Ilha Astrid escrita por RoxyFlyer21
A mesma sensação de frio, os mesmos tremeliques que sentira quando estava na água agora se repetiam, porem enquanto dormia na areia.
Astrid sentou-se sonolenta e esfregou seus braços arrepiados. Ela analisou as fitinhas do Bonfim, as pulseiras de barbante colorido e alguns pingentes que marcavam seus pulsos, e olhou para o mar e ao seu redor. Algo estava errado; Tom não estava lá!
Irritada por ter sido deixada sozinha no frio, a bela loira caminhou em direção ao aglomerado de arbustos, arvores e coqueiros, passando antes por grandes pedras redondas que delimitavam a praia de areia da mata litorânea. A forte brisa agitou seus cabelos loiros manchados, agora totalmente secos e lisos.
- Tom! – chamava-o – Tom, não estou de brincadeira!
Dentro da floresta os ventos gelados não a atingiam mais, porem a infinidade de folhagens e galhos pelos quais tinha que abrir caminho estavam atrapalhando sua visão e arranhando seus braços nus. Apenas a lua cheia, branca e brilhante, iluminava alguma coisa no meio da mata. Estava com sono e cansada, não queria ficar brincando de esconde-esconde.
- Tom! Onde você est......
Antes de terminar a sentença, ela trombou com algo duro e, com a cabeça latejando, afastou-se para reconhecer a arvore em que atingira.
- Mas o que....
Astrid apertou os olhos para ver melhor e percebeu que não era uma arvore e sim, uma pessoa.
Ela gritou apavorada, porem o berro foi abafado por uma mão pressionando sua boca, e outra que a segurava na nuca, impedindo-a de correr.
- Shh!! Calma, fica calma, sou eu! – uma voz sussurrava bem perto de seu rosto; Astrid ficou tão assustada que fechou os olhos, esperando o pior. – Sou eu, o Will! O Will!
Quando percebeu que a voz era familiar, abriu os olhos. O garoto estava debaixo da luz da lua, os olhos atentos ao rosto da garota e a franja lisa caindo sobre eles.
- Me larga! – ela desvencilhou de suas mãos violentamente, e o garoto se assustou – O que você está fazendo aqui?
- O que VOCÊ está fazendo aqui, gritando feito uma louca?
O susto inicial se transformou em algo semelhante a raiva, porem ela não se decidira se esse sentimento era dedicado a Will ou a Tom.
- Quer saber, esqueça! – ela disse, voltando a andar para a esquerda. – Não preciso da sua ajuda.
Essa ultima frase ela disse mais para si mesma, pois ela deixara Will para trás, confuso. Deu mais alguns passos, procurando explicações para o porque do garoto encrenca do colégio estar perambulando a noite em uma ilha deserta.
Abriu com as mãos a folhagem de um arbusto, tomando cuidado para não se arranhar, e levou um susto.
- Tom! Meu Deus, Tom!
Com a voz enfraquecida pelo medo, ela tentou controlar seu coração acelerado que a dizia para sair correndo de lá.
Os pés hesitantes pararam ao lado do corpo, o peito descoberto e os cabelos loiros bagunçados. Ela agachou e esticou dois dedos trêmulos em direção ao seu pescoço. A pele do garoto ainda estava quente, porem ela não sentiu a pulsação. Apertou mais e em diferentes posições, porem a cada tentativa fracassada o terror aumentava. Alguns pássaros levantaram vôo, produzindo um barulho que só fez o coração de Astrid pular.
A garota, sucumbindo ao pavor, não gritou, apenas começou a correr fervorosamente, como se sua vida dependesse disto.
Atravessando vastas folhagens, raspando em arbustos e desviando de arvores, tudo o que pensava era no que estaria atrás dela, e não no que poderia acontecer a frente.
No momento seguinte, uma mão forte e ágil segurou seu braço, obrigando seus pés a pararem de correr e falharem por um instante, quando percebeu que não havia mais chão a sua frente, apenas o oceano e o céu estrelado.
A grande lua redonda iluminava perfeitamente o desfiladeiro rochoso, alguns metros a cima do mar aberto, e que se estendia ainda pelo lado esquerdo da ilha. Os ouvidos de Astrid taparam completamente, e a garota só ouvia os tambores ecoando altos do seu peito.
Então, a mesma mão puxou seu corpo para trás, e um segundo depois ela se via agarrada no peito de seu salvador, no corpo forte de Will.
- Fique calma, calminha.... – seus dedos acariciavam a cabeça loira, que batia alguns centímetros abaixo do seu queixo.
Astrid apertava os olhos, tentando controlar a respiração completamente ofegante e também seu coração assustado, porem não foi possível evitar que algumas lagrimas manchassem a camiseta cinza do garoto.
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