Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 39
Tudo está bem quando acaba bem, mesmo quando não tem fim!


Notas iniciais do capítulo

“Eu morri todos os dias esperando você
Amor, não tenha medo
Eu te amei por mil anos
Eu te amarei por mais mil
O tempo fica parado
Há beleza em tudo que ela é
Terei coragem
Não deixarei nada levar embora
O que está na minha frente
Cada suspiro
Cada momento trouxe a isso”
~A Thousand Years, Christina Perri



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/294941/chapter/39

Seth estava conosco na oficina naquela sexta à tarde, eu havia contando sobre meu almoço com Renesmee no dia anterior e sobre Anne esperar um filho meu, Seth ficou tão abismado como Billy e Quil, mas agora tagarelava sobre sua mais recente conquista no campus, mas então seu telefone tocou; o que não seria grande coisa se não fosse Leah guinchando do outro lado da linha, parecendo apavorada.

_Seth!_ deslizei pelo chão sob o carro, para fora, quando percebi o tom urgente. _Mamãe está mal, Charlie a levou desacordada para o hospital de Forks, estou indo pra lá.

_Mas o que houve?_ Ele tentou, mas ela já havia desligado. _Vou ao hospital_ murmurou indo em direção à saída.

_Dê notícias! _Quil falou antes que eu pudesse. Nós trocamos olhares preocupados, eu tinha uma sensação estranha, algo que eu devia saber, era quase como tentar lembrar um sonho.

Já tinha acabado o expediente e ainda estava na oficina, agora sozinho, adiantando algumas coisas. Pretendia ficar com Renesmee no fim de semana, e não queria abusar de Quil. Ouvi um carro frear bruscamente na frente do galpão, eu estava de portas fechadas, então não pude ver até que ela abriu o portão num rompante, fazendo a corrente grossa bater com um som alto; Leah parecia furiosa.

A encarei atônito, há muito anos eu não a via tão brava.

_Minha mãe está grávida!_ anunciou entredentes. Balancei a cabeça, confuso. _Ela quase perdeu a criança porque os remédios que ela tomou não eram ideais para esse estado!

_Parece horrível, mas porque está com raiva?

_Me parece muita coincidência o resultado de Anne ser positivo quando o de minha mãe é negativo, sendo que minha mãe realmente está grávida. Elas fizeram os exames no mesmo dia, Anne ficou sozinha no ambulatório quando minha saiu para falar comigo. Um teste de sangue não falha assim, duas vezes!

_Acha que Anne trocou as amostras?_ eu não pude acreditar no que estava dizendo. Era uma coisa muito séria...

_Eu estava na sala, ajudei minha mãe com a amostra dela para os exames, era uma coisa extraoficial, não tinha ninguém mais lá. Tudo estava especificado, eu etiquetei a amostra dela, quando Anne chegou. Então eu saí, você sabe, essa coisa de sigilo médico, 5 minutos depois minha mãe veio falar comigo, dizer que eu voltasse para casa.

_Leah...

_Jacob, eu vou matar essa garota!_ rosnou.

_Eu não posso acreditar.

_Leve-a ao médico! Ou peça que ela faça alguns testes de farmácia.

Eu não queria acreditar que Anne pudesse ser capaz disso, mas Leah tinha razão, tinha algo nisso. Era muito estranho. Sem realmente cogitar peguei meu celular e disquei para Anne.

_Jacob_ ela atendeu, podia afirmar que ela estava contente com minha ligação. Levei dois segundos para responder, tentando encontrar minha voz.

_Como está, Anne, como se sente?_ minha voz inflexível. Leah me encarava, os olhos estreitos, ódio provindo dela.

Ao telefone, Anne hesitou um pouco:

_Er... Na verdade, um pouco mal, estranha, mas não quis incomodar você.

_Por favor!_ grunhiu Leah revirando os olhos.

_Certo, estou indo até aí_ desliguei depois de seu “tudo bem”.

