O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline
Eu me sentia horrivelmente exausta pela manhã. As horas que passei acordada iriam me custar um dia de provação.
Era o primeiro dia de aula oficialmente e eu precisava estar alerta, mas ao contrário disso eu estava dispersa e distraída.
Mal registrei o bom-dia de Thallita e Carolina. Fui ao banheiro e tomei banho esperando despertar.
Vesti uma calça jeans e a camiseta azul da escola que mamãe comprara para mim. Enquanto remexia em minha mala procurando meu all star encontrei a bolsa com meus livros.
Já fazia algum tempo que eu não lia nenhum livro da Saga Crepúsculo. Resolvi pegar Lua Nova e enfiei em minha mochila.
Já no corredor encontrei Ariane.
–Oi Agatha! – ela sorriu.
–Oi. – eu bocejei.
–Nossa você está com uma cara horrível! – ela comentou enquanto recomeçávamos a caminhar.
–Obrigada Ane. – respondi rabugenta.
–Espero que não se importe – Ane ficou um pouco constrangida – eu convidei Kevin para tomar café conosco.
–Claro que não me importo.
–Ah que bom! – ela suspirou aliviada. - Ele é realmente legal sabe.
–Se você diz. – murmurei.
Ane olhou-me de esguelha, mas não disse nada.
Chegamos ao refeitório e Kevin estava numa mesa perto da janela. Fomos até ele.
–Bom-dia. – ele levantou-se puxou uma cadeira para Ane.
–Bom-dia Kevin. – Ane sorriu de orelha a orelha.
–Oi Agatha. – ele cumprimentou-me.
–Oi. – sentei-me.
Não comi muito, apenas um iogurte e uma barra de cereal. Fiquei muda enquanto Ane e Kevin conversavam animadamente.
Às oito horas o sinal tocara, peguei meu horário e vi que tinha período duplo de História, depois química. Depois do intervalo tinha Matemática, Espanhol e Biologia.
Despedi-me de Ane e Kevin e arrastei-me para a sala de aula.
Fiz uma nota mental para agradecer Ane pelo passeio pela escola ontem, senão certamente me perderia e chegaria atrasada.
Cheguei à sala de história, a maioria dos alunos já estavam em seus lugares. Sentei-me num canto na terceira fileira e peguei meus materiais.
O professor de história, Alberto, chegou e deu bom-dia à turma.
–E então, - ele continuou. – Vamos passar os principais tópicos da matéria do ano passado?
Um gemido de relutância ressoou da turma.
O restante da aula foi bom. Eu gostava de história, então consegui me distrair. Mas minhas preocupações voltaram assim que saí para o intervalo.
Ponderei por mais de meia hora sobre o que significava o sonho. Decidi que o sonho não significara nada e que isso tudo era uma forma de meu subconsciente expressar seus desejos.
Por exemplo, no sonho minha avó dissera que eu estava perdida e precisava achar meu caminho. Isso era porque eu estava com medo de meu futuro, medo da nova escola. Era isso. Apenas isso.
E o que Jacob Black tem a ver com isso?– disse uma voz maligna em minha mente.
Bem, pensei, isso é só outra maneira de meu subconsciente dizer o que quer, que no caso é um amigo. Alguém para me proteger do futuro incerto que me aguarda.
Pronto! É isso! Essas são as explicações óbvias e coerentes que resolvem toda a questão.
Convenci-me deste fato e continuei a acompanhar minhas aulas, decidida a concentrar-me ao estudo.
•••
Quando as aulas terminaram, encontrei-me com Ariane na sala de estar. Ela estava sentada no sofá, sentei-me ao seu lado.
–Como foram as aulas Ane? – perguntei.
–Foram boas. – ela disse – Não é tão diferente da nossa antiga escola não é?
–É. – eu ri. – A diferença é que nós dormimos e acordamos na escola. Vivendo o sonho!
Ela riu também.
–Mas e você? Está gostando? – ela olhou-me como quem sabia a resposta. Ane me conhecia muito bem.
–Sim. – murmurei. - Sabe não é tão difícil. – Abaixei a cabeça.
–Agatha tem alguma coisa que está lhe incomodando, não é?
Suspirei. Era inútil mentir, então disse parcialmente a verdade.
–Bem, tinha. – eu disse lentamente. – Mas, não importa agora. Já passou. Provavelmente era depressão pós-férias. – brinquei sem jeito.
–Tudo bem. – deu para ver que eu não a convenci.
O resto da noite fora mais ameno, falamos sobre os professores, os alunos e o quanto sentíamos falta das bagunças que fazíamos no ano passado.
Fui para o quarto com um humor melhor e encontrei Carolina e Thallita conversando.
–Ah oi! – elas disseram.
–Olá. – disse pegando meu moletom velho da mala. Lembrei a mim mesma de arrumar minhas coisas no armário assim que possível.
–Como foi o primeiro dia? – perguntou-me Carolina.
Pigarreei.
–Normal. É só meio estranho sabe, essa coisa de não voltar para casa.
–Ah, mas, você se acostuma. – disse Thallita. – Eu também estranhei no começo.
–Há quanto tempo vocês estudam aqui? – perguntei interessada.
–Eu estou aqui desde a quinta série. – respondeu Carol.
–E eu vim para cá há dois anos. – Thallita se empertigou na cama. E desde então eu e Carol somos amigas. – ela sorriu.
–Isso é legal. – sorri.
Dei boa noite para elas e deitei-me.
Depois dessa conversa amigável com elas, decidi entrosar-me mais com as pessoas daqui. Talvez seja mesmo necessário encontrar meu caminho, e talvez isso signifique deixar tudo para trás.
Minha antiga escola, meus amigos, Bernardo...
Apesar de não admitir, eu ainda gostava dele. Não com a mesma intensidade, afinal aprendi a viver sem ele em minha vida. Mas ainda assim...
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