O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 2
Fim de férias


Notas iniciais do capítulo

Aí está o primeiro capítulo. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/295164/chapter/2

Acordei com o excesso de luz entrando no meu quarto pela janela. Olhei para o relógio e mostrava ser dez e meia.

Levantei e fui ao banheiro.

Enquanto trocava de roupa, pensava no que ia fazer nesse último domingo de férias. Por que isso não só significava o fim das férias. Significava o fim de minha preciosa liberdade.

Tá, eu estou sendo dramática, mas por que minha mãe teve que fazer isso comigo? Por que ela vai me mandar para um colégio interno? Justo agora, no segundo ano?

Eu estava sendo uma boa aluna, não aprontava há muito tempo. Eu realmente não entendo porquê dessa mudança! – pensei revoltada.

Sai do meu quarto batendo a porta. Cheguei à cozinha.

–Pode, por favor, tentar não quebrar a porta, Agatha? – disse minha mãe sarcástica.

–Sim, dona Ângela. – respondi com um sorriso igualmente sarcástico.

–Não adianta ficar de mau-humor, você sabe – ela argumentou revirando seus olhos pretos.

–Mãe, é só que eu ainda não entendi por que eu vou ter que ficar trancafiada naquela escola!

Minha mãe é bastante parecida comigo, na personalidade, é claro, por que fisicamente somos completamente diferentes. Eu era teimosa e ela também era, o que significava que ela não iria desistir da escola nova.

–Filha, lá é o melhor lugar para você. É uma boa escola, você terá mais chances de receber uma boa educação – ela disse aquilo pela milésima vez.

–Mas meu pai disse que eu podia continuar na minha antiga escola! – fiz um biquinho e ela riu da minha expressão.

Meus pais eram separados desde que eu tinha cinco anos. Ele morava na mesma cidade que eu e nos fins de semana eu e meu irmão ficávamos lá na casa dele. Só que ultimamente ele estivera muito ocupado no trabalho, portanto não consegui fazê-lo convencer minha mãe a não trocar-me de escola.

–Agatha, tome o seu café. Não vai querer perder tempo, não é? É seu último dia de férias, aproveite – e, dito isso, saiu da cozinha ignorando-me completamente.

–Ótimo! – Bufei pegando um pão comendo-o com uma violência exagerada.

Voltei para o meu quarto, liguei o computador e coloquei uma música da Pitty – Déjà Vu.

Arrumei o quarto e aproveitei para colocar mais algumas coisas na mala que eu havia relutantemente arrumado.

Meu celular tocara. Era a Ariane.

–Oi Ane!

Oi! Eu tenho uma surpresa pra você! – ela gritou.

–Surpresa?! O que é, fala!

Se fosse o que eu tava pensando...

Eu vou pra escola com você!

–Ai caramba, amiga! Você conseguiu! – eu gritei e comecei a pular na minha cama.

Nas últimas semanas, eu estivera muito triste por ter de ir sozinha para outra escola, então eu pedira para Ane convencer sua mãe a deixá-la estudar comigo.

Depois de muita negociação eu vou ir! – ela parecia realmente animada.

–Eu nem acredito! Vai ser muito legal! – eu parei de pular e sentei-me na cama. – Quer dizer, não vai ser o mesmo, sem todo o pessoal... Mas mudando de assunto, você já sabe o que iremos fazer hoje?

Ah não sei... A gente bem que podia marcar alguma coisa com o pessoal não acha? Pra se despedir... – ela respondeu.

–Tá, eu vou ligar para a Jéssica, e você pode chamar o Gustavo.

Tá bom, beijo.

–Tchau – eu desliguei.

A raiva por ter de trocar de escola havia passado, agora que sabia que minha melhor amiga iria comigo. Eu gostava de meus outros amigos, mas era com a Ariane que eu sempre podia contar para tudo.

Continuei mexendo em minha mala quando percebi que faltava muita coisa.

Até agora eu havia apenas colocado as roupas, então resolvi pegar alguns livros. Fui até a pequena estante e passei os dedos por minha coleção favorita de livros.

Minha mãe não entendia o porquê de eu gostar tanto da Saga Crepúsculo. Mas era naqueles livros que eu me escondia quando o mundo exterior ficava sombrio demais.

Quando eu tinha quinze anos, há mais ou menos um ano, fiquei meio depressiva. Tinha vergonha de dizer que foi por causa de um garoto. Mas essa era a realidade...

