Ilha Astrid escrita por RoxyFlyer21


Capítulo 4
Capítulo 4 - Will


Notas iniciais do capítulo

O fisico (perfeito) do Will foi inspirado no Harry McVeith, vocalista de uma das minhas bandas favoritas, White Lies. Da um google e veja. XD



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– Ainda acha que não precisa da minha ajuda?

Will disse irônico alguns segundos depois, quando Astrid parecia um pouco mais calma; já tinha se afastado do corpo do garoto, e arrumava uma mecha de cabelo de lado, o olhar fixo no chão de terra.

– O-obrigada – pronunciou, agora fitando timidamente os olhos escuros de Will - ....por salvar minha vida.

Ele suspirou cansado e perguntou:

– Mas porque você estava correndo feito uma desesperada?

– Você tem que me ajudar!! – ela disse, agitada e apontando para o emaranhado de plantas ao seu lado. De repente, todo o susto voltou e seu coração começou a acelerar. Ao menos ela não estava mais sozinha. – O Tom tá deitado inconsciente lá dentro! E eu não consegui sentir seu pulso!

Astrid não deu tempo nem para Will pensar em uma reação; puxando-o pela mão, seguia apressada= pelo caminho por onde tinha corrido. Enquanto afastava a mata com uma mão, e a outra arrastando o garoto, ela ia contando o que tinha acontecido: “Estávamos deitados na praia, ele sumiu e eu fiquei preocupada! Então comecei a procurá-lo e....”

Nesse momento, eles chegaram perto do barranco onde Astrid tinha visto o corpo. Will parou e ficou olhando enquanto a garota se descabelava na procura do corpo.

– Mas.. estava aqui! Eu juro, juro, estava bem aqui!! Você não tem uma lanterna?!

Apontou para a terra a seus pés, onde havia algumas pegadas e riscos. Ela passou a mão na testa, onde algumas gotículas de suor se formavam, mesmo a noite estando fresca; Will olhou impassivo para o lugar onde deveria estar Tom, e em seguida levou os olhos ao encontro dos da garota. Ele viu o pânico refletida neles, porem continuou calmo.

– Você tem certeza que não sentiu pulso algum? Digo, ao menos você sabe aonde se sente a pulsação?

– O que foi, você acha que eu não sei aonde fica o pulso de uma pessoa? – ela revidou, agressiva.

– Só acho que ele não estava morto coisa alguma, ele simplesmente acordou e foi embora. – o garoto deu de ombros, indiferente. Ele mantinha as duas mãos dentro dos bolsos da bermuda preta, e sua camiseta estava molhada aonde a adolescente tinha pressionado a face chorosa. Um fio de couro estava amarrado folgado em seu pescoço.

De repente, Astrid ergueu uma sobrancelha e, balançando o indicador em direção a ele, vociferou com uma desconfiança ácida implícita na voz:

– Porque você está aqui, mesmo?!

Ele arregalou os olhos, percebendo o que a garota insinuava.

– Espera, você tá pensando que foi EU que matei ele?!

– Você é o único alem de mim nessa ilha deserta!! Se obviamente não foi eu, só pode ter sido você! – ela gesticulava, abrindo os braços, em exasperação. Porém, sua face empalideceu completamente quando a ideia de que outra pessoa, alem dela e de Will, estaria rondando a ilha. - .... a não ser que....

Astrid engoliu em seco e ficou estática. Will notou o pânico na garota. Suspirou e segurou o topo da cabeça da garota com uma a mão, agindo como um irmão mais velho tranquilizando sua irmãzinha.

– Ó só, eu venho aqui faz muito tempo e posso te garantir que não há ninguém aqui. Nenhum barco ancora nessa praia. Estamos sozinhos, acredite!

Um silêncio se prolongou, e os coqueiros balançaram com a brisa marítima. Ouvia-se as ondas fortes baterem nas grandes pedras da praia, e também na extensa parede rochosa da parte leste da ilha. Ele se afastou dela, pensando que tinha conseguido acalmá-la.

– Mas..... como você chegou aqui? – ela perguntou, a voz parecia arranhar sua garganta.

– De lancha. Vem, eu te mostro – ele passou por ela, aproximando-se do pequeno deslizamento de terra, perto de onde Astrid tinha apontado.

– E como fica o Tom?

Ele virou e jogou a franja para trás, dizendo:

– Vamos voltar a costa e avisar a policia. Vão encontrá-lo rapidinho, Astrid.

A garota sentiu uma pontada dentro de si ao ouvir seu nome dito pela primeira vez por Will. No colégio, eles raramente conversavam; pertenciam a grupos totalmente diferentes.

Ele agachou e deslizou pelo barranco abaixo, como se fizesse isso sempre. Quando seus tênis slip on firmaram no chão, o garoto estendeu a mão para ela.

Quando Astrid começou a descer, seus pés descalços vacilaram. Seria um tombo e tanto se Will não tivesse corrido suas mãos pela cintura da garota, salvando-a novamente.

Astrid ficou envergonhada por pensar que seu corpo, coberto apenas por um justo biquíni roxo, estava agora praticamente colado no dele. Ela pensou se Will tivesse notado suas curvas, e o que teria pensado sobre elas; no mesmo segundo ela se arrependeu de ter pensado algo assim. Não era ela que, a poucas horas atrás, tinha ficado com o garoto mais disputado? Só que esse mesmo garoto a tinha deixado sozinha e indefesa numa ilha inabitada.

