Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 41
Redenção


Notas iniciais do capítulo

“Está me aborrecendo
Irritando-me
E me confundindo
Sim, sou interminável
Desmoronando
E virando do avesso
(...)Fria por dentro
E sonhando que estou viva
E eu quero você agora
Eu quero você agora
Eu sinto meu coração implodir
E eu estou fugindo
Escapando agora
Sentindo minha fé se desgastar”
—Hysteria, Muse



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_Nessie?_ o murmúrio rouco cortou a ar.

Ajoelhada, deixei o corpo flácido cair e me virei, dobrada sobre minhas pernas, em direção ao som. Os olhos escuros me encaravam insondáveis. Jake gemeu, sentado onde caíra um minuto atrás, havia sangue por toda parte; ele levou o polegar na boca, cutucou ali um segundo e então cuspiu algo que encontrou o chão com um som metálico. Eu registrava parcialmente, meu próprio eu me atingindo, tudo tremia como um terremoto, minha visão ficou embaçada.

Levei um segundo para entender que eu é que sacudia, os músculos travados.

_Ness_ Jacob vinha até mim, agachado, as mãos estendidas na defensiva. Eu solucei, lágrimas jorrando violentas, muitas emoções ao mesmo tempo. Fortes e confusas, uma verdadeira avalanche. Os braços (não tão quentes como sempre) me ergueram do chão, mas o coração batia forte e úmido sob meu rosto e me enrosquei ali. Eu pisquei olhando para cima tentando enxergar seu rosto além das lágrimas.

Não demorou até que o percebi me soltando, couro macio e gélido me recebendo. Jacob estava do outro lado dando partida no carro. Eu não conseguia parar de chorar. Jacob tocou minha mão, sua pele pegajosa por causa de todo o sangue.

Sangue. Sangue.

O cheiro. O sabor.

Em toda a parte. Sentia-me enlouquecer de culpa. Encolhi-me, de repente eu não queria olhar mais no rosto de Jacob. Vergonha não se comparava ao que eu sentia. Eu matei uma pessoa e bebi seu sangue; o que Jacob estaria sentindo com relação a mim, agora?, uma parte ínfima em minha mente questionou.

Ele murmurava algo, falava comigo, mas eu não conseguia entender, o som alto do meu pranto era perturbador. Não sei quanto tempo depois, o mundo parecia ter acelerado em seu eixo e entortado metros, poderia ser sido segundos ou a eternidade, o carro parou e antes que eu pensasse em me mover os braços, agora tão quentes como sempre, me içaram novamente.

­_Acho que ela está em choque_ a voz de Jacob soou saturada de temor.

Ah, não! Eu não podia encarar meus pais, me encolhi nos braços de Jacob, contendo os soluços, mas não as lágrimas.

_Ela vai ficar bem_ Edward murmurou, a voz quebradiça. Alguém tocou meu cabelo.

_Você está bem?_ indagou meu pai. Não houve resposta audível. _Cuidamos disso mais tarde, vamos Bella.

Senti que Jake entrava e ouvi meu carro dar partida. Ele me levou ao meu quarto, estávamos no banheiro quando abri os olhos.

_Vai ficar tudo bem_ Murmurou Jacob me colocando no chão e me soltando por um segundo enquanto tirava a blusa ensanguentada; ela caiu aos nossos pés, ergui os olhos e vi as cicatrizes inflamadas que não se coadunavam com o sangue que começava a secar em seu corpo, uma marca bem no esterno e outra abaixo do peito, nas costelas.

O pranto copioso me dominou novamente com a lembrança vívida de Jacob sem vida, a sensação de impotência e perda me fazendo desabar, os joelhos no chão, sem fôlego; o homem diante de mim, me amparando. Eu nunca tinha feito isso antes, mas acho que era uma reação mecânica, eu senti vindo: afastei-me de Jacob e virei me curvando sobre o sanitário abrindo-o e despejando o conteúdo de meu estômago num único movimento, ruidosamente.

