Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 38
Novidade


Notas iniciais do capítulo

“Estou espreitando e assisto você de perto
Eu vago esperando por você
Sou um lobo vestido como ovelha
Eu lambo meus lábios e seu gosto é bom
Eu faço qualquer coisa que eu queira fazer
Agarro sua pele nos lençóis
Uma pressão pélvica e o doce suor começa”
~Animal, W.A.S.P.



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Tocá-la era o firmamento, a pele lisa como alabastro, o calor que me incendiava... Eu estava dentro dela, envolto por todos os lados, era mais que deleite, mais que encanto. Renesmee vinha comigo, ascendendo pelo delicioso caminho; não havia o que segurar, ao contrário, estávamos a beira do abismo em direção a liberdade. E juntos caímos, numa espiral de prazer.

Trêmulo, suado e obscenamente molhado e com a mão ocupada foi como acordei, percebendo que foi sozinho que senti tudo aquilo. Zonzo de sono e excitação praguejei palavrões abafando-os com o travesseiro. Porque tê-la longe e não poder vê-la todos os dias era muito fácil, um sonho erótico com Renesmee faria as coisas um pouco mais complicadas, pensei azedo, torcendo para não encontrar com meu pai no caminho para o banheiro no estado em que estava; imaginei se já não era hora de ter meu próprio banheiro. De repente eu estava de mau humor suficiente para nem tentar me abrandar sozinho, até porque eu o havia feito dormindo e não resolvera nada. Só ela mitigaria esse desejo e ainda assim eu nunca estaria satisfeito dela.

É claro que tudo em mim estava pronto para o que ela precisasse e quisesse. Mas abaixo disso eu queimava por ela, por tocar sua pele, beijar seus lábios, uma fome visceral. Imagino se ela nunca houvesse estado comigo, se seria mais fácil, se isso não me atormentaria... É claro que estou longe de estar arrependido, muito pelo contrário, eu me orgulhava imensamente.

Tomei café tranquilamente, enquanto Billy conversava amenidades, falava de como Renesmee era bonita, que havia gostado dela e de como Charlie ficou enciumado durante a pescaria... Fartei-me no café da manhã, meu corpo precisava de alguma satisfação. E finalmente saí para o trabalho daquela segunda-feira chuvosa.

Era quase hora do almoço quando Leah apareceu na oficina. Eu estava só, Quil havia ido ao banco para mim.

_Já está voltando?_ indaguei. Na verdade pensei que ela já estava em Seattle a essa altura.

_Não ainda, fico por aqui até o fim da semana_ ela puxou um banco e sentou-se ao meu lado no balcão onde eu limpava algumas peças. _Tenho uma coisa para contar.

Olhei para ela, eu não havia conseguido decifrar seu tom. Ergui as sobrancelhas.

_Sábado de manhã fui com minha mãe ao hospital, para ter certeza de que ela faria os exames de que precisa e Anne estava lá.

Senti minhas sobrancelhas se unirem. Entre Anne e eu havia sido definitivo e ela havia compreendido ou aceitado, não sei; mas não tínhamos nos encontrado desde então, há algumas semanas.

_Ela fez um teste de gravidez. Eu sei, porque foi o mesmo tipo de exame que obriguei minha mãe a fazer. Ela mesma tirou as amostras de Anne, me contou quando veio se despedir de mim do lado de fora.

Senti o sangue sair do meu rosto.

_Isso não pode...

_Pode!_ Leah disse categórica. _Vocês usavam camisinhas?

_Não ultimamente, a gente ia casar_ falei inquieto. Leah assentiu uma vez, como se isso fosse muito óbvio. _Eu vou até lá.

_Por quê?! Os resultados saem quarta feira, se você tiver com o que se preocupar ela virá te procurar.

_O que eu vou fazer?_ perguntei a mim mesmo. Leah suspirou.