– Obrigada. – sua voz saiu fraca quando aterrissou, e ele apenas assentiu e recomeçou a andar a frente.



Astrid seguia-o pela mata alguns passos atrás; ela estava ocupada em puxar da memória tudo o que sabia de William Marx, o garoto que sempre entrava em alguma encrenca na escola, ou estava envolvido em algum escândalo.

Lembrou-se dos olhares enigmáticos que trocaram em um dia nublado, algumas semanas atrás. Will estava do outro lado do pátio, encostado no corrimão de ferro, ao lado de dois outros garotos que conversavam animadamente. Nesse dia, seu cabelo castanho-escuro bagunçado estava escondido numa touca de lã cinza, deixando apenas sua franja caindo nos olhos. Dois fones brancos, enterrados nos ouvidos, deixavam-no totalmente alheio ao que acontecia ao seu redor. Seus olhos, na maioria das vezes indiferentes a tudo e todos, observavam atentos apenas Astrid, rodeada por suas amigas no lado oposto do pátio.

Uma grande folha de palmeira bateu no seu rosto, trazendo-a de volta ao presente.

– Desculpe! – o garoto disse, e eles adentraram na praia, onde a areia parecia ter ficado mais branca com o avanço da noite.

Estranhamente, Will cruzou os braços e ficou parado, olhando para o mar. Astrid chegou ao seu lado e perguntou, percorrendo seu olhar confuso pelo rosto despreocupado do garoto e a extensão de areia a sua frente.

– O que aconteceu? Cadê sua lancha?

– Acho que seu namoradinho morto levou ela embora - ele respondeu, arrastando sua fala preguiçosamente no “acho”.

– NÃO!!

Ela correu desesperada pela praia, em direção as ondas. Chegando ao limite, com a água salgada congelando seus tornozelos, ela ficou remoendo a raiva que sentia de Tom, que nem tinha pensado duas vezes em largá-la sozinha lá.

– Aquele!.... – se controlou antes de dizer algo pior.

Seus punhos estavam cerrados de ódio; Will ia ao seu encontro casualmente, com as mãos no bolso.

– Acho que vamos ter que passar a noite aqui....

– Você não está bravo?! Ele roubou seu barco! – ela virou o rosto para ele, gritando. Como ele não podia estar pelo menos furioso?

– Agora sabemos que ele continua vivo. – Will respondeu, dando de ombros, com uma calma assustadora.

– Eu não vou ficar aqui..... – Astrid disse baixo, para que apenas ela escutasse.

Will, que já dera meia volta e começava a subir praia acima, respondeu a garota:

– E o que você vai fazer, então?

– Vou nadar até a costa.

Dito isso, ela pulou sobre uma grande marola; porem algo a conteve pelo ombro.

– Sabe quantos graus deve estar o mar? – Will perguntou serio, ainda segurando-a fortemente.

– Me larga!

– Está frio o bastante para você morrer de hipotermia! Alem do fato de que a costa está a uns duzentos quilômetros longe daqui.

Ela finalmente conseguiu puxar seu ombro da mão dele, avançando rapidamente para dentro da floresta.

– Aonde você vai?! – ele perguntou, apressando seus passos e tentando ficar lado a lado dela, porem a garota conseguiu ser mais rápida em despistá-lo.

Astrid não tinha noção para onde estava indo. Seus pés estavam doloridos de tanto pisar em gravetos pontiagudos por entre a mata e suas emoções oscilavam entre fúria, medo e frustração.

Já não sabia se Will estava perto ou longe. Apenas ouvia as arvores se movimentando com o vento, agora insistente e frio, e a lua acima, deixando tudo ao seu redor com aspecto pálido e sombrio.

Quando foi desviar de uma grande pedra pontuda, atrapalhando seu caminho, não pode ver pela escassa luz noturna que havia mais outras rochas ao lado. Seu pé esquerdo ficou inevitavelmente preso em um pequeno buraco, e seu corpo tombou para frente.

Will não estava lá para segurá-la. Alguns segundos depois, seguindo pela mesma trilha que Astrid vinha fugindo, ele avistou a cabeleira loira no chão.

– Astrid! Cara, você tinha que correr?! – ele aproximou-se rapidamente – O que aconteceu?

Ela não respondeu de imediato, envergonhada, apenas aceitou o braço do garoto como apoio e começou a se levantar.

– Meu tornozelo dói um pouco...

– Dá pra andar?

Astrid se afastou do corpo do garoto e pisou firmemente no chão para confirmar. Uma fina pontada de dor se deu no local, porem ela ficou calada; estava muito encabulada por ter agido daquele jeito, tão infantil.

Will percorria divertido seus olhos escuros pelo cabelo da garota, rindo enquanto tirava algumas folhas presas nos fios lisos.

– Droga, estou toda suja!...

Ela pensou em como gostaria de uma ducha agora: ter dormido na areia e corrido pela mata apenas acumulou sujeira pelo seu corpo e cabelo. Espalmando seu corpo, notou alguns arranhões de galhos pontudos pelos ombros e pernas.

Ela levantou a cabeça e pensou em como a praia estaria longe de lá. Os sons da maré estavam tão sufocados pela parede de mata, e uma preguiça de descer para se lavar a fez franzir o cenho.

Will notou o que queria dizer. Tocou rapidamente seu pulso, chamando-a para continuar a caminhar para cima.

– Venha, eu conheço um lugar.




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Notas finais do capítulo

Eu gosto muito desse capitulo! Por favor, façam reviews se estiverem gostando! :D



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