Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 30
Entre eu & mim


Notas iniciais do capítulo

"O cheiro de sua pele está grudado em mim agora
Você deve estar no vôo de volta para sua cidade natal
Preciso de algum abrigo para minha própria proteção, baby
Ficar comigo mesma concentrada, lúcida
Em paz, serena
Eu espero que você saiba, eu espero que você saiba
Que isso não tem nada a ver com você
Isso é pessoal, eu mesma e eu
Nos temos que ajeitar algumas coisas
E eu sentirei sua falta
Como uma criança sente a falta do seu cobertor
Mas eu tenho que seguir em frente com a minha vida
Chegou a hora de ser uma garota crescida
E as garotas crescidas não choram"
—Big Girls Don't Cry/ Fergie



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Seu coração parecia irregular, ligeiramente mais lento. Rosnei para alguém que tentou se aproximar.

—Jacob_ não era a primeira vez que me chamavam_ Jacob, seu ombro_ Carlisle falava, agachado como em posição de ataque, ele e Bella na mesma posição, embora nenhum estivesse com expressões hostis. Eu? Meu ombro?

—Jake_ Bella soluçou um pranto seco_ Por favor, deixe que Carlisle ajude Renesmee. Por favor?

Deixei, por fim, meu corpo cair de lado, chorando, me odiando por tê-la ferido, preferindo mil vezes a dor de todos os meus ossos quebrados. Carlisle, Bella e Rosalie, essa última vinda de não sei onde, rodearam-na e Carlisle a levou. Queria segui-los mas não conseguia me acalmar o bastante para fazer o fogo ceder.

Os outros, a vampira miudinha, o grandão e o loiro estavam com Edward uns 30 metros de distância, sussurrando rapidamente, eu não entendi, e não podia entender com os ganidos que irrompia garganta afora. Calando-me, busquei ouvir os sons dentro da casa, ouvir Renesmee.

Sustentando meu peso com o lado esquerdo e ignorando a dor excruciante, manquei até abaixo da janela de onde vinham os sons. Atrás de mim, os outros passaram a fim de entrar na casa. Ronronando lamentos, um tanto descontrolado, eu ouvir Carlisle murmurando ordens, portas e armários se abrindo e fechando. Além disso, uma conversa nervosa seguia na sala, e o TUM-TUM-TUM frenético seguia no ponto logo acima de mim, alto o bastante para que mesmo nas duas patas eu não alcançasse.

—Jacob, preciso ver seu ombro, antes que precise refazer a fratura_ disse Carlisle no quintal, atrás de mim, Jasper estava com ele. Eu estava tão absorto em ouvir Renesmee que nem ao menos os notei. Olhei para cima para a janela, numa perguntada desesperada.

—Ela vai ficar bem, não se cura tão rápido como você, mas é rápido que um humano normal, o sangramento está cedendo._ assenti uma vez e deitei-me no chão, o doutor se aproximou e tocou a base de meu pescoço e meu braço, ou no momento, pata._ Preciso que volte a forma humana, Jake, ou não farei nada que grande ajuda.

Respirei fundo, tentando me concentrar no fato de que Renesmee era forte e que ficaria bem. E senti o calor cedendo e adormecendo no cerne de meus ossos, e então eu era um homem nu, deitado no chão branco de neve.

—As fraturas menores parecem estar perfeitamente calcificadas, mas preciso reinserir o úmero ao ombro, ele está se curando erroneamente- falou Carlisle calmamente.

Virei à cabeça para o outro lado numa autorização muda. Trinquei os dentes, mas um urro me escapou quando Carlisle puxou meu braço tirando e colocando no lugar.

—Jacob_ sussurrou Renesmee, enquanto eu me deixava cair no chão, buscando por ar, aliviado por ouvi-la e odiando-me por tê-la ferido. _Ah...!_ ela arfou dolorosamente, e me encolhi covardemente, voltando à forma lupina em seguida, não querendo demorar a vê-la, na forma lupina me curaria mais rápido.

—Está tudo bem, meu amor_ disse Bella_ Respire devagar, ele está bem abaixo de sua janela.

Houve um expirar irritado em algum ponto no andar de baixo, abri os olhos e Carlisle não estava mais por perto, apenas o Vampiro loiro.

—Cortesia de Esme_disse-me entregando uma calça de brim e saindo logo em seguida.

