O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 85
3x14 - Pela primeira vez


Notas iniciais do capítulo

Aaaah me desculpem pela demora. Mas eu tive muitas provas e trabalhos essa semana... Enfim, aqui está agora rsrs. Espero que gostem dele, e ah, eu tenho que avisar que estamos na reta final da fic (estou quase morrendo de tristeza). E quero também indicar uma fic de uma leitora que me pediu pra divulgar. O nome é O amor nos acompanha
http://fanfiction.com.br/historia/365944/O_Amor_Nos_Acompanha/
Ah, e também tem outra, se chama Um amor eterno
http://fanfiction.com.br/historia/370933/Um_Amor_Eterno
Desculpa flores eu não consegui ler nenhuma, to muito sem tempo, mas divulguei pra vocês ^^
Acho que é isso, beijos suas lindas :*



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–Oi Jake. Sou eu. Esperava poder falar com você pessoalmente, mas não te vejo desde... Enfim. Eu estou indo até Port Angeles com Bella. Preciso fazer alguns exames de rotina, nada demais... Achei que iria querer saber. Bem, é isso... Escuta Jacob, me desculpe. Eu sei que me desculpar não ajuda em nada... Eu só preciso fazer alguma coisa. Estou me sentindo péssima com tudo isso. Eu... eu não quero que você fique magoado comigo. E eu só quero que você saiba que eu não quero você longe... Bem, acho que é isso. Até mais tarde, então, eu acho...

Desliguei o celular sentindo um aperto sufocante em minha garganta. Olhei pela janela do carro, embaçada com a chuva, e tentei ver a silhueta de Bella enquanto ela vinha até o carro.

–Pronta pra ir? – ela perguntou quando entrou e sentou no banco do motorista.

–Pronta. – consegui dizer.

Bella olhou-me caridosamente.

–Olha, vai ficar tudo bem. – ela sorriu tentando me animar. – Hoje é um dia especial. Carlisle vai fazer uma ultrassonografia para saber se está tudo bem. Não dá pra ver quase nada, mas é emocionante mesmo assim por que vai poder ouvir o coração.

A dor que eu estava causando ao Jacob não era a única coisa que estivera me perturbando a semana inteira. Eu estava esperando uma criança. E eu já havia passado do estágio do medo da descoberta... Só que eu ainda não me sentia alegre.

Quer dizer, eu tinha meus momentos de extrema antecipação para o que estava prestes a acontecer com meu corpo. Toda a mudança, descobrir o sexo do bebê, pensar em nomes... Mas a maior parte do tempo eu estava apavorada. Queria poder anular isso. Queria poder me sentir como as outras grávidas que conheci. Como Emily. Mas o brilho, a felicidade, ainda não me atingiu. E isso me fazia sentir como se fosse uma desalmada.

Bella pareceu ler meus pensamentos.

–Sei que está passando por muita coisa. Mas pode acreditar que ouvir o coração e ver a imagem, mesmo que pequena, vai te dar outra perspectiva de tudo isso.

Sorri, esperando que ela estivesse certa.

–Hmm, Bella, você disse que eu vou poder ouvir o coração...

–Sim?

–Vocês por acaso não podem ouvir o coração dele como o meu ou podem? – perguntei temerosa. – Por que se vocês puderem a coisa do segredo não vai funcionar muito bem, não é?

Ela riu.

–Não, não podemos ouvir. Ele está muito bem protegido dentro de você.

Suspirei aliviada. Seria meio estranho se alguém ouvisse um coração extra batendo dentro de mim.

***

Eu estava deitada em uma maca, na sala onde se faziam os exames. Estava meio escuro. Ao meu lado tinha uma máquina com uma tela pequena, cheia de botões. Eu e Bella estávamos esperando por Carlisle. Meu celular estava comigo o tempo todo para o caso de Jacob ligar. Ele não ligou.

–Olá, Agatha, Bella. – disse Carlisle quando entrou pela porta. – Desculpem a demora, estamos tendo certo movimento hoje. – ele pegou um tubo pequeno e branco que estava disposto na bancada da máquina. – Então, são cinco semanas. Como andam os sintomas?

–Eu como o dia inteiro, isso é um sintoma? – perguntei.

Ele sorriu.

–Isso é normal, mas fique atenta para a sua alimentação. Está seguindo a dieta que eu lhe passei?

–Ahan, estou sim. – respondi.


–Ótimo. – ele ligou a máquina. – Então, você sabe como funciona a ultrassom?


Assenti.

–É verdade que já se pode ouvir o coração?

–Sim, os órgãos já estão se formando com rapidez nessa etapa. – ele passou o gel na minha barriga, que já tinha uma pequena bolinha se formando no meio.

