Bring Me To Life escrita por Lunna Rosier


Capítulo 3
Cap. 03 - Bring me to Life




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Dois dias se passaram. Nora não dormia e nem comia, passava o dia e a noite sentada no elegante sofá da casa de Dabria lendo os diários.
"... Eles acham que estou louca... Talvez esteja, de fato..." "... Estou assustada. Dabria. Anjo da Morte. Assombração. Patch..." "Os dias têm se tornado mais longos. Ainda assim, sinto que a morte está se aproximando..." "Tanto tempo depois, Patch continua sendo minha única esperança. Ele disse que seria meu anjo da guarda, que me protegeria. Aonde ele pode estar agora?" "Ela se foi. Dabria deixou-me em paz. Não sinto falta dela, suas mentiras me consumiam. Mas sua presença me dava a leve ilusão de que eu não estou sozinha. Era a única prova real de que Patch não foi um delírio ou um sonho. Ele era real." "Patch, venha me buscar..." "Você prometeu que viria."
– Uau, ainda está aqui. - Dabria estava enrolada em uma toalha, seus longos cabelos loiros estavam molhados, o que indicava que ela havia acabado de sair do banho. - Você brinca com o perigo, garota. Está na minha casa, Patch não sabe... Eu poderia matá-la, e ninguém saberia.
– Não vai me matar. - Nora fechou com cuidado o caderno velho que estava em suas mãos.
– Não vou? - Dabria sorriu angelicalmente.
– Não. Você não perderia a oportunidade de me ver confrontando Patch e questionando seus motivos para deixá-la. - Nora apontou para os outros diários ao seu lado.
– Não sou fã de drama adolescente, Nora. Quero que vocês briguem, é verdade. Mas não estou interessada em assistir a patética cena de ciúmes que acontecerá.
– Você foi a responsável pela morte dela. - Nora acusou. - Você fez com que ela enlouquecesse.
– Eu? - Dabria riu. - Patch é o cupado, Nora. Não leu os diários? Ela é bem clara quando diz que esperou pelo Patch todos os dias e ele nunca apareceu. Isso partiu o coração dela. Bem, nós duas sabemos que isso é o que o Patch faz de melhor, não é? Quebrar corações.
– Só se for o seu coração.
– Eu estou prevendo uma coisa. - Dabria ficou séria de repente. - Você e ele estão no fim. - Ela riu mais uma vez.
– Você é ridícula. - Nora pegou o molho de chaves que Dabria havia deixado ao seu lado, para quando ela quisesse desistir, e saiu do apartamento em passos rápidos, batendo a porta com toda a força possível.
– Tchauzinho. - Dabria murmurou com um sorriso satisfeito, assim que Nora bateu a porta.
Nora estava confusa, com sono e com fome. Somado a tudo isso, havia medo e insegurança. O vento frio de Coldwater batia contra seu rosto com força, fazendo-a tremer. Em outra situação, ligaria para Vee buscá-la. Ou Patch. Mas ela não queria conversar com ninguém. Conhecendo bem o longo caminho que havia do apartamento de Dabria até o estúdio de Patch, ela resolveu caminhar até lá. Adiar a conversa com Patch não tornaria as coisas mais fáceis. Iria até a casa dele e o confrontaria, contaria tudo que havia descoberto. Até lá, teria um longo caminho para pensar no que dizer a ele.
Quase uma hora depois, Nora estava morrendo de frio, tremendo e ofegando. Disfarçadamente desceu pelos túneis, que agora conhecia muito bem, até chegar ao estúdio de Patch. Usou a própria chave para entrar, e quando fechou a porta, a sensação de aconchego e segurança a tomou. Pelo silêncio, deduziu estar sozinha e logo jogou-se sobre o sofá negro, fechando os olhos. Sentindo-se observada, abriu levemente os olhos, e soltou um grito ao ver Patch a sua frente, encarando-a.
– Ah, meu Deus. Que susto. - Nora sentou-se, respirando de forma falha.
– Estava preocupado. Aonde estava? - Nora levantou-se, mas não disse nada. - Está tudo bem? - Ele sequer esperou por uma resposta. Vê-la viva já bastava.
Patch se aproximou para beijá-la, mas ela se desviou, ficando de costas para ele. Abraçada aos próprios braços, Nora se sentia tonta e seus olhos lacrimejavam. Aproximando-se, ele encostou a boca na orelha da garota, sussurrando:
– Você está estranha. O que aconteceu? Por que sumiu?
Incapaz de afastar-se de Patch, Nora apenas permaneceu imóvel, quase sem respirar.
– Falei com Dabria. Ela me contou tudo. - A voz veio carregada de medo e constrangimento.
– Tudo o quê? - Patch afastou-se um pouco, desconfiado.
– Katarina. Sua ex namorada.
– O que ela contou? - A voz de Patch estava controlada, mas como Nora não respondeu, sua voz se elevou. - Tudo o quê, Nora?
– A verdade. - Ela virou-se para ele.
– Verdade? Que verdade? As coisas com Dabria são meio relativas.