Eu estava emocionado e ao mesmo tempo enojado que ela tivesse perguntado por mim enquanto sentia uma dor que eu lhe causara; A dor em meu braço uma pano de fundo para minha tortura Um uivo baixo e ininterrupto brotou em forma de lamento por minha garganta, enquanto Bella parecia tentar acalmá-la, devia estar agitada, entre um “ai” e um arquejo.

Ansioso para vê-la voltei a forma humana e vesti a calça que Jasper pusera entre minhas presas. Apenas Rosalie estava na sala com uma expressão de dar medo, mas foi fácil ignorá-la enquanto seguia o cheiro de Renesmee escada a cima. Achei o quarto e com alguns passos longos pude alcançar a cama onde ela estava envolta em ataduras vermelhas e em seus mesmo jeans de antes. Não havia cheiro de sangue fresco.

Senti o calor no centro de minha coluna ser aceso por um ódio que eu desconhecia_ o por mim mesmo. Eu queria tocá-la, dizer que tudo ficaria bem, mas me sentia indigno dela, ajoelhei-me e curvei sobre o colchão, afundando o rosto em minhas mãos sobre o colchão, incapaz de encontrar seus olhos. Senti seus dedos em minha nuca.

—Eu estou bem_ afirmou ela_ Juro que vou ficar bem. Sua voz falhando, sufocada em sua tentativa de não demonstrar a dor que sentia.

Aquilo tudo me era muito familiar, mas era indescritivelmente pior a diferença entre viver e ver os fatos na mente de alguém...

—Acalme-se, Jacob, a está angustiando _ralhou Bella naquela tom maduro amigável com que me fazia rir de sua autoridade.

—Perdoe-me_ pedi num sussurro, engasgado em minhas lágrimas incontinentes enquanto erguia a cabeça para olhá-la. Ela devia me odiar, e com toda razão..._ Eu..._ entrei em desespero quando seus olhos perderam o foco e ela piscou lentamente.

—Você é um lindo lobo_ ela disse lentamente e sorriu um pouco_ Mais que sempre imaginei_ e virou-se descoordenadamente para sua mãe, sentada do outro lado da cama: _Mãe... Poor-quee... Drro-ga!_ e para mim novamente, antes de suspirar cansada, e seus olhos fecharam.

—Fique tranquila, são os remédios, meu bem_ a voz musical de Bella soou doce ao referir-se a filha, que lutou para abrir os olhos e então desistiu, caindo num sono profundo e deixando-me perdida sem seus olhos.

—Carlisle lhe deu muitos analgésicos_ me explicou Bella. Eu assenti ainda fitando o semblante adormecido de Renesmee, atento a menos mudança.

Por longos minutos eu não percebi o olhar dourado daquela nova Bella sobre mim

—Não esperei que fosse assim_ sua voz mais baixa que um suspiro. _Mas de alguma maneira me parece correto, um tanto óbvio, se pensar bem.

—Não está revoltada?_ eu não tinha animo para ter uma conversa, mas não queria nem poderia ignorá-la.

—Não estou adorando a ideia de ser sua sogra. No entanto, acho que eu mesma esperei certa vez que algo grandioso acontecesse e resolvesse tudo, é claro que minha filha nunca esteve na ideia. É estranho.

Eu ri sem humor nenhum.

—Também é estranho que você pareça a mesma Bella de antes, mesmo que para mim pareça um cristal ambulante e fedorento.

—Você também fede, Jacob, não pense o contrário. Mas ainda parece familiar falar com você, confortável_ seus olhos de ouro desviaram-se da filha e vieram para mim, e ela sorriu, revelando-me dentes afiados, mas amistosos.

—Estranho, ou não, era assim que tinha de ser, Bells, era assim: nós dois tendo pessoas sem as quais não podemos viver.

Despertei na mesma posição em que dormi sem perceber, minhas pernas dobradas sob mim mesmo. Ergui a cabeça e me deparei com Edward, imóvel, sentado na poltrona do canto curvado, as mãos apoiando o rosto. Só o notei por reflexo, meus sentidos desembotando voltando-se todos para Renesmee, ainda desacordada. A julgar pela claridade e por minha fome, devia passar do meio dia. Edward não se moveu.

Anos pensando em matá-lo e tudo o que eu sentia agora era uma dívida enorme com ele, embora eu certamente pudesse lhe dar uma boa surra por ter sido tão estúpido; e me corroer depois por ferir o pai de Renesmee.