–E eu vou poder ver alguma coisa?

–Sim, é pequeno ainda, um milímetro, mas é visível.

Algo se agitou dentro de mim. Eu poderia ver ele pela primeira vez.

–Tudo bem. Eu vou começar agora.

Carlisle começou a passar em minha barriga algo que me lembrou um microfone virado para baixo. Era um pouco gelado. Um zumbido saiu da máquina e a tela se acendeu. Ali, surgiu uma imagem meio acinzentada que se movia constantemente. Alguns números e gráficos estavam espremidos no canto da tela.

–Está vendo aquela mancha marrom ali? – perguntou Carlisle. – Aquele é o saco gestacional. E em volta dele é o útero.

Assenti. Então, de repente o som começou a surgir. Rápido e abafado. Retumbante e ritmado.

Expirei todo o ar dos pulmões. Fixei meus olhos na tela.

–Esse é...?

Carlisle sorriu.

–É sim. O coração.

Ergui-me da maca para tentar ver direito.

–Agatha, precisa fica deitada. – disse o médico, divertido.

–Mas eu não estou vendo-o. – protestei.

–Espere um pouco. – ele mexeu em alguns botões, e a imagem aumentou. – Aqui. Está vendo aquela mancha branca no lado esquerdo do saco gestacional?

–É ele? – perguntei afobada.

–Sim, é o embrião. – Carlisle mexeu mais um pouco, e então a imagem ficou muito mais clara. – E aqui é o seu bebê.

Eu podia ver ele pela primeira vez. Tinha a forma meio encurvada. Sorri. Parecia um amendoim. Tão pequeno... Meus olhos se recusavam a deixar a tela. O som do coração penetrou em meus ouvidos deixando todo o resto de lado. Pela primeira vez, ali, eu consegui sentir a alegria que sabia que deveria ter sentido desde o início.

Não percebi de imediato as lágrimas de felicidade rolando pelo meu rosto.

–Você viu Bella? – disse virando-me para ela.

–Vi, sim. – ela sorria e quase olhava saudosamente para a tela. – Parabéns, Agatha.

Bella pegou minha mão.

–Obrigada. – sussurrei, voltando meu olhar para a tela.

Eu não queria que nada estragasse esse momento, mas sabia que o sentimento de perda também estava lá dentro de mim, em algum lugar. Por que eu queria que Jacob estivesse aqui para ver isso também.

***

Eu ainda estava meio nas nuvens quando Bella me deixou em casa.

Ver meu bebê finalmente abriu algo dentro de mim que eu nunca imaginei poder existir. Eu achava que não conheceria amor maior do que o que eu sinto por Jacob, por minha família – tanto a daqui quanto a minha que está tão longe. Mas hoje eu senti. E a felicidade era tanta que eu tinha que contar para alguém. Ia explodir de mim.

E eu queria tanto contar para Jacob!

Sabia que não poderia. Pelo menos ainda não, mas estava ficando cada vez mais difícil. Depois que pedi um tempo a ele, Jacob se recusou a me ver, e apenas me ligava de vez em quando. Quanto tempo isso teria que durar? Uma semana sem ele já estava acabando comigo. Por que as coisas têm que ser tão difíceis pra mim?

Ah, que legal. Olha só para mim. Num minuto cheia de felicidade, e no outro prestes a explodir de tristeza. Deveria ter perguntado a Carlisle se é normal virar bipolar durante a gravidez...

Sentei-me no sofá e comecei a alisar minha barriga.

–Desculpa, bebê. Eu queria que ele estivesse aqui, queria que ele soubesse de você. Espera só mais um pouquinho, tá? Eu prometo que vai passar logo, logo...

Eu não queria ficar sozinha em casa; Jacob não queria me ver. Seth estava correndo – eles nunca paravam, apesar dos desaparecimentos e mortes terem misteriosamente parado. Ninguém achava que Joham e Emily haviam desistido; ao contrário, a sua falta de atividade nos fazia ficar ainda mais alertas. Parecia que a qualquer momento um deles poderia estar tentando arrombar a porta de casa.

Então, de repente, uma ideia me veio à cabeça. Olhei para meu ventre e disse baixinho.

–Quer conhecer uma pessoa, bebê?

Cinco minutos depois eu estava tirando meu Camaro da garagem com a plena certeza de que estava infligindo as regras. Eu não devia sair de casa sozinha. Mas fazia tanto tempo que eu não a visitava – de fato, eu só fora lá uma vez. – e eu sentia que precisava falar com alguém. Mesmo que esse alguém já estivesse muito longe para responder.

