Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 29
O que eu fizera?


Notas iniciais do capítulo

"Eu nunca serei o favorito da sua mãe
Seu pai não pode nem me olhar nos olhos
Oh, se eu fosse eles, eu faria a mesma coisa
Dizendo "Lá vai minha menininha
Andando com aquele cara problemático
Mas eles só estão com medo de algo que não podem entender
Oh, mas queridinha, me veja fazê-los mudar de ideia
Sim, por você eu vou tentar, vou tentar, vou tentar, vou tentar
Eu vou recolher esses pedaços quebrados até sangrar
Se isso deixar as coisas bem"
—It Will Rain-Bruno Mars
—______________________________________________
Obrigada a Fran Silva pela recomendação e a Barbara Dameto pelo lindo banner.



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Nem mesmo o torpor do sono me tirava àquela ciência: Renesmee estava nos meus braços. Mais precisamente, eu estava agarrado a sua cintura, fazendo de suas costas meu travesseiro, foi assim que despertei; nossas pernas enroscadas uma na outra. Renesmee parecia dormir profundamente e agora eu podia perceber a diferença sutil entre ela adormecida e desperta em seus batimentos. Beijei-lhe a pele de marfim e delicadamente tirei meu braço debaixo de seu tronco, ela suspirou, mas não acordou.

Sem poder resistir e ainda um pouco zonzo por adormecer sem me dar conta, voltei a deitar do seu lado, com ela de costas pra mim. Eu admirava as curvas perfeitas e distintas da cintura fina e do quadril arredondado, das pernas que pareciam fortes e ainda assim delicadas, a forma como os cachos ruivos e longos faziam contrate com sua pele tão clara e ainda assim de aparência viçosa; calor percorrendo meu corpo com as lembranças recentes das vezes seguidas em que a amei... Abafei um riso no travesseiro, percebendo a forma como lhe descobrira vampira: meus dedos buscando uma marca de mordida e encontrando a cicatriz já quase completamente curada acima de minha clavícula. Além dos dentes afiados, ela era forte, não pareceu cansada antes da terceira vez...

Levantei-me devagar, sem querer acordá-la e fui em direção ao banheiro no corredor, olhando as horas de relance, faltava pouco pra meia noite. Não estávamos dormindo há muito tempo, cerca de duas horas, e para falar a verdade, eu estava um pouco cansado, embora minha mente estivesse eufórica. E, é claro, eu não cogitava a ideia de dormir, parecia absurdo dormir a tendo ao lado, não poderia desperdiçar tempo dormindo enquanto eu poderia olhá-la, era algo que certamente uma pessoa com boa visão não se cansaria de fazer; Sue tinha razão, ela era uma aparição.

Sem permissão, minha mente me dava a todo o momento pedaços das horas anteriores, embora eu pudesse lembrar tudo com cada detalhe, eu não sabia que parte era melhor, vê-la chegar ao ápice certamente estava no topo, isso era um afago em meu ego, poder instá-la e proporcionar isso em sua primeira vez com certeza era feito para poucos; muito embora, uma pequena parte de mim questionasse isso: ela parecia sentir tudo tão intensamente, eu não sabia dizer se era de sua natureza ou por causa do imprinting... Esse pensamento trouxe a baila outra questão: como eu contaria isso a ela? Como ela reagiria? Eu devia contar agora, ou deixar para depois?

Meu estômago roncando e meu medo fez essa preocupação ser deixado de lado momentaneamente. Saí do banheiro e enrolado na toalha, e fui para a cozinha. Pensando que macarrão com almondegas seria muito bom, e seria rápido, queria ter o jantar pronto quando ela acordasse, já que não comeu quase nada dos ovos que fiz. Resolvi fazer também panquecas e uma omelete de legumes e outra de queijo, eu não sabia o que ela gostava, e então pensei que Renesmee poderia querer caçar... Mas talvez fosse melhor pela manhã, o tempo lá fora ainda não parecia muito bom ainda, eu preferia não arriscar.

Liguei um rádio à pilha enquanto cozinhava e tudo que eu descobri sobre a tempestade é que o furacão estava se afastando da costa, e a previsão é que pela manhã provavelmente estaria tudo bem.

