–Alice, está bem? Abre a porta!- enquanto voltava para cama, ela ouviu os gritos de Felicia na porta. Provavelmente preocupada após ouvir seu grito. Bufando, ela levantou-se e foi na direção da porta para abri-la. Desde que sofrera o acidente e ficara em coma por quase 10 messes, Alice não podia “suspirar errado” ou dar uma topada que todos se preocupavam com ela ao extremo.

–Estou bem... Foi só um pesadelo!- ela disse para Felicia que estava na porta de sue quarto com uma expressão assustada. Vestindo apenas uma camisola rosa de seda, com os cabelos loiros presos no topo da cabeça e com os grandes óculos na ponta do nariz que pareciam mais dois aros de bicicleta, Felicia estava ofegante. Provavelmente havia corrido para chegar ao quarto da amiga.

–Eu te ouvi gritar e fiquei preocupada.

–Não liga não, foi apenas um sonho idiota... - Alice jogou-se no sofá do quarto enquanto falava com a amiga. - Desculpe te assustar.

–Tudo bem, eu estava cordada mesmo...

–Percebi, graças a essas duas rodas de bicicleta na sua cara... Estava lendo não estava!?- Alice perguntou. Felicia assentiu e sorriu marota.

–“ O grande amor de minha vida.”- ela disse, aproximando-se de Alice.

–Quanto amorzinho!

–Alice!

–É sério, vocês e seus grudes! Blerg!-ela fez uma careta.-Acho que está na hora de ir embora e caçar minha própria “alma gêmea” porque não quero atrapalhar o casalzinho!

–Alice! Eu, você e Jake somos uma família!- Felicia corrigiu a amiga.

–Ah, é claro! Eu sou a tia solteirona que fica comendo como uma louca!- Alice sorriu.- Eu e você sabemos que estou aqui porque eu amo estar com você e Jake, mas vai chegar uma hora que terei de enfrentar a realidade, Felicia. Rachel está morta e minha mãe precisa de mim. Ela compreendeu que eu viajasse com vocês e que deixasse a guarda de Melissa com ela por estar assustada demais com a realidade, mas aposto que ela adoraria que eu estivesse com ela, a ajudando.

–E terá de enfrentar Jasper novamente...- Felicia disse, mesmo sabendo que Alice não gostava de falar do assunto.- Alice, você o ama.

–Eu sei.

–O pesadelo foi sobre ele, não foi?- Felicia disse, afastando uma mecha de cabelo do rosto de Alice. Após suspirar, Alice levantou-se e foi até a janela, de onde contou todo o estranho sonho para Felicia que se calou após ouvir tudo.

–O que acha que significa?- ela perguntou. Felicia colocou-se de pé e saiu correndo do quarto. Sem entender nada, Alice chamou a amiga de maluca, trancou a porta, desligou a luz do quarto e deitou-se novamente.

–Alice! Abre aí!- ela ouviu Felicia na porta. Bufando novamente, Alice abriu a porta.

–Você é doida, ou o que?

–Lembra de quando você me pediu que pegasse todas as cartas, e-mails e coisas que Jasper te mandasse e jogasse fora?- Alice concordou. -Poisé, eu não fiz isso! E no mês passado ele te mandou um e-mail interessantíssimo. - ela disse animada, mas ao ver Alice dando de ombros, Felicia bufou, abriu o notebook e começou a ler em voz alta o e-mail.

“Alice

Não sei bem como te contar isso. Acho que não sei bem nem como falar com você ou se deveria lhe contar isso, já que você parece estar realmente decidida a me ignorar para o resto da eternidade. Ontem eu fui até a casa de praia e queimei todas as fotos de Susan. Fotos minhas com ela, dela sozinha e também queimei tudo que era dela. Fico feliz em lhe dizer que foi muito mais fácil do que eu pensei. Me “livrar” do passado com ela foi muito mais fácil do que passar um dia apenas sem você.

Espero que isso mude alguma coisa e você perceba que eu realmente a esqueci.

PS: Espero que você pense bem no meu último presente.

Eu amo você

Jasper”

Felicia terminou de ler e olhou para Alice que estava visivelmente balançada com a noticia, porém não queria demonstrar.

–E o que isso tem haver com o sonho?... Porque, assim que eu falei do sonho você foi igual a uma louca buscar esse seu notebook ai.- Alice perguntou.

