Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 13
Segredos que devemos manter


Notas iniciais do capítulo

Anunciando... EU! *se esconde atrás da cama*

Obrigada pela 12° recomendação!

Mals, eu viajei semana passada (conhecendo Goiânia, futura cidade) e fiquei sem internet. Em compensação, ficando sem internet, eu tive o word, e escrevi em cinco dias... 3 capítulos!

E para compensar vocês pela demora... Cheque depois do capítulo!



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CAPÍTULO 13

SECRETS WE BETTER KEEP

“Me desculpe?” exigiu Hermione com a voz mandona de sempre. “Você pode repetir?”

Revan escondeu um sorriso ao vê-la furiosa. Ron e Nicholas não escapariam da discussão que viria. “Ainda não sabemos quem Nicholas Flamel é.”

Ela ficou vermelha rapidamente, se virou para os ruivos e bateu o pé. “Como assim não sabem? Estamos procurando por uma pessoa famosa há mais de um mês!”

O herdeiro Black decidiu auxiliar os ruivos. “E você, Hermione, descobriu quem ele é?”

A morena corou e olhou para os pés em vergonha. “Não, Revan, eu não descobri.”

Os três meninos trocaram um olhar vitorioso por cima do ombro dela antes de começarem a discutir sobre Fofo. O Cérbero era outra coisa que pesquisavam na biblioteca e que graças a Merlin, era mais fácil de ser encontrada. As informações encontradas, porém, não ajudavam muito; eles ainda estavam na estaca zero.

Com o retorno das aulas, o tempo que eles passavam na biblioteca se limitou a algumas horas, pois a tarefa se acumulava, os professores estavam dando mais matéria nova do que nunca e sempre havia algo melhor para fazer. Os ruivos chegaram a um ponto em que eles preferiam fazer os ensaios de poções a procurar sobre Nicholas Flamel.

E durante esse tempo todo, Revan manteu a informação para si mesmo, apenas para ver os Gryffindors se desgastando dia após dia, espiando Snape (que ainda era o culpado por fazer Nicholas cair da vassoura) e, da parte de Hermione, mantendo-se como a melhor aluna do primeiro ano que Hogwarts já havia abrigado. Ela passava o dia debruçada em livros de qualquer tipo, apenas pelo conhecimento que eles proporcionariam.

Nem mesmo Nicholas, sendo o menino que sobreviveu, salvador do mundo mágico, menino de ouro de Gryffindor e o orgulho da Grã Bretanha escapou da correria. De acordo com seus relatos, Wood estava treinando o time como um militar treina seus soldados, e eles não paravam não importava o quão ruim estivesse o tempo. Em duas ocasiões, ele voltou com a ponta das vestes congeladas.

E o grupo como um todo tinha que aguentar a maioria dos Slytherins que consideravam Revan Black um traidor por andar com Gryffindors. Depois de uma maldição um tanto violenta, Revan havia explodido com todos eles, gritando mentiras sobre tentar fazer com que a casa em que estavam recebesse uma impressão melhor dos outros, e que ele não gostava nem um pouco de ficar com o grupinho dourado (o que não era uma mentira total).

Quando eles finalmente tinham tempo livre, tudo o que queriam fazer era dormir, e era isso que faziam, quando nem mesmo Hermione era forte o suficiente para resistir o chamado da cama.

_

“Revan! Revan!”

“Black!”

“Revan, aqui!”

Contra a sua vontade, Revan foi até a mesa de Gryffindor. Quando se acomodou em um banco e começou a comer, ele levantou uma sobrancelha sinalizando que poderiam falar.

“Descobrimos!” Hermione se inclinou para ele como se estivesse prestes a revelar um terrível segredo. “Sabemos o que está escondido!”

Todos inclinaram suas cabeças em um círculo para que ninguém ouvisse o que era dito entre eles. Nicholas tomou a liderança para dar a frase que Revan fingia estar esperando ansiosamente: “A Pedra Filosofal!”

O moreno abriu a boca em choque.  “Não me diga!”

Isso fez com que Nicholas contasse toda a história de Neville, voltando para a Sala Comunal de Gryffindor com as pernas coladas por causa de Malfoy e recebendo um Sapo de Chocolate de Nicholas (quem diria que ele compartilharia os Sapos?) e tirando Albus Dumbledore, que havia tido Nicholas Flamel como parceiro.

