A água já estava fria, mas não fiz questão de sair da banheira. Minhas mãos escorregavam das beiradas enquanto meu corpo submergia mais na água...Eu havia perdido tudo. Deixara Jacob seguir seu destino, pensando ser a coisa certa. E só o que consegui foi dor. Eu já não ligava se viveria outro dia. Prendi a respiração e afundei minha cabeça na água. Os sons externos foram imediatamente abafados e meu corpo ficou imóvel. Eu não tinha motivos para viver, mas não queria morrer de verdade. Apenas queria me desligar do resto. Os segundos se passaram e minha reserva de oxigênio ia se esvaindo. Quando cogitei sair da água, eu vi o rosto dele. Quase soltei o ar de susto enquanto Jacob sorria para mim. Já não me restava vontade nenhuma de sair. Meu peito queimava ansiando por ar. Mas eu fiquei. Eu precisava dele, nem que fosse apenas uma ilusão. A melhor ilusão de todas. Como instinto, meu corpo começou tremer e sacolejar. Ainda assim não saí da água. Quem precisava de oxigênio quando eu tinha a oportunidade de ver o rosto que eu sabia que jamais me pertenceria? Minhas forças foram esgotando-se e minhas mãos – que agarravam fortemente as beiradas da banheira – se soltaram. Eu já não sentia mais necessidade de respirar – minha única necessidade era Jacob. Então me dei ao luxo de satisfazer meu único desejo. Meu único desejo e último.