Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 45
Água para mentes limpas


Notas iniciais do capítulo

É terça, estou aqui!
Preciso avisar, pessoal, que estou de mudança, portanto irei programar a postagem de semana que vem. Não sei como vai estar a internet na nova cidade, por isso talvez os reviews demorem a serem respondidos. Mesmo assim, farei o melhor que posso.

Aliás, fantasminhas, onde estão? Os reviews caíram pela metade no último capítulo. Claro que ainda é uma quantidade impressionante, mas mesmo assim me perguntei o que eu tinha feito de errado no último capítulo.



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CAPÍTULO 45

WATER FOR CLEAN MINDS

Revan cerrou os dentes. Como se não bastasse terem tido um lobisomem no ano anterior, agora a notícia que corria pela escola era a de que Hagrid era um meio gigante. Obviamente, os estudantes já suspeitavam disso, mas gigantes eram conhecidos por não serem dignos de confiança e especialmente vulneráveis ao álcool, e Hagrid já havia provado para o herdeiro que não era capaz de manter o segredo da Pedra Filosofal.

“Meu pai vai ficar sabendo disso!” anunciou Draco quando viu a manchete d’O Profeta Diário. “Dumbledore está mais senil do que nunca.”

“Seu pai não tentou tirar Hagrid da escola no segundo ano?” perguntou Blaise, servindo-se de mais café. “Ele é o cão de Dumbledore. Nem mesmo o melhor advogado do mundo pode tirar Hagrid daqui.”

O loiro empinou o nariz: “Aposto que meu avô poderia.”

“Se ele estivesse disposto a gastar milhares de galeões, talvez.”

Krum olhou para eles do outro lado da mesa, aparentemente surpreso que para alguns deles, milhares de galeões não era pouca coisa. Quando Hagrid entrou para tomar seu café, os estudantes torceram o nariz, sentindo o cheiro de cerveja que emanava do guardião das chaves.

“Ele é nojento” cuspiu Millicent, dirigindo-se a Pansy. “Não é a toa que ninguém quer estudar Trato das Criaturas Mágicas.”

“Mais para burro” criticou Pansy, lembrando-se do que ouviu sobre 1993: “Ele trouxe hipogrifos e fez com que os estudantes montassem neles.”

O herdeiro Black levantou-se, dando a desculpa que tinha tarefa para fazer. A sorte esteve do seu lado pelo menos daquela vez, pois ninguém perguntou o porquê dele estar se dirigindo à carruagem de Beauxbatons, ao invés das masmorras.

_

“Obrigado por esconder meu ovo.”

Luna olhou para ele com olhos nublados que pareciam estar focados em outra coisa que não ele. “Não há de que, Revan. É para isso que servem os amigos.” Ela foi até o armário que tinha em seu quarto magicamente ampliado e colocou a senha em um cofre trouxa, retirando o ovo dourado dele e entregando-o para o herdeiro. Ele examinou o ovo de cima a baixo, notando a alavanca e os desenhos incrustados nele, que pareciam imitar o movimento da água. Não pode ser tão fácil...

“Abra!” sugeriu Luna, ansiosa. “Vamos lá.”

Revan abriu-o.

O grito fino e prolongado que saiu do ovo foi o suficiente para que o menino jogasse o mesmo para o outro lado do quarto, tapando os ouvidos e tagarelando no volume mais alto possível sobre o baile, ao ponto de sua garganta doer juntamente com sua cabeça. Procurou o olhar da amiga, movendo os lábios em um pedido desesperado de ‘feche o ovo’!

Luna riu, indo até ele e fechando-o com toda a calma do mundo. “Então não é assim que se faz.”

“Obviamente” replicou o herdeiro Black, massageando as têmporas e percebendo pela primeira vez que alguém batia na porta. Com o consentimento da loira, abriu a maçaneta para ver outra loira, mais alta e bela, que carregava um ovo idêntico nos braços. “Fleur!”

A veela entrou sem cerimônias no quarto, enfurecida. “’Revan!” sussurrou em um tom tão sério que o menino esperou garras. “Todas as meninas ouviram o ovo! Quer que um bando de jornalistas apareça aqui, tirando fotos de um ‘Arry Potter que na verdade é outra pessoa?”

“Me desculpe” Não havia um indício que ele realmente sentia muito. “Não pensei que o grito seria tão alto assim.”

“São sereianos!” anunciou Fleur, rolando os olhos. “O que você esperava?”

“Sereianos?” repetiu Revan, pensando sobre isso. Fazia mais sentido do que sua ideia anterior. “Achei que fosse um banshee.”