Eles finalmente mudaram de prateleira, saindo de Biografias Mágicas para Artefatos Mágicos e lá gastaram seu tempo livre. Havia uma boa parcela de informação sobre a Pedra Filosofal, seus poderes e as lutas de poderosos feiticeiros para adquiri-la. Afinal, quem não gostaria de ter a imortalidade e transformar metal em puro ouro?

No dia seguinte, durante a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, ao invés de procurar maneiras de tratar a mordida de um lobisomem (o que Revan considerava inútil, porque o vírus já teria infectado o sistema), os quatro ficaram discutindo por meio de aviõezinhos de papel sobre o porquê de Snape querer a pedra. Ron claramente se divertia com o assunto, chegando a dar o palpite que Snape queria voltar a ser humano depois de séculos como um vampiro aprendendo a infernizar os estudantes. Quando se tratava de casas, porém, ele sempre conseguia ofender Revan de um jeito ou de outro. Voldemort os repreendeu duas ou três vezes, mas não retirou pontos de nenhuma das casas, apesar de ter ameaçado fazê-lo.

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Quando a tão temida partida de Gryffindor contra Hufflepuff chegou, Nicholas estava uma pilha de nervos. Snape seria o juiz daquele jogo. Snape! Ele nem devia saber como montar em uma vassoura. O cabelo ensebado grudaria no rosto com o vento e ele não seria capaz de ver nada. Ele arruinaria tudo! Como é que se joga Quadribol quando o juiz está contra você?

E seus pais estariam lá, também. Depois do acidente do último jogo, eles queriam garantir que nada aconteceria com o menininho deles. Ficariam junto com os professores de onde teriam uma visão privilegiada do pomo. Revan parecia um tanto nervoso com a chegada dos Potter, mas o ruivo assumiu que era por ter medo de ser julgado pelos pais do menino que sobreviveu.

Ele ganharia aquele jogo. De algum jeito, ele ganharia, nem se tivesse que passar por toda a escola para fazer isso.

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Revan estava furioso. Como se não bastasse para Snape impedir seus planos de roubar a Pedra sempre que ele saía da cama depois da meia noite, agora ele arruinaria outra coisa preciosa para Revan: O quadribol. Não só por causa da emoção que sentia ao ver os times jogarem, mas porque dessa vez, ele não poderia derrubar Nicholas da vassoura. Snape, Dumbledore e os Potters estariam lá para impedir isso.

Snape, com os olhos cerrados, havia ordenado que Revan se sentasse com os Slytherin ou não assistisse o jogo. Aquela ordem assustou Revan, mas depois em uma conversa com Nott ele descobriu que todos os Slytherins estavam sendo vigiados. Isso não acabou com a sua preocupação, mas a diminuiu. Pelo menos ele não estava na lista negra de Snape... ainda. 

Então lá ele estava, sentado no meio de colegas que o consideravam um traidor. Ele ficou entre Nott e Daphne Greengrass, com quem teve uma discussão interessante sobre Quadribol e por que, na opinião da menina, o jogo era tão inútil, servindo apenas para matar tempo e observar pessoas que ela odiava batendo umas contra as outras com as vassouras. Ela só estava lá para garantir Hufflepuff apoio moral, já que Gryffindors absolutamente não podiam vencer, e não para desfrutar a partida, muito menos para observar Nicholas Potter, como Tracey estava fazendo naquele momento.

“Não, ele é detestável! Na aula de poções, o chamei para que me emprestasse algumas presas de cobra e ele simplesmente me deu um autógrafo antes que eu pudesse terminar de falar!” ia dizendo Daphne, colocando o cabelo loiro atrás da orelha e encarando o campo fixamente.

Revan deu uma risada modesta, se lembrando do dia em que chegaram em Hogwarts. Sua atenção logo foi desviada da bela menina ao seu lado quando os times ficaram lado a lado, esperando o apito de Snape, que não tardou a vir, fazendo com que os times disparassem atrás da goles. Revan observou como Fred (ou George) Weasley lançou um balaço diretamente na cabeça de um dos artilheiros de Hufflepuff, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio quase caísse.

Para a tristeza dos Slytherins que lá estavam, o jogo foi extremamente rápido. Revan suspeitou que o pomo estivesse encantado novamente para ir atrás de Nicholas, mas não disse nada. Ele não ousaria ficar contra o menino que sobreviveu em uma escola onde grande parte dos estudantes não gostava muito de Revan.

