Privileged escrita por Ludymila Leal


Capítulo 11
11. Fase Difícil




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–Fale comigo!- ela pediu, mas tudo o que Jacob fez foi colocar as mãos por cima das dela que estavam em seu peito. Ela sorriu ao sentir a sensação da pele quente dele com as pequenas mãos dela.

–Desculpe, não faço por mal.-ele disse com a voz apertada.

–Sei que não faz meu bem, mas... É difícil te ver assim, tão vulnerável e não poder ajudá-lo!-ela foi sincera. Ele virou-se para ela e segurou as mãos dela na altura do peito, colando a testa com a dela.

–Acho que é hora de voltar para casa.

–Eu também acho!- ela sorriu. Estava pronta para larga-lo e ir para o táxi, porém ele a impediu, segurando-a firme e passando uma das mãos no rosto dela.- Não sei como lhe agradecer por tudo, sempre perto, cuidando de mim... É mais que uma advogada, mais que uma agente e sabe disso.- ele sorriu, aproximando-se dela.

–Jake, eu faço tudo porque gosto de ...- ela começou a falar, porém ele a silenciou com o dedo indicador.

–Está na minha vez de agradecer..- ele disse, aproximando-se dela lentamente. Felicia fechou os olhos, suspirou e lembrou-se de como havia sido a primeira vez que o viu: de calça jeans e sem camisa, ele ajudou-a a empurrar o Camaro 87 até a pequena casa da família dela. Uma conversa rápida de dois totais desconhecidos na garagem, totalmente encharcados, dois chocolates quentes, trocas de telefone e bingo: ela se apaixonara... Diferente dele. Ela havia se interessado pelo rapaz doce, bonito, gentil e educado que havia conhecido, mas ele havia se interessado pela recém-formada advogada, Felicia Miller. Quando recebeu a proposta não excitou em aceitar, porém depois de um mês percebera a burrada que fizera: trabalhar para o cara por quem você está apaixonada que cuida de você como se fosse uma irmã caçula, enquanto sai com todas as modelos possíveis não é muito legal. Ambos mudaram-se para Dubai, para tocar a empresa matriz do pai,que havia sofrido um acidente e ficara paraplégico. Tudo corria bem, e graças a Deus as modelos Indianas chamavam menos a atenção de Jake do que as da Victoria’Secrets. Tudo corria bem até que a volta para os EUA foi fatal: ele conheceu Isabella Marie Swan que arrebatou o coração do rapaz imediatamente e conquistou a aversão de Felicia na mesma hora. Suspirando, ela espantou os pensamentos e tentou concentrar-se na realidade, porém a realidade havia acabado subitamente. Sem saber ao certo como, Jake havia se separado dela e ido até a “cerca de segurança” do mirante a beira da estrada.

–O que houve Jake?-ela perguntou a ele, debruçando-se junto dele, na grade de segurança, porém não precisou ouvir a resposta. Só queria fazer uma pergunta: como ele sabia que uma mulher havia caído na água? Ela iria perguntar, mas não teve tempo, quando se virou para ele, antes que ela pudesse gritar, ele lançou-se penhasco a baixo, para salvar a mulher. Mulher essa que magicamente, ele sabia quem era.

Bella.



[...]


O impacto com a água gelada fez Jacob despertar mais ainda. Bella estava boiando de bruços com uma grande mancha de sangue na água em torno de sua cabeça. Parecia ter sido algo mágico, ou sobrenatural, mas quando estava prestes a beijar Felicia, ele ouvira um barulho lá em baixo, nas pedras. Não o simples barulho das ondas batendo nas pedras, mas sim um gemido feminino de dor. Sem hesitar ele debruçou-se na cerca e viu o corpo ser arrastado pelas ondas. Não viu o rosto, mas soube imediatamente: era Bella. Ele a alcançou rapidamente e nadou com ela até a areia, sem tirar os olhos do ferimento na testa dela, que parecia ser sério.

Agora, com ela desmaiada nos braços, ele deitou-a na areia, cansado de lutar contra as ondas e ainda segurando-a nos braços. As pessoas começaram a aglomerar-se em volta deles, porém ele lançou um olhar ameaçador à multidão que se dissipou aos poucos. Em questão de minutos Felicia apareceu correndo na praia, com um celular nas mãos. Ela havia ligado para o hospital.

