Capítulo 35

–E agora? – indagou Aiden.

–Agora eu tenho que lhes dizer adeus – Helen olhou para Aiden, determinada.

–De certeza que queres fazer isso?

–Eles vão atrapalhar nos meus planos de vingança. Ambos previmos isso. Não os vou deixar interferir no meu caminho.

–E quanto a Elijah? – Aiden tentou não se fingir magoado, mas foi inevitável. Ele sabia que Helen tinha criado um elo com Elijah.

–Terei que lhe tirar todas as memórias. Vai ser doloroso – Helen enrugou a testa, imaginando a dor. Anteriormente, já lhe tinham sido retiradas memórias. Se não fosse Aiden, Helen jamais se lembraria do seu passado com a irmã gémea, Emily. – Pela Emily.

–Pela Emily – reafirmou Aiden. Emily tinha-lhe sido arrancada dos braços e tinha sido levada pela crueldade e ferocidade dos Grayson. Aiden estava neste plano de vingança contra os Grayson com Helen para vingar Emily.

–Vai para casa – mandou ela. – Encontramo-nos nos Hamptons.

Aiden simplesmente acenou, começando a sair do edifício. Helen permaneceu no mesmo lugar, olhando uns últimos instantes para o corpo da Bruxa Original, considerada uma das mais poderosas da sua área.

–E agora quem é que venceu a Guerra? – indagou Helen em voz alta para o corpo inerte.

Esther tinha sido a bruxa que tinha matado Emily. A Bruxa Original devia um favor antigo a Victoria Grayson e ela teve que matar Emily. Há muitos anos atrás, Victoria, uma caçadora de bruxas, tinha deixado Esther escapar porque esta lhe disse que Daniel estava destinado á grandeza. Daniel seria um grande caçador de bruxas. Apanhada de surpresa por tal premonição, Victoria deixou-a ir, mas não esqueceu o acontecimento. Mais tarde, viria colher o favor.

Helen saiu do edifício e Elijah parou-a imediatamente.

–Helen! Está bem? – indagou, enquanto fazia uma inspeção rápida à bruxa.

–Estou ótima – afirmou Helen. – Mas talvez precise de um pouco de descanso.

–Claro que sim – disse Elijah, levando-a para o seu carro. – O que aconteceu lá em cima? A Bruxa Original está…

–Sim, está morta. Para sempre – completou Helen, sorrindo fracamente. Elijah abriu a porta do seu carro para Helen passar e a bruxa sentou-se no banco do passageiro.

Elijah conduziu calmamente pelas ruas de Manhattan até aos Hamptons. Estacionou perto do porto piscatório.

–E agora? – indagou ele, em voz baixa e controlada.

–Agora cada um segue o seu caminho – murmurou Helen, observando o horizonte. – Céus, isto é tão lindo. Já me tinha esquecido do quanto gostava disto.

Elijah permaneceu em silêncio, sabendo que devia deixar os momentos passarem, até Helen decidir interromper o momento, o que não demorou muito.

–Eu gosto muito de si, Elijah.

O Original olhou para ela subitamente, surpreso.

–Eu também gosto muito de si, Helen.

Helen aproximou o seu rosto do de Elijah e vendo que ele não se afastava, terminou com o espaço que os dividia e colou os seus lábios aos dele. O beijo, que no início foi trémulo, rapidamente se transformou em algo mais profundo, determinado e sôfrego. Contudo, Helen sabia o que tinha que fazer.

–Peço desculpa – pediu, afastando-se dele. – Mas eu realmente preciso de fazer isto.

Colocou as suas mãos na cabeça de Elijah, uma de cada lado e focou-se em entrar na mente do Original. Não era fácil, afinal, ele tinha mil anos, mas Helen tinha agora o poder de muitas bruxas.

–Não – afirmou Elijah, tentando afastar-se, mas já era tarde demais. Helen começou a eliminar cada memória que ele tinha dela.

O Original desmaiou assim que o processo ficou terminado. Não foi tão doloroso como foi para Helen. Discretamente, saiu do carro e caminhou até à sua casa, deixando para trás o único homem que ela realmente amou.

©AnaTheresaC