Sem saber o que responder a mulher apenas colocou a bandeja em cima da mesa de centro e tomou Alice nos braços. As duas agora abraçadas, choravam furtivamente. Alice tivera sua resposta: de algum modo, aquela mulher simples, de aparência sofrida era realmente sua mãe.

Após permanecerem unidas por minutos, as duas sentaram-se juntas no sofá.

–Mas... Como.. Porque eu não fui criada com você... E...- Alice estava sentindo-se sufocada com tantas dúvidas.

–Querida, foram tantas coisas... A culpa não é sua, quero que isso fique claro... E nem de Esme ou de Carlisle... Eles não sabem de nada, assim como você!

–Poderia me explicar?- Alice pediu, segurando as mãos da mulher. Silvia ajeitou-se no sofá, suspirou e com um olhar distante começou a história.

–Foi há tanto tempo atrás... Eu era uma adolescente animada, fogosa como qualquer outra... Por incrível que pareça, sua mãe Esme e eu éramos melhores amigas. Andávamos de braço dado e sempre que íamos aos bailes da escola, era eu quem convencia Esme a amarrar a blusa acima do umbigo para que os rapazes nos chamassem para dançar.- Silvia disse rindo da lembrança.- Até que uma vez, em 1981 eu e sua mãe contamos para nossos pais que iríamos passar a noite na casa de uma amiga doente ... Mas a verdade é que estávamos indo para o último show da turnê dos Rolling Stones de 1981. Animadas fomos juntas com a maquiagem mais forte do mundo, já que tínhamos apenas 12 anos! Bom, conseguimos entrar no show e ficamos mais felizes ainda quando dois irmãos nos chamaram para dançar. Os dois irmãos Cullen: Carlisle e Chuck Cullen. Dançamos a noite toda e no final de tudo, os dois se interessaram por nós duas e começamos a namorar aos 14 anos, Esme e Carlisle, eu e Chuck! Aquilo nos matou de felicidade. Os anos passaram e continuamos namorando os dois, porém o de sua mãe e de seu pai era algo mais certo: o Sr. E a Sra Platt haviam deixado Esme e Carlisle ficar juntos assim como a família Cullen também concordou, porém meus pais me proibiram terminantemente de continuar com seu tio... Disseram que eu tinha que ficar com outro rapaz, mais rico que os Cullen, por incrível que parecesse. Quando completamos 15 anos, eu e sua mãe nos casamos no mesmo mês: ela com Carlisle e eu com Daniel Withmoore, um ricasso mais velho que eu, com quem eu só estava casando pelo dinheiro, graças a minha interesseira família. Você deve estar pensando que isso só aconetce em filmes antigos, mas acredite, minha cara... Até hoje se encontram casamentos arranjados!...-ela suspirou.-Bem... Eu não preciso dizer que casei-me totalmente a força... Mas isso não me impediu de continuar vendo Chuck. Foi com ele minha primeira vez... Antes mesmo de meu casamento.- Silvia ruborizou.

–E depois disso?- Alice perguntou.

–Daniel descobriu e fez um escândalo na casa dos Cullen. Disse que ele havia me seduzido e que era um marginal. Seus avós não acreditaram e ao perceber isso, Daniel desistiu de ferrar Chuck. Bem, o que Daniel não soube é que esse caso entre Chuck e eu durou desde o ano em que casamos em 1983 até 1987.

–O ano em que eu nasci.- Alice disse.

–Nesse meio tempo, sua mãe e seu pai esbanjavam felicidade. Adotaram Rachel e tiveram Edward. Então, em 87 eu e ela ficamos grávidas na mesma época... Quando descobriu, Daniel nada fez ou falou, apenas passou a me ignorar. É claro que nunca fomos íntimos realmente, mas tudo piorou depois da notícia e ele contou tudo aos pais de Chuck que não aceitaram a postura do filho e o mandaram morar com os avós em Berlim. Daniel não era má pessoa, apenas ficara amargurado e com razão, afinal eu o havia traído. Os meses passaram e eu e sua mãe, animadíssimas com a gravidez “dupla” passávamos praticamente 24 horas do dia juntas, tricotando e sonhando com os bebês. Quando demos conta, já estávamos no nono mês e o inverno havia chego. Carlisle estava preso no centro da cidade desde o dia anterior com Edward e Rachel graças à tempestade que havia parado toda a cidade e com medo de ficar sozinha em casa, Esme veio ficar comigo... Minha casa era na mesma rua, então...- ela deu de ombros.