–Jake,você está bem?- ela perguntou, mas ele bufou para a preocupação tola dela. A única coisa que importava no atual momento era Bella. Arrancou a camiseta molhada e enrolou a cabeça dela na mesma, para ajudar a conter o sangramento. Aos poucos, as pálpebras de Bella tremeram e ela abriu os olhos.

–Como se sente?- ele perguntou nervoso.

–Ai!- ela respondeu.

–Como se sente?-ele perguntou de novo.

–Meu carro está aberto... Na vaga para deficientes, as chaves estão dentro... Acho que tomarei uma multa!- ela disse inacreditavelmente séria e depois tornou a fechar os olhos.

–Pelo menos a metade dos neurônios continua aí. - ele brincou aliviando a si mesmo. Olhou para Felicia e fez um sinal com a cabeça para o estacionamento próximo a praia. Ela fez que sim com a cabeça, entendendo que era sua função agora pegar o carro de Bella. Jacob olhou para Bella acariciando o rosto dela de leve.

–Você vai ficar bem, eu prometo.

–Sei que vou ficar bem com você.-Bella sorriu e estendeu os braços para ele, que a tomou no colo. Já podia ouvir as sirenes da ambulância chegando. Bella aninhou-se ao corpo dele, tentando usufruir de todo o calor possível. Ele foi caminhando com ela até o estacionamento da praia, onde a ambulância estacionava, deixando Felicia para trás, com os olhos cheios de lágrimas: uma mistura de tristeza, rejeição, frustração e raiva.


[...]



Bella abriu os olhos e viu o teto branco do hospital. Bufando de raiva ela tornou a fechá-los. Era a milionésima vez que coisas assim aconteciam: ela se feria, desmaiava alguém a salvava e horas depois ela acordava no hospital com alguns pontos.

–Ela acordou.- uma voz suave disse aliviada. Bella ergueu a cabeça que latejava e pode ver uma menina magra, baixa e loira de traços delicados demais para o grande óculos situado no rosto. Felicia.

–Há quantas horas estou inconsciente?

–Mais de 12 horas.- Felicia olhou para o relógio e calculou mentalmente.

–Onde está o Jake?- Bella perguntou passando a mão na cabeça e dando-se conta do enorme curativo, parecendo uma touca de frio.

–Foi comer algo... Está meio tonta ou coisa assim?- Felicia aproximou-se da cama. Ela e Bella se conheciam bem. Podería-se dizer que eram colegas de trabalho, já que durante a negociação da Privileged com a Mohamed Tecidos, Felicia havia sido a advogada da Mohamed. Ambas conversavam bastante e Bella sempre salvava Felicia das garras de Alice, ao tentar fazer na menina uma “transformação de visual”.

–Estou vendo as coisas embaçadas, é normal?-Bella perguntou fechando os olhos.

–Sim, a Dra. Grey disse que é por causa da medicação.

–Dra. Lexie Grey?- Bella perguntou, lembrando-se da última vez em que estivera no hospital em casos como esse.

–Não, a irmã dela... Parece que ela estava em cirurgia. Isabella posso te perguntar uma coisa?

–Desde que não me chame pelo nome... Pode me chamar de Bella, Felicia. Nos conhecemos o bastante para isso.

–Tudo bem... Bella...Você estava tentando... Se matar?- delicada, Felicia perguntou. Só então Bella lembrou-se da origem do acidente: um escorregão nas pedras após a decepção com Edward.

–Ah, não! Eu sou idiota e até talvez um pouco masoquista, mas não chego a ser suicida. - Bella respondeu olhando para os pés. O direto estava enfaixado e o esquerdo engessado.-O que aconteceu com meus pés? O direito cortei nas pedras, mas e o esquerdo?

–O direito você cortou em uma ostra, mas não foi só isso... Acharam também alguns “espinhos” de ouriços venenosos no corte, então tiverem que te dar uma injeção antialérgica pra evitar danos... E quanto ao outro pé, parece que ao cair das pedras, você o torceu feio.- Felicia fez uma careta triste ao dar as notícias.

–Eu deveria jogar no bicho. Apostaria no ouriço, com certeza. - ela disse mais pra ela mesma do que para Felicia.- Bem, sobre a sua pergunta... Você me ajudou e lhe devo uma resposta completa. Eu não tentei me matar, estava apenas tendo um tempo sozinha após receber a notícia de que meu namorado é casado e tem filhas.