Organizei tudo numa bandeja, com suco de laranja, torradas e geleia e levei para o quarto onde Renesmee ainda dormia. As pernas e costas expostas, o lençol cobria apenas o quadril. O quarto cheirava a ela, a nós, na verdade, mas eu já funcionava como um radar para o cheiro dela. Pus a bandeja cheia em minha cômoda e sentei-me na poltrona, apreciando a vista, maravilhado, ainda sem ter assimilado que ela era minha não importando o que aconteceria. Nesse momento vi-me obrigado e cogitar a possibilidade de que ela não aceitasse; embora minha alma a tenha escolhido em completo reconhecimento, eu pouco sabia de sua vida, como fora criada, o que viveu, quais seus princípios... Embora recordando um pouco eu pudesse ter ideia de como Edward e Bella a ensinaram, ela também não caçava pessoas... Sabendo como Bella era (e mesmo não sabendo se ainda era, com toda essa coisa de ser vampira) e lembrando do sanguessuga com aquela história de ir embora deixando Bella seguir sua vida, perguntei-me se ela aceitaria que eu deixasse Anne. É, claro que eu não tinha escolha com relação a isso, era impossível ver qualquer outra agora, amar outra mulher não era possível para meu corpo, cada parte de mim estava comprometido com a benção recebida por meu lobo.

Nesse momento percebi a mudança suave em seu coração e ela se moveu, se espreguiçando lentamente, ainda de bruços, ergue-se um pouco, olhando a cama em torno de si, os cabelos caindo em cascata por suas costas nuas, e então seus olhos vieram para mim. Suas bochechas coraram levemente enquanto devagar ela puxava os lençóis em torno de si e seus olhos iam para longe; a marca grande e roxa em sua testa mudando de coloração, meio verde e amarelado.

—Boa noite, eu fiz o jantar. Um lanche na verdade, estou faminto e espero que você também_ sorri levantando e buscando a comida._ Não comeu nada dos ovos._ coloquei a bandeja na cama e sentei-me de frente para ela.

—Essa é de queijo e essa de legumes, gosta de panquecas?

—Gosto, obrigada_ disse-me muito formalmente. Fiz um muxoxo.

—Gosto mais quando você sorri_ afirmei, Renesmee suspirou. _Vamos lá, conte-me sobre sua vida, como é Bella mãe e vampira? Edward é um bom pai?_ perguntei lembrando que ele também odiava a coisa; meu coração afundando em remorso por isso. _Onde vocês moraram todo esse tempo? Sei que Charlie sempre viajava sem dizer muito sobre isso, o que você faz? Vai à escola como os Cullen faziam aqui na cidade?

—Nossa, quantas perguntas! _sorri comendo um pedaço de panqueca com geleia.

—Eles são ótimos pais... Bella vampira... É só minha mãe. É diferente para mim, a única lembrança dela humana que tenho é de quando nasci e é muito rápida, só lembro-me que ela sussurrou alguma coisa, de sentir sede e de..._ ela me olhou de relance, concentrando-se muito na omelete de queijo_ Mordê-la. Hoje sei que logo depois disso ela morreu, Edward tirou-me dos braços dela, a mordendo, e injetou veneno direto em seu coração, meu avô não tinha esperanças que desse certo, o coração já não batia, mas meu pai fez o que pode, não desistiu dela um só momento e fez seu coração voltar e o veneno circular.

Ela falava dos pais com tamanho amor, que eu quase podia sentir o mesmo.

—Fico muito feliz que Edward tenha conseguido, ele não viveria sem ela. _falei honestamente, percebendo com clareza como as coisas tinham mesmo de ser. _E onde vocês...

—Eu nasci num hotel de beira de estrada a caminho do Alaska, quando tudo se estabilizou, quero dizer, quando minha mãe conseguiu falar com Charlie e descobriram que eu viveria para sempre...

—Para sempre?

—Sim, como eu disse sou assim desde os seis anos e meio e Nahuel, meu... O outro hibrido tem a mesma aparência desde a mesma idade, mas ele tem mais de 150 anos... Se não envelhecemos..._ ela deu de ombros e bebericou o suco de laranja.

—É claro. Continue...

—Depois que tudo ficou bem, nos estabelecemos no interior da Inglaterra até dois anos. Quando viemos para o Canadá e começamos na escola. Agora eu estudo e moro em Seattle, curso Astronomia.

—Não com seu noivo, imagino_ Renesmee riu um pouco.

—Edward não permitiria.

—Claro-Claro_ sorri abertamente_ Lembre-me de agradecer a Edward.

—Veja... Eu gostaria muito de entender o que está havendo aqui. Eu ainda não consigo acreditar que... Aconteceu entre você e eu em 3 horas o que não aconteceu em dois anos de relacionamento com alguém que conheço a vida inteira.

