- Quando chegamos já estava tudo aqui – Diz Seimor.

Comida enlatada para todos os lados e com água nas torneiras, em meus 16 anos de vida nunca tinha visto nada igual em alguma outra edição dos jogos.

- Talvez a capital não seja tão má quanto pensávamos – Diz Silica.

- Eles nos prendem em uma arena e forçam a matarmos uns aos outros enquanto estão sentados nos aconchegantes sofás de suas salas, e aposto que estão se divertindo muito com tudo isso. – Digo anojado.

- Ele tem razão – Continua Seimor.  – E ainda nem sabemos qual é o verdadeiro propósito disso.

Silica se cala envergonhada,

- Por aqui, mostrarei os quartos à vocês. – Sílica avança pelo corredor.

Quartos? Agora temos quartos? Qual será a razão da capital dando isso de mão beijada?

Sílica nos guia por um corredor estreito que contém quatro portas, dois quartos e no fundo do corredor um banheiro.

- Aqui tem água potável certo? Pergunto entusiasmado.

- Sim. – Responde Sílica – E sim, temos chuveiro – Termina ela como se estivesse lendo minha mente.

Sem mais demoras entro no banheiro e vou me despindo para tomar um banho, coisa que não faço a mais ou menos à três dias. A água tocando minha pele me dá uma sensação de prazer que nunca tinha sentido antes.

Agora novo em folha, enrolo a toalha na cintura, pego minhas roupas velhas e sigo em direção do quarto quando cruzo com Kait no corredor. Ela me olha envergonhada.

- Você... Pode deixar essas roupas com Sílica... Temos lavanderia também – Ela diz com um sorriso tentando não olhar muito para o meu corpo. Balanço a cabeça em concordância e sigo para o quarto.

Lá encontro em cima da cama uma calça de moletom e uma camisa um tanto quanto pequena, fica meio justa, mas não me tira o direito de usá-la. Começo a me sentir em um hotel de luxo. Quando entro no corredor novamente, percebo que Kait está no banho e vou ao encontro dos outros na sala.

Entrego minhas roupas para Sílica que leva até a lavanderia. Agradeço e sento em uma poltrona ao lado de Seimor. Ali ficamos conversando um bom tempo até que Kait se junta a nós. Não consigo evitar olhar, pois ela está usando uma camisola rosa com um tecido fino.

Seimor me olha com uma cara de malandro e retribuo com uma cara de poucos amigos.

A noite cai e me ofereço para montar guarda primeiro, mas Seimor se opõe e diz que faz o primeiro turno e me acorda quando sentir sono. Aceito e sigo em direção ao quarto. Sento na cama de casal e fico pensando em como eu e Kait teremos que dividir a mesma cama. Logo depois ela entra  se sentando  ao meu lado e se engancha em meu braço, fico tentando adivinhar no que ela está pensando, porque o silêncio me deixa um pouco envergonhado. E então sem dizer uma palavra ela se deita na cama e eu logo em seguida. Adormeço para acordar apenas de manhã.