Depois do jogo, Voldemort foi levado para a Floresta Proibida por Snape, e a um sinal do lorde das trevas, Revan os seguiu, desejando ter a capa da invisibilidade de Nicholas. Por ora, ele teria que se contentar com um feitiço de desilusão e passos silenciosos para que pudesse ouvir a conversa sem ser descoberto por Snape.

“Severus? Posso lhe perguntar o que nos traz aqui?” perguntou Voldemort, soando confuso. Ele se encostou em uma árvore e começou a brincar com a varinha, apesar de estar tenso. Snape não era tão burro quanto parecia, ele poderia ter notado alguma coisa, mesmo com a constante verificação de Voldmort de que ninguém o seguia ou ouvia o que dizia quando planejava algo que ia contra as normas da escola. Mas se ele tivesse descoberto algo, por que Dumbledore ainda não havia sido informado?

“Você sabe muito bem por que está aqui” retrucou Snape, também removendo sua varinha da manga aonde estava escondida e a deixando de prontidão na mão direita.

Voldemort deu um sorriso inocente. “Acredito que houve um engano. Perdi alguma coisa?”

Snape se aproximou violentamente e levantou Voldemort pelas vestes, trazendo seu rosto tão próximo ao do Lorde das Trevas que um podia sentir a respiração do outro. Revan apurou os ouvidos para ouvir o que Snape sussurrou em um tom ameaçador: “Não brinque comigo. Eu vi você.”

“Fazendo o que?” questionou Voldemort, ainda soando inocente. Ele estava de fato curioso sobre o que Snape havia visto. De jeito nenhum ele escaparia de um feitiço do Lorde das Trevas. “Ilumine minha mente, Severus.”

“Você” acusou Snape. “seduzindo estudantes para aumentar a nota deles. O que? Não faça essa cara, você sabe muito bem de quem eu estou falando. Quirinus, Revan Black entrou nos seus aposentos algumas noites atrás, e sempre fica para trás quando a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Ele pode não ser meu aluno favorito, mas isso não significa que você brincará com ele.”

Voldemort teve que usar todas as suas forças para conter uma risada de choque e simples diversão. Snape achava que... Sem chances. Um pequeno sorriso conseguiu aparecer, e o Lorde das Trevas saiu do aperto de Snape por segurança. Fazia décadas desde a última vez em que ele havia tido uma luta trouxa, e ele não queria desenferrujar agora.

“Se é apenas isso que você queria conversar, Severus, acho melhor eu ir. Tenho algumas aulas para preparar” mas ao que Quirrell fez menção de se levantar, ele foi impedido por uma mão pálida. Quirrell levantou uma sobrancelha. “Há outro assunto?”

“A Pedra Filosofal. Dumbledore não está muito satisfeito com o troll que serve como obstáculo para impedir ladrões de roubarem a pedra.”

Quirrell revirou os olhos. É claro que ele não estava satisfeito. Um troll era uma grande ameaça para alunos do primeiro ano, e mesmo que os Gryffindors tivessem tido sorte na primeira vez que encontraram um, o segundo encontro poderia não ter um resultado semelhante. E a última coisa que o diretor queria era um Menino que Sobreviveu morto porque estava tentando proteger a pedra e não conseguiu passar por um dos obstáculos propostos pelos professores.

Cada um deles era tão obviamente designado para um dos integrantes do trio dourado, e o troll exigiria esforço de todos eles. Não seria fácil o suficiente para que Nicholas Potter saísse na primeira página do Profeta Diário sem nenhum arranhão. Até mesmo Minerva havia colaborado para a pequena conspiração, colocando peças de xadrez gigantes como sua defesa, ao invés de simplesmente transfigurar cada objeto da sala em figuras pontudas móveis que não obedeceriam comandos de criancinhas de onze anos  de idade.

“Me surpreende que ele não está achando seu enigma difícil” comentou Quirrell com desprezo. “E se Granger não estiver com eles? Eles não conseguirão passar pelas chamas.”

Snape fez um ruído como se aquele pensamento fosse impossível. “A garota os segue como um cachorrinho. E se por acaso ela não estiver com Nicholas, Black poderá ajudar. Ele é bem inteligente, como você deve saber...”

O professor de Defesa Contra As Artes das Trevas exibiu um sorriso surpreso. “Então Black será parte do time de resgate?”

