No dia seguinte, Zero e Ichiru estão de bicicleta a caminho da escola.

-O que você ficou fazendo ontem depois que eu fui à biblioteca, Zero? – perguntou Ichiru sorrindo.

-Conversei um pouco com o professor de matemática depois fui pra casa. – respondeu Zero.

-Ah, sei... – Disse Ichiru. – Zero, por que você resolveu passar por essa rua hoje?

-Por nada. – disse Zero.

-Ah, olha  ali na frente, não é a Yuuki-chan saindo daquela casa? – perguntou Ichiru.

-Creio que sim – disse Zero olhando brevemente. Os dois pararam na frente de Yuuki.

-Bom dia Yuuki-chan! – disse Ichiru sorrindo. – Você mora aqui?

-Sim... – disse Yuuki um pouco confusa. Zero não contara para o irmão o que havia acontecido no dia anterior?

-Que coincidência! – disse Ichiru – nós nos mudamos para a rua de baixo.

-Ah, é serio? – disse Yuuki. – que legal.

-Vamos para escola juntos então? – perguntou Ichiru.

-Ah, eu não quero atrapalhar vocês – disse Yuuki indicando as bicicletas.

-Não tem problema, um de nós leva você! – disse Ichiru.

-Não, mas... – começou ela.

-Eu levo. – disse Zero. – vamos, se não vamos nos atrasar.

-Tudo bem... – disse Yuuki vencida caminhando até a bicicleta de Zero e se sentando no cano da bicicleta. Não pode deixar de notar que Zero estava muito cheiroso naquela manhã. Zero e Ichiru começaram a pedalar.

-Então Yuuki-chan, você fez algo de bom ontem? – perguntou Ichiru. Yuuki ia responder quando Zero sussurrou no ouvido dela: Não comente nada. Ela se assustou, mas depois respondeu para Ichiru:

-Não, não fiz nada. E você?

-Ah! Eu fui à biblioteca e só voltei de noite! Eu gosto muito de ler! – respondeu Ichiru. – você gosta?

-Um pouco... – respondeu Yuuki. – eu gosto mais de desenhar.

-Ah, então você desenha? – perguntou Ichiru.

-Sim, um pouco... – Respondeu Yuuki corada. – se você quiser, eu te mostro como chegarmos à escola.

-Ah, eu vou adorar! – Disse Ichiru.

Quando eles chegaram à escola e entraram na sala, Yuuki mostrou alguns desenhos para Ichiru. No desenho, mostrava duas crianças sentadas uma do lado da outra, dormindo com as cabeças encostadas.

-Nossa Yuuki, como você é talentosa! – disse Ichiru. – Olha Zero!

Zero pegou o desenho arregalando os olhos.

-Você é realmente talentosa. – disse Zero à Yuuki.

-Obrigada, vocês dois, - disse Yuuki corando.

-Quem são essas crianças? – perguntou Ichiru.

-Ah, são os filhos de um amigo de meus pais. Eu os vi dormindo e achei bonitinho, e... Desenhei. – disse ela ainda corada.

-Que legal... – começou Ichiru, mas foi interrompido pelo professor.

-Todos em seus lugares. – disse ele. Todos se sentaram. – eu vou dividi-los em duplas para fazerem o trabalho de matemática. E nem adianta pedirem para escolherem os pares. Eu é que vou escolher.

Então começou a escolher as duplas.

-Kuran, você fica com o Kyiriu mais velho. – disse o professor. – Kyiriu mais novo fica com a Natsume. – disse o professor mostrando a garota que tina cabelos muito negros e curtos com um laço de fita preso como uma tiara e olhos azuis muito profundos.

-Boa sorte Ichiru-kun. – disse Yuuki percebendo o interesse dele. – o que ela tem de linda ela tem de quieta. Quase nunca ouvi a voz dela.

-Não tem problema, eu falo demais. – disse Ichiru sorrindo.

Yuuki e Zero ficaram lado a lado para fazer o trabalho.

-Zero-kun, eu não sou muito boa em matemática, mas eu vou me esforçar. – disse Yuuki.

-Não tem problema. – disse Zero – se você quiser, eu faço sozinho.

-Eu prefiro te ajudar. Não gosto de ganhar nota à custa dos outros. – disse Yuuki.

-Admirável. – disse Zero.

Os dois se juntaram para fazer o trabalho, mas no fim Zero fez a maior parte. Foram os primeiros a terminar e ficaram em silencio. Yuuki desenhava enquanto Zero olhava pela janela.