_Vamos à farmácia_ disse-me Leah.

O auxiliar da pequena farmácia de La Push nos olhou desconfiado quando Leah pediu 3 testes de gravidez, do melhor, o mais seguro do mercado. Levou uma discussão de 5 minutos convencer Leah de que ela não iria comigo até a casa de Anne, eu realmente temia que ela ferisse a garota, com ou sem bebê, eu não poderia permitir.

Anne me recebeu com um abraço quando abriu a porta, retribui por reflexo, eu estava apreensivo e com certo nível de raiva.

_Sua mãe está?_ indaguei enquanto entrava.

_Acabou de ir ao supermercado.

_Ela já sabe?

_Não tive coragem de contar ainda_ balançou a cabeça. Peguei-me procurando ouvir qualquer sinal de que houvesse mais que só nós dois naquela sala, ouvir um zumbido, um coração extra... Mas não havia nada além do normal, talvez fosse cedo demais, talvez naquela forma eu não pudesse ouvir ou talvez não houvesse nada.

_Arrume-se nós vamos ao médico_ afirmei. Anne franziu o cenho, cruzando os braços, surpresa.

_Que? Não, eu fui ao médico quarta-feira. Estou bem, são só sintomas... _ sua voz morreu enquanto eu a fitava com desconfiança.

_Então, faça esses testes_ tirei as 3 caixinhas do bolso da jaqueta e ofereci a ela. Anne as fitou boquiaberta por alguns segundos então olhou para mim, os olhos cheios de lágrimas.

_O que você está fazendo, Jacob?_ murmurou.

_Me diga você, o que está fazendo, Anne!_ gritei, prevendo a frustração que viria.

Ela se afastou um passo ao meu grito, o corpo retesando, o susto dela me obrigou a procurar calma, eu não queria agredi-la em nenhum aspecto. Pressionei o punho contra os olhos e respirei fundo. Anne sentou no sofá, enxugando os olhos.

_Você não vai fazer o teste, vai?_ perguntei. Ela não disse nada, continuou fitando algum ponto longe de mim. _Porque o resultado será negativo, não é?_ minha voz falhou, eu não sei se era raiva, decepção, frustração ou tristeza. Provavelmente todas as alternativas.

Anne segurou um soluço, baixou os olhos e virou o rosto tentando esconder as lágrimas.

_Até quando você achou que ia me enganar? O que ia fazer quando a barriga tivesse que crescer ou quando chegasse aos nove meses?!_ minha voz se elevando com os absurdos que eu estava pensando.

_Desculpe-me_ murmurou quase inaudível, sufocada com lágrimas.

Aproximei-me dela e me ajoelhei a sua frente, parecia um djavú, a diferença foi que eu a toquei; afaguei seus joelhos.

_O que você fez?­_ perguntei o mais docemente que pude. Ela me olhou, o rosto franzido e úmido.

_Eu achei que estivesse grávida, atrasei uma semana, 3 semanas atrás. Então... Eu não estava pensando, só queria uma forma de ter você perto e tentar..._ um suspiro entrecortado.

_Resolvi fazer um exame só para ter certeza, eu queria tanto ter um filho seu, então vi uma amostra com o nome de Sue e vi que era o mesmo exame que eu faria, foi um impulso! Se ela não estivesse grávida tudo bem, porque, no fundo, eu sabia que também não estava, e se ela estivesse, bem..._ ela deu de ombros e fungou.

_Isso foi muito irresponsável, Sue está hospitalizada agora. Porque ela não tomou a medicação correta para gestantes. Ela quase perdeu o bebê_ falei.

_Ah, meu Deus! Ela está bem?

Suspirei levantando.

_Por sorte, mas poderia não estar_ Sentei com ela no sofá.

_Eu sei que não justifica e eu fiz uma idiotice, mas eu amo você, Jacob, eu não quero perder você _ ela limpou as lágrimas recentes.

