Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 42
Sombra


Notas iniciais do capítulo

“Sempre que vejo o seu rosto
Meu coração acelera
Agora não tenha medo (...)
Querido, estamos desabando
Mal posso esperar pelo amanhã
Esse sentimento me consumiu por inteiro
E eu sei que perdi o controle
Todos aqueles sorrisos nunca irão desaparecer
E nunca se esgotarão os meios de me enlouquecer”

~Falling In, Lifehouse



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Estávamos sentados no balcão da oficina limpando peças. Nossos olhares se cruzavam apreciativos, eu não conseguia tirar o sorriso do rosto, Jacob tampouco parecia concentrado.

_Nunca fui ao Havaí_ confessei. Ele me olhou interessado. _Mas fui ao Brasil quando tinha dois anos, à ilha de Esme. Onde meus pais passaram a lua de mel_ Jacob sorriu.

_Podemos ir ao Havaí, um dia desses_ tocou meu rosto.

Quil se aproximava sem jeito, ele estivera muito constrangido ao nos interromper, mas ele tinha coisas para conversar com Jacob sobre a agenda do dia seguinte, era o meio da tarde de uma segunda- feira afinal; agora eu esperava os 40 minutos que faltavam para fechar a oficina.

_Vocês querem, por favor, dar o fora daqui?_ Quil disse ao lado de Jacob enquanto pegava uma chave na bancada. _Estão me constrangendo_ rolou os olhos.

Jake lhe deu um soco em suas costelas e ele retribuiu, os dois brigaram por 5 segundos.

_Eu fecho!_ disse Quil escapulindo para longe, sorri para ele, me desculpando.

Jacob me fitou, os olhos cheios de significados.

_Vou tomar um banho rápido.

Assenti e ele entrou no escritório.

Dez minutos de espera e meu celular tocou. Era Rose numa chamada de vídeo.

_Oi, princesa! Estou indo levar seu presente_ ela girou a câmera para Alice, que acenou radiante.

_Hã, não estou em casa_ sorri sem jeito. O rosto perfeito de minha tia franziu por um momento. _Nem em Seattle.

O rosto de sol se nublou.

_Desculpe, loura, eu sequestrei Renesmee pelo resto do dia e não sei se vou devolvê-la_ Jacob surgiu, me abraçando por trás e pegando o celular de minha mão. _Sabe ela é a raptada e também o resgate, tchauzinho!_ e desligou.

_Isso foi um pouco rude.

Ele me girou em seus braços me colando ao seu corpo, as mãos firmes em minha cintura.

_Isso me redime?_ sua boca doce e paciente na minha. Ah, certamente! _Vem, preciso passar em casa_ disse-me quando eu já esquecia o mundo, me direcionou ao seu carro.

_E depois, pra onde vamos?_ indaguei. Jacob sorriu e me olhou um segundo.

_Pra onde quer ir?

_Não sei. Meus planos se resumiam: Falar com Black _ ri, contente.

_Gosto quando diz Black _sorriu e tocou a ponta de meu nariz. _Me espera aqui?

Assenti. Em menos de um minuto ele estava de volta com um embrulho de 40 centímetros em mãos, ele pôs em meu colo.

_Parabéns para você..._ cantou. _Tem esse também_ ele me entregou um saquinho como o que tinha minha pulseira. _Mas estou aberto a lhe presentear à la Cullen.

Balancei a cabeça.

_Bobo!_ bufei enquanto abria o embrulho grande. Arquejei encantada observando o lobo que parecia uivar para o céu; era perfeito em detalhes, a marca dos pelos, dos dentes, os olhos... Tudo!

_Você é incrível, Jake_ ele sorriu parecendo orgulhoso. Abri o saquinho e era ainda mais incrível. Um lobo em miniatura, com não menos detalhes que o maior, com pequenos elos de ferro presos ao dorso.

_Bella me deu a dica.

_Sempre gostei daquele que ela tem guardado_ procurei por dentro da blusa o medalhão que estava sempre comigo e coloquei junto dele o pequeníssimo lobo.

_Quer seguir os planos que eu tinha feito?

_Com certeza_ assenti ansiosa.

