Lily acordou assustada com o som irritante de seu despertador.

Odiava Quintas. Na verdade, odiava qualquer dia que teria que acordar cedo sendo que não tinha dormido mais do que cinco horas por conta de uma festa idiota do seu trabalho idiota.

Ela se caminhou preguiçosamente até a cozinha fazer um café forte, mas no meio do caminho estacou com uma imagem mais do que inusitada.

James Potter estava largado em seu sofá apenas com a calça de seu traje de gala, assistindo televisão. Lily tentou não babar em sua barriga definida e em seus braços fortes, mas a visão era boa demais para ser verdade. Não era uma coisa saudável para alguém que acabara de acordar. Não mesmo.

Lily já havia se acostumado com a presença do moreno, sendo no trabalho, sendo saindo para se divertirem. James para ela no momento não era mais um simples parceiro, mas sim um amigo. Por enquanto.

– Bom dia Evans. - respondeu ele disposto. Lily diria que ele estava acordado há horas se não fosse por seu cabelo bagunçado e amassado ao mesmo tempo. E isso o deixava ainda mais sexy.

Ela resmungou algo e literalmente se arrastou para o banheiro a fim de tomar um banho, mudando completamente de ideia sobre o café. Depois da imagem chocante de James sem camisa, não haveria nada melhor do que um banho bem gelado.

Ela fechou a porta atrás de si e mirou sei reflexo no espelho. Seu cabelo estava completamente amassado e desalinha, e seus olhos estavam vermelhos de sono. Soltou um som frustrado.

– Eu odeio você. - falou ela com seu reflexo.

– Hey Evans. - James falou da sala. - Pedi uma pizza!

– São nove horas da manhã, Potter! - gritou ela do banheiro - Como achou um lugar que entrega pizza ás nove da manhã em plena quinta-feira?

– Oras, estamos em Nova York, tenho lá meus contatos.

A agente Evans pensou em responder, mas ao invés, tirou seu pijama de flanela e entrou debaixo da água gelada.

James achava Lily impressionante. Ela era a pessoa mais chata que ele conhecera toda sua vida, era mandona e mal-humorada pelas manhãs, mas tudo isso o encantava. Encantava porque mesmo com todos os tipos de humores, todos os tipos de caretas e caracterizações - de terninhos e roupas de domingo á vestidos sensuais de gala e pijamas de flanela - ela continuava linda. E sexy. E isso assustou James. Ele não poderia se envolver romanticamente com sua parceira de trabalho que tem problemas de confianças por traumas no passado. Ele não poderia achar era linda e encantadora, muito menos sensual. Mas isso tudo era psicológico, era o que ele pensava. Apenas sua testosterona. Ele não se importaria. Nunca se importara. Lily entrou em sua vida como ninguém havia feito antes, e James não se sentiu incomodado por isso. Muito pelo contrário, sentiu alivio. Alivio por tê-la ao seu lado mesmo com poucos meses de conhecidos.

O barulho de água caindo do chuveiro cessou e a campainha tocou. James logo foi atendê-la. Ele abriu a porta e logo deu de cara com a ultima pessoa que esperava ver.

– Você não é o cara da pizza. - falou ele de sobrancelhas arqueadas ao abrir a porta. - É?

– Ahn... Não? - respondeu um Amos confuso.

– O que esta fazendo aqui? Largou o grande emprego na loja de esportes e resolveu entregar pizza? - debochou o agente Potter com um sorriso de escárnio no canto dos lábios.

– E isso é da sua conta? O que esta fazendo aqui?

– O que você esta fazendo aqui? - James rebateu levantando as sobrancelhas.

– Potter,é melhor que essa pizza seja de calabresa,ou... - Lily falou saindo do banheiro só de toalha.

Amos pareceu envergonhado e James assoviou quando se virou e viu a parceira seminua à sua frente.

– Sabe ruiva, acho que nós deveríamos estender o amasso de ontem á noite.

Lily revirou os olhos.

– O que quer aqui, Amos?

– Eu, bem... Vim lhe pedir desculpas, mas... Espera vocês não trabalham juntos? - perguntou o outro confuso ao reconhecer James.

– Sim.

– E... Dormem juntos.

