O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 28
Adiando




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A chuva que caía lentamente formava uma poça ao meu redor.

Eu não tive muitas forças para sair dela, então só o que fiz foi desabar sentada no chão.

Não sabia quanto tempo havia passado, poderiam ter sido horas. Lá no fundo de minha mente, algo continuava a sussurrar fracamente que eu deveria ir embora daqui. Atirar-me do primeiro precipício que aparecesse. Não consegui dar ouvidos a ela. Parecia que eu seria incapaz de seguir qualquer impulso a partir de agora.

Fiquei mais algum tempo completamente inerte, afogada em minha semi-inconsciência até que o sol se pôs e a escuridão sobreveio.

Levantei sem vontade nenhuma e segui para a casa de Sue. Ela estava na sala com Billy.

-Agatha, o que aconteceu com você? – ela disse assustada observando o meu estado.

Respirei fundo antes de responder.

-Eu peguei chuva. – declarei inutilmente.

-Você está bem? – Billy analisou-me com seus olhos negros extremamente inteligentes. – Achei que estivesse com Jacob... Você foi com ele, não foi?

-Jacob foi atrás deles. – segurei o choro. – Eu tentei... Ele não me ouviu.

-Está tudo bem, Agatha. – Sue veio ao meu encontro e colocou as mãos em meus ombros. – Vem, é melhor trocar de roupa.

Ela me levou para o quarto e disse para eu tomar um banho. Fiz isso meio que sem prestar atenção. De repente, me vi sentada no sofá da sala sem nem mesmo lembrar-me de ter ido para lá.

-Eu não acho que Jacob vá fazer alguma besteira. – afirmou Sue.

-Sue, ele foi fazer uma besteira. – contrapôs Billy.

-Talvez ela esteja mesmo doente. – ela insistiu.

Eu cobri meus ouvidos com as mangas do moletom velho que eu vestia. Era inútil, afinal eu estava ouvindo tudo com uma intensidade meio perturbadora.

Eu estava cansada de ser uma aberração, de ser a sofredora da história. Eu precisava ir embora daqui. Definitivamente. Era a história do Bernardo tudo de novo. Eu tinha alguma coisa em mim que chamava a dor, por acaso? Será que não haveria nada há mais para mim?

Eu não percebi que havia dormido. Levantei-me do sofá um pouco torta. Pela janela, vi que ainda estava escuro, devia ser madrugada. Havia muitas vozes vindas da cozinha.

Leah estava lá, com Sue e Billy. Todos olharam para mim quando entrei. Fiz uma careta e olhei para baixo. Eu sabia que minha aparência não era das melhores.

-O que aconteceu? – perguntei inutilmente. Eu já sabia cada passo deles por causa do maldito livro.

-Jacob largou a matilha e meu irmão foi com ele. – disse Leah ácida. – É bom que você saiba disso assim pode ir correndo atrás dele.

-Leah! – Sue chamou-lhe a atenção.

-Eu não vou ir atrás dele. – sussurrei. Não queria deixar Leah me irritar, mas ela era tão boa em fazer isso...

-Agatha, você está bem? – perguntou Sue.

Não respondi.

-Ah, claro! – exclamou Leah. – Você se preocupa com ela ao invés de Seth que está lá com os sanguessugas?

-Eles não vão fazer mal algum ao Seth. – Sue olhou de esguelha para Billy. – E nem ao Jacob.

-Eu duvido disso. – disse sem pensar.

-Como é? – Billy se pronunciou pela primeira vez.

-A única pessoa que vai com certeza sair machucada aqui é Jacob. – minha voz estava morta. – Então pelo menos, é bom que Seth esteja lá com ele.

-Tá querendo dizer que não se importa se Seth se machucar? – tornou Leah.

Sue iria falar algo e a interrompi.

-Leah, você acha que tá enganando quem? Você tá é com inveja do Seth por que ele foi com Jacob e no fundo você quer estar lá.

Eles ficaram sem palavras, até Leah. Saí dali a passos firmes e me tranquei no quarto.

Fiquei um bom tempo deitada na cama. Eu dormia e acordava sempre com os olhos molhados de lágrimas. Depois de um longo tempo, eu julguei que já era de manhã, levantei-me e fui para a cozinha.

Eu estava um pouco constrangida pelo meu comportamento mais cedo, mas não era nada que me fizesse importar-me de verdade. Essa era toda a questão para mim: você passa a não se importar com o resto depois de perder o essencial.

-Sue? – chamei com a voz fraca. Ela estava tomando café.

-Oi, querida. Está melhor? – era incrível como ela nunca se zangava comigo.

Acenei em positivo, sem querer mentir.

-Leah foi atrás de Seth. – ela declarou suspirando.

-Eu sabia que ela iria. – murmurei baixo demais para ela ouvir.

-Bem, eu estou feliz que, pelo menos, ela cuidará de Seth. – ela sorriu.

Fiz um esforço para sorrir de volta.

-Você quer comer alguma coisa? – ela ofereceu.

-Não obrigada. Eu não estou com fome.

Ela suspirou.

-Eu sei que a partida de Jacob não deve ter sido fácil para você. – seus olhos castanhos claros brilharam de compreensão.

A coisa chata com os Quileutes era que parecia não haver segredos. Nada escapava. Acenei sem saber o que dizer.

-Sue eu preciso falar com você. – sentei-me defronte a ela. – Sobre a minha permanência aqui.

-O que tem? – ela perguntou desconfiada.

-Eu tenho que ir embora. – soltei.

-Mas... Por quê? – ela estava realmente surpresa.

-Eu preciso.

-Você não está gostando daqui, é isso?

-Não, eu adoro esse lugar. – sorri verdadeiramente agora. – E todos, principalmente você, têm sido tão legais comigo... Mas não dá mais. Eu estou morrendo de saudades da minha família. – E eu estava mesmo. Só de pensar neles me matava de remorso por deixá-los por tanto tempo. – Minha vida... não é essa.

-Bom... Se for isso o que você quer. – ela estava visivelmente decepcionada. – Mas como você vai voltar? Pelo o que eu sei não foi de uma maneira muito convencional que você veio.

-Eu tenho alguns planos. – eu disse sombriamente enquanto pensava na droga do penhasco.

Ela fitou-me assustada, mas não comentou nada.

-Olha, eu posso te pedir apenas um favor? – ela perguntou.

-Claro. – como poderia negar algo a ela quando Sue fizera tanto por mim?

-Pode esperar para ir assim que essa confusão acabar?

Mas isso eu não podia fazer. Estava além das minhas forças.

-Olhe, quanto a isso... – comecei, mas Sue estava com o olhar suplicante. Suspirei. – Tudo bem, eu fico. – eu disse já me arrependendo. Isso não ia dar certo.

Por que a confusão de fato só iria passar quando os Volturis fossem derrotados pelas testemunhas dos Cullens.

Estremeci só de pensar nos Volturis como pessoas reais.


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