_Eu também amo você, Anne_ admiti, tomando suas mãos nas minhas. _De verdade. Mas não como você precisa, eu não posso corresponder você. Quando acontece com um lobo o que aconteceu comigo, todo o resto continua como sempre foi, mas em segundo plano... _eu tentei explicar, embora ela provavelmente nunca entendesse. _Eu quero que você seja feliz e quero que você saiba que eu seria feliz sendo motivo da sua felicidade, mas... Eu não posso me dividir em dois.

“No mundo onde eu vivo, as coisas não são preto ou branco. Eu é que ainda não havia me dado conta disso, apesar de tudo”, refleti.

_Você e essa garota, já se acertaram?_ ela fitava nossas mãos unidas.

_Somos só amigos.

_Ela é uma idiota por fazê-lo esperar. Diga a ela, que eu mataria para estar com você, Jake, melhor que ela se apresse!_ ela sorriu através da expressão triste.

Bufei um riso e a abracei, beijando os cabelos castanhos.

_Prometa para mim que vai se cuidar?_ falei contra as mechas escuras.

_Se me perdoar por mentir para você! Diga a Sue que sinto muito _ fungou.

_Sim, eu a perdoo. A propósito evite encontrar com Leah, ela está furiosa.

Anne bufou. Tirei meus braços dela delicadamente e me levantei, indo para a porta.

_Jacob.

_Sim?_ me virei para ela. Anne tirou do dedo o anel de noivado e o estendeu para mim.

Balancei a cabeça.

_Eu prefiro que você fique, eu...

_Não o quero, Jacob. Ele é só uma lembrança de tudo o que eu não vou ter_ a mão ainda estendida com o aro reluzente. Atendi sua oferta, compreendendo e peguei.

_Você como seria se eu estivesse mesmo esperando um filho seu?_ indagou, encolhi os ombros.

_Como eu disse: eu cuidaria e o amaria. Fiquei espantado com a ideia, mas tenho certeza que eu gostaria de ser pai de um filho seu, eu havia pensando muito nisso, sabe, antes. Eu quis mesmo todos àqueles planos.

Ela assentiu, os olhos ainda úmidos. Naquele momento eu entendi como Bella se sentiu rompendo comigo, me deixando quebrado (de tantas formas) naquela cama, mais de oito anos atrás. Era difícil deixá-la lá, parecendo tão frágil, mas eu apenas caminhei para a saída e me afastei pela chuva em direção a minha caminhonete.

Talvez parecesse muito providencial que agora eu pensasse assim, e eu também me sentia culpado por isso, no entanto eu lamentava que não houvesse criança. Sentia por nosso futuro perdido, pelos planos desfeitos e desejava com todo meu coração que ela encontrasse alguém que a amasse e satisfizesse de todas as formas.

Fui ao hospital ver Sue, eu me sentia culpado. Não pude vê-la, estava dormindo e passaria a noite em observação, mas se tudo continuasse bem ela estaria em casa pela manhã. Charlie, Seth e Leah estavam lá sentados no corredor da porta de Sue.

Charlie estava ao telefone com Bella.

_E então, como foi?_ Leah perguntou, sedenta por vingança.

_Você tinha razão_ admiti sentando.

_Eu sabia! Aquela... _rosnou.

_Charlie sabe?_ indaguei.

_Cara! Que loucura! Não, não sabe. Ele ia querer prendê-la_ disse Seth, como sempre incapaz de sentir raiva.

Charlie se aproximou, só sorrisos.

_Vou ser pai, Jacob! Outro filho!_ disse-me com um sorriso enorme. Levantei para cumprimenta-lo, o abracei. Ele retribuiu com tapinhas nas costas, desajeitado.

_Parabéns, Charlie. Quem sabe não seja um garotão, hein!

_Na minha idade, garoto, o que vier é lucro! _nós gargalhamos até recebermos um severo “Shiu!”, de uma enfermeira.

Meu telefone tocou e me afastei para atender, era Bella.

_Bella.

