Ilha Astrid escrita por RoxyFlyer21


Capítulo 5
Capítulo 5 - A Lagoa




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Ela virou-se e eles começaram a caminhar por uma parte mais inclinada da ilha, onde os coqueiros se tornavam mais escassos e o caminho ia ficando cada vez menos estreito.

- Você ainda não me contou porque estava aqui...

Astrid, alguns instantes depois, quebrou o silencio. Ela soava curiosa, mas com certa autoconfiança, característica quase sempre presente em sua personalidade.

- E você não me contou porque estava sozinha na praia com Tom.

Ela sentiu as bochechas enrubescerem, porem continuou decidida.

- Eu perguntei primeiro!

- Eu sinceramente espero que vocês tenham usado camisinha.

Astrid parou de andar e o encarou surpresa; Will, por sua vez, continuou seguindo com as mãos nos bolsos. No fundo, ele se divertia muito com a reação da garota.

- Você realmente acha que eu faria isso com o Tom?! – ela disse, recomeçando a andar apressadamente em direção ao seu lado.

- Não sei.... você faria? – ele desacelerou e abriu um meio sorriso; seus lábios finos estavam pálidos sobre a luz da madrugada.

- Claro que não! – Astrid afirmou com uma careta de reprovação. Ela não fazia o tipo que corria atrás dos garotos, geralmente eram eles que babavam por ela.

Will riu pela primeira vez. Astrid se sentiu confortável ao seu lado, e o empurrou amigavelmente pelo ombro. Seus olhos se encontraram, então ele quebrou o silencio constrangedor:

- Eu venho aqui desde criança. Costumava vir com meu pai, mas depois passei a vir sozinho. É o meu esconderijo do mundo.

Will passou por ela, e continuou a frente. Um sentimento amargo bateu nela, enquanto pensava porque ele não vinha mais com o pai. Caminhando lentamente, Astrid se sentiu mal por ele; afinal, se alguém precisa de um esconderijo do mundo, é porque sua vida não deve ser muito fácil. Sempre o via sozinho, mergulhado em seu Ipod....

- Chegamos.

A voz de Will cortou suas reflexões, e a garota se viu em uma clareira: a grama úmida tomava o lugar da terra e areia e, no meio de vastas arvores e arbustos, um lago estendia-se circular.

Astrid ficou maravilhada. A água era verde clara, sem qualquer vestígio de sujeira, e algumas pequenas vitoria-regias boiavam no lago. Eles podiam ver o céu estrelado acima, e a lua cheia, grande, branca e iluminada.

- É de tirar o fôlego...

Will reparou-a de lado, pensando alto. Ela mantinha seu olhar no lago a sua frente, e ele tomou cuidado para não ser descoberto enquanto deitava seu olhar sobre seu perfil delicado, seus olhos grandes e seus lábios finos. “Com certeza”, ele pensou, mas não estava se referindo a paisagem.

- O que estamos esperando?! – ela perguntou, animada de repente. Teria ela se esquecido de Tom, da ilha deserta?

Astrid correu e mergulhou de forma olímpica no pequeno lago. A atmosfera, pelo ar correntes de vento esfriaram a temperatura da ilha; agora, em contato com a água, a adolescente sentiu-a morna, agradando sua pele arrepiada.

Will pegou seu canivete de cabo preto de um dos bolsos da bermuda, encostou as costas em uma árvore próxima ao lago e ficou raspando um graveto, apontando-o. Entretanto, levantou seus olhos desinteressados no momento em que Astrid submergia da água, no qual a garota arrumava seus cabelos loiros encharcados para trás.

Imediatamente Will foi atingido por uma onda de algo que ele não conhecia, e se sentiu alguns segundos longe de seu corpo. Astrid de biquíni e cabelo escorrido para trás, e seu rosto angelical indiciando todos os mais perfeitos ângulos; era igual e diferente de todas as garotas lindas que ele encontrara. Suas mãos começaram a suar, e o coração bateu mais forte. O garoto, esperto aos encantos da menina mais popular da escola, camuflou esses sinais o melhor que pode e tentou distrair-se com o canivete novamente.

- Você não vem?! – ela perguntou, alguns segundos depois.

- Não, fique a vontade.

A garota rolou os olhos e se sentiu desapontada. De repente, começou a se mexer furiosamente na água.

- Will!! Will, me ajude!! – Astrid gritava, assustada.

