Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 20
As Emoções São Cavalos Selvagens


Notas iniciais do capítulo

As emoções são cavalos selvagens e em nenhum momento a razão conseguirá dominá-las por completo.

—Paulo Coelho
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Link da minha Fic Jake e Nessie pós amanhecer:
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_O que você fazia nu na floresta com Seth? E aquele lobo enorme...?_ Anne arriscou quando parou de chorar, a voz rouca. Nós estávamos deitados em minha cama, ela aninhada numa bola pequena em meu peito.

_Já ouviu as lendas quileutes?_ quis saber afagando suas costas. Houve silêncio. Ela fungou.

_Sobre quileutes descenderem dos lobos? É tudo o que sei_ ela pigarreou.

_Sim. É exatamente isso_ afirmei. Ela se moveu de forma que me olhasse nos olhos.

_Está me dizendo que a tribo tem uma relação cósmica com lobos super nutridos que se escondem na floresta de Forks?_ Ela parecia tão convicta disso que eu quase disse que sim, mas sorri ternamente com a ingenuidade.

_Pior que isso_ suas sobrancelhas se uniram_ O lobo era Embry_ ela me olhou séria por alguns segundos e então bufou um riso. _Sabe que nossa reserva era uma tribo_ sugeri e ela assentiu, prossegui: _Há muito tempo houve uma grande ameaça a tribo e como sempre tivemos magia em nosso sangue, o chefe da tribo se fundiu a um lobo, porque havia perdido seu corpo, isso é história pra depois.

Anne balançou a cabeça incrédula, mas não disse nada

_Ele viveu muitos anos por isso e teve muitos filhos com três esposas diferentes o que resultou em muitas linhagens dele próprio. Desde então todos os filhos dos filhos dele carregam o gene do lobo. Quando há alguma ameaça a tribo, nos bate uma febre_ peguei a mão dela e coloquei em meu rosto, seus olhos vacilaram com uma compreensão relutante_ E então nos transformamos em um lobo.

_Quer mesmo que acredite nisso?!_ ela falou ultrajada.

_Se preferir não acreditar_ dei de ombros_ Foi tudo um sonho, Anne. Só imaginação.

Ela resfolegou irritada e se sentou, se afastando e me olhando como se fosse me estapear. Pus o braço sob a cabeça para olhá-la melhor.

_Mostre-me, então_ demandou cética e desconfiadamente. Assenti uma única vez:

_Certo_ falei e me levantei, _venha, olhe daqui_ chamei indo até a janela e pulando para o quintal, onde a chuva caia ainda vagarosa. Virei-me para ela e hesitei sobre tirar a roupa_ Com licença, mas as roupas não entram e saem de existência_ encolhi os ombros com a mão no cós da calça do moletom que usava.

Anne piscou espasmodicamente e desviou o olhar por alguns instantes, concentrei-me em trazer a tona o calor e o lobo, e com tremores que pareciam dividir minhas juntas eu estava mais alto que a janela. A garota humana me encarava aterrorizada, segurando-se no encaixe da janela. Eu gani um lamento longo e baixo, semelhante a um uivo, esperando reconfortá-la e sentei nas patas traseiras, mostrando-me consciente dela e de tudo em volta, achando que me faria menos selvagem, talvez.

“Domesticado”, Seth riu em minha mente, Embry achando engraçado também. Rosnei para eles e Anne estremeceu. ‘Desculpe’, quis dizer, mas tudo que saiu foi um grunhido agudo. Aproximei-me da janela e ela relutou, mas não se afastou. Inclinei-me como que para afagá-la com minha testa. Anne ergueu um braço e tocou entre meus olhos. Seus olhos enchendo-se de lágrimas, ela sequer piscava, chocada, os lábios entre abertos, formando uma expressão de choque e medo.

_Você me entende?_perguntou num sussurro, afagando-me o focinho e segurando meu queixo. Assenti uma vez com a enorme cabeça. Dei um passo para trás e voltei à forma humana, Anne viu o movimento, mas naturalmente saiu da janela, não ficou me olhando enquanto me vestia.

