em casa com Elena nos meus braços, inconsciente. Subi as escadas e fui até ao escritório, mas eis senão a minha surpresa, quando vejo o meu irmão com a mulher que jurei há séculos estar morta.

-Niklaus – disse ela, virando-se para mim com um sorriso no rosto, mas dissipando-o logo mal viu quem eu tinha nos braços. – É a mais recente doppelganger?

-O que aconteceu? – indagou Elijah, levantando-se e vindo até mim.

-Ela desmaiou depois de vomitar sangue.

Ele olhou-me confuso e eu acenei com a cabeça, sabendo que ele estava a pensar que aquilo não era normal.

-Onde está Stefan?

-Ao lado dela não estava, de certeza. Assim como Damon – virei-me para Tatia. – Levanta-te, ela precisa de repousar.

Ela levantou-se prontamente e eu pousei o corpo de Elena no sofá. Coloquei uma almofada atrás da sua cabeça e puxei uma manta para o seu corpo. Ela estava gelada, parecia morta.

©AnaTheresaC