– "Dormir juntos" não é exatamente o termo, se é que me entende... - James deu um sorriso malicioso.

– Potter. Cozinha. Café. Agora.

– Mas a pizza...

– AGORA.

Amos ainda olhava atônito para os dois e tentava entender sem sucesso o porquê de Lily não se incomodar em aparecer praticamente sem roupa na frente de dois caras.

– A não ser que você veio entregar a pizza, não tenho nada para dizer.

– Não Lily,eu só... - ele a olhou nos olhos - Queria pedir desculpas pelo que aconteceu.

Evans não pareceu nem um pouco tocada, tanto que apenas fez cara de tédio. Depois de meses do acontecido ele vem com desculpas? Ela bocejou e disse:

– Certo, está desculpado. Tchau. - fechando a porta bruscamente.

James riu ao ver a expressão da parceira, mas logo percorreu o olhar por seu corpo descaradamente e assoviou. Dessa vez Lily corou.

– Deveria andar assim mais vezes, Evans. Que tal aderir esse visual ao traje de trabalho?

– Calado. – ela murmurou envergonhada e entrou rapidamente no quarto.

-X-

– Onde arrumou uma roupa tão... Chique?

– Emily.

– Oh.

Lily não se sentia confortável. Os saltos não eram lá sua preferência, ainda mais quando se tem 25 cm e ela se desequilibrava a cada novo passo. A saia era meio curta e desconfortável e a única coisa que a ruiva não se importara em vestir era a blusa de seda.

– Está... Diferente.

Lily franziu o cenho.

– Diferente é eufemismo para feia?

– Não, só... Não parece você, sabe? A Lily que só liga para as coisas confortávei favor dos pijamas largos de flanela.

Lily riu.

– Pijamas são definitivamente mais confortáveis do que essa saia.

– Ela valoriza suas...

– Pernas. - interrompeu Lily revirando os olhos - Eu sei, você já havia dito.

Os agentes mal entraram no carro e James já estava ligando o som num volume um tanto alto.

– Potter,abaixe isso.

– Por que? - ele perguntou, balançando a cabeça no ritmo da musica.

– Minha cabeça dói!

– Certo, me desculpe... Nossa ruiva,o que deu em você esses dias?

Lily deu de ombros e encostou a cabeça na janela.
Estavam indo para o "churrasco" que Colista os tinha convidado numa de suas muitas mansões. O objetivo era desvendar o assassino- levando em conta que as suspeitas eram altas- sem serem descobertos, é claro.

Claro que haviam alguns agentes também disfarçados para caso de algo dar errado, mas os dois não estavam contando com isso. Era naquele dia que veriam se sua parceria daria realmente certo. Ao longo de dois meses eles resolveram dúzias de casos, mas nenhum de tamanha magnitude. Aqueles eram os maiores políticos de NY, disfarçados com sua imagem de bons moços enquanto se aproveitavam do dinheiro alheio. Não iriam simplesmente se entregar e nem Dumbledore nem ninguém achava que iriam fazer isso.

"Se preocupem com seu assassino" ele dissera "Deixe o trabalho sujo para os agentes especiais."

– Onde fica essa mansão? - perguntou James depois de um tempo.

– Não sei,deixe-me ver... - ela franziu as sobrancelhas - Aqui diz Long Island.
James fez uma careta.

– Isso não vai prestar.

– Long Island não é um dos seus lugares favoritos?

– Só tem gente metida. - ele respondeu franzindo o cenho. Lily riu e não se importou quando o parceiro trocou de estação de rádio.

Subitamente ela aumentou o volume no máximo e se juntou cantando a musica.

James a olhou confuso enquanto a ruiva fazia pose de gangster e balançava a cabeça como um rapper.

– Desde quando gosta de rap? - ele riu com sua tentativa de fazer gestos enquanto cantava.

– Desde quando sabe do meu gosto musical? - replicou Lily,ainda balançando o corpo.

James gargalhou.

– Ei,do que esta rindo? Rap é um estilo de vida.

– Claro. Por que rap tem tanta poesia e significados bonitos. - respondeu ele num tom irônico.

– Fala da realidade.

James franziu o cenho.

– "My bum is on your lips*" lhe diz algo?

Lily riu.