–Oh, não acredito!- Felicia chocou-se.- Sinto muito.

– Me senti um pouco perdida, então fui andar na praia e estou aqui.- Felicia sentou-se na cama, de frente para Bella chocada.- Sinto muito por você Felicia.- Bella disse de cabeça baixa.

–Como assim?

–Por você... E Jake! É notável que você gosta dele.

–Ah, ér...-Felicia não sabia o que dizer.

–Tudo bem... Mas, quero que saiba que não tenho o mínimo interesse nele, de verdade. Torço pra que ele veja a pessoa maravilhosa que está perto dele e se apaixone por você. –ela sorriu e Felicia também.

–Acho que lhe devo desculpas... Por ter sido meio ignorante com você às vezes... Sabe como é, mulher enciumada é uma coisa.- ambas sorriram e então ficaram em silêncio, sem perceber que ali, naquele silêncio nascia uma nova amizade.


[...]

Edward saiu do escritório quase 22h. Estava exausto. Louco para ir para casa, de modo que praticamente correu até chegar no estacionamento. O local estava vazio. Apenas seu veículo estava estacionado. Edward preparou-separa abrir o mesmo quando percebeu uma coisa diferente: um enorme arranhão na porta.

–MERDA!- ele berrou sozinho, ouvindo apenas o eco como resposta. Abriu a porta do carro e jogou a maleta de serviço para dentro, arrependendo-se imediatamente: a maleta abriu e caiu no chão do carro, junto com todos os papéis, documentos e outras coisas. Edward mordeu os lábios para não xingar. Entrou no carro bufando e bateu a porta, preparando-se para agachar e pegar os papéis enquanto xingava mentalmente. Continuou assim por vários minutos, até que ouviu um burburinho no estacionamento. Só então pode reparar que ele não era o único no local: havia mais um carro lá, que havia estacionado há pouco tempo.


–Anda, Carrie!-uma mulher alta e elegante saiu do carro e gritou. Claire Clark, a irmã mais velha de sua secretária Carrie. Edward sorriu: “Claire, Charlotte, Carrie Clarck” ele lembrou da secretária lhe contanto sobre sua família, “A família dos nomes combinando”. Ele conhecia Claire, trabalhava na firma de advocacia mais importante da cidade, porém Charlotte ele só vira uma vez, e ainda assim, ela estava agora trabalhando para ele como “doméstica” por alguns dias, até Heidi se acostumar com a nova rotina.

–Já estou indo, droga!- ele despertou das lembranças sem importância com a voz aguda e exasperada da secretária: cheia de papéis na mão, ela corria em direção ao carro que estava estacionado bem ao lado do dele.- Mais que droga! Hoje estou com a cabeça a mil e você me estressa mais ainda! Hoje meu “super chefe” teve um piti emocional em família e toda a correria caiu em cima de mim!- ela bufou. Edward sorriu. As janelas de seu carro eram fumê e impossibilitavam que qualquer pessoa de fora visse o que acontecia dentro do veículo. Ele imaginou a cara de Carrie se soubesse que ele estava ouvindo tudo.

– Um piti emocional em família? O que seria isso?- Claire pegou as bolsas e pastas das mãos da irmã e enfiou no carro.

–É, foi horrível! A irmã dele descobriu uma coisa errada que ele fez e armou-se o circo! Mas isso não foi nada comparado a reação da namorada dele...- Carrie lembrou-se da expressão de Bella. Sem chão, sem acreditar no que ouvira. Não era difícil saber o que ela sentia: dor.

–Namorada? Mas... Eu pensei que ele fosse casado!- Claire refletiu. Lembrou-se que a irmã Charlotte estava trabalhando na casa da esposa do Sr. Cullen.

–Poisé, esse é o babado: ele tinha um caso com a amiga da irmã, aqui no país enquanto a esposa estava fora, morando em Berlim, mas hoje tudo acabou, pelo que parece! A pobre Bella descobriu tudo... Devia ver como ela ficou ao ouvir tudo... Parecia que ia desmaiar!- uma nota de compaixão soou na voz de Carrie.

Então, Bella havia escutado tudo? Edward esqueceu de respirar por um momento e abriu a porta de supetão.

–Carrie... O que você disse? Bella ouviu tudo?- ele perguntou, olhando para a secretária que ficara pálida imediatamente.

–Ah, er.. Sr. Cullen! Eu... Não sabia que estava...- ela disse, atônita.