“Para melhorar a imagem de Nicholas apenas, o bom e caridoso menino que sobreviveu, fazendo amizade com alguém sem amigos da casa rival. Se você quer manter o troll como obstáculo, é melhor ensinar Gryffindors como derrubar um. Vamos, alguém pode nos ver aqui.”

E tão rapidamente quanto conseguia, Revan voltou para o castelo antes que alguém notasse sua ausência.

_

O dia de Revan estava longe de terminar. 

Quando ele viu Nicholas novamente, ele não estava sozinho. James e Lily Potter andavam orgulhosamente atrás dele, comemorando a vitória. Pelo que Revan podia se lembrar das regras, pais só eram admitidos em Hogwarts durante ocasiões especiais, onde Quadribol NÃO estava incluído. Mas por que respeitar as regras, quando quem as quebrava eram os pais do menino que sobreviveu? Um deles poderia ter a marca negra no braço e os aurores diriam como foi feita por algum bruxo das trevas que se aproveitou deles.

“Revan!” sorriu Nicholas. “Mãe, pai, esse é Revan Black. Revan, você já deve ter ouvido falar dos meus pais, James e Lily Potter.”

“Ah” James pareceu ofendido ao ouvir o nome Black sendo carregado por alguém que ele não conhecia. Ele observou Revan como se o garoto fosse um animal. “Nascido trouxa?”

“Sangue puro e Slytherin” retrucou Revan, quase cuspindo as palavras. Ele olhou para James com veneno semi escondido. “Por que a pergunta?”

Ele já havia descoberto que Nicholas só havia começado uma amizade com ele por causa do sobrenome, então que mal faria perguntar? Com certeza a mentira elaborada viria à tona durante a conversa, e Revan preferia que fosse do jeito dele. Deixar James brincar com o sobrenome Black, na frente de toda a escola, não menos, pioraria ainda mais sua relação com os outros Slytherins. Draco, Crabble e Goyle não dirigiam uma palavra a ele havia semanas, nem mesmo um insulto por cima do ombro. Era como se Revan fosse um resto que não merecesse nem mesmo o desprezo dos outros.

“Por que meu melhor amigo é o último herdeiro Black.” Ou assim você pensa.

Revan gesticulou as pessoas que se aproximaram para conhecer o Auror Chefe e a medibruxa mais famosa do Reino Unido. “Melhor conversarmos sobre isso em um lugar mais afastado. É uma longa história que eu não gosto de compartilhar com todos, senhor Potter.”

James levantou a mão direita para remover os cabelos que caíam nos olhos e antes que Revan percebesse o que estava fazendo, ele deu um passo para trás em medo. Não, não outra vez. Ele estava livre dos Potter, não precisaria levar beliscões e tapas no rosto. Tomando uma respiração profunda, ele sorriu e caminhou até uma sala abandonada do primeiro andar; os dois caminharam, a tensão no ar tão grossa que poderia ser cortada por uma faca (ou feitiço Diffindo) facilmente.

Revan fez com que duas cadeiras ficassem frente a frente e ambos se sentaram, tentando relaxar. James também estava nervoso; aquele menino carregava um nome poderoso, e se ele realmente se revelasse um Black de alguma maneira, Sirius precisaria de um herdeiro, logo, ou toda a fortuna dos Black iria para um desconhecido no instante em que ele morresse.

“Bom. Acredito que eu deva explicar de onde consegui meu sobrenome.”

James assentiu. Aquele seria um bom começo.

“Meu nome é Revan Altair Black-” ele pausou ao ver James levantar as sobrancelhas em surpresa. Então o menino carregava o nome de uma estrela em si, como todos os Black faziam. “Sou filho de Ada Blishwick, nasci em 21 de Dezembro de 1979 e vivi escondido com a minha mãe por ser o filho ilegítimo de Regulus Black.”

Agora James estava mesmo surpreso. Regulus Black? Ele não ouvia aquele nome fazia onze anos... Dando o tempo exato para que Revan nascesse, percebeu! Uma pequena parte da dúvida se dissipou de sua mente. Se aquele menino fosse uma farsa, pelo menos ele havia feito um bom trabalho escolhendo a data de nascimento baseado na data de desaparecimento de Regulus. O irmão de Sirius havia desaparecido em Junho, dando até quatro meses para Ada Blishwick confirmar a gravidez e para Regulus ficar sabendo da notícia.