Fiquei vagamente constrangida, contudo uma parte de mim estava aliviada que eu não faria uso do fruto da morte de alguém; havia ainda outra parte (eu fiquei pasmada ao descobri-la) que achava um desperdício; a parte maior, a que estava tendo que lidar com tudo de uma só vez me obrigava a respirar, enquanto eu sufocava com lágrimas e vômito vermelho. Jacob atrás de mim, segurando meus cabelos, afagava minhas costas.

Quando terminei, arquejante, me deixei desmoronar: minhas costas no peito de Jacob; ele acariciou meu rosto e pescoço. De alguma forma, seu carinho e cuidado me dava ainda mais vontade de chorar, eu lamentava tê-lo decepcionado. Sustentando-me com seu corpo suas mãos tiraram minha jaqueta. Em seguida minha blusa levando junto meu sutiã. Eu solucei.

_Shsh_ murmurou docemente, tentando aplacar meus lamentos. Ele me puxou de lado e tirou minhas botas com facilidade, depois se esticou e abriu a torneira da banheira.

Assisti, atônita e ainda assim entorpecida, Jacob puxar minha saia com rapidez e cuidado, levando junto minhas roupas íntimas, incluindo a meia (agora rasgada) e a cinta; ele levantou me levando junto de si e me pôs na banheira; se afastou, tirou a tampa do ralo e direcionou a água para a ducha móvel voltando para perto, sentando à beira.

Num ato inconsciente ergui os olhos para seu rosto. Jacob olhava meu corpo exposto com nada além de ternura e algo como consternação, ele bem poderia ter um bebê diante dele agora, sua expressão não seria diferente; enquanto esfregava minha mão com a sua, segurando a ducha com outra, limpava a ambos, todo o sangue (dele e de minha vítima) misturava-se a água sobre mim e escorria para meus pés em direção ao ralo. Seu rosto ainda vermelho com seu próprio sangue, agora ostentava uma marca igual as do tórax e a do ombro, no maxilar, na lateral entre a boca e o nariz. Eu mal podia acreditar que Jacob estava aqui comigo, esse único ferimento seria letal o bastante para qualquer um que pudesse ser ferido, incluindo a mim, provavelmente.

Seus olhos encontraram os meus com surpresa. Ele comprimiu os lábios minimamente, um braço passando por cima de mim e voltou com sabonete e esponja em mãos, Jake friccionou meu pescoço, queixo, clavículas e entre os seios com delicadeza, tirando as manchas de sangue, percebi vendo a espuma avermelhada.

_Já foi ao Havaí?_ perguntou de repente. Prendi os lábios entre os dentes, contendo um suspiro ruidoso, comovida com o som de sua voz. _Imagino que sim... Rebecca mora numa das ilhas, bom, ela passa a maior parte do ano lá. Ela viaja bastante. Pensei que um dia desses poderíamos ir até lá.

Ele tagarelava com a mesma casualidade com que me tocava; puxou com amabilidade minha perna esquerda (a sua direita vindo para meu lado, dentro da banheira, um apoio enquanto ele alcançava a minha), passou a esponja ali, na mancha de terra em meu joelho, então veio novamente com a ducha, molhando meu rosto e cabelos agora, revolvendo as mechas entre os dedos, extinguindo a espuma.

_Eu gostaria de conhecer uma praia quente. Eu não podia me aproximar das praias quando vivi como lobo, sempre havia alguém por perto_ lavou seu rosto rapidamente, se afastando um pouco para não me sujar e desapareceu movendo-se pelo banheiro, eu não o segui com o olhar.

Voltou com um roupão. Antes que meus membros respondessem ao comando de movimento, Jacob me ergueu: um braço pela cintura e outro sob minhas pernas, meu corpo colado ao seu; sua expressão inalterada.

­Me pôs no chão um momento, me envolveu no tecido grosso e me pegou no colo novamente.

No quarto, me sentou na cama e veio por trás de mim; Jake secou meu cabelo com uma toalha e em seguida passou uma escova, mecha por mecha. Inacreditavelmente, isso me acalmou; quando terminou me sentia sonolenta, embora muito assombrada. Ele fez com que me deitasse e sumiu em direção ao banheiro. Pareceu muito pouco tempo quando ele voltou: limpo, e uma toalha enrolada em sua cintura.