As duas meninas loiras trocaram um olhar e riram alto. “Você estaria surdo se o grito fosse de um banshee” Luna explicou. “Os gritos de sereianos doem, mas os efeitos passam depois de alguns minutos. Ainda não os estudou?”

O herdeiro fez que não e explicou que Dumbledore temia que algum estudante quisesse se mostrar mais forte do que o canto da sereia, mergulhando no lago e nunca mais voltando.

“Isso não fez sentido” apontou Fleur, examinando seu próprio ovo. “Sereianos só atacam quando ameaçados, e acho que os de ‘Ogwarts são mansos.”

“Dumbledore não quer contato com qualquer coisa que possa ser das trevas durante a guerra.”

“De qualquer jeito” disse Revan, querendo voltar ao ponto inicial da conversa. “Sereianos. As ondulações na superfície indicam água?”

A veela ficou satisfeita ao ver que seu amigo chegara na mesma conclusão que ela. “Oui. A voz dos sereianos só é encantada quando submersa. Então eu te pergunto, Revan, aceita ir tomar banho comigo?”

O menino engoliu em seco, olhando o corpo escultural de Fleur e pensando no que daria se compartilhassem um chuveiro. Boas memórias, definitivamente, porém repletas de más consequências. Revan pensou em Daphne e o beijo deles sob o visgo, e a felicidade de Astoria quando o casal andou de mãos dadas na manhã seguinte.

Ainda assim...

“Aceito desvendar a tarefa com você” concedeu o herdeiro Black, formulando bem as palavras. “Mas só se formos no Lago Negro, e na companhia de outros. E vestidos.”

_

Ele não deveria estar surpreso quando acordou no meio da noite com o sentimento de algo gelado passando por seu peito. Esperou alguns segundos até que pudesse identificar o fantasma, e adquiriu uma expressão de tédio quando viu que se tratava de Myrtle. Não que ele esperasse outro fantasma – só Myrtle para acordar um estudante.

“Olá, cara amiga assassinada quarenta anos atrás” cumprimentou Revan, tentando ajeitar os cabelos o melhor que podia com a mão. “Como posso te ajudar nessa madrugada maravilhosa?”

Myrtle riu, ajeitando os próprios cabelos e flutuando sobre a cama do menino, tentando obter uma visão do que ficava debaixo do pijama dele. “Oh, Revan, você é um cavalheiro. Há algum lugar mais… privado… para discutirmos uma coisa mais… privada?”

Ele silenciosamente pegou a varinha e lançou feitiços de privacidade ao redor deles. Já tinha uma ideia do que aquilo se tratava.

“Você não frequenta mais meu banheiro” fungou ela, limpando lágrimas brilhantes. “Com quem devo compartilhar detalhes sobre minha morte?”

“Estou sempre aqui, e se não me engano Sally-Anne deve estar vagando como um fantasma em algum lugar.”

“Ela seguiu em frente!” Myrtle berrou aos soluços, tirando um lenço do bolso e assoando o nariz com força suficiente para quebrar parte das alas de privacidade. Theo remexeu-se inquieto ao seu lado. “Dois míseros dias como um fantasma e decidiu seguir em frente!”

Uma vítima a menos para contar a história, pensou Revan, ocultando um sorriso e refazendo as alas o melhor que podia – não queria arriscar ser ouvido. “Então você sabe.”

A fantasma sorriu entre lágrimas, um sorriso vitorioso e arrogante. “Sei mais do que você, ‘Arry.”

“Você anda me espionando!” acusou ele, pulando da cama e apontando para Myrtle. Sua varinha estava pronta, mas o herdeiro lembrou-se amargamente que quase nenhum feitiço funcionaria em um fantasma. Teria que chamar Sarahzar um dia desses. “Por qual motivo? Anda dando relatos para Dumbledore?”

Ela colocou uma mão no peito. “Assim você me ofende, Revan. Não sou uma espiãzinha de nada.”

“Mas andou bisbilhotando.”

“É claro!” sorriu com triunfo. “A vida como um fantasma é um tanto entediante quando ninguém mais se assusta com suas pegadinhas. Como se não bastasse duas identidades, agora tem três?”

O herdeiro forçou um sorriso e prometeu que aquelas três identidades eram as únicas que tinha no momento, perguntando em seguida qual era o real motivo de sua visita. Myrtle não era conhecida por visitas casuais, e sempre queria uma vantagem.

Ela se mostrou ofendida novamente. “Quero conversar com você.”

“De verdade.”