—Apenas... Não tinha que ser, Renesmee_ minha voz soando mais rouca de desejo e posse; a percebi oscilar, trêmula quando falei seu nome. As íris cor de chocolate, ficando muito pequenas à medida que suas pupilas dilatavam...

—Eu nem ao menos consigo pensar_ murmurou.

—Não pense_ ergui a mão e coloquei em seu rosto que parecia se encaixar perfeitamente ali, a palma em sua bochecha, e a ponta dos dedos em sua nuca, um arrepio lhe percorreu e suas bochechas e colo enrubesceram, mas não era de vergonha, enquanto seus olhos fechavam lentamente_ Está tudo bem, e tudo será como você quiser, está segura comigo_ murmurei ajoelhando-me na cama enquanto afastava a bandeja entre nós para poder me aproximar mais, sem jamais tirar minha mão de seu rosto. Inclinei-me sobre ela fazendo-a deitar e sentindo-a desfalecer fraca de desejo, meus lábios nos dela intensos e doces, eu só queria que ela sentisse toda a segurança que eu era capaz de lhe dar.

Novamente, e eu nunca me enfastiaria, quantas vezes mais acontecessem, imergimos num mundo de peles aromas e sabores que descobríamos sempre que nos tocávamos. Livrei-me dos lençóis que a cercavam e depois de alguns minutos suas mãos macias e quentes chegaram ao limite da toalha em minha cintura, buscando abrir, ergui o quadril para lhe dar espeço e logo não havia nada entre nós. Logo estávamos quentes o bastante para ser incomodo para um humano comum, e nos movíamos numa dança etérea de movimentos longos e delicados, onde meu prazer era ser bom para ela.

*

Renesmee estava deitada sobre mim, a cabeça repousada em meu peito, eu acariciava seus cabelos e suas costas num vai e vem lento... Sua respiração estava profunda e estável, ela poderia estar dormindo se eu não pudesse ouvir seu coração. Eu me perguntava se devia falar logo ou não... Não sabia como. Talvez fosse melhor falar de uma vez, e liďdar com o restante depois.

— Preciso dizer algo_ rompi a calma que havia no quarto. Ela ergueu a cabeça, me olhando de muito perto, sem resistir segurei seus rosto beijando delicadamente seus lábios, sem saber se o faria de novo tão cedo.

—Certo._ respondeu-me quando deixei sua boca.

—Você vai entender ou assim eu espero ansiosamente._ Ela fez menção de levantar, o rosto muito sério, mas eu a segurei pelos ombros, e sentei, escorando-me na cabeceira da cama, Renesmee ainda sobre mim, agora sentada timidamente em meu colo, uma perna de cada lado de mim, os braços cruzados segurando o lençol em torno de si.

—Eu não sei quanto sobre os lobisomens você sabe, mas não parece muito e de qualquer forma não acho que Edward falaria sobre isso._ eu segurava em sua cintura, olhando bem em seus olhos. _Há muitas lendas, nós somos lendas, e há coisas que mesmo depois de descobrirmos esse mundo ainda achávamos que eram lendas. Uma delas é o imprinting_ eu parei estudando sua reação.

—E isso é... Aquele evento psicológico em animais... Como patinhos seguindo a primeira coisa que vêm?_ seu rosto era sereno nesse momento.

—É, quase isso! Para nós é quando... Nossos olhos cruzam com os de outra pessoa e nosso espírito reconhece sua outra metade. E a partir desse momento, o lobo que sofre o imprinting se perde de si mesmo por um segundo enquanto uma força maior reorganiza tudo e ele próprio passa a ficar em segundo plano, porque antes de tudo e qualquer coisa, vem ela. E quem sofre o imprinting se vê a mercê do mais lindo e puro sentimento, só há ela no mundo para ele e ele seria qualquer coisa por ela, qualquer coisa que ela queira e precise, para sempre. “Sua vida inteira muda no segundo em que se olham e sua vida não lhe pertence mais, e isso é o nível máximo de liberdade que alguém pode ter na vida, é servir de bom grado e ansiar por fazer mais.” _ minha voz falhou nesse momento e senti uma lágrima quente correr por meu rosto, eu a limpei rapidamente. Eu sequer acreditava que consegui chegar perto do que sentia com as palavras.

Renesmee me olhava pasmada, eu não tinha ideia do que ela pensava naquele momento.

—O que quer dizer com isso?

—Que nesse momento, meu mundo inteiro está entre minhas mãos_ uma de minhas mãos foi para seu rosto enquanto e outra permanecia em sua cintura.