Jacob dirigiu até Port Angeles, para um restaurante pequeno no píer onde comeríamos a céu aberto e a beira mar. Adorei o lugar. Jacob me confessou que tinha um plano B caso eu não estivesse disposta a encarar comida humana e que incluía uma loja de doces. O tempo estava aberto e pudemos ver o sol mergulhar no mar, deixando o céu como uma aquarela manchada de cores vívidas e sombrias.

Havia algo diferente no ar, algo que nunca havia experimentado antes, uma agonia que era ao mesmo tempo dor e deleite. A noite se estendia cheia de promessas silenciosas, ocultas em cada toque, cada beijo e em cada risada. Eu entendi o que as pessoas queriam dizer quando falavam sobre ter uma noite mágica. Entre Jacob e eu tudo parecia ter um novo brilho, um novo sabor e ainda assim, tudo era absolutamente familiar.

Conversando, olhando seu rosto, eu não me importava com nada além da bolha que sua caminhonete era durante o caminho de volta a Forks; Jacob deixou o carro morrer e aí percebi que estávamos na entrada da rua dele.

_Quer conhecer minha casa ou..._ sua mão em minha perna.

_Adoraria conhecer sua casa_ falei perguntando-me sobre a outra opção, meu coração acelerando imediatamente.

Jacob me explicou que ao longo do litoral de La Push tinha extensões de floresta e pequenas faixas de praia isoladas não fosse pelos lobos sempre zanzando ali, e que há muito conhecia um lugar que nunca o havia mostrando grande potencial, mas que depois, visto com outros olhos se tornara perfeito. Em direção à primeira praia, ele nos dirigiu a um caminho que eu nunca tinha visto. Ladeado por cicutas e abetos, a estradinha recém-aberta fazia uma curva sinuosa, desembocando numa pequena clareira de frente a uma casa de dois andares, recém- construída a julgar pelo cheiro de terra e verniz.

_Pensei que estivesse fazendo uma reforma_ acusei, pelo jeito ele estava construindo tudo.

_Mais ou menos_ sua voz era sorridente enquanto me acompanhava pela varanda a dentro, as mãos nas minhas costas. _A sala e parte do que vai ser a cozinha foram reformadas, a lareira já estava aqui. Estava abandonado, deve estar aqui faz uns 70 anos, então paguei uma taxa simbólica e é minha.

_É um belo investimento, vai ficar muito bonita.

_Não sei mais se é só um investimento... Venha, vou te mostra a melhor parte_ me levou pela mão em direção à cozinha cheia de ferramentas.

Havia uma varanda nos fundos, com uma escada larga de 3 degraus que dava para um quintal grande; dali dava para ouvir o mar, uma mancha clara quebrava o paredão que era a floresta na noite, por ela podia-se ver a espuma prata das ondas na noite quebrando do outro lado das árvores, a casa era longe o bastante para não ser atingida pela maré, mas perto o bastante para que aquela parte fizesse parte da propriedade.

_Você tem o mar de quintal.

_Minha própria ilha_ ele me puxou para si. _Tenho muitos planos para este lugar.

Jacob me olhou nos olhos e eu só o sentia por todo o lado; o lugar, a simplicidade e a beleza, a terra, a floresta e o mar... Tudo cheirava a Jacob Black.

_A parte de cima já está quase pronta. _ Jake me guiou para dentro da casa e pela escada de um lance, em madeira envernizada. O corredor tinha 2 portas, era maior do que parecia pelo lado de fora. Era maior que a casa de Billy e um pouco menor que a minha em Seattle. Com certeza abrigaria confortavelmente um casal com 1 ou 2 filhos.

Jacob abriu a primeira porta. O quarto escuro estava pronto e mobiliado havia algum tempo, a julgar pela tinta já seca. Havia uma cama, grande o bastante para comportar Jake, de frente para a porta junto a uma janela grande, por onde a luz da lua cheia (e parcialmente encoberta) entrava, ladeada por duas portas. Havia uma cômoda e havia sobre ela retratos, um eu vira em seu álbum de família, a última foto de toda a família Black antes que a mãe morresse. A outra era minha, com Sarah no colo, na segunda praia no quatro de julho, sorri.

_Presente de Rachel_ ele explicou.