Quando voltei, ela estava escorada rigidamente na parede ao lado da janela, a respiração saindo em arquejos.

_Acho que... Parece que ultrapassei um limite que não devia. Como se o mundo fosse outro lugar_ falou ela.

_Sei como é, mas a boa notícia é que o restante do mundo funciona do mesmo jeito._ falei na penumbra do quarto caminhando dando dois passos lentos até ela.

_Desde quando...? Por quê? _ Anne suspirou_ O que vocês fazem? São muitos?

_Já fomos mais, mas os outros deixaram a forma lupina esfriar, acontece com um tempo, quando se tem controle para parar_ expliquei, tomando sua mão e puxando-a para a cama_ Eu me transformo desde os 16, nós protegemos as pessoas, a cidade, nossas terras._ eu não sabia se era boa idéia falar de vampiros agora.

_Quem mais?_ sussurrou, tirando sua parca úmida.

_Embry, Seth, Quil e Leah._ falei puxando-a pela cintura colando suas costas em meu peito.

_Leah?_ indagou se deixando arrastar por mim sobre o colchão._ E isso não é perigoso? Vocês não podem se machucar? Que tipo de ameaça vocês combatem?_ e então ela bocejou.

_Está tarde e já tivemos muito por hoje, é melhor dormimos._ pedi.

_Não vou conseguir dormir_ disse lamurienta.

_Então me diga_ tentei mudar de assunto_ Por que. Estava. Sozinha. Na floresta?_ subitamente irritado, apertei sua cintura ao longo das palavras. _ Falei que acamparíamos quando eu voltasse.

_Voltasse de onde? Sim, pois hoje é sábado e você só voltaria na segunda. O que quer dizer que você sequer foi a algum lugar. E eu queria ir. Sou acostumada com isso, sei me virar dentro da floresta.

_Estava muito longe da trilha e não conhece a floresta em Forks, além disso, é perigoso._ falei, minha bile subindo em imaginar o vampiro encontrando-a antes que Seth pudesse percebê-lo. _Mais perigoso do que você sequer sabe._ Ela estremeceu com o tom de minhas últimas palavras.

_O que vocês estavam fazendo lá? Aqueles sons que ouvi não eram só latidos e sons de lobos_ ela falou hesitante, parecia não querer aceitar os fatos como reais _ Vi o lobo, Embry, jogar algo na fogueira, as fagulhas chamuscaram a barraca quando o fogo subiu. Foi por isso que resolvi ver o que era. Animais comuns não chegam tão perto do fogo.

_Era... A coisa do que protegemos os humanos_ meu ódio deixando minha língua ácida.

Anne suspirou e sua voz soou até divertida com a situação.

_E eu vou querer saber o que é isso?_ ela se virou um pouco em meus braços, me olhando de canto.

_Acho melhor não_ respondi e beijei as sardas douradas em seu nariz. Ela ergueu o rosto buscando meus lábios, e então girou em meus braços ficando de frente para mim. Era um beijo diferente, como se ela tivesse verificando algo, ou procurando talvez, e ele durou tempo o bastante para que sentíssemos falta de ar.

Foi instintivo quando me apoiei no cotovelo esquerdo e pressionei meu corpo contra o dela, minha boca seguindo a linha de seu queixo e subindo até a orelha sentindo o cheiro, o gosto puro e humano da pele, as mãos de Anne acariciando debilmente minhas costas nuas, minha mão direita afagando sua cintura e subiu por seu braço até alcançar a nuca, e se emaranhar em seus cabelos, sua respiração se tornando mais irregular apesar de sua boca estar livre; não mais por muito tempo, já que fiz o caminho de volta e encontrando seus lábios mornos. Calor crescendo em meu estômago de forma branda se comparada à vivacidade do que trazia o lobo em mim, mas ainda assim forte o bastante para me fazer lamentar a idéia de parar, concentrando-se em outros pontos do meu corpo.