Seus olhos se desviaram de mim, fitando algum ponto no lençol da cama, soltei seu rosto docemente, não querendo força-la, e depositei minhas mãos em seus joelhos, não querendo me afastar. Os segundos passando e se tornando minutos, o silêncio começando a zunir mais que o vendaval fora da casa.

—Pode, por favor, me dizer o que está pensando?!_ falei tomando suas mãos para mim. Ela me olhou, parecendo surpresa e então sua expressão se tornou confusa.

—Não consigo pensar, quero dizer, organizar os pensamentos, nem ao menos sei com certeza se compreendo você.

—Eu sofri imprinting por você. E isso teria acontecido antes se Bella não tivesse partido. Eu provavelmente estaria por perto quando você nasceu e isso aconteceria_. E acrescentei ao ver horror tomando seu rosto:_ e eu teria sido seu irmão mais velho e você teria sido amada e protegida como toda criança deve ser e seria a mais amada no mundo todo, e eu teria sido seu melhor amigo, a pessoa que mais te entenderia no universo, nós provavelmente teríamos brincado de bonecas juntos _ falei pensando em Quil e ri._ Ou de todas as coisas que meninas gostam e isso seria o máximo para mim, porque eu estaria mais que feliz em fazer qualquer coisa que lhe deixasse feliz, e eu continuaria até hoje sendo o que você precisasse.

Renesmee me olhava agora, afetuosamente e fiquei aliviado que ela houvesse entendido, mesmo que ela não aceitasse.

—Diga alguma coisa, por favor._ sussurrei, minha voz falhando ainda assim, quando foi que eu virei um chorão?!

E então ela me tocou no rosto, e eu arquejei com o fluxo inesperado de imagens, sons e sensações na minha cabeça: eu estava confuso, mas não era eu, era ela, e enquanto via tudo entre nós da perspectiva dela, via também meu próprio rosto como imagino que estava naquele momento: minhas sobrancelhas formando um ângulo tenso sobre os olhos arregalados, a imagem era muito nítida e colorida, mas também transparente misturada as suas lembranças; e havia o eco de minha voz repetindo as palavras que dissera agora a pouco. E o tom condescendente e confuso de seus sentimentos. E então tudo parou. Éramos eu e eu mesmo em minha cabeça.

—Como você fez isso?_ indaguei deslumbrado. Pegando sua mão e colocando em meu rosto, mas nada houve.

É meu dom, soou então, sua voz nítida em minha mente.

—Uma mistura às avessas dos dons de meus pais.

—Bella tem um dom?_ o clima entre nós ficando mais leve, só uma pequena parte de mim queria saber, o restante estava avaliando a postura de Renesmee, avalia-la e buscar saber o que ela precisa era como um novo sentido em mim.

—Ninguém que tenha um dom psíquico pode afetá-la, nem a ela nem os que ela proteger sob seu escudo, sua cabeça é impenetrável. E ao contrário, ninguém pode me manter de fora, nem mesmo ela.

—E o que exatamente você faz?_ agora eu queria mesmo saber.

—Posso colocar qualquer pensamento meu dentro de qualquer mente.

—Você é fantástica!

Ela sorriu.

—Eu não quero pensar em nada disso agora, não acho que eu vá conseguir chegar a alguma conclusão, mas eu preciso saber o quanto isso me afeta. Quero dizer, esse fenômeno aconteceu para você, mas o quanto do que houve aqui é responsabilidade do imprinting?

—Ok_ pensei um segundo para falar daquilo e deixar minha devoção de lado, falar puramente da parte técnica de tudo:_ O imprinting não tira o livre árbitro de ninguém, exceto talvez do lobo, mas isso não importa porque nada o faz mais feliz que o simples conhecimento de tê-la por perto. Você pode decidir ir embora se quiser. Digamos, que você fosse casada_ estremeci com a ideia_ e tivesse filhos e estivesse feliz assim, é bem provável que a minha felicidade fosse cuidar dos seus filhos para que você tivesse uma noite agradável com seu marido_ revirei os olhos.

—Isso é triste._ murmurou com ares de riso_ Quer mesmo que eu acredite nessa parte?

Dei de ombros.

—Acredite ou não, é bem assim que funciona.

—Como um mecanismo de sua própria natureza pode servir para fazê-lo infeliz?_ suspirou exasperada.

—Isso faz com que nós queiramos fazer nosso objeto de possessão feliz, então acho muito difícil não gostar de alguém que faz você feliz, mas isso não quer dizer que você não possa simplesmente querer outra coisa_ expliquei, e então me inclinei para beijá-la.