–Você é mesmo burra, hein?! Ainda não entendeu que o problema está em você e não nele?- Felicia disse um pouco rude.- Abre os olhos Alice! “Estou em você, irmãzinha.”?! Quer mais claro que isso!? Alice, o problema está em você e não mais no Jasper! Susan ainda vive sim nesse relacionamento, mas é em você! Em sua cabeça idiota que não percebe que está com medo.

–Medo?- Alice perguntou.

–É Alice! Medo disso!- Felicia disse, repousando as mãos na barriga.- Medo de algo sério, algo real, algo eterno! Medo de amar, Alice!

–Não é verdade!- Alice rebateu.

–É sim! E você sabe tão bem que estou certa que está louca para saber qual é o último presente!- ela disse, jogando para Alice uma pequena caixa aveludada, que Alice já havia visto antes.

–Ele te ama Alice! Muito... E fez algo que, definitivamente, não era necessário, apenas para provar para você o amor dele! Ele queimou o passado dele, na esperança que você percebesse que ele não quer ter nenhum futuro que não seja com você! Abaixe esse escudo, Alice! Deixe-se viver o melhor da vida... Deixe-se amar, minha amiga!- Felicia disse olhando nos olhos de Alice que agora já derramava algumas lágrimas. Suspirando, Felicia virou-se e foi na direção da porta do quarto, mas antes de sair, tornou a virar-se.

–Como você mesma disse, vai chegar à hora de você voltar para a realidade... Só que não “vai chegar” nada! A hora já chegou Alice.- e assim, ela saiu do quarto, deixando Alice com a caixa aveludada nas mãos, agora aberta, expondo uma aliança.

[...]

Jasper estava lendo concentrado quando a campainha tocou. Eram quase meia-noite, por isso ele estranhou. Quem o visitaria a uma hora dessas? Após espreguiçar-se, colocou-se de pé e foi até a porta. Quando abriu a mesma, quase caiu para trás.

–Eu fui uma total idiota. Pode me perdoar?- Alice disse, com os olhos marejados. Jasper começou a falar, mas ela o interrompeu. - Eu errei! Susan... Se ela existia em nosso relacionamento, a culpa era minha... - Jasper tentou falar de novo, mas foi cortado.

– Sinto muito mesmo Jazz, e vou entender se não quiser mais nada comigo e. - dessa vez, Alice foi calada por Jasper. Ele havia a calado com um beijo caloroso e emocionado. Ela afastou-se por alguns segundos, encarando-o, chocada.

–Alice, eu amo você demais, e amo também seus defeitos, mas tem um defeito que não consigo amar: você é muito tagarela!- ele disse sorrindo, puxando-a para dentro do apartamento, onde os dois teriam uma longa noite de reconciliação.

Meses se passaram...

–Devo dizer “sim” ou “eu aceito”?-Alice indagou enquanto Bella ajeitava seu vestido de noiva. O casamento de Jasper e Alice finalmente havia chego e seria em uma enorme mansão alugada a beira mar para a cerimônia e recepção.

–Ah Alice... E eu que sei!?-Bella respondeu analisando a pergunta descabida da amiga.

–Alice, diga qualquer cosia só não demore mais... Já está atrasada há quarenta minutos!-Rosalie disse chegando no quarto.-Acabo de falar com Jasper, ele acha que você vai desistir.

–Jasper é um bobo mesmo...-Alice concordou quando Bella começou a falar.- Se eu fosse ele, já teria fugido.

–Hey!

–Pronto, termimei de arrumara barra do vestido. Pronta para se ver?-Bella perguntou para a amiga. Ela concordou e logo virou-se para o espelho.

.-Oh meu Deus,...

–Sim, está linda, filha.-Carlisle elogiou, abraçando-a.

–Como meus peitos ficaram lindos nesse decote!-ela disse, despertando gargalhadas em todos e fazendo o pai rolar os olhos.

–Alice... Sempre tão...

–Alice!-Esme concluiu, abraçando-a.-Ah minha filha, que orgulho te ver assim, linda de noiva!

–Admita Esme... Assim como eu, nunca achou que Alice se casaria.-Bella brincou e e Esme apenas sorriu, apesar de concordar.

–Bem, podemos?-Alice tratou de cortar a amiga. Esme concordou emocionada e após beijá-la na testa, foi na frente para seu lugar com Bella e Rosalie. Carlisle segurou Alice e a guiou até o andar de baixo, onde saíram da casa e se direcionaram ao local da cerimônia, que seria nos fundos da mansão, sob tendas maravilhosas, gigantes e perfeitamente decoradas com flores brancas.