_Jacob_ ela hesitou um instante. _Renesmee me falou, sobre a gravidez de Anne. Parabéns. _sua voz era inflexível. _Agora ouça, preciso de sua autorização, quero estar com Charlie, ajudar no que for preciso.

_Sue está bem, parece que com repouso o bebê vai estar seguro, mas claro, você e qualquer Cullen podem ter acesso a La Push desde que não mordam ninguém_ eu ri.

_Hahá! Os outros...

_Ninguém tem nada com isso, Bella, somos família agora. Eu sou o chefe, lembra?

_Acho que isso é um momento histórico, você está revogando um tratado de 80 anos?_ ela riu a nova risada musical.

_É, acho que sim. A propósito, sobre Anne... Foi um engano. Não vou ser pai, não ainda.

Houve silêncio na linha por 3 segundos.

_Certo, Jake. Até logo, obrigada.

Fui para casa já que não poderia pedir desculpas a Sue. Acabei por atualizar Billy de tudo: da gravidez de Sue a não gravidez de Anne.

_Anne está sofrendo, Jake, não tenha mágoa dela_ pediu com sabedoria.

_Eu sei, não tenho.

_Talvez eu tenha razão, afinal _ ele sorriu. Dei de ombros, mas um pensamento me cercando. O silêncio de Bella me atingiu, num daqueles momentos em que seu inconsciente trabalha por você em busca de uma resposta: Renesmee não mudava desde os seis anos e meio, ela dissera isso no dia em que nos conhecemos, como uma vampira. É claro que Bella já havia se dado conta: se ela não mudava provavelmente nunca pudesse ser mãe e, como eu nunca estaria com outro alguém, também nunca seria pai, ao menos não da forma natural... Na natureza, animais híbridos não são férteis... Porém, o que era natural, afinal?

Todas as teorias quileutes sobre o imprinting se baseiam na hereditariedade dos genes, meu imprinting por Renesmee com certeza dava muito em que pensar, destruía um século de lendas e especulações. Talvez não tivesse nada a ver com nossos genes, no computo de tudo.

_Renesmee não muda pai, desde que cresceu completamente. O que é bom, quer dizer que ela viverá por muito tempo, como vampiros _ anunciei. Seus olhos se abriram, entendendo.

_Ainda temos muito a descobrir, garoto_ ele sorriu enigmático. Optei por não pensar no assunto agora, nós ainda estávamos muito longe de nos preocuparmos com isso.

Para desanuviar a mente de todos os acontecimentos resolvi ir para minha garagem, um lugar que tem estado um tanto abandonado. Meu rabbit precisava de alguns reparos, precisava de lubrificação e de uso.

Já devia ser meia-noite quando o som do coração chegou a mim antes mesmo dela. Olhei por entre a sombra das árvores, a espera. Renesmee surgiu hesitante, uma deusa vestindo jeans que pareciam velhos em relação a como ela costumava estar e blusa creme de mangas, colado ao corpo, botas de trilha; ela sorriu quando me viu sentado num pneu no canto da garagem; eu estava refletindo sobre como manusear umas peças enquanto tomava um refrigerante.

Levantei surpreso e a cingi trazendo a mim, o alívio por vê-la era como se todo esse tempo eu estivesse sendo fisicamente torturado. Beijei o alto de sua cabeça sentindo-a pressionar o rosto contra meu peito.

_Desculpe, estou sujo de óleo e poeira. Estou cuidando do rabbit _falei.

_Não se preocupe _ sorriu.

_Você veio com Bella?

_Mamãe ligou dizendo o que você fez, eu quis vir e os encontrei na rodovia. Meu pai veio me escoltando_ revirou os olhos, eu ri. _Chegamos as 22horas. Leah me contou sobre Anne.

_É..._ Dei de ombros.

_Como se sente com isso?_ perguntou enquanto eu abria a porta do rabbit gesticulando para que ela sentasse.