**

Estava claro quando acordei e não chovia, Renesmee dormia tranquilamente junto a lateral de meu corpo. O quarto estava quente, nosso cheiro parecia bruma e seu cheiro requintado e delicioso emanava em ondas quentes de seu corpo. Não resisti, como tudo quando se tratava dela, em me inclinar e beijar seu ombro, embrenhando-me aos poucos nos fios acobreados de seu pescoço. Ela respirou fundo e seu coração deu uma guinada dando sinais que despertava. Ah, eu sem dúvida poderia acordar assim todos os dias.

—Bom dia_ sorri abraçando-a.

—Há mais alguém na casa_ disse-me nervosa.

—Meu pai_ respondi. Silêncio.

—Preciso ir. Não quero esperar que me achem aqui, além disso lá se vão dois dias sem aula...

—Que tal dividirmos o chuveiro?_ Ela corou_ Economizaremos no tempo_ expliquei, Renesmee sufocou uma risada envergonhada e negou com a cabeça.

Assim, colocamos sua roupa na secadora e enquanto ela tomava banho preparei torradas e suco, e enquanto ela se vestia eu tomei um banho rápido. Ao sair do banheiro me deparei com Billy a porta de seu quarto, ele devia ter vindo cedo da casa de Rachel. Eu podia ouvir o zunir das roupas sendo manuseadas enquanto Renesmee se vestia.

—Jacob, pensei que Anne não estivesse na cidade.

—E não está_ desembuchei.

—Jacob! O que pensa que está fazendo?_ murmurou fervorosamente. Eu me empertiguei, não contei muito sobre mim a Renesmee, incluindo a parte sobre também estar noivo. Só falava o básico, que morava com meu pai, que tinha irmãs casadas e em que trabalhava.

—Pai, é uma longa história e só o que precisa saber agora é que meu imprinting está lá dentro_ Billy parecia chocado. _Ela sofreu um acidente de carro ontem durante o furacão e vou leva-la a Seattle, porque não há como avisar sua família.

—Santo Deus_ murmurou preocupado; meu velho gostava de Anne. Nesse momento Renesmee saiu do quarto, vindo até nós _Santo Deus!_ exclamou Billy fitando a figura que estava pouco atrás de mim, completamente admirado.

—Meu nome é Renesmee, é muito bom conhecê-lo, Billy_ sua voz soando muito doce enquanto estendia a mão e cumprimentava meu pai; eu percebendo que ela usava a mesma blusa de botões que eu lhe dera ontem, junto de sua calça jeans e botas. _Desculpe-me qualquer transtorno que...

—Não se preocupe, querida, é muito bom conhece-la também_ como se não pudesse resistir ele sorriu abertamente para ela.

—Agora eu preciso leva-la, pai._ e corri para o quarto a fim de me vestir rapidamente, sem querer deixa-los sozinhos, sem ter ideia do que meu pai poderia lhe dizer.

—Você lembra-me muito alguém_ ouvi Billy dizer, a cadeira indo para a cozinha.

—Verdade?_ “Charlie ou Bella?”, a voz de Renesmee soou como se ela tivesse me tocado, me atordoando com a pressa de tirá-la de perto de Billy, eu explicaria tudo, mas não agora.

—Vamos?_ surgi na sala. Renesmee assentiu e Billy parecia um bobo ao olhá-la.

—Jake, o que digo quando... _Billy falou quando alcançávamos a porta, seus olhos faiscando para Renesmee_ Anne aparecer por aqui?

—Diga que não sabe de mim. Eu vou lidar com isso no momento certo_ minha voz soando tensa ao pensar nisso, Anne não entenderia... Acenei e saímos, eu guiava Renesmee até a garagem.

—Anne...?_ Renesmee disse apenas, o tom indecifrável. Suspirei profundamente.

—Sim, minha noiva_ minha voz soando baixa, o constrangimento indisfarçado.

Silêncio e nada mais até que chegamos a garagem, eu abria a porta para ela quando:

—Você tem um rabbit?_ seu tom me surpreendeu, era animado. Não imaginei que ela fosse notá-lo, muito menos que fosse reconhecer o carro e dar importância._ É um clássico!_ ela riu dando alguns passos para olhar melhor.

—O construí do nada, com ajuda de alguns amigos. Sua mãe ainda vinha aqui, nós até fomos ao cinema na viajem inaugural dele_ sorri saudoso com a lembrança, era uma lembrança doce agora. _Mas a caminhonete é mais forte e prática, embora ele seja meu bebê.