—Eu quis... Um dia desejei que você não me odiasse, grato por tudo o que fez por nós, mas minha filha não estava no cômputo de “pelo eu agradecer ao Jake”_ murmurou ele, ainda imóvel.

—Quem poderia imaginar que algo monstruoso pudesse resultar na coisa mais linda do mundo._ o ar saiu em forma de palavras, mais para mim, que para ele.

—Renesmee está acordando_ murmurou ele saindo de sua posição e olhando a filha ansiosamente, eu fazia o mesmo.

Percebi a respiração de Renesmee tornou-se mais superficial, o coração acelerou e as pálpebras tremeram. Ela se moveu e gemeu de dor, a mão livre da minha adejando sobre o tórax ferido; minha respiração presa na garganta e meu coração pesado uma tonelada no peito: ela sentia dor, a culpa era minha e eu não sabia o que fazer. Eram as marcas de minhas garras ali.

—Estou bem_ sua voz parecia melhor do que eu esperava, não era mais tremula e sufocada como antes. Senti seus dedos quentes em meu rosto, fazendo as lágrimas parecerem frias, abri os olhos, só então percebendo tê-los fechado.

—Quero implorar que me perdoe_ minha voz falhou miseravelmente_ Mas não sou digno que me desculpe.

Seu cenho franziu enquanto eu tentava enxugar minhas lágrimas.

—Sei que foi acidente, que tentou de defender_ ela olhou de relance para o outro lado, para o pai... Engasgado em conter meu pranto de agonia, nada pude dizer.

—Carlisle_ disse Edward como se o doutor estivesse ao seu lado.

—Bem... _ disse o doutor entrando no quarto_ Jacob, como está ombro? Sugiro que saia dessa posição, já vai ser bem doloroso.

—Está bem_ respondi a pergunta e a sugestão.

—Isto parece pior do que na verdade é..._ disse o doutor enquanto ele e Edward se aproximavam da cama, Edward sentando ao lado de Renesmee e a sentando ereta enquanto sustentava seu peso para que Carlisle desenrolasse as ataduras.

—Bella, Renesmee se sentiria melhor se fosse você a fazer isso_ disse Edward recebendo um olhar envergonhado de Renesmee. Pude ouvir o silvo do vento e em menos de dois segundos Bella também estava no quarto, trocando de lugar com Edward.

—Jacob vem comigo_ a voz do vampiro soou inflexível enquanto contornava a cama em direção a porta. Renesmee soltou minha mão que segurava a sua e seu olhar para o perfil do pai foi indecifrável. Tentei lhe sorrir enquanto levantava. Ai! Argh! O doutor tinha razão, o jorro de sangue por minhas veias foi extremamente doloso em minhas pernas ao me por de pé.

Segui o vampiro. Edward gesticulou para que o seguisse quando fiz menção de me escorar do lado de fora da porta, e relutante, mas agora de guarda alta, eu fui.

—Isso não altera o que houve entre vocês, mas não vou ficar ouvindo enquanto a vê despida_ sua voz era contida, mas seus punhos estavam cerrados enquanto descíamos o único lance de escadas. Sentei-me no último degrau apoiando a cabeça nos joelhos... Ele falava como se eu pudesse ter pensamentos de qualquer sentido sexual vendo o que fiz a Renesmee; embora, talvez, as feridas não me impedissem de ver beleza nela.

Edward suspirou:

—Não estou dizendo que gosto ou que estou me acostumando, mas sei, vejo, o que minha filha é para você e..._ ele se calou por tanto tempo que ergui a cabeça, achando que não diria mais nada. Edward, de pé, me fitava, olhos nos olhos agora _Como pai eu não poderia querer nada melhor para Renesmee_ uma onda de gratidão me tomou, me fazendo perceber que sua aprovação era mais importante do que eu julguei, ainda que a desaprovação não fosse me impedir de nada.

—Isso poderia ter sido mais fácil_ o momento em que feria Renesmee lampejando em minha mente.

—Mas talvez você não me tivesse convencido_ eu quase sorri, não o fiz porque enquanto ele falava Rosalie fez um som de desdém, de algum ponto da sala que não me era visível do ângulo onde eu estava... Edward rosnou virando de costas para mim, provavelmente para fitar a Barbie sanguessuga e ela demandou me enchendo de ódio, pois sentia Renesmee e mais duas pessoas no alto da escada:

—Não acredito que vai aceitar tão facilmente que ele tenha desejado sua mulher e agora se diga apaixonado por sua filha.