Estávamos conversando na biblioteca, tricotando animadamente quando Esme reclamou de sentir pontadas na parte de baixo da protuberante barriga. Eu achei estranho que estivéssemos sentindo a mesma coisa, mas não falei nada para ela. Após ela ir se deitar no quarto de hóspedes, eu fui falar com Daniel, que era médico junto com seu pai. Daniel me disse que poderiam ser contrações e na exata hora em que ele disse isso, a minha bolsa estourou e ele me levou para a pequena sala médica que tínhamos em casa. Após meia hora eu atingi 10 de dilatação e o bebê começou a sair...- ela derrubou uma lágrima- Susan nasceu primeiro... E para nós ela seria a única é claro! Não existia ultra-sonografia para se saber do sexo nem de quantos bebês se tratavam... Daniel foi verificar se o bebê estava bem, ele enrolou-a e colocou no berço, voltando até a pequena mesa cirúrgica esperando que eu expelisse a placenta... Mas, quando um segundo bebê começou a nascer, eu desmaiei e ele ficou boquiaberto. Você veio ao mundo tão saudável quanto Susan, Alice! Mas infelizmente eu não pude verificar isso...- ela apertou as mãos da filha.

–Por que?

–Essa parte da história eu só fiquei sabendo anos depois... Quando já era tarde demais...- suspirando, como se fosse pra tomar coragem, Silvia começou a falar.- Daniel disse que ao ver que eram duas crianças o rancor dentro dele falou mais alto... Como ele mesmo disse, não suportaria criar dois filhos de outro homem... Então, diferente da primeira criança, ele não limpou ou verificou se tudo estava bem, apenas enrolou você e deixou em uma caixa, próxima a porta. Ele planejava me levar para cima como se eu só tivesse tido um bebê e enquanto eu dormisse, ele abandonaria você no orfanato da cidade... Mas os planos dele não funcionaram... Esme também começou a sentir as dores do parto e logo após fazer o meu, ele começou o dela. Tudo correu exatamente como no meu parto, porém quando o bebê nasceu, ele não chorou. O bebê de Esme... Uma linda menininha nasceu morta.- ela disse e logo depois calou-se, como se aquilo a machucasse profundamente.- Ele disse a ela que era normal e que levaria a “bebê cianótica” apara o consultório no andar de baixo, para cuidar melhor dela enquanto eu dormia casada. Daniel entrou em desespero: como poderia dizer ao amigo que sua filha estava morta? Então, como se soubesse do que estava acontecendo, você chorou na caixa, então ele soube o que fazer. A filha morta de Esme trocou de lugar com você. Agora limpa e aquecida, você foi para o quarto de hóspedes junto com Esme que como não tinha visto direito a verdadeira filha, lhe recebeu cheia de amor. Para a sorte de Daniel e para perfeito funcionamento de seu plano, Carlisle chegou em nossa casa uma hora depois e levou Esme e você para casa. Daniel não disse nada sobre o nascimento de meu bebê, e assim, você foi arrancada de mim sem eu nem ao menos saber de sua existência. No dia seguinte,quando acordei, ele me mostrou o bebê morto e disse que era a segunda gêmea de uma placenta diferente. Eu chorei por horas, até não poder mais... Foi aí que meu esposo disse que partiríamos da cidade. Eu perguntei porque, mas ele apenas me disse o seguinte: “se quiser que eu cuide de sua filha bastarda, é melhor vir comigo”... E sem poder fazer nada, eu fui embora sem ao menos falar com Esme ou com outra pessoa. Deixei uma carta com a empregada, pedindo que entregasse a ela contando tudo sobre meu bebê morto e felicitando-a pela menina... Alice, eu só fui saber de toda a verdade anos depois, quando Daniel faleceu e me deixou uma carta explicando tudo.- Silvia disse com um certo rancor nos olhos.- Era tarde: você á estava com 18 anos, era linda e tinha uma família feliz... Tentei te procurar mas que diferença isso faria? Eu não iria poder voltar ao tempo e ter você em meus braços novamente! Eu contei tudo a sua irmã, Susan... E ela concordou comigo em não atrapalharmos você, porém ela me disse que uma vez seguiu você na faculdade e que por pouco não a abordou e lhe contou tudo!