Revan continuou sua História quando James pareceu voltar sua atenção para ele. “Eu pretendia ser educado em casa para não desonrar a família Black, porém com a morte de minha mãe, eu perdi minha única tutora.” Ele falou isso tudo se concentrando nas sobrancelhas de James e não em seus olhos, como Regulus havia lhe ensinado. Enquanto não possuísse fortes barreiras mentais, ele não olharia alguém talentoso nos olhos. Melhor prevenir do que remediar.

“Um herdeiro ilegítimo é melhor do que nenhum herdeiro” Revan retomou a narrativa, dando de ombros. Ele não se importava com o assunto, já que era composto de pura mentira. “E aos dez anos recebi uma carta do banco Gringottes, onde no testamento de Regulus, em uma sessão escrita apenas para mim, meu pai me reconheceu como herdeiro da fortuna. Minha mãe havia me deixado algum dinheiro, e consegui me manter com a ajuda de um elfo doméstico que me comprava suplimentos. Depois de anos sem anunciar a ninguém sobre quem meu pai era, eu não estava pronto para enfrentar o mundo sozinho, mas a minha carta de Hogwarts chegou ano retrasado, e eu não tinha ninguém para me ensinar. Peguei a oportunidade, e aqui estou.”

Ao final do seu relato, James parecia quase convencido. Ele piscou, escondendo seus olhos castanhos geralmente cheios de ódio em direção a Revan, mas dessa vez apenas confusão se demonstrava quando ele olhava para Revan. Então bastava não ser irmão do menino que sobreviveu para não ser o pior em tudo que fazia... bom saber.

“Bom, senhor Potter, eu tenho tarefa de casa para fazer e amigos que me odeiam esperando para praticar tiro ao alvo comigo, sendo que eu sou o alvo móvel. Espero que essa conversa tenha clareado sua mente. Se você me dá licença...”

E conforme ele andou para seus dormitórios, Revan permitiu que um suspiro de alívio escapasse de seus lábios.

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Se Revan achava que depois daquele aperto com Potter, ele teria um bom começo de ano, ele estava errado. Novamente, sua sorte parecia estar contra ele, conforme Quirrell ficava cada vez mais pálido e fraco. Voldemort havia lhe explicado, em uma rápida nota, que o corpo que estava usando perdia energia com o tempo, e já fazia quase um ano que ele o habitava. Ele só ficaria pior e pior conforme o tempo se passava, até o ponto em que o corpo parasse de funcionar e Voldemort fosse forçado a encontrar outro “voluntário” a ser possuído e morto, deixando apenas a útil carcaça para trás.

Nenhum dos professores parecia colaborar com eles. Faltavam dez semanas para os exames (“Apenas dez semanas!” dizia Hermione) e todos os adultos decidiram que era melhor se preparar o quanto antes para as provas. Assim, o feriado da Páscoa não chegou nem perto do feriado de Natal. Não havia neve, havia mais alunos em Hogwarts, e um monte de trabalho de casa para fazer. A mãe de Ron enviou para Nicholas, Ron e Hermione grandes ovos de páscoa, deixando novamente Revan sem nada. Mas tudo bem. Os chocolates que ele deu para Nicholas, Hermione e os Slytherins estavam em perfeitas condições, mas ele fez questão de deixar os de Ron, Malfoy, Crabble o Goyle estragarem antes de serem enviados. Uma pequena vingança.

Para o desagrado dos ruivos, mesmo agora que sabiam sobre Nicholas Flamel, Hermione os forçava a ir à biblioteca todos os dias quando as aulas terminavam. Em um desses dias, onde o que Nicholas e Ron provavelmente veriam no espelho de Erised era os dois fora da maldita biblioteca, eles receberam alguém que surpreendeu a todos.

“Hagrid!” sussurrou Hermione, abraçando o meio gigante. Ele era mais alto do que a maioria das prateleiras. “O que está fazendo aqui?”

“Só dando uma olhada” respondeu rapidamente Hagrid, fazendo uma tentativa frustrada de esconder uma pilha de livros atrás das costas. Revan imediatamente empurrou Ron, fazendo-o cair no chão próximo de Hagrid, de modo que ele pudesse ver o que estava escondido. Apesar do pequeno plano funcionar, ele ainda encarou Revan com uma careta quando voltou para a mesa onde estavam. “E vocês? Não estão procurando por Nicholas Flamel ainda, estão?”

“Ah, não” respondeu Nicholas, inflando o peito de orgulho e abrindo sua grande boca novamente. “Eu descobri quem ele é...”