_Já se mudou?

_Não, dormi aqui dois dias, fiquei trabalhando até tarde. Não quero deixar Billy só.

Aquiesci avançando, indo até a Janela atrás da cama. Podíamos ver o mar, era perto demais para se ver a praia.

_Banheiro. Closet_ ele apontou para as portas respectivamente.

_Uh, Jacob Black tem um closet!_ brinquei olhando-o por cima do ombro, ele deu de ombros contendo um sorriso. _Alice trabalhou bem em sua mente nos últimos meses.

Jacob se aproximou por trás de mim. Os dedos correndo por meus braços, seu nariz correndo de meu ombro até minha orelha, eu tremi. Seus braços fecharam a minha volta como um torno, seu corpo colado às costas do meu, enquanto sua língua explorava a pele em meu pescoço, suspiros incontinentes irrompendo por meus lábios. Isso durou até que cada pedaço de minha pele implorava por um toque dele. Jacob me girou em seus braços, sua boca encontrando a minha, minhas mãos tomando controle de meu corpo, jogando longe sua jaqueta. Beijamo-nos incapazes de nos afastar por um longo momento, seu corpo ao longo do meu; eu o puxava, ele me cingia e não era perto o suficiente.

Sua mão em meu pescoço e um braço em minha cintura, ele nos afastou um pouco.

_Não quero que essa noite acabe_ a voz grave não era mais que um sussurro. Procurei algo para dizer, mas eu estava arrebatada demais para dizer-lhe algo; deixei irradiar por minha mão em seu rosto tudo que estava sentido. Jacob gemeu, tomado por minhas sensações. Um novo abraço de aço e então ele me pegou no colo.

Um passo em direção à cama e me depositou lá, parando contemplativo por um instante, as mãos vindo para os botões em minha blusa por dois segundos.

_Desculpe-me_ murmurou, antes que eu pudesse perguntar o som áspero de tecido rasgando rompeu a noite, arquejei uma meia risada, surpresa. Sua boca na minha novamente, descendo em meu pescoço. Minhas mãos tateando-o... Jake achou facilmente o fecho de meu sutiã, livrando-se dele. Uma de suas mãos traçou uma linha de meu queixo ao cós de meu jeans, eu tremi com o espectro de fogo deixado.

Ele se ergueu e os olhos de noite clara entristeceram me olhando. Lentamente, me matando com a expectativa, ele voltou para mim e depositou, docemente, beijos castos ao longo de cada linha onde outrora suas garras me feriram. Ao fim da última ele se deteve, longe de mim, meu corpo parecendo frio sem o seu; com muito mais paciência do que eu dispunha, ele me tirou as botas e tudo o mais, tirando a própria roupa depois.

Sua boca encontrou a pele acima de meu joelho esquerdo e subiu com beijos tépidos e úmidos, as mãos apalpando cada centímetro meu enquanto eu me contorcia numa adorável angústia.

E quando ele alcançou minha boca, seu corpo sobre o meu; quando os beijos e as carícias já não eram o bastante, já não expressavam todo o desejo e todo o sentimento; quando você quer tanto alguém que ser esse alguém parece a única forma de alívio, e ter a pessoa dentro de sua pele é a única coisa que parece a verdadeira felicidade. Isso é fazer amor... Quando tudo transborda, quando o que você quer e sente está para além do limite de seu próprio ser.

Lento ou selvagem, o que torna abstrato algo tão carnal é o que te levou até ali.

O mundo inteiro fez sentido.

Tudo o que eu vi a minha vida inteira era real. Existia para mim também, absolutamente concreto, dentro e fora de mim, por todos os lados, em todos os meus sentidos e estava me olhando, nos impelindo numa dança etérea, o rosto junto ao meu.

E no ápice, enquanto vibrávamos juntos, eu chorei. De emoção e de prazer. Tudo estava em seu lugar, eu me sentia completa como nunca imaginei que poderia.

_Às vezes eu não acredito que você exista_ murmurou ofegante e ainda trêmulo beijando meu rosto por cima das lágrimas de regozijo, eu o apertei contra mim, o envolvendo com braços e pernas.