– Eminem é arte. As letras dele são resultados das suas lutas e do que ele passou... Não faça essa cara, Potter!

– O cara é completamente maluco! "I've got some skeletons in my closet"? Serio?

– Todos temos nossos esqueletos no armário. Algum fato que ocorreu no passado. Alguém com que você falhou... - e então a expressão de Lily escureceu. Ela sacudiu a cabeça como se o gesto a fizesse se livrar do que quer que seja que estava atormentando sua mente.

– De qualquer jeito, - continuou ela - você sabe as letras. Está sendo hipócrita.

James corou.

– Tive meu momento rebelde.

– Quer dizer que ouvir rap é símbolo de rebeldia.

– Não, quero dizer... - ele suspirou - Não quando seus pais o proíbem de ouvir esse tipo de coisa. Quer dizer, qualquer atitude proibida feita é rebeldia, certo? Eu fazia isso pra pirraçar meu pai. Era meio cômico, na verdade. Ele gritava que era por pessoas como Marshall* que o mundo não vai para frente. - ele riu - Mas eu atá que gostava. Tem uma batida legal.

– E umas letras... Diferentes?

– "So you can suck my dick if you dont like my shit*" Realmente diferente.

Eles caíram na risada. Lily não estava mais tão mal-humorada. James tinha esse efeito sobre ela, sempre fazendo piadas ou coisas completamente idiotas e vergonhosas. Como na vez em que foram almoçar fora e quando ele espirrou, o macarrão que comia saiu por seu nariz. Lily nunca riu tanto e James nunca ficou tão envergonhado.

– Ele o matou. - disse Lily subitamente. James a lançou um olhar confuso. Eles pararam na frente de um condomínio de luxo,com prédios altos e iluminados. - Meu irmão. Malfoy matou meu irmão. Foi há uns cinco anos atrás e ele tinha oito anos de idade. Era parecido comigo, sabe? Cabelo ruivo, mas os olhos eram azuis, como de mamãe. Ele veio passar as ferias aqui em NY comigo, e ele estava sobre minha responsabilidade. Eu deveria ter cuidado dele.

James a olhou em choque. Sabia que ela tivera um trauma passado, mas não fazia ideia que alguém próximo dela havia morrido. Principalmente seu irmão. Queria confortá-la, pois sabia que não era fácil, sabia que levaria um tempo para superar. Mas ele apenas a encarou carinhosamente. Lily estava chorando.

– É por isso que não confia em ninguém?

– Eu e Malfoy, nós... - Lily respirou fundo. Sentia nojo de si mesma. - Éramos mais que parceiros. Tínhamos um relacionamento há um ano e eu confiava nele. Mas aí ele começou a agir estranho, tinha surtos do nada e então Carter veio e ele simplesmente enlouqueceu. Estávamos tomando sorvete e Malfoy queria lhe mostrar a cidade. Eu deixei, mas sempre fiquei de olho. Foi quando eu o vi.

Ela deu uma pausa e respirou fundo mais uma vez.

– Avery Lestrange estava na mesma praça que nós. Na época ele era um dos assassinos mais procurados, matava mulheres grávidas. Era algum tipo de trauma, ele parecia querer poupar as crianças do sofrimento, algo que ele sofreu na infância. E então Malfoy desapareceu e junto dele, Carter. Eu fiquei desesperada. Fiquei procurando por toda região e então eu os achei. Malfoy estava num beco sem saída, e atrás dele estava o corpo do meu irmão.

James ouviu a história calado, tentando controlar a vontade de voltar à Creedmoor e matar ele mesmo o desgraçado.

– Ele nem ao menos negou! - ela choramingou - Ele não negou ter matado , enforcado, meu irmão. Ele era só uma criança, James. Só uma criança.

Ela cobriu o rosto entre as mãos e soluçou. A perda nunca a deixou.

James colocou seu braço ao redor dos ombros de Lily tentando a reconfortar.

Ela o afastou suavemente.

– Avery estava com ele. Eram amigos. Cúmplices. Mas então Lestrange fugiu e nunca mais foi encontrado. Até apareceu na cidade há um tempo, como Malfoy mesmo tinha o dito, mas o cara é mestre em se esconder.

– Espera Lestrange?

– Irmão de Rabastan.

– Oh.