Selei seus lábios com os meus e voltei ao meu lugar abraçando-a por trás, ela suspirou e se aninhou a mim, caindo no sono em seguida. Minha mente vagando para as desventuras de minha vida. Pensei nas palavras de Embry, sobre Anne e eu sermos mais que íntimos agora, talvez isso fosse bom, afinal. Eu não sei se tinha paciência para conhecer outra pessoa... Eu gostava de Anne, ela era boa o bastante para que eu me esforçasse por ela, para ser uma boa companhia por muito tempo. Ela saber a verdade sobre mim talvez fosse um prelúdio sobre tudo; não havia vontade ou perspectiva em mim, mas pensando bem e racionalmente falando, Anne poderia ser uma boa companheira, porque não? Bom, pelo tempo que ela quisesse ficar. Talvez ela achasse que aquilo era de mais para ela, e quando ela soubesse de tudo, incluindo imprinting e vampiros ela desistisse.

***

Eu podia me orgulhar. Ou não. No dia seguinte Anne estava atordoada, mas eu lembrava como era ser jogado no meio de toda aquela loucura. Sua mãe, como sempre, não estava, a levei em casa em seu carro, que ela havia deixado no estacionamento da praia antes de ir fazer trilha para acampar. Mas antes lhe chamei para uma caminhada na praia, onde lhe contei sobre tudo com detalhes, desde a história de Taha Aki e os frios até o trato de Ephraim Black com o Clã de olhos amarelos quase oitenta anos atrás. Eu não sabia dizer se ela realmente acreditou na parte sobre vampiros, mas parecia determinada a ao menos aceitar minha condição.

Já era outubro e Anne estava trabalhando no resort da reserva e fazendo um curso noturno de balé em Port Angeles, ela pretendia fazer inscrição para uma academia de artes nos próximos dois anos, enquanto isso estudava e recuperava o tempo que passou sem dançar, ela tinha uma apresentação esse fim de semana.

Billy a adorava e Rachel era educada, gostava que Anne me fizesse rir, sair, mas não morria de amores por ela, assim como Leah, que pouco viera à reserva depois do mês de férias que passou por aqui. Embry ainda não havia encontrado a Hannah certa, em suas buscas pela internet e em listas telefônicas. Rachel e Paul haviam levado minha sobrinha para longe, estavam morando no começo da rua, agora. Sarah já tinha sete meses e era a menor, mais linda e babona coisinha da minha vida, com seus olhinhos rasgados e cabelos arrepiados, de tão lisos eram constantemente penteados pela energia estática. Não importava quantos laços e fitas Rachel colocasse. Sarinha não parecia gostar muito de Anne, também, nunca ria por mais que ela fizesse gracinha e uma vez vomitou em nela.

Eu encontraria Anne na escola de dança, na verdade, eu iria como qualquer espectador, ela estaria lá desde cedo para todos os preparativos de última hora. Então comprei meu ingresso e sentei na segunda fila, o lugar permitia uma ótima visão.

Quando o espetáculo começou sua mãe chegou e a vi sentar em outra fila, ela não me viu; Anne entrou muito compenetrada em sua roupa colada e preta, com a saia longa e branca de tecido reluzente e leve, sem volume. Esperei que ela olhasse para a platéia, me procurando, mas não, ela estava muito fundo em seu papel.

Foi tudo muito bonito, eu nunca a tinha visto dançar, ela era boa nisso, havia nascido para isso, com certeza. Depois do espetáculo eu me embrenhei entre as pessoas e fui em direção ao camarim, por trás do palco.

_Jake?_ sua voz veio de trás de mim.

_Ah, estava procurando você_ falei indo até ela que já estava de roupas trocadas, de Jeans e camiseta, ela me abraçou.

_O que achou?_ seus olhos grandes em expectativa. Eu sorri contagiado por ela.