-Zero-kun... – começou Yuuki, mas foi interrompida.

-Não use o “Kun” – disse Zero. – me chame só de Zero.

-Tudo bem, Zero. – se corrigiu – por que você não contou nada ao Ichiru-kun sobre o que aconteceu ontem?

-Eu não queria que ele se preocupasse, nem comigo, nem com você – respondeu Zero. – Mas você deve esperar por nós todos os dias na frente da sua casa, e também na hora da saída. Você é distraída demais para andar sozinha.

-Não ou não. – disse Yuuki com a cara emburrada. Zero deu um meio sorriso

-Por que você é tão diferente quando ta longe do Ichiru-kun? – perguntou Yuuki abruptamente. Zero arregalou seus olhos.

-Eu sou o mesmo, perto ou longe do Ichiru. – disse Zero em voz baixa.

-Se você diz que sim... – disse Yuuki. – mas eu estou feliz que você seja verdadeiro comigo.

Pelo canto do olho, Yuuki viu Zero corar. Ela sorriu e mostrou o desenho que estava fazendo.

-Esse é você pra mim Zero! – disse Yuuki. No desenho mostrava Zero virado para o canto com um meio sorriso no rosto.

-De isso pra mim! – disse Zero ainda mais corado.

-Não! – disse Yuuki – Isso é só meu! – ela mostrou a língua para Zero.

Neste instante o sinal tocou e Ichiru chegou a mesa dos dois.

-Eu não terminei o trabalho e vou passar o almoço fazendo com a Misa-chan, ok?

-Você quer que eu te ajude? – perguntou Zero.

-Você não pode ficar me mimando pra sempre Zero! – disse Ichiru – Não tem problema fique com a Yuuki-chan que eu termino.

-Tem certeza? – perguntou Zero.

-Claro! - disse Ichiru. – Nos vemos depois! – disse e depois saiu da sala.

-Quer almoçar lá no telhado Zero? – perguntou Yuuki.

-Você não precisa almoçar comigo só por que eu vou ficar sozinho. – disse Zero.

-Mas eu também vou ficar sozinha! – disse Yuuki. – Então por que não ficamos sozinhos juntos?

Zero ficou em silencio e se deixou levar por Yuuki. Já no telhado os dois ficaram em silencio comendo por um tempo. De repente Zero falou.

-Talvez... – ele começou, mas ficou em silencio novamente.

-O que? – perguntou Yuuki encorajando-o.

-Talvez eu fique mesmo diferente, mas não é quando eu estou com o Ichiru, e sim quando nós estamos juntos de outra pessoa. – disse ele.

-Por quê? – perguntou Yuuki.

-Por nada – disse Zero e ficou em silencio novamente.

-Você pode falar pra mim. – disse Yuuki.

-Desculpe, mas eu não quero falar.

-Tudo bem.

Os dois ficaram em silencio novamente.

-Zero qual é a sua lembrança mais antiga? – perguntou Yuuki repentinamente.

-Por que você quer saber? – perguntou Zero surpreso.

-Curiosidade. – disse Yuuki sorrindo. Zero ficou em silencio por um tempo.

-Uma vez... Quando eu tinha uns 5 anos eu e Ichiru estávamos brincando quando ele desmaiou por causa de uma febre. Eu lembro que eu fiquei com muito medo por que eu pensei que ele tinha morrido. – disse Zero. – Acho que lembro por que foi traumático. E a sua?

-Quando eu era criança eu e meus pais fomos passar uns dias no campo e eu conheci um menininho... Nós brincamos o dia inteiro, mas era o ultimo dia e eu ia voltar pra Tókio. Quando nós nos despedimos, prometemos nos encontrar outra vez... Aí eu dei um colar de estrela que tinha pra ele.    O que foi? – perguntou ao ver a expressão perplexa no rosto de Zero.

-Nada, eu só... Achei incrível. Você acha que irá encontrá-lo algum dia? – perguntou Zero.

-Talvez... – disse ela – Se eu reencontrasse, queria tê-lo como amigo novamente.

-Você não pensa como se ele fosse seu primeiro amor? – perguntou Zero.

-Talvez... – disse Yuuki. – Mas acho mesmo que é apenas um amigo muito importante da minha infância.

O sinal tocou ao fim da frase dela.

-Vamos voltar. – disse Zero com uma expressão estranha. Parecia que não sabia se ficava feliz ou triste.

-Algum problema Zero? – perguntou Yuuki.

-Não, nada. – disse Zero. – Só muita coisa na cabeça.