Myrtle suspirou. “Quero te ajudar. Eu te devo uma, depois que você me passou os horários que Cedric usava o banheiro dos monitores” riu consigo mesma, lembrando-se dos dias que bisbilhotou o menino mais belo do sétimo ano. “Já sabe sobre a segunda tarefa?”

Revan assentiu animadamente, informando o fantasma que testaria sua teoria – a de Fleur, na verdade – no dia seguinte. Em seguida, agradeceu, já sentindo o peso daquela noite sem sono. Qualquer tempo de descanso que ele fosse capaz de conseguir, melhor.

“Mas Dumbledore está sussurrando sobre você!”

Ele levantou a cabeça, subitamente acordado. “Como assim?”

“Dumbledore não para de falar sobre Harry Potter. O que teme, seus pontos fracos, até mesmo como derrotá-lo! Revan, ele e os Potters estão desesperados para se livrar de Harry. Acho que eles não esperavam ofidioglossia na primeira tarefa e se perguntam o que você está planejando na segunda. Merlin, Revan, acho que ele é capaz de pedir aos sereianos para impedir você de pegar sua coisa preciosa.”

“Perdão?”

“Seu refém!”

O menino sentiu-se perdido novamente. Sua cabeça rodava com o sono, sua visão prejudicada, e ele não queria nada mais do que achar o diário do seu mestre para acertar Myrtle, como a fantasma dizia que haviam feito com ela em 1992. “Te visito amanhã” prometeu ele. “E falaremos sobre meu refém. Agora, Myrtle, me deixe dormir, por favor.”

Quando ela lhe desejou boa noite, Revan pensou que aquelas palavras eram as mais doces que ele poderia ouvir.

_

Revan sabia que nadar em janeiro não podia ser uma experiência boa. Ainda assim, um combinado era um combinado, e Fleur já esperava por ele quando o herdeiro cambaleou até o Lago Negro, morto de sono. Ele vestia calções verdes e só tirou as vestes – e os casacos que as cobriam – quando a água já ensopava seus sapatos.

Precisava ser tão cedo? Certamente Fleur tinha coisas melhores para fazer às cinco da manhã de um domingo. Como dormir. Mas não podiam ser vistos, ela insistiu quando o herdeiro Black perguntou a respeito, ou começariam a suspeitar. Já eram próximos demais sem que o ovo dourado estivesse envolvido.

Ele agradeceu a Merlin o fato de que a veela havia escolhido um maiô ao invés de um biquíni, mesmo que este fosse bem... revelador. Pelo menos a água escura do Lago serviria como suporte para ele, impedindo-o de ver o que estava sob a água, e o frio, quase congelando a água se não fosse pelo tamanho do Lago. Definitivamente abaixo de zero grau.

“Bom dia” murmurou ele, grogue, desabotoando as vestes e dando passo após passo na superfície até que a água cobrisse sua cintura. “Se é que já é dia.”

Fleur tremia. “Olá” respirou fundo, tentando controlar a mandíbula. “Você sabe, temos uma hidromassagem na carruagem.”

“Foi você quem disse que precisamos evitar sermos vistos juntos, apesar de que a ideia de uma hidromassagem é tentadora. Um menino pode entrar na carruagem tão cedo?”

“Non” ambos olharam para o castelo, e em seguida para o navio ancorado do outro lado do Lago. Até mesmo aqueles lugares, antes tão frios, deveriam estar mais quentes. “Vamos fazer isso de uma vez.”

A loira pegou o ovo e destravou a alavanca debaixo d’água. Mal podiam ouvir o som outro que o de bolhas de oxigênio encontrando a superfície. Pelo menos não gritava mais, concordaram em silêncio.

Fleur prendeu a respiração e mergulhou; Revan a seguiu quase imediatamente.

O som debaixo d’água era, sem outras palavras, lindo. Sinfonia nenhuma podia comparar-se às vozes que ambos ouviam, nem mesmo com o melhor maestro do mundo e o mais antigo violino, o mais afinado piano. O herdeiro Black sentiu a boca abrir por conta própria, admirando a melodia, as palavras que pareciam se formar a sua volta. A veela ao seu lado? Bonitinha, não mais que isso.

“Come seek us where our voices sound,

We cannot sing above the ground,

And while you’re searching, ponder this:

We’ve taken what you’ll sorely miss,

An hour long you’ll have to look,

And to recover what we took,

But past an hour – the prospect’s black,

Too late, it’s gone, it won’t come back.”