–Só pra constar, Alice.... Eu te amo demais. Mais do que qualquer coisa nesse mundo. É e sempre será minha caçula.-ele murmurou a ela, beijando-lhe o rosto e praticamente obrigando-a a chorar. Desde que descobrira que Carlisle era na verdade, não seu pai, mas seu tio biológico, ela ficara um pouco receosa, com medo de que o tratamento para com ela mudasse, mas na verdade, as coisas haviam melhorado. Ela valorizava cada vez mais os pais que a amavam cada vez mais.

–Eu também pai. Sempre meu herói.-ela sorriu a ele enquanto Carlisle enxugava as lágrimas da menina.

Ouça!

Quando Felicia começou a tocar violão, ela soube que era a hora de sua entrada triunfal e assim aconteceu. Todos colocaram-se de pé e sorriram, saudando a noiva que animada, entrava sorridente na igreja.

Felicia havia feito uma canção “presente de casamento” para a madrinha artística e essa era a primeira vez que Alice a ouvia.

–Ah, essa loira aguada me mata...-ela murmurou emocionada.

Logo ela chegou até o altar e Carlisle a entregou para Jasper, que beijou-lhe as mãos antes de virarem-se para o reverendo Webber, o mesmo que realizara o casamento de Rose e Emmett.

A cerimônia fora rápida e sem nenhuma surpresa. Apenas Alice, como sempre, aprontara uma das suas quando o reverendo indagou se havia alguém alí que queria dizer algo contra o casamento.

–Na verdade, eu tenho!-ela disse animada, chocando a todos e fazendo Jasper perder a cor dos lábios.-Bom, acontece que tem algo realmente errado aqui, então que os meus pais me perdôem, mas eu não sou baú pra guardar, então....-ela suspirou e pegou o microfone que Felicia havia usado para cantar.-Todos me ouvindo? Ótimo... Bom, todos sabem que nunca fui santa na vida, porém sempre fui extremamente sincera e estou aqui para ser sincera... Eu sempre tive medo de amar. De me apaixonar, de desejar tanto estar com alguém para sempre a ponto de perder o sono... E Jasper Withlock fez isso comigo. Ele me fez a pessoa mais apaixonada e realizada do mundo, por isso reverendo Webber, vou ter que pedir que mude um pouco os votos e pergunte se Jasper “nos” aceita.-e então ela calou-se, colocando ambas as mãos sob a barriga lisa.

–Oh meu Deus...-Jasper murmurou, sorrindo incrédulo.

–Sim, mamãe e papai... Desculpem anunciar isso assim, se bem que todos sabem que não sou virgem desde sei lá, os 16 anos? Ah, de qualquer jeito.... Eu estou grávida desse homem maravilhoso, de meu marido, do amor da minha vida.-Alice anunciou cheia de alegria. Jasper correu na direção dela e girou-a no ar, emocionado. Colocando-a no chão para beijar sua barriga enquanto Rosalie colocava-se de pé emocionada e puxava palmas para o casal que logo após conseguirem concluir a cerimônia, partiram para a festa de casamento mais animada de todos os tempos.

Ouça!

–Uooooooooooou!-Alice gritou animada enquanto Emmett a pegava no colo e a girava.

–Então vamos ser titios! Parabéns, sua louca!-ele disse, abraçando-a ternamente.

–Obrigada, grande urso!-Alice agradeceu enquanto abraçava Rosalie.-Eu tenho que te pedir algo... Bom, todos sabemos que Bella e eu somos melhores amigas e blablabla, mas você conseguiu atingir nossa bolha mágica de gêmeas e transformarnos em trigêmeas, loira... Por isso, eu quero que você seja a madrinha do meu primeiro bebê.-Alice pediu, fazendo Rose se emocionar.

–Ah, sério Alice? Nem acredito! Muito obrigada, mesmo!

–Eu é que agradeço, mulher. Bella tem muito trabalho com as filhas de Edward e eu sei que ninguém cuidaria melhor de meu filhote do que você... Nem eu mesma!-ela admitiu enquanto Rose voltava a abraça-la.

–Um brinde sem álcool a noiva-mamãe!-Edward propôs enquanto chegava junto com Bella. Todos brindaram com refrigerante e voltaram a sorrir e a curtir a festa.

Quando o dia amanheceu, Alice estava totalmente cansada, porém não o suficiente para fazê-la desistir da pequena lua-de-mel que ela e Jasper teriam. Três dias no Caribe em uma Ilha só para os dois... Ou três na verdade. Alice e Jasper estavam completamente felizes por estarem juntos e a gravidez apenas aumentava isso.