—Como assim?_ a voz sussurrada me seria reconhecível de qualquer forma e parecia chocada.

Levantei-me a fim de olhar para Renesmee que fitava Bella, as duas abraçadas, Bella dando apoio a Renesmee que agora vestia uma blusa com os botões abertos que revelavam as ataduras levemente manchadas de sangue. Bella tinha os olhos incisivos para além de mim, e imaginei vagamente que ela e Rosalie trocavam olhares mortais. O restante de meus sentidos estavam em Renesmee enquanto a sala parecia emergida em tensão.

—Do que Rose está falando?_ Renesmee não tirava os olhos da mãe. Atrás de mim senti um movimento, distante demais para me preocupar e entendi que a Sanguessuga oxigenada diria algo quando Carlisle proferiu:

—Não se atreva, Rose_ sua voz compenetrada e inquestionável.

—Vocês..._ finalmente Renesmee me olhou e meu coração se apertou em pavor.

—Não é a primeira vez que acho que me escondem algo, que tal me contar agora?_ Ela olhou para todos os rostos na sala enquanto descia a escada deixando sua mãe ao lado de Carlisle no alto, toda sua família reunida, com os membros vindos de cada lugar da casa desde que a discussão começara e por fim a mim.

—Porque você não me diz? Que história é essa de que amou minha mãe?_ Renesmee estava séria, não parecia me acusar e tão pouco parecia triste, mas estava determinada. _ Toda essa história de amizade rompida pela escolha amorosa de minha mãe sempre me pareceu história pra criança... Por favor!

—Renesmee_ tentou Edward ao mesmo tempo em que eu falava:

— Foi há muito tempo... Foi por você_ o cenho de Renesmee franziu enquanto ela respirava fundo, apoiando-se no corrimão, estando agora no mesmo degrau em que estive sentado. Eu entrava em desespero

—Era passado, você não precisava saber, não tinha nada a ver com sua vida_ disse Edward atrás de mim.

—Eu quero que vá, Jacob_ Renesmee murmurou sem me olhar. Os olhos firmes no chão.

—Renesmee..._ tentei.

—Eu não consigo pensar com você aqui e além disso_ seus olhos encontraram os meus. Renesmee estava muito segura quando falou:_ Nós não temos nada, há alguém esperando você e eu preciso resolver muitas coisas..._ Percebi seu esforço para ignorar os outros quando disse em voz baixa:_ Foi apenas... Sexo, Jacob, por mais lindo que tenha sido, nem ao menos nos conhecemos. Eu preciso que vá.

Eu estava chocado, eu não queria ir e enfrentar cada metro longe dela, a simples ideia era dolorosa; no entanto eu via sua necessidade de um tempo, de ficar distante de mim e era Renesmee o que me importava. Não percebi que tomei a decisão, quando dei por mim estava andando no quintal em direção ao meu carro, o silêncio que ficou para trás seria opressor não fosse pelo palpitar insistente de um coração.

Como eu previra na mente de meus irmãos me afastar de Renesmee era fisicamente doloroso, como se eu não tivesse forças para nada além de respirar, tudo o que eu queria era voltar e tocá-la novamente, as lembranças das horas que passamos juntos eram ácido em minha ferida. Estacionei o carro na saída de sua rua, sem suportar ir mais longe.

Então uma lembrança que não era minha surgiu, uma dor semelhante a minha ao fundo e um insight: Sam também fora rejeitado, nós igualmente estávamos presos a palavras e Renesmee também não me pediu para nunca voltar.

Isso não me fez sentir melhor, no entanto me deu esperanças: eu poderia lhe dar o máximo de tempo que pudesse e voltar a procurá-la. Foi pensando arduamente nisso que fiz todos os quilômetros para longe de Renesmee.

Renesmee

Já se passaram dois dias desde aquela confusão. Meus pais disseram a Nahuel que viajei com minhas tias a Paris de última hora, ele não gostou nada, mas disse que iria a Califórnia visitar Jennifer e voltaria quando eu estivesse de volta. Fiquei aliviada por isso, assim teria tempo de me curar e não ter que explicar mais que o fato de não haver mais casamento algum. Eu adoraria ter ido com elas para a semana de moda exclusiva, mas eu tinha muito que fazer e não queria pensar em nada tendo os intrometes delas em mente, principalmente de Rose, que odiava Jacob.