Jacob inspirou em meu pescoço e em meus cabelos. Beijei o ponto atrás de sua orelha, gostando da sensação da pele em minha língua, a sede por ele ardendo em minha garganta e reacendendo meu corpo enquanto o seu tinha leves espasmos, isso instigou a forma como nossos corpos estavam ligados, tudo recomeçando.

_Você tem sorte que eu me recupere rápido_ sorriu malicioso.

Acho que o que me acordou foi a chuva, fiquei confusa com a luminosidade. Era difícil dizer que horas seria. Jacob me abraçou, já desperto.

_Acho que preciso ir, tenho um bom tempo de viagem_ reclamei sem vontade, com sono (mal dormirmos duas horas) e sem querer deixar Jake.

_Eu também. Ou vou ter que dar um aumento para o Quil_ murmurou contra a pele de meu ombro. Vire-me para olhá-lo e ele tinha um enorme e brilhante sorriso.

Eu o beijei sendo puxada sobre ele. Não queria sair dali e voltar para a realidade, era como se tudo fosse se desfazer.

_Você não vai me dar um fora como na última vez, vai?_ ele segurou meus cabelos longe do rosto. Sorri, constrangida e sentindo-me muito audaciosa com o que diria.

_Não... Pode abrir uma nova cláusula no contrato: procure-me quando quiser e exerça... Seus direitos, recém-adquiridos.

_Gostei disso_ um selinho. _Que tal um banho a dois?_ com muita habilidade ele se levantou comigo no colo, nos levando ao banheiro.

Depois de um resumo em 20 minutos da noite inteira no chuveiro, descobrimos que ainda eram seis horas, o que significava que Jake estaria a tempo no trabalho e eu assistiria metade das aulas da manhã.

_Não tenho o que vestir_ falei erguendo minha blusa em trapos para que Jacob visse, ele apenas me lançou um grandioso sorriso presunçoso enquanto calçava suas botas.

_Fica com a minha. Mas deve ter algo seu, lá casa.

Eu gostei mais da ideia de vestir a dele.

Ficou gigante, é claro, então prendi uma ponta por dentro do jeans, desembaracei o cabelo molhado com os dedos e me avaliei no espelho a cima da cômoda.

_Você fica irresistível de qualquer jeito_ Jacob me agarrou por trás olhando nosso reflexo. Sua blusa azul escura havia me deixado um tanto desleixada, coloquei o relicário, e agora o lobo, para fora da blusa. _Linda!_ disse em meu ouvido, um arrepio bom me percorrendo.

Jacob vestiu a jaqueta de couro e saímos.

Despedimo-nos em frente à oficina, onde meu carro estava estacionado, com um longo e intenso beijo, Jake prendendo-me entre seu corpo e meu carro. Ele puxou os cabelos em minha nuca, sabendo que isso mexia comigo, afastando meu rosto, eu expirei com a sensação saindo de minha nuca e seguindo por minha coluna. Jake sorriu e mordeu meu lábio.

_Gente, isso é local público_ disse Quil do outro lado da rua, abrindo a oficina. Paul ria ao seu lado.

_Crianças indo para escola_ Paul apontou para dois garotos que passavam, mais interessados no carro que em mim e Jake. _Você devia dar o exemplo, Jacob!

Jacob sorriu, mas os ignorou.

_Ligo mais tarde_ disse-me.

Aquiesci relutante em partir, mas fui embora.

Na universidade enquanto seguia para a sala da segunda aula da manhã encontrei Karen e Julie, duas das meninas do meu grupo de estudos.

_Cabelos úmidos e uma blusa masculina!_ exclamou karen, sua expressão exagerada de surpresa.

_Alguém teve uma ótima noite_ completou Julie. Elas tinham uma curiosidade erótica aguçada em relação a mim. Revirei os olhos, mas estava muito bem humorada para não sorrir em resposta.

As aulas foram maçantes sobre meu cérebro cansado; híbridos precisam dormir afinal, pensei comigo mesma; não se pode ter tanto poder biológico dentro de um corpo semi-humano e não precisar recarregar. Foi bom chegar em casa no fim da tarde.