–Tudo bem, só me responda: Bella ouviu toda a conversa com minha irmã. Sim ou não?

Edward olhava atento para a secretária, que após um longo silêncio abaixou a cabeça e respondeu.

–Sim senhor... Ela pediu para que eu não contasse a ninguém que ela esteve aqui, muito menos ao senhor.- ela suspirou.

–Bom, devo agradecer por você não ter acatado o pedido dela... Se não, eu não ficaria sabendo.- Carrie balançou a cabeça e foi em direção ao carro com a irmã, onde entraram em silêncio e partiram. Edward também não demorou a entrar no carro e arrancar em velocidade máxima.

–Alice.- ele disse, pegando o telefone e ativando a discagem de voz.

–O que você quer, jegue?- Alice cuspiu as palavras, suspirando. Edward pode ouvir a risada de Jasper de fundo.

–Bella ouviu nossa conversa de manhã. Preciso que me ajude, não sei o que fazer. - por alguns instantes, Alice permaneceu em silêncio, buscando a resposta e então, ela tornou a falar.

–Se vire, o problema é seu, a merda você fez sozinho. Limpe-a! Você conseguiu mentir e esconder tudo esse tempo todo, também vai conseguir resolver tudo!- e desligou com um sinal de pena na voz.

Edward estacionou o carro em frente ao prédio de Bella e saiu do carro correndo. “Tomara que ela esteja em casa! Tomara que esteja em casa!” ele pedia mentalmente para Deus. Subiu as escadas correndo, por não conseguir esperar o elevador. Chegou ao andar dela, arrancou a cópia da chave do apartamento dela que sempre carregava no bolso, enfiou na maçaneta e girou-a. Em outro momento jamais faria isso, mas a situação era desesperadora. Entrou no apartamento, deparando-se com todas as luzes apagadas, exceto a luz do quarto de Bella.

–Bella?- chamou.

–O que você faz aqui?- ele ouviu uma voz grave perguntar. A voz vinha de algum lugar da sala.

–Quem está aí?- perguntou Edward tentando localizar o dono da voz no escuro.

–Saia antes que eu arrebente você...- e sem ter tempo de pensar, Edward foi lançado contra a parede. Jacob o empurrou com toda a força, sendo impedido de bater nele apenas por Felicia, que entrou no meio dos dois após ligar a luz.

–Mas... O que vocês fazem aqui?- Edward perguntou massageando a cabeça-Onde está Bella?

–Não te interessa... – Jake começou a avançar novamente para cima dele, mas Felicia o impediu.

–Quer parar, Jacob?!- ela gritou.- Você, vai para o quarto ajudar Bella com as malas agora...- ela disse falando com o amigo que acatou contrariado- E você, por que não se mand...

–Malas? Bella vai viajar? Malas para que?- Edward interrompeu Felicia, tentando passar por ela e ir em direção ao quarto, onde deduziu que Bella estava.

–Quer um conselho: vai embora ok?! Eu já segurei o grandão uma vez, mas na segunda é capaz que te ataquemos juntos... É muita cara de pau sua vir aqui depois do que vez não acha?!- Felicia começou a se estressar.

–Olha, eu só preciso falar com ela, está bem?! Saber como ela está e...

–Ela está péssima! Pronto! Respondi sua pergunta... Ou você esperava que ela estivesse caminhando por aí, saltitando feito uma gazela alegre?! Fala sério... Ela não está nada bem, foi parar no hospital por sua culpa, quase morreu e está toda arranhada, cheia de pontos e com os pés imobilizados e tudo mais... Ela teria morrido se Jake não a tivesse salvado e ai você aparece aqui em seu terno legal querendo falar com ela?! Poupe-me Cullen!

–Olha só, eu sei de tudo isso que você está me falando, mas apenas quero vê-la, ouvi-lá dizendo que..

–O que? Me ouvir dizendo que estou me sentindo um lixo? Que não entendo porque você fez isso comigo e que a última coisa que quero agora é te ver?! Bem, aqui estou eu pronta para dizer tudo isso, Edward!- interrompendo a discussão, Bella surgiu na sala em uma cadeira de rodas, já que ambos os pés estavam imobilizados.

–Bella...- Edward disse apenas. Tentou aproximar-se, porém Felicia entrou entre eles.