Deitou-se ao meu lado, me encasulou no cobertor e me puxou para seu peito, onde eu me enrosquei sem hesitar, seus dedos longos secaram as lágrimas que ainda brotavam apesar da minha calma aparente. O som do coração forte sob a pele castanha era como uma canção de ninar, o cheiro quente um purificante.

Ao despertar a primeira coisa que notei foi a ausência de Jacob, tão cônscia estava dele cingido a mim por toda a noite, apesar do sono profundo. Toda a confusão da noite anterior se ajustara, tudo em seu lugar: o lamento por matar um homem (isso eu levaria para sempre em meu âmago), a dor de perder Jacob, um conhecimento muito profundo agora. Algo que eu estava segura: isso me mudara indefinidamente. E ainda a satisfação inerente a minha natureza por beber sangue humano.

Se houvesse sido definitivo (minha garganta se fechou, um tremor percorrendo meu corpo), eu estaria absolutamente arrependida agora, não sei o que faria sem ele. Então me percebi completamente incapaz de visualizar minha vida sem Jacob Black; automaticamente meus sentidos buscando por ele. Ouvi o frigir de algo na cozinha, os levíssimos passos de Jacob, baques surdos na mesa enquanto ele punha coisas sobre o tampo e o cheiro de comida. Lembrei toda a dedicação dele ontem e, a quem eu estava enganando?, como poderia não amá-lo, não desejar que ele fosse meu?

Para minha surpresa as palavras de Leah, meses antes, soaram claras em minha mente e percebi que ela tinha razão: Jake havia mesmo lidado com nossa relação ambígua muito bem, melhor que eu, talvez. E ele era digno de todo e qualquer sacrifício. Não justificava meu arroubo violento, mas ainda assim...

Outra surpresa foi descobrir-me faminta. De comida humana.

Fiz toda a higiene matutina e desci imaginando o que dizer aos meus pais. Não tinha certeza se a fúria por ver alguém ferir Jacob e o choque de vê-lo morto justificava o assassinato. Não sabia se algo justificava. Alcancei um quimono azul de seda e vesti para descer.

Minha casa estava só, exceto por mim e Jacob, percebi enquanto caminhava em direção à cozinha.

Parei na soleira da porta, observando-o, vestido só uma calça de moletom, despejar tiras de bacon da frigideira no prato sob o balcão.

_Com fome?_ perguntou, me olhando depois de um segundo, a expressão suave.

Franzi o rosto com o esforço de conter as lágrimas, chateada com minhas emoções correndo soltas, à flor da pele; meus olhos úmidos, rendida ao seu olhar.

Jacob veio até mim, as sobrancelhas grossas unidas num ângulo carregado, sua expressão infeliz; lancei meus braços para ele, que se inclinou para mim, permitindo que eu envolvesse seu pescoço enquanto abraçava minha cintura.

_Está tudo bem, agora_ murmurou me tirando do chão num abraço de urso. Pressionei meu rosto na pele em seu ombro, depositei um beijo ali. Inalei o cheiro em seu pescoço, ignorando facilmente o eco da sede em minha garganta, ele tinha cheiro de mar, pinheiro, folhas frescas...

_Pensei ter perdido você _ chorei. _Você morreu, Jacob, seu coração parou.

Ele tremeu e me apertou mais forte.

_Eu daria minha vida quantas vezes pudesse para proteger você _ sua voz embargada. Fiz um muxoxo pressionando meu rosto contra o seu, sentindo o cabelo em minhas mãos. Beijei a cicatriz, agora clara, no canto superior de sua boca, pensando ao acaso que no fim do dia mal poderíamos vê-la.

Demorei ali, hesitante, sobre aqueles dois centímetros que me levaria aos seus lábios. Não precisei pensar muito: Jacob virou um pouco o rosto, roçou os lábios macios nos meus por um momento, nossos olhos presos um no outro. Eu os prendi entre os meus com uma leve pressão.