Lavei roupas, incluindo o jeans que vestia, hesitante sobre tirar a blusa do Jake, continuei com ela um pouco mais de tempo; fiz uma pequena lista de compras; aspirei o andar de baixo enquanto esperava a secadora dar sinal. Eu gostava de fazer essas coisas, ao contrário da maioria das pessoas, não era ruim quando se tem velocidade tão acima da média.

Eu sabia que era uma sensação infundada, mas conforme o dia avançava para seu fim, a noite passada me parecia cada vez mais onírica, embora eu pudesse sentir a boca quente na minha, sempre que eu pensasse, ou em qualquer parte do meu corpo. Seu cheiro estava em minha pele, eu estava vestida, literalmente, com seu perfume.

Meu telefone tocou, me coração acelerado, quase doía no peito.

_Oi_ tentei controlar minha voz, mordi o lábio domando o sorriso que ameaçava rasgar meu rosto.

_Renesmee_ ele parecia acariciar meu nome. _Posso... Exercer meus direitos, hoje?

_É claro_ sorri, houve uma pequena risada e o telefone ficou mudo. No mesmo instante ouvi a caminhonete entrar no pátio em frente a minha casa.

O esperei à porta, impressionada.

_Oi, ruiva!_ Jacob sorriu maroto, me agarrou pela cintura me tirando do chão e me beijou; a porta fechou atrás dele, que caminhava me segurando.

Sentou-se no sofá, minhas pernas o flanqueando. Nossas respirações já descompassadas.

A secadora alarmou, nos interrompendo. Jacob sorriu apertando meus quadris.

_Estou cheia de poeira. Limpei o andar de baixo, lavei algumas roupas... Preciso de um banho! Veja ainda estou com sua blusa.

_Eu adorei como ela fica em você_ murmurou. _Que tal eu ir com você para o banho?

Sorri, tentada e capturei seus lábios. Jacob me levou, agarrada em sua cintura para o andar de cima.

Arfei trêmula, quando ele tirou a única roupa que eu usava. Depois de um longo beijo fui para o banheiro, ouvindo o farfalhar suave das roupas enquanto ele as tirava. Abri a água da banheira e coloquei sais, mordendo o lábio, ansiosa.

_Leu minha mente?_ a voz risonha veio de muito perto, as mãos quentes em minha cintura. Escapuli, entrando na água, olhando seu rosto, tolamente constrangida com sua nudez.

_Por quê?

_Pensei muito em ter você aqui_ sussurrou enquanto entrava, as pernas entrelaçando com as minhas, minha respiração prendendo na garganta enquanto ele sustentava meu olhar, as mãos segurando meu tornozelo por baixo da água morna.

Puxei minhas pernas, me dobrando, minhas mãos submersas, apoiando em suas pernas e me encaixando entre elas; meu peito deslizando em seu abdômen até o peitoral, nossos lábios se encontrando.

Eu ficaria em La Push aquele fim de semana. Era uma manhã de sábado movimentada na oficina, pelo que vi do outro lado da rua.

Havia dois carros no galpão e eu podia ouvir Quil conversar no escritório, Jake estava debruçado sob um capô e Seth trocava um pneu. Havia também duas moças, não deviam ter nem 18 anos, trocavam olhares e risinhos enquanto devoravam Jacob com os olhos, que por sua vez estava com a parte de cima do macacão aberta, solta nos quadris, o dorso e peitoral expostos.

Um segundo na entrada e Jacob me olhou (aquele olhar que me causava uma onda de desvelo), passei pelas duas sem encará-las; o beijei um pouco mais demoradamente e sorri para ele por um segundo, as encarando com arrogância logo depois, deliberadamente. Jacob seguiu meu olhar por um segundo depois voltou ao trabalho. Elas desviaram os olhos, intimidadas, e resolveram esperar lá fora.

_São clientes, não as espante com esse olhar de vampira_ sua voz era baixa demais para humanos, chegava a ser avacalhada.

_Então, vista-se!_ sibilei.

Nesse momento Quil saiu do escritório com o senhor com que conversava, os dois se despediram, então me olhou, provocativo.

_Mas vocês nem são namorados, afinal, o que vocês são mesmo?