—Do nada mesmo?_ eu assenti_ Não me fale em bebês, eu era realmente apaixonada por minha Ferrari, ainda sou e não sei se posso superar _ela franziu o cenho enquanto voltava e entrava na caminhonete. Eu ri dando a volta no carro e entrando, ela continuou:_ Rose e eu fizemos algumas modificações num Bugatti Veyron 16.4 Grand Sport.

—Modificações?! O carro é incrível! O que há para mudar?_ falei chocado tirando o carro da garagem.

—Rose é formada em engenharia elétrica, dentre outras coisas, é um hobby. E você não imagina o que nós vampiros podemos fazer quando se trata de velocidade e tecnologia_ disse ela altiva; algo que lembrava vagamente a loura psicopata, embora ela jamais tivesse uma beleza tão radiante e natural como Renesmee.

—Quem diria que a loura pensa..._ eu ri, Renesmee me encarou com cara de poucos amigos, ela ficava adorável, eu ri, mas:_ Desculpe-me, é um hábito.

—E então, está animado em rever Bella?_ sua expressão de repente muito estudada_ Esse assunto nunca ficou muito claro para mim, não faz parte das histórias que me contam, sabe, sua amizade com minha mãe, mas acho que ela ficará contente em vê-lo.

Eu sorri e então:

—Hey, quando Billy disse que você lhe lembrava alguém... Tive a sensação...

—É, eu coloquei meus pensamentos em sua mente a distância. Eu... Sinto as mentes a minha volta, cada mente emite um sinal, e eu sou como uma antena receptora. Sinto com mais clareza pessoas que conheço, mas minha conexão com você é tão boa quanto com qualquer um de minha família_ Eu sorri para a última frase, pegando sua mão em seu colo e trazendo ao meu rosto para beijar.

Passando no trecho do acidente, Renesmee pediu para tentar salvar algo do carro, mas nem ao menos descemos, o carro estava queimado, e agora jazia na água entre as pedras, provavelmente levado pelo vento e chuva, não haveria nada que pudesse ser aproveitado dentro dele.

O dia estava claro com algumas poucas nuvens negras, e a estrada estava cheia, trabalhadores tiravam entulho da rua, alguns poucos telhados, e muitos pedaços de árvores haviam sido arrancados, isso fez a viajem ser mais lenta do que devia. Em Seattle era um dia nublado, mas claro, e logo chegamos a sua casa, afastada das outras da região, a última da rua, na verdade, a única num raio de um quilômetro. Não era uma casa grande como a de Forks, mas uma família de quatro pessoas poderia morar confortavelmente ali, era simples, no entanto, de alguma forma, digna da pompa dos Cullen.

—Quer comer ou beber alguma coisa?_ Nós acabamos não tomando café, mas eu não tinha fome, o que era inacreditável. Era a ansiedade, eu não sabia se ela ligaria para os pais nem o que diria, assim neguei com a cabeça e murmurei um agradecimento.

—Vou trocar de roupa_ falou ela subindo a escada.

Fiquei um tanto perdido no meio da sala espaçosa e decorada de forma simples e jovial. Havia bastante porta retratos, um deles me chamou atenção: imediatamente reconheci Renesmee, embora na fotografia ela fosse muito pequena, parecia uma criança de cerca de 3 meses, um bebê adorável com cachos grossos e ruivos nos ombros, uma coisinha linda, nos braços de uma mulher muito bonita de cabelos cor de mogno e branca como osso. Bella.

—Você foi um bebê adorável_ murmurei ainda fitando o retrato, enquanto Renesmee descia as escadas, agora com um vestidinho de mangas longas dobrados no cotovelo, cor salmão, lhe caia perfeitamente. Não pude deixar de sorrir ao vê-la _Bella e esses olhos vermelhos_ eu ri_ um verdadeiro Freak Show.

—O orgulho dela é que seus olhos só levaram nove meses para ficar dourados. Ela nunca provou sangue humano depois da transformação. Viu Charlie com dias de nascida e se portou muito bem. Ele apareceu um mês depois dessa fotografia.

—Bella sempre foi teimosa_ coloquei o retrato na mesa ao lado do sofá e envolvi Renesmee pela cintura, ela hesitou, mas deixou-me trazê-la para mim. Uma de minhas mãos acariciando a pele do pescoço e subindo para seu rosto enquanto me aproximava de sua boca úmida e doce.

—Você..._ sussurrou debilmente, nossos lábios bem perto_ parece mesmo ter sido feito para mim, mesmo em questões que não conheço sobre mim mesma.