Eu não via como resolver o fator Jacob quando não havia resolvido a primeira fase da equação, que era Nahuel. Eu não fiquei chateada com ninguém sobre minha mãe e o lobo, eu honestamente entendia que não era algo que vinha ao caso me contar, afinal, quem poderia imaginar que eu seria imprinting de Jacob. Eu não tinha certeza de como era isso, mesmo que meu pai tenha conversado comigo...

Eu estava em meu quarto naquela mesma noite, ainda me sentindo sonolenta, embora não conseguisse dormir com os pensamentos zumbindo rápidos de mais em minha cabeça, mesmo meu cérebro inumano não conseguia chegar à conclusão nenhuma, ou talvez eu não quisesse, eu sentisse medo.

Não queria mesmo falar com alguém, não queria saber a opinião de nenhum deles, queria formar a minha própria sem influência nenhuma, mas não consegui dizer que meu pai saísse do quarto quando sua cabeleira arruivada apontou para o lado de dentro.

—Você está me dando dor de cabeça_ disse ele entre a seriedade e a diversão.

—Me desculpe_ falei sentando na cama, apenas a penumbra do luar entrando pela janela iluminava o quarto_ Não consigo parar de pensar e também não consigo pensar... Estou ficando maluca_ suspirei cansada.

—Posso ajudar você_ disse-me. Ergui a sobrancelha inquisitivamente e ele se sentou ao meu lado. _Como eu disse para Jacob, eu não gostei nada do que houve e não sei se vou me acostumar. Mas preciso admitir: ele é um bom garoto e sofreu muito para se tornar o homem que é hoje, e como seu pai que te ama tanto, a contra gosto, no entanto, felizmente, eu não poderia imaginar ninguém melhor para estar com você.

—Não está ajudando..._ gemi me deixando escorar na cabeceira da cama, lentamente para evitar a dor do tórax.

—Veja, Jacob foi um bom amigo para Bella num momento muito delicado, ele a protegeu e amou quando eu não estava lá para fazê-lo. Eles tinham uma ligação muito forte, de amizade e cumplicidade a tal ponto que eu nunca pude compreender... Até agora. _ e continuou durante meu silêncio:

—Não é que eu goste, mas entendo perfeitamente, já tendo visto na mente dos lobos sobre o assunto, que a ligação máxima entre os dois era você. Porque afinal, mesmo sofrendo Bella me escolheu, exatamente porque tinha de ser assim, porque não era ela quem Jacob protegia, era a possibilidade de você existir... Mas ninguém sabia disso e fizemos uma enorme bagunça.

—Ela o correspondeu?

—De certa forma, afinal ela nunca pode deixá-lo completamente, eles tinham de ficar juntos para que cada um tivesse seu quinhão de felicidade.

—Me sinto sufocada com a responsabilidade de ser dele.

—Você não precisa e não fará nada que não queira_ falou mais seriamente do que havia falado até ali, os olhos dourados graves:_ Nada pode obrigá-la, entenda isso: imprinting afeta muito mais os lobos que seus objetos de possessão.

—Quantos deles sofreram isso por alguém que não seja humana?_ Edward calou-se um instante, os olhos fitando algum ponto além de mim, e então focou em meu rosto.

—O que sente?

—Sinto... Que não é Jacob, o problema sou eu... Não estou pronta para nada disso, não quero isso, quando nem ao menos tenho terminado realmente com Nahuel. Fomos longe demais, e estou pensando sobriamente agora, porém..._ tentei ao máximo evitar, mas alguns pensamentos são totalmente involuntários e corei violentamente ao pensar na noite que Jacob e eu passamos.

—Argh!_ praguejou meu pai inquieto.

—Desculpe-me_ murmurei completamente constrangida. Ele suspirou.

—O que você sente é apenas um meio natural do imprinting de preservar de alguma forma o lobo, é carinho, ternura, mas isso não a obriga a ser para ele mais que uma amiga.

Assenti começando a entender.

—Sua mãe está preocupada que você esteja magoada com ela_ sussurrou-me ele tentando evitar que alguém ouvisse, sorri e toquei seu rosto: “Diga-lhe que suba, quero lhe dar um abraço”... E assim se encerrou a conversa.