_Tenho pavor só de pensar em como ela deve estar se sentindo, Jacob_ afaguei a mão de Leah em cima do balcão.

_Sue está grávida?_ demandei, só então a informação me atingindo.

_É o que queremos saber. Ela não tem passado muito bem.

_Seth comentou.

_Não diga a ninguém, se ela não estiver não importa_ pediu. Eu concordei.

No meio da tarde Bella ligou.

_Hey, Bells_ atendi.

_Oi, Jacob_ sua voz era amigável. _Como está? E o fim de semana, divertido?

_Bem..._ pensei rapidamente se eu devia falar sobre Anne, resolvi que não, não se provavelmente algum outro vampiro estava ouvindo essa conversa e se eu ainda não tinha certeza. _Foi tudo bem, mostrei La Push para Nessie.

_Onde ela dormiu?_ Bella sondou.

_Nós acampamos na sexta e ela dormiu no meu quarto no sábado _sorri para mim mesmo durante o meio segundo de silêncio na linha. _Eu fiquei com o saco de dormir no meu antigo quarto, o que Rachel ocupava, e Renesmee no meu quarto.

_Ah, claro.

_Você ainda não ligou para ela?

_Ela estava ocupada, não falamos muito.

_O tal Nahuel voltou, você sabe?_ murmurei indeciso.

_Não... Como sabe, você o viu?

_Ele estava lá quando fui acompanha-la em casa. Ele foi bem mal-educado, se quer saber.

_Vocês brigaram, Jacob?_ a voz de Bella subindo uma oitava.

_Não, mas não foi por falta de vontade_ grunhi. _Olha, não acho que Renesmee vá gostar de saber que eu contei. Ligue para sua filha e faça-a falar!

_Como o homem responsável que sei que você é, você dirá_ tentou ela.

_Vai sonhando Bella, tchauzinho!_ desliguei.

O dia foi longo. Tudo o que eu queria era ouvir a voz de Renesmee, abraça-la e falar sobre o que me atormentava agora: a possibilidade de ter um filho com uma mulher que eu não amo, com alguém que não seria minha esposa, um filho que eu não poderia ter sempre por perto... Eu relutava em ligar para Nessie, eu queria lhe dar liberdade depois do que houve ontem com o ex-noivo e não sabia como dizer e como ela reagiria quando eu contasse a novidade.

Mandei uma mensagem por aplicativo quando cheguei em casa no fim do dia:

Torcendo para que tenha tido um bom dia.

Trinta segundos depois uma mensagem; era uma foto, livros de cálculo espalhados em sua sala de estar, seguido de uma mensagem de voz: _Ótimo dia!_ e ela gargalhou. Sorri ao som da sua voz, o mundo parecendo mais colorido de repente.

_De bom humor?_ enviei.

_Agora sim_ sua voz pareceu tímida, passou-se dois segundos. _Como foi seu dia?

_Longo_ suspirei e enviei.

_Eu gostaria de conversar, de verdade. Mas o fim de semana com você me deixou atrasada em algumas coisas. Posso falar com você mais tarde?_ agora ela parecia culpada.

_Sempre_ respondi.

Depois de todos os preparativos para a noite, Billy e eu jantamos enquanto assistíamos a uma reprise de um jogo de baseball. Lavei algumas roupas, incluindo o lençol que usava pela manhã, pus na secadora e acabei adormecendo no sofá. Eram 2 horas da manhã quando meu telefone tocou, uma mensagem.

_Não esqueci você, mas acabei agora_ Bocejou. _Boa noite.

E resolvi dormir em minha cama.

*

O dia seguinte foi mais fluído, cheio de trabalho. O meio da semana chegou rápido.

Foi com culpa que vi Anne entrar na oficina quarta à tarde. Limpei as mãos o melhor que pude na flanela em meu bolso e fui para frente do galpão.

_Preciso falar com você_ murmurou, os olhos indo para Quil atrás de mim, inclinado sobre um capô.