Um de seus braços abandonou minha cintura, subindo por minhas costas e se prendendo em minha nuca, enquanto sua boca quente e úmida cobria a minha com ternura, a língua pedindo espaço com gentileza. Por um momento ele me beijo o rosto, enxugando as lágrimas. Meu corpo todo reagiu a ele, tinha a sensação de que se estivesse com os pés no chão minhas pernas não me suportariam. Jacob caminhou comigo nos braços (sua boca na minha, novamente) parou e me colocou sentada, percebi vagamente que era sobre o balcão. As mãos agarraram minhas coxas, puxando-as em volta de seu tórax, obedeci e envolvi sua cintura, minhas mãos em seu rosto durante o beijo faminto.

Se eu não tinha certeza 10 minutos atrás, agora minha paixão por Jacob era inegável. Suas mãos subiram por minha pele deixando um rastro ardente, ele expirou contra meus lábios ao chegar a meus quadris e perceber que eu não usava nada além do robe. Ele puxou meu cabelo com a mão direita (sua esquerda apertando minha pele por baixo da seda) os olhos ferinos olhando meu rosto por um instante; lambeu a linha do meu queixo, antes de depositar um beijo molhado abaixo de minha orelha; sentindo-me enfraquecer, procurei sua boca. Jake retribuiu por um momento, mas então interrompeu o beijo, rindo, rouco e ofegante, em meu ouvido. O som de sua voz me arrepiou.

_Que há?_ balbuciei. A mão em minha nuca, descendo apreciativa por meu ombro, clavícula fazendo todo o caminho até meu joelho, ao lado de seu corpo.

_Seus pais. Já devem estar chegando_ um beijo rápido em minha mandíbula e ele se afastou um pouco. _Com fome?

_Sim..._ corri as mãos pela pele incrível sentindo os músculos até chegar a um curativo que eu ainda não havia notado.

_Se for de comida, eu posso resolver agora_ ele me tirou da bancada. Um selinho em meus lábios. Respirei fundo, zonza, surpresa que Jacob tivesse ido de um irmão dedicado a um amante faminto.

_Ontem já havia curado_ apontei para sua lateral.

_Ah, uma bala ficou presa entre as costelas, incomodava quando eu respirava, Edward tirou de manhã cedo. Na verdade, acho que ele se vingou por não ter me acertado aquele dia. Talvez de agora em diante ele supere_ Jacob sorriu, uma mão enorme em meu rosto.

_Onde eles estão? _ ajeitei meu robe, reatando as amarras.

_Caçando.

Ele puxou a cadeira para mim à mesa posta e buscou os pratos cheios sobre o balcão. Os olhos em meu rosto enquanto sentava à cabeceira, perto de mim.

_Como se sente?

_Frustrada­_ respondi, mal- humorada servindo-me de iogurte. Jacob riu, a expressão indulgente. Suspirei: _Não estou feliz, sinto-me culpada, mas posso lidar com isso _era com vê-lo ferido ou sofrendo que eu não poderia lidar.

Sustentei seu olhar por um momento, a dúvida me incomodando.

_Como você se sente? Eu fiz uma coisa que é contra sua natureza.

_Renesmee infeliz é contra minha natureza_ pegou minha mão sobre a mesa e levou a seu rosto. _Meus impulsos naturais reagem contra vampiros, mas você acha que eu não teria matado aquele homem se ele a tivesse agredido?! Ele não mirou você em momento algum.

Senti minha expressão deprimida ao percebê-lo me justificando e respirei fundo querendo mudar de assunto, relembrar a noite anterior estava embrulhando meu estômago e minando todo o fulgor do momento anterior, deixei minhas sensações irradiarem por minha palma e Jacob a beijou, aquiescendo. No entanto, havia algo ainda.

_O que meus pais disseram?

_Estão preocupados com você, especialmente Edward por ter visto seu estado em minha mente _um olhar de desculpas atravessou seu olhar de dor.

A vergonha me tomou. O que eu diria a eles?

_Eles não ficaram bravos_ tocou um ponto entre minhas sobrancelhas. _Na verdade compreenderam. Edward disse que o senso de proteção em vampiros em muito forte em relação a parceiros.

Movi-me inquieta, erámos parceiros agora? Ou mesmo antes. Jacob pareceu não se importar com minha hesitação, ou talvez só tenha preferido me dar espaço, de repente ele estava muito interessado no café da manhã. Eu também, na verdade.