Eu entendia que sentia ternura por Jacob, era simplesmente impossível não retribuir a forma como ele me olhava, mas o que eu senti naquele primeiro beijo ia além de ternura. Era desejo, um chicotear de tão quente e atordoante.

E depois como dois ímãs, depois que Sue me examinou, foi como se eu tivesse então encontrado o que sempre busquei, sem saber que buscava; quando nos aproximamos sem reservas, sem pressa embora não tenha sido lento; e de alguma forma o fato de estar em seu quarto e cama me influenciou, permitiu que eu me deixasse levar, até que a ideia de parar era inconcebível... E mesmo aqui, sozinha em meio à floresta branca de neve, fria por circunstância, eu me sentia arder com sensações trêmulas ao lembrar as formas com que Jacob, de certa maneira, ainda um desconhecido para mim, me tocou tão íntima e latentemente. Era como se cada atitude, cada carícia fosse um gesto de adoração a mim, e era tão claro que o fato era assustador enquanto que sedutor. Foi muito fácil e estranhamente confortável como as coisas aconteceram. E de alguma maneira agora, com certa experiência, eu não podia imaginar a mesma coisa acontecendo entre mim e Nahuel, era como comparar a Califórnia com o Saara, uma piscina aquecida com um vulcão... Dias quentes com visitar o próprio sol.

Nahuel não me fez pensar em nada além dele, não me fez perder de mim mesma num mar de sensações, não fez minha pele quase doer pelos arrepios quentes e intensos... Senti mal por estar fazendo esse tipo de comparação, mesmo que isso fosse entre eu e mim mesma; mas eu traíra Nahuel, embora eu estivesse, agora, mais certa que nunca de que não poderia entregar minha eternidade a ele, que não fazia ideia de minhas conjecturas e decisões... Assim, acabei por decidir que esperaria que ele voltasse e teria esse tempo para deixar tudo esfriar e tomar coragem de romper tudo.

Quanto a Jacob eu não fazia ideia. Não poderia me deixar levar pelo desejo que sinto por ele, mas tão pouco queria magoá-lo; a ideia me fazia tão mal quanto ter traído meu ex noivo. Eu não sabia se ele me procuraria, mas decidi que era melhor tomar meu tempo, ou o tempo que eles me derem para refletir comigo mesma, ainda que de certa forma Jacob me fizesse falta. Inacreditavelmente.

Era-me estranho sentir falta de alguém cujo só passara algumas horas juntos, que eu mal conheci; ainda que isso fosse relativo, afinal, quantas vezes ouvi falar do tal Jacob Black? Seu cheiro estava preso a minha memória perfeita: uma mistura semelhante à maresia, nozes, eucalipto, terra molhada, pinho com notas únicas e selvagens. O toque das mãos fortes e grossas e que ainda assim me tocavam com delicadeza, o calor... Ah, o calor... Ele era ainda mais quente que eu, com meus 40 oC, era um toque de êxtase que mesmo em meio a dor desconfortável de ser invadida, mesmo que docemente, se fazia presente.

Era impossível não ficar maravilhada com os encantos do corpo (nem tão humanos), era como me sentia ao pensar nas vezes seguidas em que nos amamos e chagamos ao ápice, tão raro nas primeiras vezes... Senti meu rosto esquentar com a lembrança, abaixando-me na pedra onde estava e pegando um pouco de neve, os ferimentos pouco incomodavam, embora ainda não estivessem curados... Isso me fez pensar no pavor de ver meu pai disposto a matar Jacob. Seria uma grande injustiça sendo que Jake não me fez nada além de bem.

Eu não pensei no momento, o que parecia uma nova característica se tratando de Jacob: não pensar. Apenas não podia deixar que ele se ferisse, nem ao menos ataca Edward. Meu pai disse que ele estava sofrendo por me ferir, que preferia quebrar todos os seus ossos dezenas de vezes a me ver ferida; isso era lisonjeiro, mas também assustador. Edward contou-me também que ele sofria por estar longe de mim. Seus olhos mortificados me vieram à mente com a lembrança do momento em que o pedi para partir... Eu sentia por isso, no entanto não me arrependia, eu precisava de um tempo comigo mesma.


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Notas finais do capítulo

Comentários, por favor, senhoritas?
:*
Espero que entendam a Renesmee