Muito tempo depois de Fleur nadar para a superfície, Revan ainda estava embaixo d’água, tentando encontrar significados ocultos para a letra. Mais de um minuto já havia se passado; as bordas de sua visão já enegreciam e seus pulmões gritavam por ar, mas o que era ar quando se estava rodeado por algo tão belo?

Três minutos é o máximo que um ser humano consegue ficar sem ar.

Foco!

Um par de mãos fecharam a trava do ovo, e o encanto parou. O menino seguiu seus instintos, nadando a procura de ar, até que sua cabeça emergiu e o tão precioso ar preencheu seu peito.

“Merlin” murmurou Fleur, dando tapinhas no rosto abobado de Revan. “É como se você nunca tivesse ouvido alguém cantar para você. Como espera se sair bem na segunda tarefa dessa maneira?”

Os dentes do herdeiro batiam uns contra os outros. “Vou pensar em alguma coisa. E aquela hidromassagem que você falou? Acha que já podemos entrar?”

A veela levantou-se aliviada, saindo do lago e pegando a toalha que havia trazido consigo. “Venha. Por aqui.”

Correram até a carruagem de Beauxbatons e só pararam para respirar quando estavam ambos dentro de uma banheira onde caberia confortavelmente quatro pessoas. Fleur informou-o que aquela hidro era dela – um dos muitos benefícios de ser a campeã de Beauxbatons, explicou. Não era a toa que meninas choraram quando não foram escolhidas para representar a escola francesa.

“Acompanha champagne?” brincou Revan, submergindo até que apenas sua cabeça pudesse ser vista.

“Não exagere” criticou ela, apesar de ter um sorriso no rosto. “Recebemos benefícios, não milagres. Escola nenhuma encoraja o consumo de álcool.”

O herdeiro Black deu de ombros, observando como a água ia em pequenas ondas até as bordas. “Vale a tentativa. Hey, acha que a canção é proposital?”

“Se por isso quer dizer que Dumbledore planeja afogar você, então não. O mais provável é que você caia mais facilmente pelo encanto dos sereianos. Lily Potter nunca cantou para você?

Ele fez que não. “Sempre cantava para o pequeno Nick. Não tem problema; o som da chuva também é lindo.”

“Meu pobre ‘Arry” riu Fleur, apertando a bochecha dele de brincadeira e voltando para seu posto do outro lado da banheira. “Um dia vou pedir para Gabby cantar para você. Ela tem uma voz linda.”

“Vou adorar” afirmou Revan, abrindo um sorriso e pensando em como era rara a gentileza no mundo. “E sua mãe, cantava muito para você?”

A veela franziu a testa. “Como é que sempre que falo sobre seus pais, acabamos por falar nos meus?”

O humor do herdeiro se esvaiu no ar. “Porque não gosto de falar deles. Pergunte-me sobre Reg, gosto de falar sobre ele.”

“Seu Reg não é seu pai” reclamou Fleur, em seguida seu rancor transformando-se em suspeita. “Foi ele que fez isso com você, ou outra pessoa?”

“Como assim?” Revan verdadeiramente não entendia o que se passava. Repassou a conversa mentalmente, tentando achar algo que explicasse a pergunta de Fleur. Não encontrando nada, repassou a conversa novamente, até que, depois de alguns minutos, desistiu com um suspiro e esperou que a veela explicasse.

Graças a Merlin, Fleur não demorou: “Foi ele que mudou você de lado da guerra?”

“Não!” sua resposta soou mais rude do que Revan pretendia, mas o menino não conseguiu reunir coragem suficiente para se desculpar. “Como... Como isso se adequa na nossa conversa?”

Ela fez um biquinho que em outras ocasiões o herdeiro teria achado adorável. “Porque eu perguntei, ‘Arry. Se você realmente me quer como amiga, então deixe de esconder seu passado. Se eu fui capaz de descobrir seu nome, confie em mim nesse quesito, eu vou descobrir o resto.”

Eu não tive escolha, era o que ele queria dizer, porém as palavras que saíram de sua boca foram outras: “Eu tomei a decisão, Fleur. Ninguém fez isso comigo. A escolha foi minha.” Levantou-se, sem vontade nenhuma de continuar na carruagem, e pegou suas roupas espalhadas pelo lugar. “Vou encontrar Daphne. Não me siga.”

_

Albus Dumbledore não estava satisfeito. Mais do que isso, dizer que ele não estava satisfeito era um eufemismo. Ele estava furioso. Seu Nicholas não estava no torneio por causa de Nemesis, seu estômago curando em um ritmo demasiado devagar para o gosto do velho mago, o dito Nemesis não estava nem perto de ser encontrado e ele estava tendo problemas com a segunda tarefa do Torneio Tribruxo.