–Me faz um favor Edward: nunca mais apareça na minha frente, ok!? Finja que eu não existo, pois é o que eu farei daqui pra frente...- ela disse, com as lágrimas escorrendo pelo rosto.

–Amor, eu...- Edward tentou falar, porém o nó de sua garganta aumentou e ele teve de piscar várias vezes, para conter as lágrimas.

–Não... Me ... Chame de amor!- ela cuspiu as palavras.-Você não sabe o que é amar... Agora vá. –ela disse.

–Mas...- Edward tentou novamente, mas Jacob entrou entre os dois, afastando-os.

–Vá embora!- ele disse em um tom ameaçador, obrigando Edward a ir, mas não por medo, e sim por entender que a culpa de tudo aquilo era dele, porém antes de sair do apartamento, ele tornou a virar-se.

–Espero que um dia você me perdoe, embora eu não mereça... E possa realmente acreditar no meu amor.- Edward saiu do apartamento, com uma lágrima escorrendo no rosto, sem saber o que faria. Não havia mais sentido viver sem Bella ao seu lado.


–Você foi ótima.- disse Felicia, abraçando Bella.

–Vamos Bells, vamos começar a nova fase de sua vida!- Jake disse, beijando a testa de Bella e puxando Felicia para si, abraçando as duas. Bella suspirou e assentiu, de olhos fechados. Definitivamente, começaria uma nova fase em sua vida: a mais infeliz de todas, onde ela não tinha Edward.



Saindo do prédio de Bella, Edward entrou no carro e foi para casa, porém ao chegar no prédio não teve tempo de pensar no que faria: a Mercedes preta de Carlisle estava estacionada na frente do edifício.


–Ah não!- ele disse, batendo com a cabeça no volante.


[...]



–O que vocês fazem aqui?- Edward perguntou assim que abriu a porta do apartamento e encontrou os pais sentados no sofá olhando para Heidi que servia café para os dois.

–EDWARD!- Heidi disse em voz alta, constrangida pela falta de educação do marido.

–Bom, já que você não nos convida para fazer parte de sua vida, nós nos convidamos!- Carlisle se colocou de pé com cara de poucos amigos.

–E parece que andamos perdendo muita coisa, não é Edward?!- Esme levantou-se também.

–Ah, com licença, mas estou meio perdida na conversa.- Heidi disse, sorrindo falsa.

–Não esta não, Heidi...Acontece que passei as últimas semanas sumido da casa de meus pais, tentando instalar você e as meninas e acabei esquecendo de avisar que vocês tinham chego.- Edward disse olhando para os pais com um olhar que mandava uma clara mensagem: “concordem e conversamos depois”.

–Bom, como eu ia dizendo antes de Edward chegar, já que a visita foi de surpresa, não pude preparar nada, mas poderíamos ir jantar fora, não acham?-Heidi sugeriu.

–Não!-Edward disse rápido demais.- Quero dizer, Heidi, não vamos encontrar reservas em nenhum lugar realmente bom a essa hora da noite, porque não deixamos para amanhã?

–É, seria uma ótima idéia.-Esme concordou.

–Bem, já atrapalhamos demais por hoje... Foi um prazer conhece-la finalmente, Heidi.- Carlisle cumprimentou Heidi e Esme fez o mesmo. Após se despedirem, Edward disse que acompanharia os pais até o carro e que levaria as meninas para brincarem no play-ground do prédio.

“Leve o Lord com você! Ele deve estar querendo fazer necessidades!” disse Heidi entregando a Edward o filhotinho de sharpei com três meses que eles haviam “adotado”.


“Lord” pensou Edward.” Aquele filhotinho gorducho e pelancudo deveria se chamar bolota.


[...]


–Pai... Mãe, nem sei o que dizer...- Edward disse assim que as meninas foram correndo para o jardim com Lord latindo atrás delas.

–Edward, eu estou com vontade de falar milhares de coisas nesse momento, mas acho que uma palavra resume tudo: decepção... A coisa que eu pensei que jamais sentiria com você, estou sentindo agora. Você mentiu para todos nós... Nos escondeu a existência desse matrimônio, de nossas netas e enganou Bella... Por que, meu filho?- Esme disse, contendo o choro.

–É uma longa história mãe... Heidi era modelo, saímos algumas vezes e então ela engravidou... O pai dela fez uma pressão psicológica e por eu ser mais novo que ela, acabei me casando... Eu estava prestes a me separar quando ela engravidou novamente e pronto, fiquei mais preso ainda quando Annie nasceu.