James tirou uma mecha ruiva que caia nos olhos da parceira e a olhou nos olhos.

– Não foi sua culpa.

Lily sorriu triste.

– Eu sei. - sussurrou - Mas eu não deixo de pensar que eu poderia ter feito algo, nunca deveria ter tirado meus olhos dele.

– É por isso que falou sobre os esqueletos no armário?

– Sim. É algo que podemos esconder, mas sempre vai estar conosco. Aquela sensação de impotência sabe?

James reparou na emoção no olhar de Lily. Ele encarou o nada.

– Meu pai matou minha mãe. - ele disse. Lily o olhou chocada. - Eu tinha sete anos e ele era um bêbado desgraçado, vivia as custas dela. Ele batia nela. Às vezes ela apanhava por mim.

– Sinto muito.

– Não há importância, Evans. Foi há vinte anos eu estou bem. Mas sabe... - ele a olhou nos olhos - Não tivemos culpa. Simplesmente aconteceu. Você poderia ter feito realmente algo? Quer dizer, eram dois homens, ruiva. Mesmo que tentasse não conseguiria. E eu apenas era uma criança. Agora se nós fossemos culpar a si mesmo a cada morte que acontece... - ele balançou a cabeça - O que estou dizendo é que você não precisa se sentir impotente.

Lily sorriu.

– Nunca pensei que um dia iria dizer isso mas... Fico feliz por estar aqui. Do meu lado. Obrigada,Potter.

Ele bagunçou seu cabelo desconfortavelmente e sorriu.

– Disponha.

-X-

– Você esta adorando isso, não é?

– Desculpe?

– Vamos, Lily... Todos esses caras babando por você. Vai me dizer que não?

Lily sorriu minimamente.

– Uma parte de mim se sente feliz por... Ser atraente?

James riu.

– Mas de qualquer jeito é nojento. São todos velhos babões.

– Rabastan não é um velho babão pra você. - murmurou o agente sobre a respiração.

– Falou alguma coisa?

– Hã? Não, nada. Nada mesmo.

Mal tinham acabado de chegar à cobertura dos Crouch, metade dos olhares masculinos caíram sobre Lily e todas as mulheres encaravam James.

– Você também deve estar adorando, né? Todas essas mulheres te secando como se fosse um pedaço de carne.

James sorriu convencido.

– Você sabe que eu sou um filé.

Mas a verdade era que ele nem havia reparado. Estava com a mente ocupada demais encarando a ruiva ao seu lado. Ele havia se esquecido do quanto ela era linda.

– Hey,James! - disse Crouch,caminhando de encontro ao casal. - Fico feliz que tenha vindo. Venha, vamos conversar com os rapazes, fumar um charuto. Oh, olá senhora Montenegro. Como vai?

– Vou bem, obrigado. E o senhor?

– Perfeitamente, perfeitamente. Colista estava perguntando por você, ela está perto da piscina.

– Obrigada. - Lily sorriu e se virou para James. - Nos encontramos mais tarde.

– Sabe James, nos temos muito que conversar... Por que foi embora cedo ontem?

-X-

– Lilian! Como vai?

– Olá Colista. Perfeitamente bem.

A loira sorriu e gesticulou para que Lily se sentasse com ela no bar que ficava de frente á piscina. Colista usava um biquíni dourado e shorts curtos, favorecendo sua forma de modelo, mas não tinha muitas curvas. Lily agradeceu internamente por ter um corpo mais... cheio.

– Mas conte-me, você e James brigaram ontem à noite? Foram embora cedo...

-X-

– Lilian é... Complicada. Não tem noção das coisas sabe?

– Todas as mulheres são assim, Jay... - disse Bartie - Nos seduzem, nos tem aos seus pés, e no final acabam sempre querendo a mesma coisa: dinheiro.

– Não é bem assim...

– Oh, é sim. São todas jogadoras, isso que elas são. Mas no fundo não sabem de nada. São todas burras.

James quis lhe dar um soco e falar que Lily era uma das mulheres mais inteligentes que conhecera, mas decidiu ficar calado.

– Você apenas deve fazer o que ela quiser Jay... Ou elas te deixam na mão se é que você me entende. - sim, James entendia. - Literalmente na mão.