_Foi incrível, você é ótima, tenho certeza que vai ser aceita na academia_ falei sinceramente. Anne riu e voltou a me abraçar. Nesse momento sua mãe surgiu beijando e abraçando a filha, disse que estava indo agora para Seattle, pois tinha um cliente para visitar logo cedo, seria mais seguro partir hoje. Joan trabalhava no ramo de imóveis.

Depois íamos jantar, mas Anne preferiu levar para comer em casa, disse que estava cansada, os pés estavam machucados por conta das sapatilhas. Assim compramos alguma comida italiana e fomos para a casa dela. Comemos enquanto conversávamos e assistíamos a um programa qualquer. Anne estava exultante com o resultado da apresentação, depois de tantos anos se dançar ter se saído bem foi muito importante pra ela.

_Estou feliz_ concluiu ela recostando em meu peito. E deu um gole em seu suco. Beijei o alto de sua cabeça e sorri.

Anne ergueu a cabeça e capturou meus lábios. Ela se moveu e sentou em meu colo, o beijo evoluiu e o familiar calor e anseio se apossou de mim; até aquele ponto era bem comum, porém suas mãos desceram até o limiar de minha calça e meu corpo se tencionou em cobiça, ela forçou o botão a abrir. Segurei seus pulsos com uma só mão, e ela hesitou, provavelmente temendo ser rejeitada; nós não havíamos conversado objetivamente sobre sexo, não decidimos nada, ou estabelecemos meta alguma. Ainda segurando sua mão e sem interromper o beijo, minha mão esquerda, fez todo o caminho por sua cintura até seu quadril, puxando-a e a colando a mim, ela gemeu baixinho contra meus lábios e isso foi incrivelmente estimulante, soltei suas mãos a abraçando forte pela cintura.

Minhas mãos desceram por vontade própria para seus quadris, lembranças que não eram minhas me guiavam, embora eu soube naquele momento que se nasce sabendo o que fazer. As mãos de Anne tateavam em meus ombros, em meu peito enquanto sua língua explorava minha boca. Isso foi por tempo bastante para que as roupas fossem um incomodo. Suas mãos foram hábeis em tirar minha camisa, abandonei sua boca in do para seu pescoço, seu quadril pressionou o meu e ambos gememos.

Meu corpo estava tão quente... Minha mão esquerda afastava sua camiseta de flanela a fim de ter mais de seu colo, Anne mordiscou minha orelha, o que me fez arfar e acidentalmente rasgar sua blusa, mostrando-me mais do que eu tinha intenção e exatamente o que eu queria. Ela não se importou, se inclinou um pouco para trás sem desgrudar a boca da minha e saiu do meu colo, puxando-me para o chão, em frente a lareira, enquanto se livrava dos restos de sua blusa.

Anne me puxou para junto de si. Meus lábios foram para sua pele, em seus pescoço, descendo pelo sulco de seus seios, enquanto minhas mãos cobriam a pelo onde alcançava, sentindo-a arrepiar; minha boca fazendo caminhos úmidos por seu ventre, sua mãos emaranhando-se em meus cabelos e ela tinha pequenos espasmos, era incrível.

Tudo era combustível para mim: ver o sangue colorindo seu rosto afogueado, as guinadas em seu coração, a forma como ela não parecia totalmente consciente ao, por baixo da respiração, sussurrar meu nome... Eu queria poder evitar, mas minha mente não me poupou mais essa peça, me levando a um tempo infinito e inexistente, lembrando algo que jamais aconteceu: eu vi Bella corada e suada, sussurrando meu nome, meu sorriso malicioso refletir nos olhos achocolatados...

Não sei se por raiva ou desejo, talvez ambos; sei apenas que o som abrupto do jeans de Anne sendo rasgado a sobressaltou. Eu estava provando a mim mesmo de quem se tratava aquilo, de que era a minha vida e o meu controle: Ergui-me deparando com o corpo semi-nu de Anne, seus lábios pareciam mais cheios, a respiração ofegante... O cheiro exalando dela, fazia-me sentir animalesco, era bom, claro, eu também não podia reclamar do que via.