Hermione imediatamente o corrigiu: “Eu descobri.”

Nicholas a ignorou. “... e também sei que o que o cão está guardando é a Pedra Filos... Hey!” Ele encarou Revan e levou a mão aos lábios, que exibiam um pequeno corte. “Por que fez isso?”

“Black está certo” falou Hadrid, puxando uma cadeira e se sentando. A cadeira desabou no instante em que fez contato com o corpo do meio gigante, e Madame Pince fez um alto shhhh para eles. Revan levantou as sobrancelhas; Hagrid havia concordado com algo que um Slytherin, alguém da pior casa de Hogwarts, um comensal da morte, havia feito? As coisas deveriam ter mudado. “Não fale esse nome na escola. Nunca se sabe quem pode estar ouvindo.”

De fato.

“Temos algumas perguntas” anunciou Hermione cruzando os braços e se posicionando na frente de Hagrid, como se uma menina do tamanho dela fosse impedir um meio gigante. “Por exemplo, o que mais está guardando você sabe o que. Já sabemos do... seu obstáculo, queremos saber os outros.”

Hagrid pareceu apavorado. “Olhem, crianças... Venham, venham na minha cabana mais tarde... Não prometo que vou contar coisa alguma para vocês, mas não espalhem por aí. Alunos não devem saber disso, pensariam que eu contei para vocês...”

“Até mais tarde” cortou Revan. Nada de conversa fiada com um mestiço.

_

Conforme o quarteto descia para a cabana de Hagrid, Ron contou o que viu escondido nas costas de Hagrid: Três livros de dragões, que, depois de verificarem novamente, tinham os seguintes nomes: Espécies de Dragões na Grã Bretanha e Irlanda, Do Ovo para o Inferno, Um Guia para Domador de Dragões.

Hermione olhou para eles. “Você acha que um dragão é um dos obstáculos para pegar você-sabe-o-quê? Faria sentido! Eu duvido que Snape consiga passar por um dragão sem se queimar. Isso o denunciaria para a escola! O que vocês acham, Nick, Ron?” Ela convenientemente ignorou o nome de Revan. Ainda assim ele deu sua opinião:

“Bobagem.” Os três só deram um olhar para ele que exigia uma explicação. “Um dos livros era sobre o ovo de dragão, que não deve ser muito difícil de derrotar. Hagrid deve estar criando um de seus bebezinhos.”

Eles bateram na porta, notando que todas as cortinas estavam fechadas. Nem mesmo Canino latia, e Hagrid perguntou quem era antes de abrir a porta, puxar os quatro para dentro, e trancar a porta novamente.

Era um dia morno, mas o interior da cabana estava um inferno de calor. As chamas que saíam da lareira quase alcançavam as cortinas, e havia algo perto das brasas. Hagrid ofereceu a eles chá e biscoitos de pedra, que eles recusaram, e a conversa começou:

Nicholas foi direto ao ponto, provavelmente querendo sair daquele pequeno pedaço do interior de um vulcão. “Nos conte mais sobre os obstáculos que guardam a Pedra Filosofal.”

Hagrid pulou e antes que pudesse se impedir, olhou para a lareira. “Não posso! Eu não sei, e vocês já sabem mais do que deveriam sobre o assunto.” Ele voltou a olhar a lareira com um olhar fraternal.

Dois pares de olhos castanhos e um par de olhos azuis encararam Revan em uma clara mensagem de ‘agora é sua vez’. Tudo bem, pensou Revan, se eles queriam manipulação, eles teriam manipulação. Os olhos verdes de Revan se fixaram nos olhinhos miúdos de Hagrid e Revan permitiu que parte da sua magia fluísse para o meio gigante, para iniciar uma leve compulsão. Hagrid começou a relaxar lentamente, e sua barba se moveu, como se ele estivesse sorrindo. Revan retribuiu o sorriso.

“Tente entender, Hagrid” falou ele com a sua voz mais doce. “Só estamos curiosos. Alguém deve estar atrás da Pedra Filosofal, e por mais que confiemos em alguns professores da escola, gostaríamos de ter certeza que a pedra está bem protegida. Apenas não queremos que ela se vá. Será que você não pode nos contar nada mesmo? Tenho certeza que alguém esperto como você sabe de alguma coisa.”

Hagrid pareceu pensar por um instante, e as palavras saíram de sua boca: “Depois de Fofo, vocês têm Sprout, Flitwick, McGonagall, Quirrell, Snape e Dumbledore.”