Meu coração afundou pensando em meus pais... Eu sabia que eles haviam isso cuidar do corpo na noite anterior; lamentei que eles precisassem fazer isso. Não tanto por Edward já que não era a primeira vez, mas principalmente por Bella, a única vampira além de Carlisle que nunca matara e mais: a única que nunca lidou com um cadáver.

Vinte minutos depois, meus pais chegaram. Eu já havia me trocado e tinha em mente ir caçar com Jacob, quando eles surgiram.

Não consegui me conter quando os vi. A vergonha me tomou. Eles me abraçaram, Jacob que estava deitado no sofá, levantou inquieto. Bella enxugou minhas lágrimas, Edward afagou meu cabelo.

_Está tudo bem, amor!_ minha mãe me consolou.

_Desculpem-me_ gaguejei entre o choro.

­Após alguns minutos, depois de conseguir me conter. Eles explicaram que não encontraram os outros dois que viram na mente de Jacob, mas que isso não repercutiria. Eles não deviam ter entendido nada quando voltaram a si e também não era como se eles fossem a polícia contar que estavam fazendo um assalto quando o amigo foi morto. Estremeci com a palavra e Edward me lançou um olhar de desculpas.

Logo após o almoço que Bella e eu preparamos Jacob quis ir embora. Ele estivera inquieto a manhã toda.

_Qual o problema, Jake?_ minha mãe quis saber.

­_Nenhum! Só acho que Nessie precisa de um tempo com os pais_ ele sorriu para mim, que o encarava tentando não pensar. _Podemos nos ver amanhã?

_Sim_ respondi hesitante. Ele levantou e me beijou no rosto ignorando o olhar perscrutador de Edward.

Meus pais e eu assistimos a filmes o restante do dia. Na segunda de manhã, fui parabenizada e presenteada por eles, antes de sair para a faculdade. Recebi ligações e chamadas de vídeo por toda a manhã de Cullens e Denalis. Não deixei de pensar com carinho em Nahuel, até com saudades, eu diria, mas Jacob estava em minha mente, constantemente.

Ele provavelmente estava com dificuldades em evitar pensar em nosso surto apaixonado na cozinha. Não combinamos nada, mas eu também evitei pensar, devo ter me saído melhor que ele; sorri sozinha, comendo uma maçã, embaixo de uma árvore no campus, o livro de teorias astronômicas esquecido ao meu lado no gramado.

Eu o queria, evidentemente, mas não queria estar num relacionamento. Preocupava-me o silêncio de Nahuel. Ou talvez fosse apenas peso na consciência por estar ansiando outros lábios enquanto meu amigo provavelmente estava sofrendo. No entanto, ele era um homem inteligente, maduro e antigo, apesar da dor, ele deve ter me compreendido. Dali a algum tempo, meses ou anos, talvez pudéssemos conversar, esclarecer as coisas e retomar a amizade que tivemos desde minha infância. Ao contrário de Jacob; eu não conseguia pensar com tranquilidade em vê-lo mais tarde, quando ele viesse a minha casa para me cumprimentar pelo aniversário. Nós tínhamos que conversar, colocar as coisas no lugar, entretanto, namorar parecia tão pouco em relação ao que parecia haver entre nós, eu não queria o peso de qualquer outro título, eu já fora noiva e honestamente, fora uma experiência estressante.

Juntei minhas coisas e me decidi: eu o queria e queria agora. Precisava que Jacob soubesse.

O longo caminho para Forks nunca pareceu tão longo! Era meio da tarde quando avistei as primeiras casas da reserva.

O rosto de Jacob se iluminou quando me viu na entrada da oficina, um sorriso irrefreável se espalhando por meu rosto. Ele me abraçou como sempre, um beijo quente em minha testa, o sorriso malicioso nos lábios ao ouvir a alteração em meu ritmo cardíaco.

_O que faz aqui? Esperava vê-la a noite_ perguntou com alegria.

_Vim falar com você!_ nesse momento alguém estacionou na entrada. Nós dois olhamos na direção do rapaz que descia do carro, não devia ter mais de 20 anos.