Respirando em arquejos ela envolveu as pernas torneadas de bailarina em minha cintura, puxando-me, eu hesitei, zonzo de desejo e ofegante. Então Anne se sentou e, levando as mãos à parte de trás do corpo e com um click inaudível, livrou-se de sua penúltima peça de roupa. Agi sem pensar, trazendo para mim, colando-a ao meu corpo, nos ergui devorando sua boca, suas pernas envolvendo meu quadril, e rumei em direção ao seu quarto sem deixar de beijá-la.

Não deixei de notar em como eu parecia bom nisso, com ou sem lembranças de noites tórridas alheias, em como ela parecia gostar de como eu a tocava. Em sua cama, Anne se contorcia sob meu corpo, eu já estava no pico de ansiedade; por fim ela indicou que era o momento, deitei-me sobre ela, sentindo-a me cingir lentamente, nossos corpos se arrepiando em resposta ao prazer...



Renesmee

Eu andava de um lado para o outro no quarto, já estava quase pronta, mas achava que faltava algo. O vestido longo de chifon que eu usava caía perfeitamente no corpo, a maquiagem estava feita e discreta, olhei-me no espelho e resolvi prender os cabelos. Puxei alguns cachos para cima e prendi com uma fivela de diamantes que Rose me deu em meu último aniversário. Os cachos ruivos caíram em cascata por meu ombro e costas. Sorri, quase satisfeita...

_Mãe_ chamei como se ela estivesse ao meu lado. Ela estava em algum lugar do lado de fora da casa com meu pai, talvez no jardim dos fundos. _Mãe._ chamei novamente caminhando pelo corredor e entrando em seu quarto. Fui em direção a sua penteadeira, onde dois porta -jóias enormes e intocados jaziam.

Edward sempre lhe dava jóias de presente, não que ela as usasse; ou precisasse de acessórios para adornar o rosto glorioso. Abri a primeira caixa e só havia cordões e gargantilhas, eu tinha no pescoço o medalhão que levava há anos, não cogitei trocá-lo. Abri a segunda, onde haviam brincos e pulseiras. No entanto uma peça destoava em meio a todas as pedras brilhantes e ouro. Minúsculo e escurecido pelo tempo, a figura entalhada em detalhes jazia presa a uma corrente prateada onde dividia espaço com outro pingente: um coração, que certamente era um diamante. Ergui os olhos para o espelho e fitei a estátua na porta.

_Um lobo?_ murmurei trazendo a miniatura para examinar mais de perto. Voltei a olhar para minha mãe, seus olhos de ouro líquido estavam distantes.

_E um coração_ assinalou sorrindo e se aproximando, os olhos estreitos em meu rosto. Dei um sorriso de desculpas:

_Queria algo especial.

_Isso é muito especial_ ela pegou a corrente de minha mão e meu braço direito_ Seu pai me deu esse coração, como uma representação dele.

Eu sorri.

_Frio, imóvel e lindo... É combina._ falei observando-a fechar o elo em meu pulso_ E o lobo?_ minhas pergunta fez algo em sua expressão mudar, muito sutilmente para que um humano percebesse ou para que eu decifrasse.

_A pulseira e o pingente foi presente de formatura, do meu amigo da reserva.

_ O tal Jacob... Ele foi bem importante, não é?!_ falei pensando que de vez em quando ele ainda se fazia presente. Era engraçado pensar que minha mãe tivera uma vida antes do meu pai e conheceu pessoas importantes na vida dela, que de certa maneira foram imortalizadas com ela... Esse Jacob era uma delas, ele salvara minha família dos outros lobos e a mim também.

_Você não está atrasada?_ incutiu Bella a mim.

_Er..._balbuciei olhando o relógio em seu criado mudo._Sim!_ beijei seu rosto vítreo e voejei pelo corredor, a fim de buscar minha bolsa em meu quarto.