_Um pouco frustrado, mas é melhor assim. Seria mais difícil ela superar o término se estivéssemos sempre perto por causa de uma criança_ expliquei retornando ao meu pneu.

_Sim, tem razão. _ assentiu. Então sorriu daquela forma arrasadora: _Estou tão feliz por Charlie e Sue, nem acredito que vou ter um tio ou tia!

Sorri para sua felicidade.

_E seus pais, onde estão?

_Estavam no hospital quando vim, esperavam Embry para levar Hannah até o Resort, foi o que os dois combinaram. Bella e Edward devem passar a noite na floresta, ou não sei! Você sabe, eles têm de ser discretos por aqui.

_Ela veio?! Embry deve estar contente. E você vai ficar aonde? Porque já é bem tarde!

Ela sorriu sem graça.

_Pensei que podia...

_Mi casa és su casa!_ sorri abertamente.

_Então, o que estava fazendo quando cheguei?

Logo estávamos imersos em planos para o rabbit, fiquei encantado em dividir minhas teorias mecânicas com uma mulher linda que entendia tudo o que eu falava.

Eu tinha consciência de meu olhar bobo para ela, mas não conseguia evitar... Ela já havia tirado a blusa clara, mantendo só a camiseta preta que vestia por baixo, os cachos estavam bem presos num nó feito nos próprios fios e ela tinha manchas de óleo e graxa, no queixo e as mãos estavam bem sujas. ­

_Não sei você, mas eu estou bem cansado_ falei sentando no chão e me escorando na porta do carro. _Não consigo mais pensar. Estou faminto também.

Ela riu.

_Agora que estou me divertindo!_ Nessie não conseguiu conter um bocejo e largou o pistão que estava lubrificando, refestelando-se no chão e se apoiando no pneu dianteiro do carro. Ela suspirou parecendo cansada.

_Acha que ela vai ficar bem? Anne quero dizer, bom ela, claramente, estava tentando maneiras de ter você por perto_ murmurou pensativa, os olhos encontrando os meus só no fim da frase.

_O que ela fez, eu nunca a imaginei capaz. Mas nós não tínhamos tido uma conversa, eu havia fugido. Dei as explicações que ela pediu naquele momento e fugi, não dei a atenção e o respeito que ela merecia_ refleti em voz alta. Renesmee se moveu a ponta de seus dedos alcançando, no chão, a ponta dos meus.

_Acha que o vampirinho ainda vai procurar você?_ perguntei, ela não pareceu gostar de como me referi a ele.

_Não sei... Talvez demore um pouco mais. Ele está um mês e meio atrasado em relação à Anne e para ele o tempo corre diferente.

A olhei confuso, pude sentir minhas sobrancelhas se unindo.

_Ele é mais velho que Edward, para começar. Às vezes acho que ele é mais vampiro que humano ou talvez só experiente demais. Ele não se atém muito a passagem do tempo, é uma coisa que nunca deve ter importado muito vivendo como ele sempre viveu_ Tagarelou distante.

Repentinamente sua expressão mudou, suavizou-se:

_ Pensei que estivesse faminto.

Pus-me de pé num único movimento e ofereci minhas mãos para ajudá-la a levantar.

Não estávamos limpos o bastante para comer antes de um tomar banho, então deixei Renesmee à vontade para isso enquanto procurava algo que pudéssemos comer.

Havia uma pizza fria na geladeira, outra que poderíamos assar no microondas, mas também poderíamos fazer macarrão ou comer salgadinhos, biscoitos e outras bobagens, também haveria sempre a possibilidade de caça.

Eu havia ouvido quando Renesmee foi em direção ao quarto depois do banho enquanto eu verificava a geladeira e os armários. Eu estava vibrando que ela estivesse aqui, que estivesse baixando a guarda e que pudéssemos nos conhecer em vários aspectos. Terminei de lavar as mãos, tentando tirar o máximo possível de sujeira antes do banho e fui até o quarto pegar uma roupa e falar do nosso lanche da madrugada, já era quase 3 da manhã.