–Preso? É assim que se sente em relação a seu matrimônio, Edward?- Carlisle perguntou para o filho, observando as netas correrem no jardim.

–Infelizmente sim, pai... Daquela vez em que o senhor foi me visitar, se lembra? Annie havia acabado de nascer e ela e Heidi estavam hospitalizadas... Por isso eu não pude estar em paz com o senhor... Eu nem sabia como contar o que tinha acontecido... O casamento, as duas filhas... Perdão.- Edward disse, abaixando a cabeça. Esme suspirou e colocou uma das mãos no ombro de Edward.

–É claro que te perdôo meu amor, mas... Uma coisa é perdoar e outra e entender. Nada justifica nada... Um erro e outro e mais outro e olha onde estamos agora! Bem, é melhor nos irmos... - ela enxugou as lagrimas e foi até as netas para se despedir. Havia as conhecido a menos de uma hora, porém já as amava imensamente.


–Pai...-Edward começou.

–Edward, é demais para que eu engula tudo em apenas uma noite. Dê um tempo a seu velho pai...- disse Carlisle mantendo a distância do filho.-Vamos Esme, Frida deve ter destruído a metade da casa!- ele berrou.

–Frida?!-Edward perguntou.

–É, nossa nova mascote. Saberia se estivesse mais presente... Mas de todo jeito, a prima de sua mãe está com uma alergia fortíssima a pelo de cachorro e resolveu dar a cadela e sua mãe se ofereceu para ser a dona.

–É uma raça pequena?-perguntou Edward.

–É uma Mastiff inglesa de um ano, Edward! É praticamente do tamanho do meu carro.- Carlisle comentou cético.

–E você está adorando a idéia, não é?- segurando a gargalhada, Edward tentou imaginar o pai lidando com um animal.

–Ela é pior que Dallas, a São Bernardo da Alice... Baba tudo, come tudo, mas sua mãe cisma que ela é um bebê e a veste com vestidinhos cor-de-rosa! Sem falar que ela acha que todos são loucos por cachorro como ela e comprou uma filhote de chow-chow para Emmett e Rose quando chegarem da lua-de-mel! Agora estamos com dois “nenéns” em casa!- ele bufou.-ESME!- gritou novamente.

–Estou indo, homem!- ela gritou de volta.

–Desculpe.- Edward murmurou novamente. Carlisle apenas acenou com a cabeça e entrou no carro junto com Esme.

–Venham visitar a vovó! Peçam para o papai! Eu amo vocês!- Esme disse para as meninas enquanto o carro arrancava. Suspirando, Edward direcionou-se para o parquinho e sentou-se no balanço.

–Porque você está triste, papai?- Jane perguntou.

–Porque eu briguei com algumas pessoas importantes hoje. –ele respondeu. Meditou por alguns minutos e logo em seguida perguntou.- Jane, se o papai e a mamãe se separassem, quer dizer, se resolvessem morar em casas diferentes... Você ficaria triste?

–Mas...Eu e a Annie moraríamos sozinhas?- ela fez biquinho.

–Não, é claro que não!- ele riu.- Moraríamos eu, você, a Annie e o Lord em uma casa e a mamãe na outra, mas ela sempre iria nos visitar e sempre iríamos visitar a mamãe... O que acha?

–Ai eu ia gostar... Porque agente ia ver a mamãe só as vezes e ela não ia brigar tanto com agente!- Jane disse e logo em seguida correu atrás de Annie para continuar brincando.

No apartamento de Jasper...




–Ah Jazz, só você mesmo pra me fazer rir em minha atual situação!- Alice sorriu, abraçando-o. Jasper estava vestindo uma cueca por cima da calça, amarrara uma toalha no pescoço e começara a dançar “sensualmente” para Alice, tentando anima-la.

–Eu sou demais não sou?!- ele disse, beijando-a.

–É! Você é!- ela suspirou, deixando-se levar pela onda de amor que a invadira por Jasper.

–Então posso fazer você me amar mais?- ele disse, afastando-se.

–Jazz, o que vai fazer?- ela perguntou enquanto ele saia do quarto.

–Susie, é só esperar e já estou aí!-ele gritou de algum lugar da casa. Era a quinta vez na mesma noite que ele a chamava de Susie, apelido de Susan, mas ela entendia, afinal, as duas eram idênticas, então, era normal confundir.