Suspirei já sabendo o que viria, a guiei para dentro do escritório, fechando a porta em seguida. Anne me ofereceu um papel dobrado, ela parecia nervosa.

Passei os olhos pelas letras indo direto para o fim: a quantidade registrada blá, blá, blá, REAGENTE, POSITIVO.

_Eu estou grávida_ murmurou ela, os olhos longe dos meus.

Escorei na mesa sem saber o que fazer ou o que dizer, sentindo-me muito culpado porque eu não conseguia sentir o que sempre pensei que sentiria ao saber que seria pai.

_Independente do que eu decida fazer, achei que você merecia saber_ Anne sussurrou, a voz chorosa.

_Não há nada que decidir Anne, eu vou cuidar dessa criança. Ela vai nascer. Você vai ter todo o apoio que eu puder dar_ me vi falando antes mesmo de decidir, as palavras me soavam certas no momento em que eram ditas. _Só preciso que você entenda que nós não podemos ser um casal.

_Não diz mais nada, Jacob. Eu só preciso ter você comigo_ e dizendo isso ela se impeliu pra mim; a acolhi em meus braços com carinho. Anne pressionou seu corpo contra o meu, as mãos em meu peito subiram por meu pescoço revolvendo os cabelos em minha nuca, da forma que ela sabia que eu gostava. O mais estranho, embora eu já soubesse, é que eu não senti nada, a não ser empatia por sua tentativa; nenhuma alteração na respiração, nenhum arrepio, nenhum indicio de todo a luxúria retida em mim.

_Sinto sua falta. _ seus olhos umedeceram. Fiz um muxoxo, segurando sua mão e tirando de mim com delicadeza.

­_Precisa de algo, remédios...?_ perguntei. Ela balançou a cabeça olhando-me nos olhos.

_Tudo bem, eu já vou_ disse desconcertada.

_Me ligue a qualquer hora que precisar_ falei. Ela sorriu e concordou enquanto eu abria a porta para ela.

Só quando seu carro deu partida é que consegui realmente respirar, senti o familiar, contudo brando, calor subir por minha coluna; chutei um pneu que voou pelo galpão fazendo um estardalhaço enquanto eu me sentava no batente da porta, a cabeça entre as mãos.

Quil deslizou debaixo do carro a fora. Apoiou os braços nos joelhos e me fitou.

_Ouvi certo?_ quis saber, a expressão incrédula. Assenti, pensando no exame que ficou sobre minha mesa.

_Não acho que Nessie vá se chatear com você, se isso te preocupa_ ele me olhou com complacência e voltou ao trabalho.

Eu não tinha ideia de como isso afetaria minha relação com Renesmee, não haveria todas as implicações das relações humanas, com um filho fora do relacionamento... Mas com certeza Anne não facilitaria nada, pelo que vi de sua disposição minutos antes.

Rachel estava em nossa casa quando cheguei às 18 horas, cozinhava algo, Sarah correu para mim.

_Oi, pestinha_ cumprimentei pegando a menina no colo. Billy esculpia madeira na mesa. Sentei com ele com Sarah no colo, ela rapidamente se entreteu com as lascas de madeira.

_Você não parece bem garoto. Algum problema?_ demandou meu pai, deixando seu trabalho por um momento.

_Não é um problema_ murmurei fitando as mãozinhas de Sarah brincando. _Anne está grávida.

_Quê?_ exclamou Rachel. Virando-se para nós. Billy fez um som gutural e tudo esteve em silêncio exceto os murmúrios de Sarah, de pé em meu colo espalhando madeira na mesa.

_Você tem certeza?_ indagou Rachel. Aquiesci.

_Ela me mostrou o exame médico.

_Renesmee já sabe?_ interpelou ela. Balancei a cabeça dizendo que não.

_Vou ser avô de novo!_ disse Billy com um sorriso contido, sorri também, embora eu tenha percebido que saiu meio derrocado. Meu pai me olhou, pensativo por um momento.