Cheguei ao cemitério de La Push em pouco tempo. O longo gramado estava molhado pela névoa que se dissipava em meio à luz fraca do sol atípico. Busquei por um arbusto e encontrei algumas flores selvagens, cujo nome eu não sabia. Andei por entre as pedras cravadas com inúmeros nomes e sobrenomes que eu não conhecia. Não demorei muito para achar a que procurava. Hesitei em frente ao túmulo de Leah, sem saber como agir. Por fim, sentei-me em cima das pernas e depositei as flores com cuidado. Pigarreei:

–Não sei exatamente como fazer isso. – disse. – Para falar a verdade, eu nunca entendi por que as pessoas iam até cemitérios falar com pessoas que já não estavam mais aqui. Mas acho que agora entendo: é só isso que nos resta quando perdemos alguém.

Fitei as palavras cravadas na pedra, a raiva repentinamente subindo e queimando por entre as minhas veias. Protetora guerreira.

Ela morrera para me salvar. Era eu que deveria ter caído daquele penhasco junto com Emily. Eu pedira para ela proteger Jacob acima de tudo... E agora nem sequer posso me vingar acabando com Joham e Emily.

–Desculpa. – sussurrei. – Eu queria poder terminar o que começamos, mas eu não posso... Não posso proteger ninguém. Nem posso me proteger... E não é só quanto à guerra; é em tudo. Tentei proteger Jacob não contando a ele sobre... E olha só no que deu. Eu só o magoei.

Tentei conter as lágrimas. Não deu.

–Eu sei o que diria se estivesse aqui, Leah. – funguei. – Você me chamaria de idiota e diria para eu contar logo para ele... Mas eu não posso. E você não está aqui... Então, realmente, eu que eu devo fazer?

–A vida às vezes nos exige que encontremos as respostas sozinhos.

A voz veio do nada, atrás de mim. Levantei e virei-me rapidamente. Lá estava a idosa que eu conhecera no ano passado. Margô era uma mulher misteriosa, que parecia sempre saber demais e que nunca saía de casa. Mas o que ela fazia aqui?

Sequei as lágrimas.

–O que faz aqui? – perguntei com a voz embargada.

Ela sorriu brevemente.

–O mesmo que você. Visitando alguém.

Encarei-a, sem saber o que dizer. Margô se aproximou de mim,

–Perdi meu Joseph há dez anos e ainda venho o visitar no Dia dos Namorados.

Fiquei surpresa com a data.

–Hoje é Dia dos Namorados?

Ela virou a cabeça de lado, intrigada.

–Devia saber. Os jovens apreciam muito mais essa data. Onde está o jovem Jacob?

Abaixei a cabeça.

–Eu e ele não estamos muito bem no momento. – murmurei.

Ela me encarou, e eu tive a curiosa sensação de que ela estava vendo através de mim.

–Lembra-se do que eu disse quando vocês dois foram me procurar naquele dia?

Não entendi onde ela queria chegar, mas respondi mesmo assim.

–Lembro. O que tem?

Ela me deu um olhar confidente.

–O destino é engenhoso, Agatha. O modo como ele agiu para trazer você de volta não foi aleatório.

–Não entendi. – disse.

Ela sorriu.

–Estou dizendo que vocês dois são unidos de uma maneira única. Nem o imprinting se compara.

Arregalei os olhos. O imprinting era a coisa mais poderosa que eu já havia visto. Mas, no entanto, ele fora anulado para Jacob...

–Eu o amo. – sussurrei. – Mas as coisas estão muito complicadas agora.

–Talvez não. – ela replicou com simplicidade. – As coisas não são complicadas, minha criança. Elas só são o que devem ser.

E com essa afirmação enigmática, Margô deu as costas com um aceno de cabeça e começou a se afastar. Sem ter muita consciência do por que, chamei-a de volta. Ela me fitou com os olhos inteligentes.

–Eu estou grávida. – declarei, no entanto, tinha a inquietante suspeita de que ela já sabia disso.

Margô assentiu, sem demonstrar surpresa.

–Acha que eu e Jacob conseguiremos lidar com uma criança em meio a tudo isso?

Ela sorriu gentilmente.

–Eu lhe disse: a vida nos exige que encontremos as respostas sozinhos. Faça o que o seu coração mandar. Ele pode nem sempre estar certo, mas entre tomar uma decisão arriscada e ficar sempre à deriva; a primeira é sempre a melhor opção.

Então ela seguiu seu caminho, me deixando sozinha com o túmulo de alguém que não me respondia e um milhão de perguntas pairando sobre minha cabeça.


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Notas finais do capítulo

Comeeeeeeeeeeentem! s2