–Posso entrar aí?- ele perguntou, da porta.

–Claro!- ela disse. Jasper entrou no quarto sorrindo, e então sentou-se na cama, de frente para Alice.

–Eu pensei em várias formas de te dizer isso... Mas, foi difícil achar um lugar, momento ou palavras certas pra expressar isso.. Você me conhece e sabe que criatividade não é meu forte, com certeza, então... –ele sorriu e tirou do bolso uma pequena caixa preta aveludada.


–Ah meu Deus...- Alice disse, levando as mãos a boca.

–Quer casar comigo?- Jasper perguntou.

–Ah meu Deus!-Alice repetiu.- Ah meu Deus... O que eu digo?

–Sim!- Jasper disse.

–SIM!-Alice praticamente gritou, pulando em cima do, agora, noivo, que com dificuldade se separou dela e colocou a aliança no dedo dela.

–Sim!- Jasper repetiu, beijando-a.

–Sim!- ela repetiu o gesto dele.

–Vamos ser muito felizes, eu prometo Susie !-Jasper disse naturalmente, enquanto beijava Alice que imediatamente se afastou.

–Ah meu Deus!- ela disse, porém agora num to diferente.- Ah Jazz... Não dá.- ela disse de cabeça baixa.

–O que? Como assim? O que não dá?

–Você me chamou de Susie...-ela disse.- Pela sexta vez no mesmo dia e se eu for contar todas as vezes que em chamou de Susie, Susan, Sue e coisas do gênero eu vou perder as contas logo logo! Sinto muito mas... Não posso ficar com um cara que acha que eu sou a ex... Sim, é estranho que tenhamos a mesma cara mas não somos a mesma pessoa e enquanto você não entender isso... Não posso me casar com você!- ela disse triste, devolvendo a aliança.

–Mas... Alice...- disse Jasper, totalmente desolado.

–Viu, esse é meu nome... Quando você entender que Alice e Susan são pessoas diferentes, me procure!- prendendo o choro, Alice saiu do apartamento. Ao entrar no elevador tirou o celular da bolsa e discou para a única pessoa que poderia entende-la nesse momento.




–Bella!?- ela disse angustiada no telefone ao ser atendida.

–Alice?! Aconteceu alguma coisa?- Bella perguntou com a voz triste do outro lado.

–Sim amiga, aconteceu tudo que podia e que não podia acontecer... Onde você está? Estou precisando de você tanto quanto você está precisando de mim...- Alice prendia o choro.

–Ah... É algo em relação ao Jasper não é?!- Bellla disse pesarosa. Alice nada respondeu, apenas balançou a cabeça afirmativamente como se Bella pudesse vê-la. Incrivelmente, Bella pode imaginar a amiga fazendo que sim com a cabeça e não esperou a resposta.- Acabei de sair de casa, estou com o Jacob e a Felicia em um apartamento alugado aqui no centro da cidade, quer vir para cá, amor?- Bella perguntou e Alice repetiu o gesto, entrando no carro e lutando contra as lágrimas.-Ótimo, eu vou te passar o endereço e você vem.- e assim aconteceu. Alice chegou no apartamento e foi consolada por Felicia e Bella. Jacob ficou na sala brincando com Akira e Dallas (cuja Alice havia levado também). Após horas de lamentações e lágrimas, Bella e Alice dormiram.

–Apagaram?- perguntou Jake quando viu Felicia sair do quarto e fechar a porta atrás de si.

–Aham... Depois de quase causar uma inundação no mundo com as lágrimas elas dormira.-disse Felicia sentando-se ao lado de Jake e fechando os olhos cansada.

–Você é realmente um anjo.- Jake disse do nada.- Agüentar duas mulheres depressivas se lamentando não deve ser fácil.-ele sorriu, acariciando o rosto dela.

–Eu faço o que posso.- Felicia deu de ombros.

–Vou arrumar nossa cama aqui na sala...- Jake disse levantando.

–Nossa?-ela perguntou, abrindo os olhos.

–É, as meninas estão no quarto, então nos sobra o colchão inflável do armário e um edredom... Ou você se importa de dormir na mesma cama que eu?- ele disse erquendo as sobrancelhas.

–NÃO!-Felicia respondeu rápido demais.- Quer dizer, tudo bem em dormir com você...- ela abaixou o rosto para esconder uma onda de rubor.