_Se esse filho é seu..._ começou ele.

_É claro que é!_ afirmei ultrajado. _Acha que Anne esteve com outro?

Ele balançou a cabeça em negativa.

_Mas me parece estranho... Talvez seja bobagens de um velho_ refletiu. _Renesmee já havia estado em sua vida, você sentiu a falta dela por todos aqueles anos... Dentro de você, o lobo sabia que sua escolhida existia.

_Está dizendo que eu não poderia, biologicamente, engravidar uma mulher?

_Não sei..._ ele balançou a cabeça.

_Basta um exame genético para verificar a paternidade.

Franzi o cenho achando impossível que Anne tivesse estado com outro.

Passei aquela noite na floresta em forma de lobo, os pensamentos pareciam menores nessa forma, não demorou até que Leah estivesse em minha mente.

Parabéns, papai!”, disse-me ela com pena. Rosnei. O exame de Sue havia dado negativo.

Só uma anemia fraca, ela está trabalhando demais, esclareceu.

A primeira coisa que fiz pela manhã foi mandar uma mensagem para Renesmee:

ALMOÇA COMIGO HOJE? ESTAREI NA UNIVERSIDADE ÀS 13H.

ESPERO NA SAÍDA PRINCIPAL, ela respondeu.

Muito antes do necessário eu havia terminado o que tinha para fazer. Logo eu havia deixado a chuva de Fosks e estava num dia nublado em Seattle. As 12h30min eu estava na saída principal da universidade. Eu estava ansioso, não havia pensado muito sobre Anne, eu queria vê-la, minha principal ansiedade era essa.

Era 12h50min quando ela apareceu em meu campo de visão, com uma blusa de botões (um deles parecia taticamente aberto), uma saia rodada e, devia ser crime, as pernas estavam maravilhosas numa meia-calça preta, caminhando elegantemente em botas de salto alto, os cabelos de cobre soltos com o vento. Imediatamente senti um sorriso se espalhar em meu rosto.

Minha mente se enchendo de todas as imagens utópicas de como eu poderia tirar peça por peça, respirei fundo clareando minha mente. Ela sorriu quando meu viu.

_Oi, Ruiva!_ a envolvi pela cintura, erguendo-a do chão.

_Oi, Black!_ disse eu meu ouvido. Sua voz enviando uma onda de calor por todo meu corpo, eu não poderia me sentir melhor!

_Tem algum lugar em mente ou podemos ir a uma lanchonete do campus _ ela perguntou enquanto a colocava no chão, não soltando sua mão, incapaz de me separar dela. Renesmee não pareceu se importar, na verdade ela parecia mais a vontade com contato físico desde sábado.

_Aonde você quiser_ gesticulei para a pick up, abri a porta para que ela entrasse e... wow! Não era uma meia calça, era uma cinta-liga. Demorei mais que o necessário para dar a volta no carro, tentando não me deixar dominar pela pulsação ameaçando deixar minha calça menor.

Nessie falou um pouco sobre as primeiras aulas do dia, sobre a ligação de Bella.

_A propósito, obrigada por não dizer nada. Eu não ia realmente me importar, mas gostei que você tenha considerado a hipótese_ ela sorriu abertamente, sorri e peguei sua mão em seu colo, trazendo até minha boca, beijei-a e a mantive em meu colo, seus dedos entrelaçados aos meus.

Na lanchonete, contive o impulso de rolar os olhos para todos os babacas que olharam descaradamente quando Nessie entrou, ela parecia não notar, ou ignorava apenas, já muito acostumada. Eu me dividia entre orgulho e fúria.

Nessie me guiou até uma mesa perto da vidraça que dava para a rua, um atendente se materializando repentinamente e puxando a cadeira para que ela sentasse. Eu o encarei com antipatia.

_Cardápio ou prato do dia?_ ofereceu com um sorriso em direção a Renesmee.