Revan deixou que o encanto quebrasse, fazendo com que Hagrid piscasse, confuso. O que havia acontecido? “Muito obrigado Hagrid. Eu sabia que podia contar com você.”

“SNAPE?” repetiu Ron. “Mas ele vai roubar a pedra!”

O guarda chaves de Hogwarts fez que não com a cabeça. “Ele está ajudando nas defesas, por que roubaria a Pedra? Vocês acharam que ele era o responsável por enfeitiçar a vassoura de Nick e veja o que aconteceu. Parem de duvidar dele.”

Revan encarou os Gryffindors como quem concordava. Ele sabia melhor do que ninguém que não era Snape o professor que queria roubar a pedra.

O calor só parecia ter aumentado depois que eles chegaram, e Hermione começou a se abanar. “Hagrid, você não pode abrir as janelas ou apagar o fogo? Estou derretendo!” Mas antes mesmo de ela terminar de falar, Hagrid já balançava a cabeça e dizia que não, não podia, e olhou para a lareira novamente.

E Revan viu o que estava atrás das chamas. Um grande ovo preto, que só poderia abrigar algo grande como... Os olhos de Revan se arregalaram em realização. Algo grande como um dragão.

“Hagrid?” chamou, com a voz mais fria que tinha. “Por favor me diga que aquilo não é um ovo de dragão.”

O guarda chaves de Hogwarts já brincava com a barba, nervoso.

Hermione se uniu a Revan: “Onde você conseguiu um dragão? São proibidos!” É claro que Hermione sabia tudo sobre as regras mais remotas do mundo bruxo, sendo uma fiel seguidora delas.

“Ganhei” admitiu Hagrid dando de ombros. “Ontem à noite. Estava bebendo um pouco, conheci um estranho, joguei cartas com ele. Começamos a conversar, ele me deu o ovo. Parecia feliz de se livrar dele.” E voltou a olhar o ovo como um futuro papai olha a barriga da companheira.

A única bruxa da cabana perguntou o que Hagrid faria com o dragão, e não gostou da resposta. Hagrid iria mantê-lo como um animal de estimação. Já havia arrumado um livro que explicava o que fazer com o ovo: Hagrid descreveu para eles como um ovo de dragão na natureza era esquentado pelo fogo da mãe, e por isso estava tão calor. Ele deveria alimentá-lo com conhaque e sangue de galinha a cada trinta minutos. Ele também anunciou com alegria que ele sabia a raça do dragão: Era um raro Dorso-Cristado Norueguês.

Hermione fez uma observação inteligente: “Hagrid, sua cabana é de madeira!”

Naquela noite, Revan deslizou um bilhete para Quirrell em seu trabalho de Defesa Contra as Artes das Trevas. Como você conseguiu dar um dragão para Hagrid, e por quê?

No dia seguinte, ele teve a resposta, quando os Gryffindors receberam uma nota com apenas duas palavras. Está nascendo. Revan foi o primeiro a chegar, já que tinha o período livre, mas os leões chegaram a tempo de ver o ovo rachar, depois da aula de Herbologia. Já havia grandes rachaduras no ovo, apesar de nada ter saído de lá ainda. Os cinco se sentaram ao redor da mesa animadamente. Um ruído atraiu a atenção deles, e as rachaduras fizeram com que o ovo cedesse, revelando um dragão do tamanho de um coelho.  

O queixo de Hagrid caiu no chão, e ele estendeu um dedo para o dragãozinho, que prontamente o mordeu. O meio gigante não pareceu irritado por isso, muito pelo contrário, lágrimas chegaram aos seus olhos e ele falou, fungando: “Ele reconhece a mamãe!”

Mas a emoção não durou muito. A cor drenou de sua cara, e ele correu para a janela. “Alguém viu o dragão! Uma criança!” E os alunos se aproximaram da janela no tempo exato de ver cabelos louro platinados desaparecendo de vista. Malfoy havia visto o dragão, e Revan não teria se importado com isso, exceto pelo fato de que ele estava lá. Se Malfoy denunciasse os Gryffindors, Revan Black cairia junto com eles.


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Notas finais do capítulo

Capítulo chatinho... Mas para o interessante:

Como eu não postei nada semana passada... Levante a mão quem quer um novo capítulo na sexta feira!

Reviews, please, críticas, comentários, e até sexta!