–Ótimo!- ele disse e começou a arrumar a cama.



No dia seguinte...



O celular de Alice começou a berrar dentro da bolsa, fazendo-a despertar e perceber que Dallas e Akira dormiam pesadamente na cama junto dela e Bella. Alice sentou-se, pegou a bolsa no chão e xingando por baixo do fôlego, atendeu.

–Alô?!-ela disse grossa.

–Senhorita Alice?! Aqui é Jessica Stanley...

–Ah, Jess, você quer mesmo morrer não é?! Por que me ligou a essa hora da madrugada?- Alice desabou na cama.

–Senhorita são dez e meia da manhã... Mas de qualquer modo, estou ligando para dizer algo importante! Se lembra daquela mulher que veio lhe procurar aqui na empresa, alegando ter algo de suma importância para falar com a senhora, dizendo que era questão de saúde e que havia trago uma foto da filha para que a senhora a ajudasse? Bem, eu consegui localizar no seu arquivo o envelope que ela deixou com nome e endereço... Junto da foto regada no envelope tem o nome dessa mulher... Silvia Brandon e como eu disse para a senhora, o nome da filha dela é Susan Brandon! Eu tentei localiza-la, liguei para algumas pessoas, dei meus ‘pulos” e consegui o atual endereço e telefone dela!- disse Jessica satisfeita. Alice simplesmente ficou calada. Finalmente ela poderia descobrir de uma vez por todas quem era Susan e o qual era a ligação entre elas.

–Senhorita?- Jessica chamou.

–Eu ouvi. Obrigada Jess, estou indo aí para pegar o envelope e o endereço.- e desligou.


Alice saiu da cama, onde estava deitada com Bella, foi até o banheiro, lavou o rosto e saiu do quarto. Alice sabia que não tinha tempo a perder, mas não pode deixar de parar para observar Felicia e Jake no colchão da sala, dormindo abraçados.

“Ae gatinha!” ela vibrou mentalmente enquanto saia silenciosa. Entrou em seu Porshe e chegou voando na empresa onde Jéssica lhe deu o endereço se perguntando mentalmente se as patroas algum dia voltariam a trabalhar como antes. Assim que pegou o endereço, Alice correu até o mesmo, encontrando uma simples casa. Na frente da mesma havia uma mulher que estendia roupas no varal.


Alice saiu do carro e direcionou-se a entrada da casa onde a mulher continuava fazendo seu serviço sem ser notada.

–Com licença!- ela disse nervosa. Suspirando, a mulher virou-se para Alice e de imediato ficou de boca aberta, parecendo ter visto um fantasma.

–Oh meu Deus...- ela sussurrou levando as mãos até a boca.

–Bom dia! Desculpe-me atrapalhar seu serviço, mas me chamo Alice Cullen e procuro por Silvia Brandon.

–Eu sei quem você é...- disse a mulher pausadamente.- E eu sou Silvia Brandon.

–Ah, bem... A senhora é mãe de Susan Brandon não é?! Foi à senhora que foi me procurar uma vez na empresa?- ela dizia insegura. A mulher suspirou trêmula e então abriu o portão para Alice.

–Entre.- ela disse baixo. Alice seguiu a mulher até chegarem dentro da casa da mulher, na simples sala de estar. Alice sentou-se como a mulher pediu enquanto ela ia buscar uma xícara de chá para Alice. Enquanto a mulher estava na cozinha, Alice passou o olhar por toda a sala, até que encontrou uma foto que lhe chamou atenção.


No instante em que Alice ficou de pé e tomou a foto nas mãos, um arrepio correu por todo seu corpo. Na foto estavam Susan e Silvia sorrindo. Aquela foto fora tirada no mesmo dia em que um das fotos de Susan que estava na casa de Jasper. Alice olhou atentamente o rosto de Susan. Era como se olhar no espelho. Logo em seguida olhou para Silvia e então, ela percebeu o quanto Silvia se parecia com Susan. O quanto ela mesma se parecia com Silvia. Silvia entrou na sala e quando Alice voltou os olhos para ela, a mulher assustou-se. Alice estava chorando.

–Posso perguntar algo?- ela disse, ofegante.

–Mas é claro, minha querida.- Silvia respondeu.

–A senhora é minha mãe?



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Notas finais do capítulo

Quantas fortes emoções pro mesmo dia! UAHSUAHS
Me digam o que estão achando!
Beijinhos ;)