Eu não sei o que estava pensando, quero dizer eu não estava pensando, simplesmente entrei no quarto. Nessie tinha uma perna em cima da cama, as coxas expostas e o cheiro no quarto não era dela, bem era dela, mas não era seu cheiro puro; sua roupa de dormir não estava totalmente abotoada, faltava um ou dois botões, eu pude ver as linhas brilhantes em seu tórax. Eu voltei imediatamente fechando a porta.

_Desculpe-me_ falei, a cara na porta, me sentindo um estúpido. Renesmee riu.

_Estou vestida, Jacob_ falou do outro ladob.

Abriu a porta com um sorriso zombeteiro, enquanto abotoava o último botão da camisola de algodão simples, mas que não poderia cair mais perfeitamente em seu corpo.

_Tudo bem_ gesticulou para que eu entrasse. Busquei algo para dizer, mentalmente, mas estava atordoado com sensações muito diferentes... A imagem da pele exposta, o cheiro e as cicatrizes... Eu havia ido do desejo ao remorso em um segundo.

_Juro que não fiz por querer_ afirmei envergonhado.

_Eu sei_ suas mãos afagaram meu braço enquanto eu entrava no quarto. _Só estava passando hidratante, eu gosto da sensação. Não se preocupe, afinal, o quarto é seu.

_Bom, eu vim dar as opções para nosso lanche e pegar uma troca de roupas_ expliquei. _Temos pizza gelada e toda variedade de bobagens não nutritivas.

_Gosto de bobagens não nutritivas_ sorriu.

Depois de meu banho comemos na cozinha e arrumamos tudo em seguida, fazendo planos de ir juntos a próxima amostra automobilística em Seattle.

_Você dorme em sua cama dessa vez_ ela me disse quando nos encaminhamos para o corredor.

_Você não vai dormir num saco de acampamento_ falei categoricamente. Ela bufou. _O que seus pais vão pensar se souberem?

Peguei em seus ombros dirigindo-a para o outro quarto quando ela fez menção de entrar no primeiro.

_Não posso desalojar você sempre que vier aqui e eu nem mesmo avisei, você está cansado, não está?

_Certo, nós dormimos juntos, então_ sugeri me sentindo um pouco presunçoso a impeli para dentro de meu quarto.

_Tudo bem_ falou hesitante quando eu estava pegando os cobertores.

_Não é a primeira vez, afinal. Dormirmos no sótão e sábado passado, na praia_ tentei abrandar o sentido daquilo. Nessie concordou.

Mesmo cansado demorei a dormir, parecia bobagem, mas eu não queria perdê-la para a inconsciência. Eu ri mentalmente, havia uma música com algo assim, não havia...? Tentei lembrar.

I don't wanna close my eyes, i don't wanna fall as leep

'Cause I'd miss you, babe and I don't wanna miss a thing

Cause even when I dream of you the sweetest dream will never do

I'd still miss you, babe, and I don't wanna miss a thing

Lying close to you Feeling your heart beating

And I'm wondering what you're dreaming

Sim, era perfeita para o momento. Eu ainda cantava mentalmente quando Nessie adormeceu profundamente, aninhando-se a mim.

Só me dei conta de ter adormecido quando acordei já às 7 da manhã. Eu queria dormir mais, estava cansado, as 4 horas de sono foram poucas, mas eu tinha de ir trabalhar. Minha resolução de levantar se dissipou quando olhei Renesmee dormindo ao meu lado, tão bonita, tenho certeza que eu ficaria encantado ainda se ela não fosse destinada a mim. Eu poderia olhá-la por horas... Reuni meu estoque arrasado de disposição e levantei com cuidado para não despertá-la.

Nessie estava longe de acordar pelo que pareceu, ela nem se moveu. Observando-a dormir, novamente foi que me dei conta que era uma ótima oportunidade para fazer algo que eu já devia ter feito.