—E eu fui_ sussurrei selando nossos lábios. Juntei seu corpo ao meu, aquecendo em anseio; seus braços me cingiram o pescoço, enquanto nossas bocas eram exploradas mutuamente... Renesmee arquejou, amolecendo em meus braços quando um punho meu girou se enchendo dos cabelos de sua nuca.

—Quer conhecer meu quarto?_ sua voz musical soou trêmula, como as sensações em meu corpo. Eu ri indo de encontro à pele suave em seu pescoço, pensando em todas as coisas que queria repetir e nas novas...

— Eu vou adorar, mas ainda não cumprimos nosso objetivo aqui, você não ligou par...

Renesmee arfou e não foi de prazer, ela congelou instantaneamente, segurando meus ombros e me afastando alguns centímetros dela. Não entendi sua reação exagerada e me preocupei ao ver o rosa esvaindo-se de seu rosto, enquanto os olhos perdiam o foco.

—Renesmee_ aflito, toquei seu rosto.

—Eles estão aqui. Todos eles_ sussurrou ansiosa_ Minha família, um minuto, ou um pouco menos.

—Eu não estava pensando coisas que seu... Pai gostaria de ouvir_ falei nervoso.

—Eu tampouco, Jake_ não me passou despercebido que ela me chamou pelo apelido. _Pedi a minha mãe que pusesse o escudo sobre nós até que expliquemos, mas ele ouviu, certamente, uma vez que posso sentir suas mentes. Como não os percebi antes?

Eu ia tranquilizá-la quando ouvimos os carros já bem próximos. Seus olhos achocolatados se arregalaram e as bochechas coraram em constrangimento. Prendi Renesmee contra meu peito tentando reconforta-la, embora sua família (pela devoção com que falava) a amasse e não fosse fazer nada contra ela. Na verdade o abraço era para me manter calmo: eu não tinha pensando muito em como diria nada.

—Digam que meu olfato e memória estão terrivelmente enganados_ disse uma voz clara e retumbante: a loura psicopata, ao mesmo tempo em que reconheci o rosnado de Edward.

—Não enquanto não souber o motivo_ o tom retaliativo vinha de uma voz musical que não reconheci, mas era familiar, imaginei animado, que seria Bella.

—Alice?_indagou uma voz que minha mente dizia ser de Esme.

—As coisas sumiram mesmo, não é só a interferência de Renesmee_ falou a voz de passarinho enquanto dois carros paravam no pátio em frente à casa, portas abriram e fecharam e passos quase inaudíveis vinham em direção a porta.

Renesmee se afastou de mim rumo a porta que foi aberta antes que ela desse quatro passos.

—Filha!_ disse o cristal ambulante, pálido, de olhos dourados e afoita, que era Bella.

—Está tudo bem mãe, vou explicar_Renesmee começou sendo prensada pelos braços brancos de Bella, que teve seu rosto tocado por Renesmee e de repente me tinha sob sua atenção.

—Melhor explicar mesmo, sabe o quanto nos deixou preocupados?_ a Loura afagou os cachos de Renesmee enquanto me lançava um olhar mortal enquanto o restante entrava e se posicionava atrás do sofá e mais atrás: ao pé da escada.

—Jacob_ disse Carlisle cordial. Esme, ao seu lado sorriu para mim, tão estranhamente amável quanto eu me lembrava.

—Doutor_ cumprimentei_ Vim em missão de paz_ afirmei sentindo os olhos negros de Edward em mim

—Jake..._ murmurou Bella, ainda abraçada a Renesmee, deixando seu reconhecimento fluir. Naquele momento eu senti que nada havia mudado de fato, ainda que não fosse por Renesmee, havia um vínculo profundo ali, ao menos para mim; da maneira correta e pura, sem nenhum outro tipo de desejo que não fosse sua felicidade. Bella ainda era minha melhor amiga e tudo se reafirmou.

—Hey, Bells_ eu sorri para Bella (como há muito não sorria) ao vê-la, percebendo que ela ainda estava lá, apenas cristalizada.

—O que faz aqui, com minha filha?_ Edward cuspiu as palavras, ainda do hall de entrada e virou-se para Renesmee _Onde esteve?_ voltou-se para mim:_ Porque estavam... _rosnou.

Ele olhou furioso de mim para ela. Respirei fundo tentando não perder o controle por ele ser grosso com Renesmee, mas arrependi-me em seguida, o ar na sala já estava saturado do cheiro deles.

—Responda!_Edward gritou para mim.

—Edward, deve haver uma explicação para tudo_ afirmou Carlisle.