James definitivamente entendia

-x-

– Foi ciúme bobo... Ele acha que é meu dono e que manda em mim, mas não é assim que as coisas funcionam.

Colista riu.

– Exato. Você sabe o que eu faço quando Bartie esta com ciúmes? Pioro as coisas. Sempre deixa tudo mais... Divertido.

– James é completamente maluco. Ele tem uma ideia de posse tão grande sobre mim, chega a dar raiva.

A loira sorriu.

– Sei exatamente o que fazer.

-X-

– Você é novo ainda, parece apaixonado. Vi o jeito que olha para ela, Jay. Mas isso sempre acaba. Quando ficar com ciúmes, ela vai fazer algo para lhe deixar ainda mais irritado.

James balançou a cabeça e olhou para Lily que sorria enquanto conversava com Colista. Elas levantaram e foram á algum lugar dentro da casa.

– Ela não faria isso.
– No começo você acha que tudo é flores e amor,depois tudo acaba e você vê quem ela é realmente. Os jovens casam por amor, e quando vão ficando mais velhos esse amor acaba. Não se divorciam por que não tem com quem ficar, ou fazer sexo. - ambos riram - Mas tudo vira uma rotina.

– Na verdade foi tudo pelo sexo.

– E não é sempre?

James riu. Estava se divertindo à custa do velho que dizia saber sobre amor. James não o sabia mesmo, mas seus pais eram um exemplo. Charlus e Dorea se conheceram na escola e atá os dias atuais agiam como dois adolescentes apaixonados. James sorriu com a lembrança.

– Mas agora entendo o que quer dizer. - falou Crouch dirigindo seu olhar sobre o ombro de James. - Ela é realmente linda.

James seguiu seu olhar e viu Lily na beira da piscina conversando com algumas mulheres. Ela vestia um minúsculo - digo realmente minúsculo, mal cobria suas coxas - vestido de praia.

Ela olhou para ele como se estivesse checando que ele estava realmente vendo, se aproximou da piscina e tirou o minivestido. Todos pararam o que estavam fazendo para olhá-la.

James quase deixou seu copo de cair ao olhar para Lily.

Ela vestida um minúsculo biquíni verde que valorizava suas curvas e seu colo avantajado. Ele passou o olhar por suas belas pernas, sua barriga plana e seu busto, parando finalmente para olhar nos olhos verdes que o fitavam desafiadoramente. Ela virou as costas. James estacou.

Ela tinha uma tatuagem.

Lily Evans tinha uma tatuagem.

E não era uma simples tatuagem.

Ela havia tatuado um dragão.

Ela tinha um maldito dragão vermelho tatuado em suas costas.

– Oh, Montenegro, seu maldito sortudo! - algum cara gritou, mas James não ouviu.

Aquela era definitivamente a cena mais inusitada - e sem duvidas sexy - que vira em sua vida. Estava se controlando para não agarrá-la naquele momento,então ela pulou na água.

James balançou a cabeça. Precisava de ar. Preferencialmente um banho bem gelado.

– James meu amigo... - Bartie falou babando em Lily - Você é realmente um cara de sorte. Olhe só para essa mulher! O que esta fazendo aqui? Vá até ela!

Perdendo a conta de quantas vezes as pessoas haviam lhe chamado de sortudo por ser o suposto marido da parceira, James colocou seu copo em uma mesa qualquer. Era a vez de ele atacar.

-x-

– Ele esta babando tanto. - Colista falou rindo. Estava com Lily na piscina, com um Martini em mãos.

– Não é como se ele nunca tivesse visto isso antes. - Lily sorriu.

Sim, era.

A loira lançou um olhar bastante interessado para algo atrás de Lily e saiu rapidamente.

– Porque não me disse que tinha uma tatuagem? - sussurrou uma voz rouca em seu ouvido. Lily se virou e deu de cara com um James.

Ele estava sem camisa e molhado. Ela acompanhou o escorrer de uma gota desde seu peitoral forte ate sua barriga definida, parando finalmente no cós de sua bermuda.

– Porque não era de sua conta. - ela sussurrou provocante, seus lábios roçando em sua orelha. Sentiu James se arrepiar e sorriu.

– Se eu já te achava uma mulher interessante, imagine agora. Essa sua tatuagem é...