Senti meu rosto ficar vermelho, cruzei os braços imperiosamente, meus olhos fulminando ao Quil, que riu, acompanhado de Seth. Eu nem ao menos pude dizer algumas coisa, ele tinha razão. Não era como se Jacob estivesse flertando, ele só era alvo da luxuria de colegiais, o que me enfureceu. Ele era meu.

Olhei para Jake e ele mordia o lábio, impedindo o riso, mas puxou o macacão para cima e passou os braços pelas mangas. Então voltou-se ao seu trabalho. Quil entrou e Seth foi para fora chamar as garotas, o carro estava com o pneu novo. Quando elas partiram, entrou também.

_Não fiquei assim_ murmurou Jake enquanto o fitava, escorada a lateral do carro e irritada. _Sabe que não vejo ou ouço qualquer outra_ um dedo sujo tocou a ponta de meu nariz.

_Mas elas todas tem olhos para você_ Chiei, virando-me. Jacob puxou meus cabelos, senti-o enrolá-lo em sua mão, três voltas até que senti o empuxo. Não doeu, Jake jamais me feriria; pelo contrário, isso mandou uma corrente elétrica ao sul de meu corpo. A lateral de meu corpo estava colada ao seu, seu hálito em minha orelha:

_Você fica linda com ciúmes, mas não se aborreça por isso. Eu sou só seu. Minha vida é sua_ virei o rosto tomando seus lábios.

_Minha mãe entrou em trabalho de parto. Foi para Forks_ falou Seth nervoso, no batente da porta do escritório, fazendo Jacob e eu nos separarmos.

Fui com Seth ao hospital, avisamos Leah no caminho. Charlie parecia que ia ter um AVC a qualquer momento, mas para a surpresa de todos, ele não quis sair do lado da esposa, estava com ela havia uma hora, enquanto as dores aumentavam. Seth estava me deixando louca, sentava e levantava, andava de um lado para o outro, já havia bebido 5 cafés em uma hora de espera.

_ Seth, fique calmo. Sue é forte, saudável... O obstetra dela não teria deixado a gravidez ir até o fim se não estivesse tudo bem.

Ele fez uma carranca, mas aquiesceu.

Charlie veio conversar um pouco conosco. Perguntei-me se ele estava conseguindo dar apoiou a Sue, e não deixando a mulher mais ansiosa. Vinte minutos depois uma enfermeira simpática disse que ela o chamava, então deduzi que ele estivesse ajudando. Meu avô nos dispensou dizendo que as coisas ainda precisavam evoluir, que estava tudo bem, mas o bebê não ia nascer ainda.

Ele estava ansioso, durante os nove meses não pudemos saber qual o sexo por causa das posições do feto, então era uma grande surpresa. Seth e eu fomos almoçar e encontrar Jacob.

De volta ao hospital no meio da tarde, Leah já estava lá, nos cumprimentamos com um abraço. Ela parecia mais calma que Seth.

Minha mãe me ligou, disse que estaria na cidade antes do anoitecer. Percebi que Leah não gostou muito, mas ela não disse nada. Não era que Leah nos odiasse realmente, mas ela ainda não superara a aversão natural a vampiros, embora fosse realmente amigável comigo.

Às 18 horas da tarde, num sábado 26 de outubro, Sue deu a luz a um garoto saudável, deixando Charlie eufórico. Minha mãe acabara de chegar quando Charlie veio até nos, emocionado, dizer que era um menino e que logo poderíamos entrar para vê-lo.

Depois que Seth e Leah entraram para ver a mão, só Seth, saiu, então eu fui até lá sozinha. Sue estava cansada então não tumultuaríamos o quarto. Eu me vi surpreendentemente emocionada conhecer a pequena pessoinha nos braços de Sue, mamando. O rostinho ainda enrugado e avermelhado. Eu nunca havia tido nenhum contato com bebês e eles nunca me interessaram em especial; claro, eram fofos e despertavam inspiravam carinho, mas era só.

Leah, sentada na cama de frente para a mãe, os fitava enternecida, um lindo e grande sorriso no rosto bonito.

_Parabéns, Sue! Como se sente?_ murmurei me aproximando, ela sorriu cansada, parecia abatida e ao mesmo tempo imensamente feliz.

_Estou bem, querida.

_Como meu tio se chama?