Eu namorara ele – eu não pensava em seu nome – por três meses. Antes dele ir embora com seus pais para Nova York.

Fora triste, é claro. Mas, tentamos manter contato e a coisa parecia estar correndo bem. Até que ele não atendia meus telefonemas ou retornava, não respondia os e-mails...

Ele nunca mais fizera nenhum contato. E eu acho que foi mais ou menos aí que eu comecei a pirar. Eu brigara com meus amigos e família, não saía do quarto...

Mas essa fase passou, ainda bem. Só que eu nunca mais fora capaz de ter um relacionamento.

Suspirei. Eu não devia estar me lembrando dessas coisas.

Abri o livro de que tanto gostava e procurei a página que queria. Comecei a ler:

“-O que foi Jake? – perguntei.

–Tem uma coisa que quero lhe dizer Bella... Mas acho que vai parecer meio piegas.

Eu suspirei. Lá vinha mais do que acontecera no cinema.

–Pode falar.

–É só que eu sei que você está muito infeliz. E talvez isso não ajude em nada, mas eu queria que você soubesse que sempre estarei ao seu lado. Não quero decepcionar você... Prometo que sempre vai poder contar comigo. Caramba, isso está mesmo piegas. Mas você sabe disso, não sabe? Que eu nunca, jamais vou magoar você?”

Suspirei. Aquilo jamais iria acontecer comigo. Nenhum Jacob Black iria vir salvar-me de minha escuridão.

Outra coisa que ninguém entendia é por que eu preferia o Jacob e não o Edward. Mas esse é um raciocínio muito simples para mim. Eu não acredito em príncipes encantados, mas acredito em melhores amigos. Não que eu tenha achado um amigo como o Jake. Mas eu tenho esperanças...

Ouvi minha mãe me chamando, retirando-me de meus devaneios. Fui até a sala onde ela se encontrava.

–Você me chamou, mãe?

–Sim. O seu irmão ligou, ele vai vir para casa. – ela respondeu.

–Sério? Mas ele ainda tem um ano de intercambio. Por que ele quer voltar? – perguntei.

O meu irmão, Felipe, fizera dois anos de ensino médio nos Estados Unidos, e devia voltar depois da formatura.

–Eu sei, eu também achei estranho. Mas ele disse que quer voltar... – ela respondeu.

Eu franzi a testa.

–Será que aconteceu alguma coisa?

–Não sei... Você já arrumou suas coisas? – ela mudou de assunto.

–Hum, na verdade eu estava arrumando.

–Está bem, filha. Vá lá terminar, que eu vou ligar para seu pai. Tenho que conversar com ele sobre o Felipe voltando... – ela suspirou, cansada.

–Ok, mãe.

Fui até meu quarto e meu celular estava tocando. Atendi-o:

–Oi! – era Ariane.

–Oi!

–Você já falou com a Jéssica?

Ah, eu acabei esquecendo-me de ligar.

–Hã... Na verdade não.

–Agatha! – ela repreendeu-me.

–Desculpa, eu vou ligar prometo. Você falou com Gustavo?

–Falei. Ele disse que a gente poderia ir ao sítio da tia dele. Ele falou que é bem legal lá, têm rio, trilhas...

–Nossa! Deve ser legal mesmo. Eu vou falar com minha mãe.

–Está bem. Beijo.

–Beijo.

Dessa vez eu não perdi tempo e liguei para Jéssica. Ela adorou a ideia de ir ao sítio e quando eu pedi à minha mãe, ela também pareceu animada. Eu estava ficando mais receptiva quanto à nova escola e ela não iria querer estourar a minha bola.

De volta ao meu quarto, abri meu armário e peguei um short, uma regata, um biquíni e uma bolsa.

Eu não me sentia muito a vontade em mostrar o meu corpo, mas eu estava entre amigos, então não vi problemas.

Eu sempre fora magra, não me considerava exatamente bonita. Se bem que, todos diziam que eu tinha uma pele bonita: era morena.

Vesti-me e olhei-me no espelho. Optei por não usar maquiagem, afinal seria inútil após o primeiro mergulho.

Eu gostava do tom de meus olhos castanhos. Certo alguém – que não irei mencionar – sempre elogiara meus olhos.

Desviei-me dessa linha de raciocínio, se não eu não iria ser capaz de divertir-me nesse passeio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!