O garoto não pensou duas vezes, jogou o canivete no chão ao seu lado, e arrancou a camiseta cinza o mais rápido que podia. Correu e se jogou nas águas do lado, em sobressalto. 

Quando chegou perto do corpo da garota, ele procurava o que estaria errado; porem Astrid apenas ria histericamente.

Percebendo que foi vitima de uma armação, ele sorriu e balançou a cabeça. Sua franja quando seca caía inevitavelmente nos olhos, agora molhada ele tinha que inclinar a cabeça para trás e ver por baixo do cabelo.

- Você veio rápido, né?! – ela ria, feliz por ter feito Will entrado na água com ela.

Ele respondeu com caretas, mas vendo ela rir tão alegremente, fez ele sorrir também.

Astrid parou de rir, e Will mergulhou; ela notou que o garoto nadava em direção a suas pernas. Então, sentiu braços fortes agarrarem suas coxas e erguerem seu corpo para cima.

Ela ria, se divertindo em escapar de Will. O garoto, sem fôlego, decidiu emergir ainda segurando o corpo dela.

Alguns instantes depois do momento de brincadeira, eles se depararam um com outro, a apenas alguns centímetros distantes.

Astrid, com os braços envoltos no ombro dele, notou o quão forte seu corpo era. Suas mãos esguias descerem pelo peito definido, e ela se perguntou se tinha sentido mesmo a pele de Will arrepiar ao seu toque.

A franja característica do garoto estava molhada para trás, e Astrid pode entender o que deixava o olhar dele tão penetrante: os olhos escuros eram levemente apertados entre as sombrancelhas morenas.

- Acho melhor nós sairmos....

Will disse hesitante, e no segundo seguinte estava saindo pela borda da lagoa, deixando-a sozinha e desolada.

Ela abaixou o olhar, imaginando a razão daquilo. E dai que estavam a ponto de se beijarem? Ela não se importava, na verdade, alguns minutos antes até desejava isso. Será que ela não era boa o suficiente? Evitando pensar, Astrid seguiu os passos do garoto e saiu da lagoa.

No mesmo instante, um vento gelado bateu contra sua pele, fazendo com que espirrasse forte. Sua pele inteira tremia de frio enquanto andava em direção a Will, as mãos esfregando seus braços não eram eficazes em aquecê-la.

- Vista isso – Will desdobrou a camiseta e a esticou para ela, sem olhá-la nos olhos.

- Mas e você? Vai pegar um resfriado sem a camiseta! – Astrid segurou a camisa cinza, uns três números a mais do que ela vestia, e ficou encarando preocupada Will guardar o canivete no bolso.

- Não se preocupe comigo – ele parou e abriu um meio sorriso – Eu tenho um sistema imunológico muito resistente.

Astrid espirrou novamente e então vestiu a blusa sem relutar. Espremeu o cabelo molhado antes de prosseguir. Will, como sempre, já estava alguns passos a frente dela, esfregando as mãos freneticamente em seu cabelo, tentando secá-lo.

Seu pé esquerdo, o que havia machucado um tempo antes, escorregou na grama quando começava a descer. Dessa vez, quando Will virou e foi ajudá-la, encontrou Astrid pressionando fortemente seu tornozelo.

- Astrid! Você está b.....

A garota levantou o rosto contraído em resposta, e uma lágrima de dor cortou sua bochecha rosada.

- Meu tornozelo...

- É o mesmo da ultima vez?

Ela assentiu e retirou a mão, expondo um tornozelo avermelhado.

- Você não vai conseguir andar. Vem.

Dito isso, Will passou seus braços nus pelo tronco e pelos joelhos da Astrid. Foi uma surpresa, pois a garota nunca pensou que existiria alguém tão forte a ponto de carregá-la tão firmemente.

- Tudo bem?

- T-tudo...

Automaticamente, ela passou seus braços pelo pescoço dele. Os corações de ambos aceleraram, e puderam sentir os batimentos fortes um do outro. Astrid sentiu seu sangue corar suas bochechas com aquele tórax tão definido e pálido roçando na sua coxa direita, e aquele rosto macio bem ao seu alcance. Will, carregando em seu braços o corpo da garota, vestida apenas com sua camiseta cinza velha e seu braço direito segurando decidido as pernas mais macias que já sentira.

Os dois nao sabiam o que pensar, ou falar, e um silencio constrangedor se prolongou enquanto eles seguiam de volta a floresta. 


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