Leah e Sue riram, eu estava muitíssimo animada em ter um tio.

_Leah, Seth... E Matthew.

_Matt. É lindo!

_Eu sugeri_ disse Leah orgulhosa, nós trocamos sorrisos. _Vou sair, acho que sua mãe também quer conhecer o irmão.

***

Era dezembro e passaríamos o natal com Charlie e Sue, meus pais também viriam. Na véspera Jacob e eu saímos para caçar, a floresta estava branca, mas havia pouca neve no chão. Ele parou tirando a calça de moletom enquanto eu o admirava, dobrou a roupa pôs sobre e enrolou uma tira de couro, que sempre estava em seu tornozelo, frouxa, de maneira que só prendesse quando ele não fosse mais homem; me lançou um sorriso de lado e em menos de um segundo um lobo estava em seu lugar. Ele arreganhou os dentes, num sorriso lupino e ganiu se aproximando, o focinho tocando meu peito e eu lancei meus braços em sua enorme cabeça, pousando a cabeça entre seus olhos.

_Eu quis ter um cachorro_ ri contra seu pelo com a recordação. _Edward me levou a um Pet Shop para me mostrar a reação deles à vampiros. Fiquei bem chateada.

Jacob ladrou uma risada, movendo-se, sua língua super quente me lambendo, fechei os olhos me encolhendo num misto de cócegas e lascívia.

_Isso é zoofilia?_ gargalhei, Jacob bufou revirando os olhos.

Corri, Jacob ficando para trás, trotando de leve, eu podia ouvi-lo, mas não estava mais em um campo de visão. Eu estava há cinco quilômetros de onde ele mudara de forma, o lobo cerca de um km atrás de mim, tentando não espantar minha caça. Eu queria um puma, ouvira falar que a população aqui estava maior do que era segura para as pessoas, desde o verão passado.

Jacob uivou à distância, eu parei assustada, derrapando alguns centímetros na terra úmida. Era um chamado urgente. Então ouvi outra aproximação, a minha frente, duvidando de minha audição por um segundo, eu não conseguia acreditar. Enquanto isso Jacob estava cada vez mais perto.

O lobo irrompeu ao meu lado dois segundos antes que Nahuel. O híbrido, cor de ébano, pousou a nossa frente há 15 metros de distância. Os olhos estreitos do que parecia horror, as mãos crispadas em garras e a postura levemente inclinada, pronta pra atacar se fosse preciso. Os sinais em sua mente eram confusos, mas eu sabia que ele estava com raiva e algo que eu só pude identificar como medo. Seus olhos iam de mim ao lobo atrás de mim.

_Nahuel_ disse num impulso.

Ele balançou a cabeça lentamente.

_Um lobisomem... _ Os olhos lacrimejaram, assombrados. E ele partiu.

_Nahuel! _gritei, me preparando para segui-lo, mas os braços de um homem me envolveram.

_Não, Nessie. Você quer eu vá, que eu o convença a falar com você? Eu o alcanço.

Surpresa, olhei para cima, para o rosto de Jacob e ele falava sério. Claro que falava...

_Não_ suspirei, tentando controlar a voz e conter as lágrimas que queriam transbordar em meus olhos; eu não o magoaria assim. Não choraria por Nahuel nos braços de Jacob novamente, eu havia prometido a mim mesma. _Tudo bem.

Eu não queria que eles ferissem um ao outro.

_Você acha que ele a estava seguindo?

_Não, sei... talvez. Vamos para casa. Perdi a fome.

De repente todas as sensações e sentimentos saudáveis e alegres pareciam muito distantes.

Mesmo a aura brilhante inerente a Jacob parecia eclipsada, agora.

Eu apenas desejava que ninguém sofresse.

Lamentava não poder dar algumas explicações ao homem que me ama e que eu amava também, de alguma forma.

Não queria que esse amor de tornasse uma sombra.

Não era justo com ele nem com toda a dedicação de Jacob por mim.


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Notas finais do capítulo

Denise Cavalar, obrigada pela recomendação, meu bem.
Esse capítulo é seu.

Muito amor nesse capítulo, né? Foi gostoso escrevê-lo.
Bjs, leitoras lindas do meu coração.