– Um erro?

– Completamente excitante

O sorriso de Lily aumentou.

– Entao já me achava uma mulher interessante?

James pareceu embaraçado.

– Não, quer dizer... Sim! Você ê... Cara, você é a pessoa mais intrigante que conheço.

– Eu sou intrigante, Potter? - a ruiva franziu o cenho.

– Amo quando fala assim. Potter. Com o sotaque forte. Fala de novo. - ele murmurou com uma voz provocante encurralando a agente num canto longe das pessoas na grande piscina.

Lily não se deixou intimidar. Não teve nenhuma reação exagerada, apenas o encarou desafiadoramente. Ela chegou perto de seu rosto,seus lábios quase se tocando.

– Potter. - murmurou.

James gemeu.

E então a beijou.

No rosto.

Bem lentamente, mas no rosto.

– Potter,me largue. - murmurou ela.

– Não demonstra querer isso.

Ela fitou seus olhos castanho esverdeados

– Acredite,eu quero. - respondeu firme. - Agora me largue.

James pareceu relutante,mas se distanciou e colocou suas mãos levemente ao redor da cintura de Lily.

– Potter. - falou ela entre dentes.

– Shhh amor. Temos que manter as aparências.

Lily bufou.

– Maldita parceria.

-X-

– Tem algo muito suspeito com esses dois,Rabastan. Conheço esse James de algum lugar.

Rabastan revirou os olhos.

– Claro que tem,ele é um dos maiores traficantes da América, Bella. Não esperava que o cara fosse um livro aberto,não é?

– Não diga isso só por que esta flertando com a ruiva,Rabastan. Acha que não percebi? - Bellatrix enlaçou seus braços ao redor do pescoço do marido. - Mas você é meu. Em homem meu ninguém toca.

Rabastan sorriu. Bellatrix era uma dissimulada mas a amava do fundo de seu coração. Lilian era uma tentação,mas sempre foi e sempre seria a sua Bella.

Colocou as mãos ao redor de sua cintura firmemente e a beijou. Bellatrix o interrompeu subitamente.

– James Potter. - ela falou sorrindo.

– O que?

– Aquele não é Montenegro, Rabastan. É James Potter, ele é agente do FBI.

-X-

– Como vamos fazer para pegar Bellatrix?- perguntou Lily depois de ter se trocado - A mulher é louca.

James franziu o cenho.

– Conhece Bellatrix?

– Eu que lhe pergunto. De onde a conhece?

– Ela é prima de Sirius. - ele falou,esperando a surpresa de Lily,que não veio. - Conheci ela quando ele ainda morava com a família.

– E entao ela casou com o Lestrange.

– Lestrange.

– Sim,Potter. Rabastan Lestrange. Já ouvimos esse nome milhões de vezes, o que foi agora?

Ele passou a mão pelo cabelo.

– Esse nome me causa arrepios.

– Nem me fale. – murmurou Lily. - Não é a toa que Avery seja assassino, vindo dessa família. Ela e a família Black têm históricos de roubos e são acusados por desviar dinheiro de órgãos públicos, alegando que o mesmo não deveria parar "na ralé", mas sim com famílias reais como eles.

– E como não os prenderam ainda?

– Não temos provas o suficiente. Só uma movimentação nas contas, mas não seria estranho levando em conta o dinheiro que as famílias têm. Eles são espertos, mas não o suficiente para detectar três agentes infiltrados numa festa cheia de corruptos.

James a olhou confuso. Três?

– Três?

– Sim, o agente Snape esta aqui para nos dar reforço, embora em pense que não é preciso.

James pareceu partilhar a ideia, mas não fez comentários. Olhou em volta e flagrou o olhar vigilante de Colista sobre eles. Ela o olhou uma ultima vez antes de deslizar porta adentro.

– Está com sua arma?

Lily o olhou confusa.

– Sim.

– Então se prepare. Acho que vai precisar dela.

-X-

– Estão perto do bar. O que pretende fazer?

– Matá-los é claro. Não podemos ser descobertos. Eu não posso ser descoberta. Chame Darius.

Colista assentiu e se virou para ir embora, mas parou no meio do caminho, se virando novamente para Bellatrix.

– O que fez de tão grave pra não querer ser descoberta?