_ Quero um mousse de chocolate_ ela pediu.

_É isso que você almoça?_ censurei. Ela me olhou presunçosa.

_Não acho que sirvam o que quero comer_ rebateu com um meio sorriso de escárnio.

_Nós temos muitas opções...

_O prato do dia, por favor_ interrompi o jovem atendente; seus olhos verdes me fuzilariam se pudessem, mas ele assentiu rigidamente ao se retirar.

_Não tem medo que ele cuspa em seu prato?_ Renesmee falou, a expressão divertida. Bufei um riso, partilhando de seu humor.

_Eu saberei se ele fizer. Além do mais é você quem atiça essa atmosfera!

Nessie franziu a tez perfeita, confusa.

_Sendo sedutora!_ acusei. _Sensualidade o tempo todo, você ao menos percebe?!

Para minha surpresa ela riu, escarnecida, mas também havia embaraço.

_E usando cinta- liga_ passei a mão na testa e apoiei a cabeça nela, o cotovelo sobre a mesa. _Você sabe o que isso é para alguém como ele?_ apontei discretamente para o atendente do outro lado do salão. Ela continuou me fitando, os olhos de chocolate minimamente estreitados.

_Ou o que isso é para você?_ rebateu com sagacidade, provavelmente tentando me deixar encabulado também. Agora eu estava surpreso, mas ainda tinha cartas para esse jogo. _Eu cresci numa casa de vampiros lindos, seres capazes de subornar o mundo com beleza. Eles também me ensinaram a ser boa e altruísta. Mas eu sei o que pareço para as outras pessoas e não é como se eu nunca tivesse usado isso a meu favor.

_Falar sobre o que isso é para mim pode romper algumas cláusulas do nosso contrato _ela sorriu comedidamente, tentando não rir. _O que fez, por exemplo?_ interpelei.

Nessie hesitou alguns segundos.

_Já flertei com um guarda para não ser autuada por excesso de velocidade_ Nessie pressionou os lábios, segurando o riso. _E sobre cintas-ligas: é quase como um disfarce humano. Preciso parecer frágil, não daria certo com pernas livres como se estivesse no caribe, além disso, ficam bonitas e são práticas, meias calças são feias e desconfortáveis.

Eu ri e meneei a cabeça.

_Como sabe que é uma cinta?_ ela se inclinou um pouco sobre a mesa como se contasse um segredo. Os olhos intensos com... Inocência?

_Desculpe, eu notei quando entrou no carro _ sorri, desculpando-me honestamente, sem querer fazê-la sentir-se usada ou algo assim. Renesmee baixou os olhos por um segundo, mas sorriu. _E quando você girou para sentar todos os homens num raio de 6 metros olharam suas pernas, eu tive que olhar também_ assumi, me divertindo. Ela olhou em volta um segundo parecendo realmente constrangida. E revirou os olhos para mim.

_Me soa um pouco machista!_ demandou.

_Você pode se vestir como quiser. É dever de um homem resistir à tentação, mas não quer dizer que não possamos apreciar à distância_ pisquei para ela, ela corou. O atendente voltou com os pedidos.

_Então, eu quero saber, o que eu sou para um cara como esse?_ ela me perguntou quando ele se foi, novamente em sua atitude imperiosa e petulante.

_ Temos um contrato, senhorita. Imagino se devemos estipular multas por quebra_ bebi meu refrigerante e a fitei.

_Tudo bem, acabamos de deixar uma cláusula em branco_ ela me ofereceu uma mão em acordo. Trocamos um aperto e ela esperou.

_Você é ruiva, todo homem quer levar para cama uma ruiva natural_ articulei com certa malícia, ela corou novamente e eu sorri. _Você é absurdamente linda. Qualquer cara que olhe para você estará pensando, em algum lugar de sua mente, em algumas formas aspectos de ter você.

_Não que eu pense muito nisso, mas... Você não disse nada que eu já não soubesse ou não tenha ouvido numa cantada de rua, Black.