[...]

–Bom dia papai!-dois dias após o casamento da tia, Jane cumprimentou Edward que lia atentamente um papel. Ao perceber que o pai não havia se quer notado sua presença, ela cutucou-o.

–Jane! Não sabe o que acaba de acontecer!- Edward estava radiante.- Esse papel na mão do papai é o papel que diz que além de estar separado da sua mãe, eu tenho a guarda de vocês! Vocês vão morar comigo... E agora eu posso...

–Casar com a Tia Bella?-Jane interrompeu animada.

–Aham!

–Iupiiiiiiii!- a menina comemorou.- Agora você vai casar com ela, papai?

–É, mas para pedi-la em casamento precisarei da ajuda de duas pessoas...- ele disse, pensativo.

[...]

–MERDA!- Heidi gritou, jogando o copo de wisky longe.

–O que houve?- Felix perguntou.

–O resultado do processo saiu! Agora é oficial! Edward se livrou de mim e ainda está com a guarda das meninas! QUE MERDA!- Heidi xingou novamente, passando a mão em cima de uma mesinha de fotos e jogando todas no chão.

–Heidi, qual é o problema?

–Você é mesmo um estúpido não é?! Isso significa que a ameba venceu Felix! Droga!- ela jogou-se no sofá.- Isso não pode acontecer, não mesmo! Acham que estão lidando com quem? Eu sou Heidi Volturi! Se o mundo não para por mim, eu mesma o faço parar!

–Heidi, acabou! Não adianta mais lutar...

–Como vamos viver sem a grana dele, seu imbecil?- ela gritou.

–Seu pai...

–Ele se nega a me bancar! Aquele velho imprestável!

–Já ouviu a palavra “trabalhar”?- ele ironizou.

–Não, mas eu ouvi uma melhor: vingança!

[...]

Ouça!

–Bella!

–Edward?- Bella surpreendeu-se quando a porta da sala da presidência abriu-se e Edward apareceu sorrindo.

–Preciso que venha comigo!-ele disse, puxando-a pelo pulso.

–Mas... Para que?

–Vem!- ele disse, pegando-a no colo e carregando-a até o elevador.

–Edward! Me coloque no chão! Estou de vestido, minha calcinha está aparecendo e Mike Newton já a viu, por sinal!- ela convenceu-o a largá-la. Chegaram ao térreo e Edward a arrastou para a garagem.

–O que está acontecen...- Bella calou-se quando viu Annie e Jane sorrindo. Jane segurava um buquê de Rosas vermelhas e Annie uma caixinha vermelha.

–Bella... Pode ler isso?- ele disse, entregando para ela um envelope que dentro continha um documento: o que mostrava que ele estava divorciado e com a guarda permanente das meninas. Bella leu atentamente e quando terminou, sorriu.

–Bella... Você é a mulher que eu amo. A mulher que me ensinou o que é amar... A que me fez amá-la mais que tudo nessa vida... Bella, eu não vivo sem você... E não sou apenas eu, mas nós três vamos te pedir uma coisa muito importante para nós.- ele disse enquanto Jane entregava para Bella as flores e Annie a caixinha. Rapidamente os três pararam um ao lado do outro e pegaram três placas no chão e seguraram na frente do corpo. Juntas, elas formavam a seguinte mensagem:

“Bella, você nos daria a a honra de se casar conosco?”

–Oh meu Deus! É claro que sim!- Bella respondeu enquanto Annie, Jane e Edward corriam para abraça-la. Edward colocou a aliança gentilmente no dedo dela e beijou-a. Annie e Jane, que pulavam animadas, foram pegas no colo pelos “pais” e os quatro se abraçaram.

–Parece que agora sim, seremos felizes!- Edward disse sorrindo.

–Seremos uma família!- Bella disse.

–Já somos uma família!- Jane comentou.

–Família!- Annie repetiu sorrindo, para a alegria de todos.

[...]

–Isso é simplesmente RIDÍCULO!- enrolada em um lençol mordendo uma maçã e segurando uma revista, Heidi morria de rir.

–É realmente ridículo você me acordar assim!- bufando, Felix colocou travesseiro no rosto.

–Felix dê uma olhada nisso! “Já estou usando a aliança!”. É a coisa mais ridícula que já li! Ela está se achando, aquela ameba!-então ela lançou a revista em cima dele que após coçar os olhos, pode ler por alto uam matéria sobre o noivado de Edward e Bella.

