Bring Me To Life escrita por Lunna Rosier


Capítulo 2
Cap. 02 - Diaries




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Nora não era do tipo que desistia fácil, nunca fora. E isso não havia mudado. Lutando contra a própria falta de coragem, ela saiu do estúdio de Patch e foi para a aula. De qualquer forma, por mais que tentasse pensar em outra coisa, o pesadelo não saía de sua cabeça. As palavras carregadas de medo da garota ecoavam em sua cabeça, e seu rosto cheio de desespero e medo apareciam em sua mente o tempo todo.
– Bom dia, baby. - Vee sentou-se feliz ao seu lado.
Havia conseguido recuperar seu lugar, antes ocupado por Patch, e agora estava cuidando para que não houvesse um novo mapeamento de sala. Havia descoberto o quão ruim era ter de aturar seus outros colegas de sala. Eram chatos e não a compreendiam como Nora.
– Preciso da sua ajuda. - Nora pediu, atropelando as próprias palavras.
– Bom dia Vee, tudo bem com você? - Vee disse com uma vozinha fina e enjoativa.
– Bom dia Vee. Preciso da sua ajuda.
– Com o quê? - Vee encostou-se na carteira desconfortável, e sorriu amigavelmente.
– Tenho que ver uma pessoa. Pode me emprestar o carro?
– Ah, não vai dar. Depois da aula prometi ir direto para casa. Estou com visitas. Uns primos distantes, e chatos, diga-se de passagem. A patroa quer que eu os leve para conhecer a cidade.
– Eu quero o carro agora. Prometo estar aqui no horário de término da aula. Por favor. - Vee ajeitou-se e a olhou com descrença e desconfiança.
– Vai matar aula? Isso é alguma piada?
– Estou falando sério. - Nora tinha a expressão séria, ao contrário de Vee, que lutava para não rir.
– Aonde você vai? Tem relação com o Cipriano? Vai fugir para encontrá-lo? - Ela sussurrou a última frase
– Patch não está envolvido. Vou ver uma... Amiga. - Vee riu escandalosamente.
– Não estou entendendo a risada.
– Então você não ouviu o que disse? - Nora rolou os olhos. - Nora, você não tem amigos além de mim. E eu não tenho amigos além de você. Simples assim.
– Quer saber? Esquece. - Nora pegou a bolsa presa na cadeira e levantou-se, colocando-a no ombro.
– Aonde está indo? - Vee ficou séria, assustada com a reação exagerada de Nora.
– Boa aula, Vee. - E saiu sem dizer mais nada, passando pelo próprio professor de biologia que entrava na sala no momento em que ela estava saindo.
– Grey, volte aqui. Grey. - O Treinador gritou pelo corredor, mas sua voz foi engolida pelos murmúrios dos outros alunos. Nora ouviu, mas não olhou para trás. Ela sabia o que queria fazer, e não estava dando a mínima para as consequências.
Alguns minutos mais tarde, ela descia de um táxi, em frente a um luxuoso condomínio em uma rua de um setor nobre de Coldwater. Pegou no bolso da calça um papel dobrado em que havia escrito com uma bela letra desenhada o número de um dos apartamentos daquele lugar. Mesmo longe do rosto, Nora podia sentir o perfume doce e enjoativo que saía do papel. Ela havia o roubado das coisas de Patch naquela manhã.
– Dabria, você realmente não brinca quando quer alguma coisa. - Ela murmurou encarando o cartãozinho com desprezo. - Boa tarde. - Nora sorriu para o homem parado na portaria do condomínio. - Estou querendo ver uma pessoa. O nome dela é Dabria. Apartamento 34, segundo prédio.
– Qual é o seu nome? - O homem carrancudo perguntou, já segurando o interfone.
– Nora Grey. Diga que é importante. E que tem relação com Patch. - O homem a encarou com desconfiança, mas não disse nada. Três segundos depois de discar o número de Dabria, ele repetiu as palavras de Nora. Houve um breve silêncio, até que ele desligou.
– Ela está te esperando. - Ele abriu um pouco do portão, o suficiente para que Nora entrasse. - Pediu que a senhorita se apresse. Ah, nosso elevador não está funcionando. Terá que usar as escadas. - Nora fez uma careta. - São muitas. Boa sorte.
Nora levou cerca de 15 minutos para conseguir chegar ao apartamento de Dabria. Estava cansada, ofegante e suada. Motivos suficientes para que Dabria risse de sua cara. Tocou a campainha com incerteza. Uma onda de lucidez caiu sobre ela e então, Nora finalmente percebeu o que estava fazendo. Encontrando-se com a inimiga, sem que ninguém soubesse. Dabria poderia matá-la e Patch não descobriria.
– Nora Grey. - O sorriso iluminado de Dabria quase fazia parecer real a sua simpatia. - Tão sem graça como sempre. A diferença é que dessa vez você está suada. Eca. Como foi subir tantas escadas?