_Eu poderia dizer coisas originais, mas não sei se você estaria ok_ contrapus. Pude perceber como isso a afetou, fisicamente falando: os lábios entre abriram, um baixo fluxo de ar sendo expirado, o rosto enrubescendo.

Entretanto sua expressão mudou, ainda que ela tenha tentado disfarçar, a ruguinha estava bem ali entre as sobrancelhas.

_Hey, estou jogando com você, não fique assim_ pedi pegando sua mão por sobre a mesa. _Não queria que ficasse realmente coagida ou chateada_ eu não tinha certeza.

Renesmee fitava minha mão sobre a dela. Ela virou a sua, segurando a minha também.

_Não me sinto coagida_ balançou a cabeça. _Sinto por que isso o incomoda, estar aí para mim parece fazê-lo sofrer.

Neguei com a cabeça.

_O que me incomoda é não poder vê-la todos os dias, não poder conversar com você imediatamente quando algo acontece ou quando tenho um dia difícil_ nos fitávamos.

_Você pode! Sempre que quiser. Porque acha que não?

_Não quero pressioná-la, me impor demais... _ encolhi os ombros.

_O acordo é nos conhecermos, como vamos ser amigos sem conversar ou sair... Eu quero que me ligue_ afirmou, os olhos limpos e intensos. Eu sorri.

_Você não devia ter dito isso_ nós rimos.

_E então, o que tem acontecido, alguma novidade?_ ela provou de sua mousse e senti meu rosto cair um pouco.

_Na verdade, sim_ relutante soltei sua mão, me concentrando em minha comida por um instante. Renesmee me encarava, interessada. _Nahuel... Não procurou você?

_Não, a você sim?_ ela estava alarmada.

_Não_ eu ri, sem humor.

_Mandei entregar a aliança no prédio dele_ continuou, tristonha.

_Anne me procurou ontem_ não pude olhar nos olhos dela nesse momento, senti-me um traidor. Nessie me olhou séria, a espera. _Me mostrou um exame. Ela vai ter um filho meu, Nessie.

Houve um longo momento de silêncio, ela me fitava insondável, muito parada, a respiração rasa. Cinquenta e seis segundos depois, ela piscou, baixou os olhos, suspirou lentamente:

_Não sei o que dizer... Nossa! Parabéns?_ encolheu os ombros. Resfoleguei um riso débil.

_Como se sente?_ ela me surpreendeu com a questão. Pensei um minuto.

_Não tenho certeza. Um pouco culpado, como medo..._ murmurei.

_Não se sente feliz?_ sua sobrancelha perfeita se ergueu, inquisitiva. Comprimi os lábios.

_No fundo eu estou, mas ainda não é concreto para mim e a ideia de ter um filho com Anne é inconcebível, agora, em minha vida. Então outras coisas me preocupam. Imagino quando a barriga crescer ou quando nascer isso mude.

_Está preocupado comigo?_ ela parecia insegura. Eu assenti. Renesmee fez o mesmo: aquiesceu lentamente, depois balançou a cabeça dizendo:

_Eu realmente não sei como me sinto sobre isso, mas não tenho direito de reclamar qualquer coisa. Eu também tinha outros planos 7 semanas atrás_ ela sorriu com indulgência e se inclinou tocando minha mão, o que (impossivelmente) me encheu com ainda mais ternura. _Então, não se preocupe comigo saindo de sua vida.

Movi-me para frente, trazendo sua mão ao meu rosto e depositando um beijo em sua palma, antes de murmurar com toda minha força de vontade.

_Obrigada.


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Notas finais do capítulo

Outro capítulo que dividi ao meio pra não ficar muito grande.
Houveram pessoas preambulando os acontecimentos desse capítulo e pedindo que eu não os fizesse. Mas a fic nasceu assim, só peço que confiem em mim.
Beijo meus amores!