—Acalme-se, filho_ pediu Esme, mas a expressão do sanguessuga não amenizara em nada.

—Bella, libere os pensamentos deles. Dele ao menos!_ a expressão de Edward foi de furiosa para mendicante em um segundo e voltou.

Bella olhou para filha e declarou: _Deixe que se expliquem antes.

Ele a encarou, a expressão penalizada, em seguida a mim, os olhos de um demônio, as mãos crispando-se em garras cor de osso.

—Sofri um acidente, o carro deslizou na estrada congelada e caí num abismo... Em Forks. Eu provavelmente teria explodido ou me afogado se não fosse por Jacob. Havia uma tempestade na costa, não havia comunicação _e Renesmee acrescentou com um olhar fugaz para mim: _e não era seguro sair.

—E porque, afinal, estavam..._ Edward rosnou, entendimento iluminando seus olhos negros: _Vou matá-lo, Black! O que acha que te dá direito de brincar com Renesmee?! De tocar nela!_ ele avançava lentamente enquanto cuspia as palavras para mim, dando a volta no sofá que agora nos separava. _ O que você lhe disse para que ela se propusesse..._rosnou ele possesso de fúria.

OK, eu já havia entendido. Ele ouvira o bastante em nossas mentes antes, mas não ouviu o mais importante, o interrompi:

—Bells, o que quer que esteja fazendo, deixe que me ouça_ falei me virando para ela e Renesmee, que choramingou um “não”. Neste momento senti Edward avançar, saltei sobre o sofá, indo para o hall da porta, que Alice ainda mantinha aberta.

—Desde quando ataca pelas costas, sanguessuga?_ me surpreendi ao perceber que não esperava uma traição vinda dele_ Não quero brigar com você.

—Desde quando você é covarde o bastante para seduzir minha filha para me atingir_ ele avançava em posição de ataque para mim, enquanto eu recuava para a pequena varanda e em seguida para a escada.

—Bella, tira isso da minha cabeça e deixe que ele me ouça_ falei enquanto Carlisle, Esme e Bella pediam calma.

—Amo Renesmee_ falei recuando para o quintal. Eu não sabia se Bella tinha feito o que eu pedia, mas pensei em Renesmee para que ele visse tudo que eu era capaz por sua filha_ Sofri imprinting por ela!

—Edward_ pediram novamente.

—Ela não lhe pertence!_ ótimo ele via em minha mente a sensação que eu tinha com relação a ela. Mas minha mente reagiu as suas palavras me dando lembranças que provavam que Renesmee me pertencia, sim.

—Apenas ela pode me dizer isso, Edward._ E tudo aconteceu muito rápido.

Furioso Edward partiu para mim. Desviei por sorte, na forma humana eu não seria mais rápido que ele, seus dentes passando muito perto de meu pescoço. Emmett, Carlisle e Jasper vieram tentando segurá-lo, mas ele se movia como uma cobra, impossivelmente rápido e antecipava todos os movimentos. As mulheres também estavam no quintal agora, eu tentei argumentar com Edward, nem dois segundos passaram.

Mais rápido do que achei ser possível, Renesmee estava entre nós, no meio de toda a confusão de investe e recua que éramos Edward e eu. Ele estava cego de ódio e percebi que ele atingiria Renesmee; eu, que não me transformara para não afrontá-lo, não seria rápido o bastante para tirá-la do caminho; Foi então que o desespero acendeu o fogo que trazia o lobo, a fim de proteger o que talvez fosse mais dele que do homem em mim. Sem tempo a perder, no mesmo movimento da transformação, com a pata direita joguei Renesmee para o lado esquerdo e ainda com o lado direito recebi o impacto do golpe de Edward. Todos puderam ouvir o som dos meus ossos quebrando, mas meu ganido estertorado nada tinha a ver com isso.

Atingi o chão nevado ao mesmo tempo em que Renesmee, minha dor e desespero foi ao vê-la ensanguentada e desacordada. A pata que usei para tirá-la do caminho de Edward estava cheia de seu sangue, gotas vermelhas brilhantes tingiam o chão branco. Ignorando meu ombro e talvez uma costela, impulsionei as patas traseiras para chegar até ela, rosnando violentamente para Edward que estava horrorizado. Uivei enlouquecido ao ver os rasgos de minhas garras pela extensão de seu tronco: linhas enxágues em vermelho vivo iam do ombro direito, atravessando o peito até o lado esquerdo do umbigo, pescoço e queixo estavam arranhados.

O que eu fizera?


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Notas finais do capítulo

Que acharam do capítulo? Eu amei escrevê-lo!