– Dabria... Chata e nojenta como sempre. - Nora respondeu.
– Bom, você veio me procurar. - Ela deu de ombros. - Entre. - Ela abriu espaço para Nora passar, e foi isso que ela fez.
Enquanto Dabria trancava a porta com a chave, Nora observava ao redor. Realmente o lugar era luxuoso e requintado. A imensa sala era mobiliada com móveis caros e decorada com cortinas de tecidos finos e quadros de pintores famosos. Tudo combinava perfeitamente com Dabria. Nora virou-se para ela, sentindo-se inferior. Dabria era alta, loira, o cabelo bagunçado e cacheado, dando-lhe maior sensualidade, e corpo e rosto perfeitos. Um verdadeiro anjo.
– E então, como posso ajudá-la?
– Precisamos conversar. Sobre Patch e o motivo de sua queda. A ex namorada.
– Katarina? - Ela riu baixo.
– Você a conheceu?
– É claro. Faz uns mil anos. E eu não estou usando uma hipérbole. - Nora a encarou, séria. - O que quer saber? - Dabria guardou a chave no bolso da calça e sentou-se no imenso sofá do centro da sala, cruzando as pernas.
– O nome era a primeira coisa. Katarina, certo? - Dabria assentiu. - Preciso saber o que aconteceu com ela.
– Por que não pergunta ao seu namorado? - Dabria disse com desdém.
– Acha que eu já não tentei? Você é minha última opção, querida.
– Você está na minha casa, pedindo a minha ajuda... E ainda está sendo grosseira. Por que acha que devo responder suas perguntas?
– Você faz o que quiser, Dabria. - Nora fingia não se importar, mas por dentro estava desesperada por respostas.
– A história de Patch e Katarina é marcado por drama, tragédia... Um saco. Sei tudo, mas tudo que eu posso dizer vai soar como uma mentira. Será uma perca de tempo te contar algo. Mas eu posso fazer melhor. - Ela sorriu maldosamente - Depois que Katarina morreu, eu peguei algumas coisas dela. Como os diários. Ela escrevia muito mal, diga-se de passagem. Se quiser, eu te mostro.
– Está falando sério? - Nora perguntou, desconfiada.
– Sim, estou. E sabe por quê? As coisas que você vai descobrir sobre Patch são... Surpreendentes. Ele nem sempre foi esse anjo perfeito que você idealiza, Nora. E eu vou adorar ver a sua reação ao descobrir quem é ele de verdade.
– Vai me mostrar porque acredita que isso vai me afastar do Patch. Não perca seu tempo, então. - Nora virou-se para ir embora, mas em um piscar de olhos Dabria estava parada a sua frente.
– Ela tem aparecido em sonhos, não é Nora? Eu vi isso. E sabe o quê mais eu vi? Eu a vi entre você e Patch. Então eu estou apostando tudo nisso. Vou te ajudar. - A sinceridade de Dabria irritava Nora, e sua vontade era sair dali. Mas ainda havia curiosidade.
– Adeus, Dabria. - Nora tentou sair, mas Dabria segurou seu braço, e com a outra mão mostrou um molho de chaves.
– Comece a ler. Se quiser desistir, o que eu duvido muito, deixo que saia. Vou pegar os diários. Espere aqui.
– Não é como se desse para ir a algum lugar, não é? - Nora sentou-se irritada no sofá, enquanto Dabria ia buscar as coisas.
No mesmo instante o celular de Nora vibrou dentro do bolso. Ao ver o nome de Patch na tela, apenas ignorou a chamada. Segundos depois, uma nova mensagem chegou. "Vee me disse o que aconteceu. Aonde você está?" Vee. Claro. Na primeira oportunidade correu para contar a Patch a sua crise de rebeldia.
– Norinha, aqui está. - Dabria apareceu com um baú pequeno e sentou-se ao lado de Nora, colocando a caixa sobre as pernas. - Está meio velho, acho que você entende o porquê. Seja cuidadosa. - Dabria pegou um caderninho do fundo e deu a Nora com cuidado.
– 710 d.C? - Nora perguntou incrédula, lendo as letras douradas e pequenas na capa do diário.
– Como eu disse, mais de mil anos. - Dabria deu de ombros. - Patch está no mundo há muito tempo. Esse é o penúltimo diário escrito. Bastante interessante. Ela ainda não estava louca.
– Louca? - Nora assustou-se.
– Leia um trechinho, e diga se vai querer ver tudo desde o início. A escolha é sua.
Nora não abriu o diário. Colocou-o ao seu lado, e com firmeza tirou o baú das pernas de Dabria, colocando sobre as suas próprias.
– Qual desses é o primeiro? - Perguntou, virando-se para a loira, que sorriu triunfante.


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Notas finais do capítulo

Eu ia postar quando a capa estivesse pronta, mas tá enrolando e tal. Enfim, ai está.



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