– Sabia que Katarina tinha diários? Ela escrevia desde os 10 anos. Depois que ela morreu Dabria fez questão de pegar todos e guardar. Obviamente ela queria saber até que ponto vocês dois chegaram. Há 5 diários. Dabria não sabe aonde estão os diários de quando ela tinha 14 e 15 anos. Os dois últimos foram escritos enquanto ela definhava, presa em um quarto. - Nora não conseguia encará-lo, olhava para os lados, para o chão... Menos para Patch.
– Por que foi atrás de Dabria? Por que o interesse repentino no meu passado?
– Ela está me assombrando, Patch. Ela aparece quando estou dormindo, quando estou acordada. E eu nunca sei quando é real. Sabia que você não contaria nada, e Dabria era a única que poderia me ajudar.
– Dabria odeia você. Por que acha que ela te mostrou esses diários? - Ele não esperou que ela respondesse. - Para nos separar. Ela queria que você visse um Patch que não existe mais. Essa história toda é muito antiga.
– Eu sei. Ela morreu há mais de mil anos, aos 17 anos. Louca. Por que a abandonou? - O tom de voz de Nora era crítico.
– Porque era o melhor para ela.
– Enlouquecer e morrer? - Ela estava vermelha. Raiva, indignação.
– Ficar longe de mim. - Ele sussurrou.
– Ela te amava. Ela te amou até o último segundo, Patch. Dabria a assombrava, invadia seus sonhos, dizia-a que você havia a deixado porque não amava. E mesmo assim, ela sempre escrevia a mesma coisa. "Aonde quer que esteja, venha logo me buscar. Estou te esperando, Patch." Você a deixou morrer.
– Acredita mesmo que a culpa foi minha? Acredita mesmo que eu não quis ir buscá-la, mantê-la em segurança?
– Então por que não fez nada disso?
– Eu não podia protegê-la. Eu caí por causa dela, havia me rebelado contra o céu. Os arcanjos queriam a minha cabeça, e acima de tudo, queriam mantê-la salva. Se eu fugisse com ela, a pegariam e a levariam de volta para a família. E ela seria morta. Ela passou a ser perseguida, as pessoas sabiam sobre os caídos, e tinham medo. Eram os "demônios". Katarina era simpatizante da causa dos anjos, por mim, e todos sabiam disso. Não a deixariam viva. Seria considerada uma bruxa. Me ouça, aonde estão os diários?
– Estão com Dabria. - Nora sentiu as pernas bambas depois do que ouvira, e sentou-se no sofá, assustada demais.
– Aonde ela os guarda? - Ele se ajoelhou na frente dela, aflito.
– Eu não sei. Ela não me deixou sair com eles, passei dois dias com ela, lendo trechos desses diários.
– A história não começa com a minha queda, Anjo. Antes de mim, Katarina envolveu-se com um outro arcanjo. Ela viu e descobriu coisas que ninguém mais teve acesso, nem mesmo eu. Ela sabia como quebrar um juramento. Sabia como eu poderia me tornar humano. - O olhar de Patch era sugestivo, como se ele esperasse que Nora percebesse algo que estava implícito naquela conversa.
– Quebrar um juramento? - Nora perdeu a respiração quando entendeu. - Está querendo dizer que...
– Os diários de Katarina podem nos dar a solução para essa guerra. O que ela sabia poderia quebrar o juramento que você fez a Hank. Poderia torná-la humana outra vez.
– Eu li praticamente tudo. O único anjo que ela menciona é você.
– Você se arriscou muito indo até Dabria. Ela poderia te matar.
– Mas não matou. Ela não é burra. - Nora prendeu o cabelo de qualquer jeito, apesar do frio que sentia há pouco, agora suava.
– Preciso pegar esses diários, Nora. Ela nunca me mostrou nada enquanto estávamos juntos.
– Peça a Dabria. - Nora foi fria.
– Está com raiva de mim? - Ele riu. - Percebe que era exatamente isso que ela queria? Você não tinha motivos para ir até lá.
– É claro que tinha. Eu a vejo toda hora, estou assustada. - Ela gesticulava freneticamente com as mãos. - Percebe a gravidade disso? Uma garota de mais de mil anos tem aparecido em sonhos, para mim. Enquanto lia as coisas que ela escreveu posso jurar que senti ela me observando. Eu sei que parece loucura, mas...
– É loucura. - Patch gritou. - Ela está morta. Isso também é coisa de Dabria. Ela está te manipulando.
Antes que Nora argumentasse, viu a garota ruiva mais uma vez. Ela parou ao lado de Patch, observando-o com adoração. Tocou seu rosto, mas ele pareceu não sentir nada.
– Ela está aqui. - Nora quase não conseguiu falar, sua voz falhou e todo o seu corpo tremeu. - Ao seu lado. Patch! - Nora afastou-se dois passos, tropeçando em suas próprias pernas.
– Nora, não há ninguém aqui. - Ele foi até ela, abraçando-a.
– Nora Grey, me ajude. - Nora ouviu a voz dentro de sua cabeça. Agarrando-se ao pescoço de Patch, ela observou ao redor. Fechou os olhos com força, e quando abriu Katarina estava parada a sua frente, chorando. - Traga-me de volta a vida.


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Notas finais do capítulo

Ei, desculpem a demora. Ainda estou a espera da capa, mas né. ): Enfim, pra quem está acompanhando, espero que gostem.



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