–Heidi, quer deixar Edward viver em paz com Bella enquanto nós fazemos o mesmo?- Felix disse, sentando-se na cama e bocejando.

–Não! Ele não pode simplesmente me largar em menos de um mês casar com outra!

–JÁ CHEGA!- Felix gritou.- Estou cansado! Chega de Edward e Bella! De casamento! De tudo! Você deveria reclamar por ter deixado as meninas com ele, isso sim!

–Felix, é graças a elas estarem com ele e graças a minha troca que estamos morando aqui, nesse apartamento maravilhoso!

–Heidi, você não existe! Trocou nossas filhas por um apartamento e três meses de dinheiro! Já pensou no que faremos agora, gênio?

–Eu não sei você, mas eu tenho planos de sustentação... - ela sorriu maliciosa.

–O que está planejando?- Felix disse áspero.

–Vou colocar a faca no pescoço de Edward: ou ele em dá uma alta mesada ou eu tiro as meninas dele contando a verdade para todos! A verdade que nem mesmo ele sabe: você é o pai verdadeiro das meninas!

–Heidi, não pode fazer isso! E se ele negar o dinheiro? Eu não tenho o mínimo de jeito para cuidar delas e você menos!

–Eu tiro as meninas dele... Cuido delas por um tempo e depois faço outra promoção para ele!-ela gargalhou.

–Você é um monstro! Está comercializando suas próprias filhas, Heidi!- Felix disse, horrorizado ficando de pé e indo para o banheiro. Heidi suspirou, largou a revista e maçã, foi para frente do espelho e após se observar por alguns minutos sorriu.

–Ele está muito enganado se vai se livrar de mim tão cedo!

[...]

–O que você quer?- Edward perguntou assim que se sentou de frente para Heidi. Ela havia ligado para ele e marcara de encontrá-lo em um restaurante para conversarem.

–Preciso de dinheiro!- ela foi direto ao ponto. Edward deu de ombros.

–E o que eu tenho com isso?

–Tudo, afinal é por sua culpa que estou nesse país sem amigos, família e emprego.

–Pode voltar para Berlim, Volterra ou ir até mesmo para o quinto dos infernos que eu não ligo!

–Edward, eu não estou com humor para te aturar então é melhor ser bonzinho comigo! O lance é o seguinte: ou você me dá o que eu quero ou tiro as meninas de você.

–HÁ! Que juiz em sã consciência daria as meninas para você?- Edward debochou, colocando-se de pé e saindo, porém parou quando ouviu o que Heidi disse.

–Qualquer um que soubesse que elas não são suas filhas biológicas.

–O que disse?- ele virou-se para ela.

–Felix Volturi. O verdadeiro pai de Annie e Jane.- ela sorriu. Edward ficou sem saber o que dizer e ela aproveitou-se disso.

–Quase nunca transávamos, Edward! Elas foram o pretexto que usei para te prender... Nunca parou pra reparar como elas não têm nada haver com você? Bem, se não acredita, qualquer exame provará isso... Mas apenas farei esse exame com um pedido judicial, e quando o resultado sair, elas viram morar comigo.

–Você pode estar apenas jogando comigo.- Edward disse inseguro, tentando achar um ponto a favor, mas a verdade era que ele sabia que elas não eram filhas dele. Agora tudo fazia sentido. As freqüentes visitas de Felix... O fato de Heidi engravidar em uma das fases mais frias do relacionamento dos dois...

–Tem razão! Pode ser um blefe... Mas você não arriscaria a guarda de suas preciosas, arriscaria?- ela disse fazendo um bico irônico. Edward inexpressivo abriu a carteira e de lá tirou uma grande quantidade de notas.

–Isso é apenas a entrada Edward, vamos lá! Eu quero o prato principal.- Edward bufou e tirou um talão de cheque da carteira. Arrancou uma folha do mesmo e preencheu-o com uma quantia alta, assinou e entregou a ela que enfiou tudo na bolsa.

–Assim é que eu gosto!-ela gargalhou.

–Um dia Heidi... Você vai estar sozinha e vai se lembrar desse momento, onde jogou fora os bens mais preciosos que você tinha por dinheiro! Trocou suas filhas como mercadoria! Um dia você vai ver que apesar de ter dinheiro, você não tem nada... Quando isso acontecer, você vai querer voltar no tempo, mas será tarde. Você irá ver como é triste não saber o que é amar e ser amado.- e dizendo isso, ele saiu.