–Onde ela está agora? Susan? E qual era o problema daquela vez, em que foi me procurar na empresa?

–Sua irmã estava doente, com suspeita de Leucemia... E antes do resultado do exame eu comecei a procurar possíveis doadores... Mas foi apenas um susto e ela pode continuar feliz com seu noivo. - Silvia disse levantando-se e pegando uma foto. Após olhá-la com dor, entregou-a a Alice, que ficou de boca aberta.

–Jasper..- Alice susurrou.

–O conhece?- Silvia perguntou pegando uma caixa no armário.

–Sim, é primo de minha amiga... Já o vi algumas vezes em fotos.- Alice disse, omitindo o fato de que eles já haviam namorado.

–Ah, é um ótimo rapaz! Pena que Susie não viu isso. Sabe Alice, foi por não ter me escutado e por ter abandonado ele que ela não está aqui.

–Como assim?

–Querida, Susie está morta.- ela disse pesarosa.

–O que?- Alice assustou-se.

–É, fazem anos... Foi em um acidente de carro, após Jasper tê-la pego com seu melhor amigo na cama... Eles discutiram rapidamente, Jasper distraiu-se para poder bater no amigo e quando viu, Susan já havia pego a pequena Mel, a colocado no carro e partido... Jasper tentou alcança-las na estrada para conversar, mas ela não quis parar, então o carro capotou e ela faleceu no acidente. Pobre rapaz! Sempre se culpou! Pela morte dela e de minha neta...

–Perdão, neta?-Alice estava cada vez mais chocada.

–Sim, apesar de não terem se casado, Susie e ele tinham uma filha, Melina... Mas como Susie o traia com Drake há algum tempo, descobrimos que a menina não era dele.-os olhos dela se encheram delágrimas.-De qualquer jeito, eu as amava... E ele também.-ela lhe entregou uma foto de Jasper, Susie e Melina, extremamente parecida com Susan.

–Uma filha...-ela murmurou totalmente chocada. Por isso a obsessão de Jasper por ela e Melissa.

–Nunca mais o vi desde que me mudei da Califórnia para cá... Para estar mais perto de você... Mesmo que indiretamente! Eu já perdi uma filha Alice, não gostaria de perder outra!- ela segurou as mãos da menina. Alice encabulou-se com a visível proximidade e tratou de desviar o assunto.

–O que tem nessa caixa?- ela improvisou, apontando para a grande caixa que a mulher havia pego do armário.

–Tudo o que eu tenho de você Alice, está aqui... Depois que vim pra cá, lutei para me manter atualizada na sua vida e acho que consegui....- ela sorriu ao abrir uma caixa, que para surpresa de Alice, estava abarrotada de fotos, revistas, recortes e tudo que era possível sobre ela mesma.

–UAU!- Alice disse após revirar a caixa.- Você deve saber mais de mim do que eu mesma!

–Eu tento te conhecer ao máximo!- ela disse sincera.

–Ah... Silvia... Eu não quero ser grosseira, mas isso não muda nada em relação a meu amor por Esme ou Carlisle, entende?!

–Claro que sim, meu anjo! Eles são seus pais e eu não quero que isso mude!

–E, seu você concordar, eu gostaria que eles não soubessem disso... Não agora! Primeiro eu engulo a história e depois eles, ok?!- ela disse, segurando uma caneca com seu rosto estampado.

–Eu concordo. - Silvia disse.

–Bom, acho que tenho que ir... Mas, se importa de me dar essa caneca e uma das fotos de Susan com você?- ela perguntou.

–Claro que não me importo! Pode levar essa, eu tenho outra caneca dessa e fotos da Susan não me faltam!- ela sorriu. As duas despediram-se rapidamente, porém com muita emoção e Alice entrou no carro, discando um número: Jasper.

[...]

– Alice!- Jasper disse, assim que a viu sentada na mesa do restaurante, esperando por ele.- Ah amor, eu sabia que você iria...

–Sente-se.- ela foi fria.

–Mas...

