Dinho esta paralisado e com os dedos sobre os lábios, sorri. Minutos depois a roqueira esta chegando ao hospital, Lorenzo sai em seguida.

Lia: Esse beijo, ele não podia ter acontecido, não. Eu, que droga porque isso aconteceu? Eu tinha que ter resistido – falando sozinha no quarto de Renata – Ah, primeiro o Dinho e agora você Renata e descubro que tudo que me falou é verdade, eu tinha que ter acreditado em você. E se foi você mesmo que beijou o Dinho? Eu estaria sendo injusta com ela, mas não é impossível – esta completamente confusa –  O passado dele já diz por si próprio. Mas eu estava com tanta saudade do seu beijo, da sua boca e se nada estivesse tão ruim, seria impossível que eu resistisse e algo rolasse ali mesmo, mas talvez da próxima vez. LIA que próxima vez? NÃO VAI TER PRÓXIMA VEZ. Ele te traiu, ele me traiu. – a garota falava sozinha enquanto andava de um lado para o outro – Ele não podia ter feito isso, mas ele vai me ouvir a vai. Ele vai ...

Gil: Lia? – a interrompendo.

Lia: Oi Gil.

Lia abraça o grafiteiro, Gil a solta, pegando na cintura da garota e olhando para os olhos da roqueira. Só então percebe o quanto estavam vermelhos.

Gil: Vai ficar tudo bem!

Lia: Será?

Gil: Eu espero.

Gil começa a ficar cada vez mais próximo de Lia, ele já sente sua respiração, quando esta prestes a lhe roubar um beijo, sua mente é tomada por lembranças de Renata. Ele se afastou imediatamente da garota e saiu correndo do hospital.

Lia tentou ir atrás do garoto, para saber o que havia acontecido, mas enquanto o seu pai não voltasse ela não poderia sair dali. Pela janela, viu ele se afastando e entrando em um taxi.

Raquel após levar Tatá a escola, chegava em casa e se deparava com Lorenzo sentado no sofá.

Lorenzo: Que bom você chegou.

A médica olhou espantada.

Lorenzo: Pode começar a se explicar.

Raquel: Lorenzo ... é

Lorenzo: Quer que eu te ajude a sentar?

Raquel: A historia é grande.

Lorenzo: Não tem problema, tenho o tempo todo do mundo.

Raquel senta-se, respira fundo e começa a contar.

Raquel: Lembra-se daquela viagem que eu fiz para a África?

Lorenzo: Como me esquecer? A Lia ainda era um bebe e você a deixou por um ano, para ir a esse país.

Raquel: Posso terminar?

Lorenzo: À vontade.

Raquel: A Lia nasceu em Janeiro e você sabe, ainda éramos jovens não demos tempo. Continuamos a agir com normalidade.

Lorenzo: Da pra pular para o finalmente? Quando a Lia ainda nem tinha completado 3 meses e surgiu uma viagem...

Raquel: Era em Março, quando surgiu esse trabalho na ONG. Lorenzo você tem que entender era o trabalho da minha vida, era o primeiro eu não podia perder.

Lorenzo: Claro, seu trabalho sempre foi mais importante que sua filha. Continue.

Raquel: Então eu arrumei as coisas e fui, estava tudo bem. Cheguei à África e depois de alguns meses eu comecei a sentir os primeiros sintomas . Procurei um médico de lá e veio a resposta eu estava grávida.

Lorenzo: POR QUE VOCÊ NÃO ME LIGOU AVISANDO?

Raquel: Era tudo novo pra mim e eu não queria ter outra filha, não naquela época, no mesmo ano. Fiquei alguns meses lá,  neste meio ...

Lorenzo: Como alguns meses?

Raquel: É que o meu trabalho lá só durou 5 meses, mas eu não podia voltar com aquela barriga de lá. Você não acreditaria em mim, diria que era impossível o bebe ser seu. Então como faltava apenas 4 meses para ela nascer, resolvi esperar.

Lorenzo: Isso não é desculpa, é pra isso que existe o DNA.

Raquel: Completou-se 9 meses e em Novembro nascia Renata, algumas semanas depois conheci uma senhora . O nome dela é Dulce, ficamos amigas. Ela estava lá com um amigo que tinha dado a viagem de presente pra ela. Ela tem um interesse enorme nestes casos, para ajudar mesmo e estava visitando a ONG onde eu estava.

Lorenzo: Não enrola Raquel.

Raquel:  Chegou o dia dela vim para o Brasil e eu fui até a porta do apartamento onde ela estava hospedada. Coloquei o bebê em um cadeirinha e deixei um bilhete, pedindo para que ela cuidasse da Renata por mim até eu voltar ao Brasil.

Lorenzo: EU VOU TE LEVAR PRA CADEIA, ABANDONO É CRIME.

Raquel: EU NÃO ABANDONEI, TENTA ENTENDER SE EU CHEGASSE COM ELA NOS BRAÇOS VOCÊ ...

Lorenzo: PARA DE ONDA RAQUEL, VOCÊ PODERIA TER ME LIGADO, EU BUSCAVA. EU NÃO SEI QUEM É A MAIS DOIDA VOCÊ DE ENTREGAR UM BEBÊ PARA UMA DESCONHECIDA OU ... e o que você disse que ela aceitou trazer a criança?

Raquel: Eu disse que tinha uma urgência e que não poderia ficar com a Renata lá, era perigoso que ela pegasse alguma doença, mas que assim que voltasse ao Brasil eu pegaria a criança com ela.

Lorenzo: EU NÃO TO ACREDITANDO NISTO, RAQUEL VOCÊ É DOENTE. VOCÊ PRECISA DE TRATAMENTO, ISSO É GRAVE.

Raquel: LORENZO, SE COLOQUE NO MEU LUGAR, VOCÊ PENSARIA DO MESMO JEITO.

Lorenzo: IMPOSSÍVEL, NÓS NÃO TEMOS O MESMO SANGUE. EU NUNCA ABANDONARIA UMA FILHA, ALIÁS 3 PORQUE VOCÊ FEZ O MESMO COM A TATÁ E A LIA. E VOCÊ NÃO CUMPRIU SUA PROMESSA DE PEGAR A MENINA NÃO É MESMO?

Raquel: Ela nunca mais entrou em contato comigo, era impossível encontra-la.

Lorenzo: SERÁ MESMO?

Raquel: ACREDITE EM MIM.

Lorenzo: EU SÓ NÃO FAÇO NADA COM VOCÊ AGORA, PORQUE TENHO RESPEITO PELA MINHA FILHA QUE ESTA DEITADA EM UMA CAMA DE HOSPITAL E SABE-SE LA QUANDO VAI ACORDAR. ELA ESTÁ LÁ PORQUE SALVOU A IRMÃ, QUE ELA NEM SABE QUE TEM.