Apesar de despedir-se de Edward sorrindo, Heidi ficou seriamente abalada com o que ele havia falado. Ficou tão abalada que passou à tarde no bar do restaurante bebendo muito. Quando era quase meia-noite, Heidi saiu cambaleando do restaurante. Entrou no carro e olhou-se no espelho, percebendo que derramava algumas lágrimas.

–Fique firme Heidi! Firme!-ela disse limpando as lágrimas teimosas com ódio. Odiava ser fraca e odiava mais ainda admitir que Edward estivesse certo. Pisando no acelerador, ela pegou o celular e discou para uma amiga.

–Hey, Tipper! Lembra daquele cara que você me disse que vendia armas? Pode me dar o endereço?

[...]

–Mas que lugar caidinho, hein?!- Heidi bufou.

–Ih, não reclama não... Eu já estou fazendo muito de te trazer aqui nessa hora.- Tipper disse enquanto levava o cigarro até a boca.

–Você não presta mesmo! Só podia estar metida com gente dessa laia!- Heidi disse, brincando com a amiga. Ela e Tipper haviam se conhecido no escritório de Thomas Robbinson, o advogado de Heidi. Toni Saxson, apelidada por Tipper, estava se separando do esposo assim como Heidi e estava usando a mesma técnica para conseguir dinheiro: trocando os filhos por uma gorda mesada. Após conversarem horas seguidas e constatarem que eram idênticas em vários assuntos, tornaram-se amigas.

–Já estamos chegando, Heid.- jogando a fumaça do cigarro na cara da amiga, Tipper entrou em uma rua e estacionou o carro em frente a uma casa onde havia um homem sentado em uma cadeira de balanço na varanda, fumando e bebendo cerveja.

–Ótimo, porque o cheiro do “bagulho” daqueles caras lá atrás na ponte me deixou doidoda. Se demorasse mais um pouco, eu desistia e me juntava a eles.- Heidi ironizou abrindo a porta do carro e fechando o casaco. Estava extremamente frio, mas sua amiga parecia estar insensível a isso, já que usava uma mini-saia, uma camiseta branca com um enorme decote e uma sandália de salto alto.

–Você está com fogo no rabo.- Heidi comentou trancando o carro.- Merda! Agora entendi porque viemos no meu carro... Se roubarem, roubaram o meu e o seu está lindo na garagem!

–Boa noite, senhoritas.- o homem da varanda as cumprimentou. Heidi sentiu um frio na espinha e engoliu seco antes de cumprimentá-lo.

–B-boa noite!

–Relaxa Heid. O Carl é o nosso fornecedor.- Tipper disse subindo os degraus da varanda e sentando no murinho de frente para o homem.- Ela está interessada em sua coleção particular.- sorrindo, Tipper disse. O homem ficou de pé, jogou a lata de cerveja fazia na rua e fez sinal para que as duas entrassem.

–Fiquem aí, vou buscar a coleção.-ele disse, deixando as duas na sala.

–Isso é seguro, Tipper?- Heidi susurrou.

–Desde quando vir a Detroit no meio da madrugada comprar armas é seguro?- ela ironizou.

–Aqui está o catálogo!- assustando-as, Carl apareceu com uma revista nas mãos.- O que você quer fazer exatamente?- o homem perguntou para Heidi. Ignorando o fato de estar assustada com a situação, Heidi começou a falar.

–Uma arma rápida, certeira... Fatal.

–Ela quer se livrar de uma pedra no caminho entre ela e o esposo. - Toni acrescentou. Carl sorriu e abriu catálogo sujo e velho na página 36.

–Temos a PT 638... Ideal para mulheres sem experiência e com pressa.

–É o meu caso, definitivamente... Você tem uma aí?

–É um pouco cara.- Carl comentou.

–E eu disse que dinheiro era problema?- ela arqueou as sobrancelhas.

[...]

–Aqui está.- Carl entregou para Heidi uma maleta prata. Ela a abriu e pegou a arma como se fosse à coisa mais valiosa do mundo.

[...]

–Quando vai estréia-la?- Tipper perguntou saindo do carro, tropeçando nos próprios pés. Após saírem da casa de Carl, as duas foram para uma boate e passaram a madrugada toda bebendo e dançando. Eram 5 e 30 quando Heidi encostou carro na frente da casa de Tipper. O sol estava nascendo e as duas estavam muito bêbadas.

–A arma? Não em breve... Ainda vai demorar um pouco. Eu gosto de situações dramáticas, amiga. Vai ser um espetáculo típico de Broadway, com direito a platéia. - Heidi respondeu sorrindo maliciosa enquanto olhava para a arma guardada no banco de trás.