Billy me ajudou com o material antes de ir até a casa de Rachel, ele estava entediado, não haveria pescaria hoje, com Sue no hospital. Eu trabalhava selecionando as cores e amaciando os fios antes de trançá-los enquanto comia meu café da manhã, esperava ser capaz de terminar antes que Renesmee acordasse. Fui pego de surpresa com a leve batida na porta e Bella se materializando em minha sala.

Foi engraçado ver Bella na minha sala, de um jeito estranho; parecia natural agora, mas comparar a Bella que esteve ali há anos, com a criatura cristalizada que estava agora era loucura! Eu ri um pouco.

_Bom dia, Bells!

_Bom dia, Jake. Renesmee...? Dormindo!_ disse ela entrando e vindo até mim.

_Dormimos tarde ontem_ engoli um bom pedaço de salsicha e corrigi ao ver a mudança no olhar dela. _Estávamos brincando com o rabbit, até às 3 da manhã. Não quis acordá-la, ela parecia cansada.

_Você também_ ela puxou uma cadeira e sentou.

_Dia longo ontem. Só dormi 4 horas essa noite_ falei sem olhá-la pensando em como formar a trama de cores. Silêncio.

_Não é estranho? Não pensei que voltaria aqui algum dia_ murmurou ela, olhando em volta. Eu sorri_ Pensei que era menor.

_Era. Rachel e Paul reformaram quando casaram e vieram para cá, algum tempo depois que eu parti.

Bella assentiu.

_Seth me contou sobre Anne. Foi muito sério o que fez. Ela está bem?

_Algumas garotas somem na floresta outras mentem... _Dei de ombros. _Ela vai ficar bem.

Bella rolou os olhos e eu ri.

_O que isso é?_ apontou para o tecido na mesa e então tocou com a ponta dos dedos, sentindo a textura.

_Uma pulseira para Renesmee. Um símbolo de meu compromisso com ela.

_Tipo um anel de noivado?

_Mais que isso, mas você pode pensar nisso assim_ murmurei concentrado. Pessoas davam anéis de noivado às outras o tempo todo, não era como aquilo.

_Como vocês estão?_ a expressão de Bella era indecifrável. A fitei pensando nisso por um momento.

_Não sei dizer. Sinto que ela está mais a vontade, agora. Acho que por ter rompido o compromisso com Nahuel.

_Ela sorri mais agora_ segredou. _Quero dizer, ela teve uma infância muito feliz, mas sempre foi um pouco melancólica, acho que essa é a palavra. Ela tem estado diferente nas últimas semanas. Desde que conheceu você.

Sorri terminando toda a trama, só faltava colocar o fecho, medi mentalmente o tamanho e comecei a atá-lo. Não fora difícil, afinal.

_Renesmee é fascinada com o lobo naquela pulseira, lembra?_ questionou retoricamente, sorrindo. Aquiesci lembrando com carinho do pequeno lobo que entalhara uma vez.

_Faço um para ela qualquer dia, um grande, quem sabe.

_Você está bem com como as coisas estão?_ Bella tinha os olhos de ouro graves quando ergui a cabeça em sua direção.

_Vivi tantas coisas, Bella. Sinto que, finalmente, posso viver por mim, o que pode soar contraditório, se você pensar _ela resfolegou._ Não me importo de esperar, sabe que sou paciente_ lhe lancei um sorriso.

_Sinto muito orgulho de você, Jacob _ sua mão de gelo tocou minha por sobre a mesa, a expressão complacente.

Voltei ao meu trabalho e ouvimos Renesmee acordar e se preparar para o dia, limpei tudo e guardei a pulseira em meu bolso. Não demorou e ela se juntou a nós, usando jeans e um pulôver de lã; as botas na mão.

_Bom dia!_ ela deu um beijo no rosto da mãe e, talvez, por educação beijou o meu rosto também antes de sentar a mesa.

_Porque não me acordou?_ Nessie ralhou comigo. _Levantou faz tempo?

_Quis deixá-la descansar. Estou de pé há duas horas.