Nahuel e eu íamos a um show de tango de uma companhia argentina que estava na cidade. Em dois dias ele viajaria para visitar Huilen; ela não conseguiu convencê-la a vir morar com ele. Era muito difícil para ela estar numa cidade grande, principalmente por conta de sua dieta. Sendo assim, ele ia constantemente visitá-la e as suas irmãs também. Ele esteve comigo durante os últimos cinco meses, e agora ficaria algumas semanas com Huilen na região dos Andes... Eu estava pensando em ir com ele, na próxima, se eu conseguisse convencer Edward a me deixar viajar com meu namorado... Balancei a cabeça para as restrições de meu pai, sozinha em seu volvo, que parecia quase uma extensão dele próprio... Eu dirigia em direção à casa de Nahuel, ele comprou um apartamento com os investimentos de Alice na bolsa de valores, era perto do centro comercial de Vancouver, então era caminho para o teatro onde seria o show.

***


Nahuel tinha partido havia duas semanas.

Havia uma festa de veteranos e eu havia convencido Hannah a ir, Alice iria conosco. Hannah ficou receosa com nossa acompanhante, mas relaxou depois de alguns minutos perto de Alice; seu trauma inconsciente com vampiros não havia permitido que ela se aproximasse de minha família, mesmo depois de meses sendo minha amiga. Luke que agora era da minha turma de ética, reforçou o convite para mim e Hannah vez após vez, até que pensei: “porque não?”, e depois de ter convencido minha a miga anti-social...

Foi divertido, por um tempo, ver Hannah ser paquerada e ignorar os rapazes alegrinhos, já; o mesmo com Alice, embora eles estivessem muito intimidados com ela, para serem diretos, e o meio termo entre a reação dos garotos com Hannah e Alice para mim. Mas então a festa ficou muito pesada para a inocência de meus recém completos sete anos. Muito gemidos vindo do andar de cima, garotos, e garotas, bêbados e inconvenientes... E o cheiro de algum tipo de cigarro ilícito.

Por mais tarde que fosse, ainda havia muita gente, quase tanto como quando chegamos. Paramos Hannah e eu no gramado do jardim comentando que devíamos ter filmado a dancinha sensual da capitã das líderes de torcida, enquanto Alice foi buscar o carro. Havia alguns garotos tirando fumaça de seus pneus enquanto aceleravam seus carros na rua deserta, exceto por eles próprios... Dois deles aceleravam insinuando que fariam um racha.

Eu gostaria de ter previsto, eu gostaria de não ter decidido aceitar o convite de Luke, ou de ter me calado quando Hannah disse que não queria ir... Gostaria de ter sido mais rápida, de ter percebido antes ou de ter podido protegê-la... Apesar de meu cérebro super poderoso eu não consegui reagir de forma mais eficaz, tudo o que fiz foi chamar seu nome num grito desesperado em minha mente, por um milésimo de segundo ela olhou para mim com o se houvesse escutado e no mesmo instante senti o impacto, quando eu percebi que tudo tinha acontecido e já acabado (minha humanidade me inutilizando), era tarde demais, Hannah já estava no chão, como eu, numa posição nada natural... O carro diante de mim completamente amassado, o formato exato de uma bola de demolição deformando a metade frontal direita, a parte que me atingira, a outra metade estava suja de sangue; mais longe do carro o corpo inerte da humana, ensangüentada e desacordada. Eu nunca havia sentido essa emoção, nunca sentira dor ou medo, nem física nem emocional; eu sabia que meu corpo doía pela pancada, mas tudo o que eu registrava era o desespero, tão forte (ou talvez eu só não estivesse habituada) que me paralisou. Outra coisa que pude perceber vagamente foi Alice ao meu lado sibilando ao telefone, antes de prender a respiração e tentar fazer algo por Hannah, em meio ao caos que a festa se transformou.


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Notas finais do capítulo

Espero que não tenha ficado vulgar; eu geralmente não gosto muito, mas era a primeira vez do Jake, achei importante, e esse trecho já estava escrito há mais de um ano.

Sobre o acidente... Bem vou responder de acordo com o que perguntarem... ;)