–Por que não me disse que Susan está morta, Jasper?- ela foi direto ao ponto, deixando-o sem fala.

–Eu.. ér,..ah...

–Por que não me disse sobre Melina?-ela indagou-o.

–Como sabe sobre Melina?

–Você sabia que sou filha de Silvia?- ela perguntou após ignora-lo.

–O que? Vocês se conhecem? Filha dela? Do que está falando?- ele perguntou, totalmente perdido.

–Isso não importa agora... O que eu quero saber é porque mentiu para mim, Jasper?

–Não sei, eu... Se eu te dissesse que ela morreu, acharia que eu só me aproximei de você por achar que você é ela! E porque eu a conehci com Melissa nos braços...

–E não é isso? Oh, estou surpresa!-Alice ironizou.

–Alice... Amor!

–Olha Jasper, não me chame de amor ok?! Você nunca me amou... Apenas a Susan! Você mentiu para si mesmo! Fantasiou a volta triunfal do relacionamento perfeito, mas acabou a farsa! Hora de acordar!- ela disse jogando uma foto na cara dele.

–Mas, o que é isso?- ele disse abrindo a foto e vendo Silvia e Susan juntas.

–Essa Jasper é minha irmã! Minha irmã morta!Susan e não eu!- e gritando isso, ela levantou-se e correu para fora do restaurante. Jasper começou a segui-la, mas quando saiu do restaurante, tudo que pode fazer foi entrar em seu carro e seguir o Porshe amarelo em alta velocidade.

–Pare o carro, Alice!- Jasper gritou de seu carro, assim que aproximou-se de Alice.

–Ah, tem certeza que sou a Alice? Pensei que eu fosse a Susie!- ela disse, cuspindo as palavras ao gritar.

–Alice, não seja infantil! Isso é perigoso!

–Ah é?! Agora eu sou infantil! Aposto que a Susan era madura!-Alice provocou ao fazer uma curva perigosa.

–Pare de se comparar a ela! Vocês são irmãs mas não a mesma pessoa!

–Ah, que bom, parece que você entendeu isso!

–ALICE, PARE O CARRO AGORA!- ele disse mais desesperado do que nunca.

–Por que eu faria isso? Você nem se importa comigo de verdade, só quer saber de Susan, Susan, Susan e mais Susan!

–NÃO ALICE, É SÉRIO, PARE! A PISTA ESTÁ EM OBRAS!

–O que?- ela perguntou, agora olhando para frente e vendo uma placa: PISTA EM OBRA, FAÇA O RETORNO. Desviando de ultima hora, Alice derrapou na pistra, atropelando alguns cones e quebrando “barra de limite”da estrada, fazendo com que o carro rolasse, capotando penhasco abaixo e se chocasse nas pedras.

–NÃO!- em um grito desesperado, Jasper correu para a beira do abismo, para ver Alice. Finalmente o carro havia parado de capotar. Sem importar-se em se machucar, Jasper desceu correndo, aos tropeços e tombos, ele desceu e chegou até o carro.

–Oh, Alice...- foi tudo o que ele conseguiu dizer. Alice estava totalmente ensangüentada na face, mas o que deixou ele sem fôlego foi ver que havia um grande hematoma em sua cabeça.

[...]

Após o acidente, Jasper chamou a ambulância que levou Alice imediatamente para o hospital, onde fizeram uma cirurgia para cuidar dos danos causados ao cérebro dela. Tudo corre bem e ela fica em observação por algumas horas. Carlisle, que estava muito mal, teve que ser retirado da sala no meio da cirurgia e como Esme passou mal, ele foi ficar com ela em uma sala de medicação. Jasper estava circulando dentro do hospital, aproveitando que tinha “passe livre por ser médico”. Alice foi operada pela equipe de um famoso neurologista: o Dr. Dereck Shepherd junto com a Dra. Yang e mais alguns médicos. Por estar muito nervoso, Jasper não pode assistir a cirurgia e nem vê-la logo após a mesma ter acabado. É ai que começa o nosso vídeo... 10 horas após a cirurgia, ninguém pode ver Alice, além da equipe que a operou. Jasper continua nervoso, andando de um lado para o outro. Esme ainda está dopada na enfermaria e Carlisle está com ela. Os demais da família aguardam na sala de espera.

Assista!