Ela franziu os lábios, contrariada, as covinhas adoráveis surgindo.

Renesmee tomou café da manhã e foi com Bella buscar Hannah para irem até a casa de Sue, que chegaria do hospital a qualquer momento. Combinamos de nos encontrar para almoçar.

O dia estava claro e a manhã passou bem rápida. Era quase hora do almoço quando recebi a mensagem de Renesmee dizendo que estava na primeira praia.

Eu os vi de longe: Seth, Leah, Quil, a pequena Claire, Embry, Hannah e Renesmee. Leah, Hannah e Claire estavam sentadas num grande toalha ao lado de caixas térmicas. Os rapazes e Renesmee pareciam numa disputa de bola. Eles jogavam futebol, não o americano. Eu ri a cinco metros quando Renesmee driblou Embry, as meninas comemoraram.

_Até que em fim!_ exultou Leah olhando para mim. _Estou com fome.

Renesmee parou, chutando a bola para Seth, os pés descalços na areia escura. Ela veio até mim, um braço passando por minha cintura enquanto eu envolvia seus ombros, nós caminhamos juntos os três passos que faltavam para alcançar a toalha.

_Oi, Hannah_ cumprimentei a loirinha magra, percebendo as duas muletas ao seu lado. Ela sorriu com timidez; Fiquei feliz que ela estivesse sem a cadeira, Embry a havia convencido a fazer a fisioterapia. A menina parecia muito melhor, o rosto mais corado e devia ter ganhado um ou dois quilos.

_ Lee e eu fizemos cachorros- quentes e sanduíches a manhã toda, não acredito que consigam comer tanto_ comentou Renesmee ao meu lado. Ergui a sobrancelha para o apelido íntimo: Lee.

_Quer apostar que comemos?!_ Quil se aproximou pegando um cachorro quente, Leah começava a distribuir. _Claire é quem mais come!

_Não sou não!_ rebateu a menina. Ele desarranjou seus cabelos e ela tentou bater nele.

Embry levou Hannah para caminhar na praia, a apoiando pela cintura, os dois iam devagar. Os demais brincavam na faixa de areia aproveitando o dia claro e quase quente. Renesmee e eu estávamos sentados na toalha, ela parecia uma criança, os olhos encantados, um sorriso constantemente nos lábios primorosos.

_Tenho um presente para você_ anunciei.

Renesmee me olhou curiosa enquanto eu tirava do bolso o saquinho de couro preto. Peguei seu pulso e abri sua mão depositando lá.

Ela me olhou com doçura abrindo envoltório. Tocou a faixa sentindo o tecido largo.

_É um símbolo de comprometimento, se usava isso antes dos homens brancos trazerem o costume de anéis e pedras preciosas. O homem tinha de trançá-lo fio a fio e dá-lo para a mulher que ele cuidaria por toda a vida._ Falei prendendo a pulseira em seu pulso. _Claro que para os que sabem que as lendas não são só histórias, isso é um símbolo de entrega absoluta.

_Você quem fez?_ a expressão surpresa enquanto ela tocava a peça em seu punho.

_Ahan, para você usar quando combinar com a roupa_ sorri.

_Vou usar sempre e com muito orgulho_ murmurou antes de depositar um beijo quente e doce em meu rosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se vcs não entendem Anne:

"Quem iria imaginar que você poderia me ferir
Da maneira que você fez
Tão cuidadoso, tão determinado
Desde que você se foi
Eu rôo minhas unhas por dias e horas
E questiono minhas próprias perguntas continuamente
Então me diz agora, me diz agora
Porque você está tão distante?
Quando eu ainda estou tão perto(...)
Estou acreditando que devia ser ilegal iludir o coração de uma mulher (...)
Eu tentei tanto ser atenciosa
Em tudo que você quis sempre apoiando, sempre paciente
O que eu fiz de errado?
Eu me pergunto por dias e horas
É aqui, não é? Aqui o seu lugar
(...)