Bella sorriu.

– Não é de sua conta. - respondeu docemente. - Agora vá. Temos dois peixes grandes para o jantar.

-X-

– Eu disse que ele iria babar. Todos os homens babaram nessa sua tatuagem, Lilian. Como a conseguiu?

– Foi uma fase rebelde de minha vida. - explicou Lily á Colista. - Meus pais morreram e fiquei morando com minha irmã. Ela é toda certinha e eu estava revoltada com tudo... Quando viu a tatuagem quase me expulsou.

Mentira. Ela fez a tatuagem numa noitada com Emily. Simplesmente acordou com ela. Não tirou por que a tinha achado bonita e bem... Queria variar um pouco.

Colista franziu a testa.

– Não sabia que seus pais haviam morrido. Sinto muito. - mas sua voz não demonstrava compaixão.

– Obrigada. Pelo conselho que me deu. James esta bem mais... Manso agora.

Ambas riram.

– Venha, deixe-me lhe mostrar algo. - disse a loira entrando em casa.

Lily olhou em volta e procurou por James, mas não o viu em lugar algum. Checou sua arma escondida por trás da blusa de seda solta, mas também não a encontrou.

Colista a observou beirando a curiosidade.

– Esta tudo bem?

– Oi? Oh, claro. Estou bem. Vamos?

A ruiva seguiu Colista pela casa ainda procurando por James.

Elas passaram pela sala e desceram as escadas, que dava para o jardim. Passaram por um pequeno casebre de madeira e Lily logo se sentiu apreensiva. Pensou em fugir, mas iria por em risco toda a missão. Pensou em James e seu estômago de revirou em medo. Não poderia deixá-lo. Seguiu Colista hesitante.

– Você gosta de surpresas,Lilian?

A ruiva sorriu nervosa.

– Não muito.

– Oh, entendo. Nem toda surpresa é boa, não?

Abriu uma porta de ferro escondida nos fundos do jardim e de lá desceram mais escadas. Estava escuro, úmido e frio, fazendo a agente de arrepiar. "Pense na missão." falou consigo, mas sua mente só queria saber de uma coisa. : James Potter.

Então tudo ficou escuro.

– Colista?

Silencio.

– Colista, você esta aí? Esta tudo bem?

Silencio.

Lily ouviu passos. Eram saltos.

Ela virou-se para voltar, mas logo sentiu algo pressionado contra sua nuca. Uma arma.

– Procurando alguém, Lilian?

-X-

James bebericou um pouco mais de seu uísque. De longe podia ver Lily conversando com, é claro, Colista. Do outro lado da piscina, estava Severus Snape. James não conhecia o sujeito, mas não gostava dele. Não confiava na expressão desdenhosa e no cabelo sem corte caindo na cara. Não confiava mesmo.

– Com licença Crouch. - disse Rabastan,que acabara de chegar. - Posso pegar Montenegro emprestado por um segundo?

O velho governador assentiu e James seguiu Rabastan.

– Aprecia charutos, James? - perguntou o outro.

– O suficiente.

– Tenho uma coleção amável, gostaria de lhe mostrar.

James o olhou desconfiado. Isso não estava certo. Olhou para trás mais uma vez para ver Lily. Ao menos ela estava segura.

Seguiram por um corredor deserto e entraram em uma sala. Não teria nada demais no simples escritório se um homem do tamanho de um armário não estivesse parado lá, ao lado da mesa.

– Sente-se Montenegro.

James sentou na cadeira de frente a mesa. Rabastan abriu uma gaveta, tirando de lá uma caixa de charuto e uma arma. James estacou.

– Sem capangas, uma esposa realmente gostosa e uma aparição repentina em uma festa de NY. Diga-me Motenegro,há algo que queira me contar?

James o encarou. Soltou uma risada leve, relaxada.

– Não acho que lhe devo satisfações sobre minha vida pessoal.

Rabastan riu.

– Realmente. De qualquer maneira, - ele disse,acendendo um charuto e girando a arma entre os dedos - Há negócios em jogo. Sabe demais sobre todos aqui, não é? Agora...

Lestrange deixou o charuto nos lábios e apontou a arma para James.

– Me dê um motivo para eu não matá-lo agora, Potter.