O jovem me olhou com interesse e sorriu. Sorri educadamente e contive o impulso de revirar os olhos. Jacob pigarreou estendendo a mão para o recém- chegado e então olhou para mim, a voz séria:

_Pode me esperar lá dentro?

Aquiesci entrando no escritório enquanto ouvia a conversa sobre uma peça, hesitei um momento e decidi esperar na sala seguinte, no pequeno apartamento. Mal tive tempo de sentar na cama e ouvi Jacob caminhando para dentro. Ele sorriu para mim e puxou a cadeira do canto, bloqueando a passagem para a pequena cozinha e o banheiro.

_Porque você foi embora tão cedo, ontem?

Jacob sorriu um sorriso que fez meu estômago vibrar antes de responder.

_Não acho que Edward ficaria feliz ao ler minha mente. Não conseguiria esconder por muito mais tempo.

Sorri sentindo meu rosto esquentar. Então me recompus, imaginando como falar.

_Aconteceu alguma coisa? Você parece nervosa_ cruzou os braços parecendo preocupado.

_Estive pensando... Sobre nós!

Suas sobrancelhas se ergueram com interesse e eu continuei:

_Acho que nós podemos deixar as coisas fluírem... Mas eu não quero a pressão de um título para o que houver, estive num relacionamento por tempo o bastante para saber que um rótulo não quer dizer nada. Não quero um tipo de contrato.

Jacob me encarava, as sobrancelhas unidas, o lábio inferior projetado para fora, pensativo.

_Você é livre para fazer o que quiser. Mas eu sou possessivo, Renesmee, não acho que eu vá dividir você, se alguém...

Arquejei, ofendida. Ele se calou.

_O que estou tentando dizer é que eu quero você, só você. E quero mais do que tenho tido. Só não quero um título para isso.

Jacob continuou me fitando a expressão séria. Seis, 7, 8 segundos... Eu já estava me preparando para lidar elegantemente com uma negativa quando ele falou, os braços ainda cruzados.

_Tudo bem. Posso beijá-la agora?

Ele estendeu os braços longos encontrando meu rosto enquanto eu me inclinava para ele, sorrindo incontrolavelmente. Nossos lábios se encontraram e alívio varreu meu corpo numa direção enquanto anseio me desestabilizava em outra. Jacob se impôs em minha direção, cingindo minha cintura, minhas costas na cama; pude sentir cada linha de seu corpo junto ao meu.

Minhas mãos encontraram a barra de sua blusa, transpondo-a a fim de sentir sua pele, Jacob sorriu contra meus lábios, ruborizei, mas não me detive. Ele interrompeu o beijo, acariciou meu rosto com as costas da mão enquanto a outra acariciou minha cintura por baixo de minha blusa, depois passeou até meu joelho, encaixando-se a mim enquanto olhava-me nos olhos, um sorriso doce e os olhos de fera faminta. Mesmo por cima do jeans o calor de suas mãos parecia irradiar por minha carne. Nunca pensei ficar tão feliz por me sentir dominada. Meu coração trepidava em meu peito.

Puxei sua blusa para cima, minhas mãos correndo suas costas; Jake entendeu e em movimentos perfeitos, como ensaiados, sua pele estava livre. Sua boca na minha era lenta e intensa, num desejo por detalhes. O cheiro quente me incendiava até o cerne.

_Jacob!_ a voz tímida chamou do lado de fora. Hesitantes, nossas bocas ficaram livres. Jake suspirou, exasperado e me encarou.

_Não vai atender ao Quil?_ minha voz apenas um sussurro enquanto eu tentava aplacar todas as sensações.

_Assim que eu puder_ Jacob fechou os olhos concentrando-se.

Sorri, mais que deliciada, pensando ao acaso que não há arrependimento sem redenção.


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Notas finais do capítulo

Desculpem-me se estiver um tanto repetitivo.
Estou ousando nos capítulos "hot", experimentando algumas coisas.
Além disso imaginei que Jacob merecia alguns detalhes e já que pra eles tudo é muito mais intenso, tanto pelo imprinting como por suas naturezas...