Um problema chamado Harry Potter.

O diretor não sabia de onde o menino tinha vindo, nem como ele parecia saber tanto sobre o mundo mágico sem ter ao menos uma varinha. Era como se Harry tivesse aparecido do nada, uma pequena bola de fúria prestes a explodir, e não o menino domado que esperava depois da estadia no orfanato. Talvez tivesse sido adotado por uma família mágica. Talvez fosse como Tom Riddle. Albus torcia com todas as suas forças que fosse a primeira alternativa.

Olhou para seus monitores: Os de Nicholas apitavam em uma fraca luz vermelha, indicando possível perigo (de baixo risco), e seus batimentos estavam estáveis, apesar de um pouco acima do normal. O único que tinha de Harry estava parado, indicando morte. Apenas volta e meia dava um giro, indicando vida, para voltar a ficar parado.

Querendo admitir ou não, Dumbledore estava perdido.

Todos os outros campeões já tinham reféns: Krum estava com a garota Granger, amiguinha de Nick. Delacour estava com sua irmãzinha. Diggory estava com Chang. E Potter estava sem ninguém.

Com certeza deveria ter alguém com que Harry se importasse – um menino de quatorze anos não podia ser frio o suficiente a ponto de não ter sentimentos por alguém. Se apenas os pais soubessem mais sobre a infância do menino, ou se Remus estivesse por ali (o lobisomem sempre fora o favorito do gêmeo mais velho), as coisas seriam mais fáceis.

Os pais estavam fora de questão, o velho bruxo sabia de cara. Mesmo tendo quase total controle sobre os sereianos, ele não queria correr o risco de ter os pais do menino-que-sobreviveu afogados, ou assassinados de qualquer forma. Sirius Black sempre foi irresponsável demais para ser amado incondicionalmente. E Remus, como já mencionado, estava perdido, já dado como morto pelos aurores.

Você está afrouxando suas amarras, velho.

Ele se perguntava... Harry Potter. Ele precisava falar com Harry Potter e como diretor responsável pelo torneio, convocava Harry Potter.

Quinze minutos depois, suspirou aliviado quando ouviu passos hesitantes do outro lado da gárgula. Um de seus quadros avisou que um menininho com cabelo desarrumado esperava do outro lado, indeciso quanto a entrar ou não. Dumbledore pegou uma gota de limão e elevou a voz, dizendo bem alto para Harry entrar.

“Boa noite, Harry” disse ele, olhos brilhando e tudo que acompanhava sua personalidade. “Como está?”

“Ok.” O menino disse, sentando-se na cadeira que o encarava e olhando para o chão. “Por que me chamou?”

Dumbledore inclinou-se para frente, tentando fazer contato direto com os olhos do menino. Não estavam tão verdes quanto ele esperava, mais um tom avelã como os do pai. “Você vê, Harry, para a segunda tarefa ser realizada há um componente muito importante. Sabe qual é?”

“Uma pessoa com a qual me importo” falou o menino com certeza de suas palavras.

“Pois é.” O velho mago deu um sorriso que julgava ser gentil. “Temo que eu não te conheça bem o suficiente para nomear uma pessoa em especial. Eu estava esperando que você pudesse me ajudar.”

Harry deu de ombros, ainda olhando os próprios pés. “Qualquer pessoa.”

“Ninguém em especial?” insistiu Dumbledore. “Que tal seu irmão?”

O menino pulou na cadeira. “Não. Qualquer pessoa menos ele.”

“Seus pais, então?”

A careta de Harry era cômica. “Não. Escolha alguém do orfanato. Senhora Morgan não pode vir e então ser obliviada?”

Uma onda de tristeza tomou conta de Dumbledore, seguida de pena. Então o menino não sabia... “Harry, senhora Morgan morreu no fim de 1992.” E se pôs a observar a reação do menino. Choque, mas sem lágrimas.

“Tudo bem. Escolha qualquer outra pessoa, então. Se sou obrigado a competir, vou competir com qualquer refém.” Ele se levantou e caminhou alguns passos na direção da porta até que a voz do diretor o chamou de volta.

“Então não há ninguém?”

“Ninguém.”

E se retirou.

Sozinho no escritório, Dumbledore mastigou a palavra amarga: Ninguém.


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Notas finais do capítulo

Sim, esse foi um capítulo filler, sem cliffhangers, mas o próximo compensará: Segunda tarefa!

Obrigada a todos que comentaram, hoje estou atolada de dever de casa mas responderei seus reviews assim que possível.

~Lady Slytherin