Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 27
Capítulo - XXVII - Descobertas




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Cap XXVII: Descobertas

Ao chegarem na praia, Sakura percebeu que caminhava sobre uma bela passarela de pedras sobre a areia que dava até o píer onde o barco estava ancorado. Lá, ao pé das escadas, estava o capitão, o mesmo rapaz que avisara sobre o barco poucos minutos atrás.

O rapaz sorriu, oferecendo a mão para ajudar Sakura a subir, mas Sasuke foi mais rápido: ele a suspendeu pela cintura, pondo-a enfim dentro do iate, deixando bem claro que não queria ninguém além dele à disposição da cerejeira.

O sol já se punha no horizonte. A noite chegava exatamente como o dia havia ido embora: quente. Mesmo que um pouco mais agradável que o dia pela ausência do sol, ainda era desconfortável.

Acomodados dentro do belo barco, Sasuke não deixou de notar a tensão que tomava o corpo de Sakura. Ela estava sentada em um dos belos sofás de couro persa da sala de estar do iate Uchiha, meio desconfortada, com os ombros encurvados. Seus olhos mentiam. Sasuke podia notar que ela tentava transparecer que estava tudo bem.

Sasuke se aproximou da mini geladeira no bar depois de ligar o ar condicionado e pegou um copo d’água gelada.

–Infeliz incompetente. – murmurou dando passos largos na direção de Sakura. – Não serve nem mesmo para ligar a droga do ar condicionado! – Sakura o fitou compreendendo que ele se referia ao jovem condutor do barco.

Sasuke levou o copo aos lábios e bebeu a água de um gole, sem tirar os olhos da cerejeira. Com o cotovelo apoiado na bancada do bar, Sasuke a fitou com os olhos estreitos largando o copo vazio ao seu lado.

Quando percebeu a intensidade daqueles olhos na sua direção, Sakura o fitou com as bochechas levemente coradas.

Ela sabia que ele havia desconfiado de seu incômodo.

–Por que está nervosa? É só uma festa estúpida, cheia de gente estúpida.

Ela o acompanhou com os olhos enquanto ele se acomodava no sofá ao seu lado abrindo os braços sobre o encosto; sua expressão mórbida demonstrando seus verdadeiros sentimentos aos convidados de “sangue azul” como se os considerasse uma doença.

Ela forçou um sorriso e tentou mentir da melhor maneira convincente possível!

–A sensação é diferente de quando não estamos à caminho. – Sakura o fitou receosa, vendo a desconfiança que tomava os olhos dele. – Eu vou ficar bem.

Sakura entrara em pânico no momento em que saiu da piscina e entrara no quarto para se vestir. Deu-se conta do que estava para acontecer nas próximas horas.

As palavras noite, Sasuke, sozinhos, casa giravam dentro da sua cabeça. Sakura precisou respirar fundo e tomar um copo d’água para se acalmar.

Mas que bobagem! Por que estou me descontrolando?! Dizia uma voz na cabeça dela. Enquanto outra contraditória gritava : noite, Sasuke, sozinhos, casa. NOITE, SASUKE, SOZINHOS, CASA!!!

Isto é: A próxima noite passarei com o Sasuke. Apenas nós dois, sozinhos em uma casa!

Parecia que só naquele momento a ficha havia caído.

Talvez fosse pelo que acontecera na piscina. Não! Com toda certeza FOI pelo que aconteceu na piscina. Sakura sabia que Sasuke jamais faria algo da qual ela não quisesse, ele mesmo lhe dissera isso.

Porém, esse não era o problema.

O problema que a enchia de medo era o fato de que ela queria e muito! O acontecimento daquela tarde só despertou um lado que Sakura jamais conhecera. Alguma coisa havia se atiçado dentro dela, algo talvez mais forte que o sentimental, que não sabia se poderia controlar.

Porém tinha medo. Não tinha certeza do que estava acontecendo.

Ela tentou se controlar, concentrando-se na festa que estava prestes a ir. Aconselhou-se a si mesma que nada do que estava pensando que aconteceria depois da festa, quando eles, Sakura e Sasuke voltassem e estivessem sozinhos iria de fato acontecer.

Como era boba! Ela riu-se nervosamente. Parecia uma gatinha assustada!

Por que era tão ingênua? Por que ainda faltava tanto para aprender da vida? Ela era sábia em tantas outras coisas, passava um adulto para trás se quisesse! Até sua própria mãe dizia que ela não parecia ter só dezessete anos com tanto conhecimento! Então por que as coisas naturais e normais da vida ela não aprendera?

Simplesmente porque ela não parecia normal como as outras garotas. Ela era sempre uma exceção!

Ah se tivesse sido criada pela mãe! Será que tudo seria diferente? Será que ela não estaria desse jeito e daria lugar para seus hormônios pegarem fogo à vontade?

Sakura podia ouvir a voz severa da avó, dizer: Os hormônios dos jovens queimam como o fogo do inferno!

Sakura deu-se por vencida. O lado do desespero venceu.

Não sabia o que fazer, por isso disfarçaria a sua inquietude pelo tempo que fosse necessário.

Ela tomou uma chuveirada fria e reconfortante, passou os óleos de banho com essência de flores que sua mãe pusera na mala, vestiu o vestido que a mãe lhe comprara, usou a maquiagem com a maior calma do mundo e desceu ao encontro de Sasuke. Dentro dela estava como uma tempestade sem previsão de acabar, enquanto que por fora era uma tranqüilidade tímida que Sasuke poderia achar natural.

Sakura conseguiu agüentar até aquele momento no barco.

–Chegamos. – a voz dele a despertou.

Sasuke se levantou amaldiçoando a sorte por sua noite começar na companhia das pessoas que mais odiava na face da Terra, enquanto seu olhar dirigido a Sakura demonstrava que ainda estava desconfiado, mas que não insistiria.

Ambos saíram do barco e logo avistaram o enorme navio ancorado na encosta. Sakura arregalou os olhos de tamanha beleza. Não era um navio qualquer. De acordo com os seus conhecimentos de nerd, aquele era um MSC Melody, um navio de cruzeiros da MSC Cruciere, do qual possui 35,143 toneladas e um porte bruto de 7.000 toneladas, medindo 204,81 metros. Tem 9 decks de passageiros e desloca-se a 23 nós (cerca de 43 Km/h), velocidade máxima, tendo capacidade para 1062 passageiros em ocupação dupla, um total de 1600 beliches e 535 tripulantes. Mas naquela ocasião, fora alugado apenas para a festa beneficente do Kokumin-no-kyujitsu.

Quanto dinheiro essa gente era capaz de gastar para uma festa, em que deveriam na verdade, arrecadar fundos?

Quando o iate ancorou, eles desceram para o enorme píer, onde uma multidão de fotógrafos os recepcionaria. Sakura estremeceu de ansiedade e nervosismo quando avistou os jornalistas se aproximarem dela e de Sasuke, tão eufóricos como se eles fossem celebridades.

Um deles gritou para aqueles que ainda não haviam percebido, que um Uchiha acabara de chegar. Saudosos e admirados, as pessoas que preenchiam o píer e não tinham convite para a festa, se aglomeravam para ter a oportunidade de fotografar um Uchiha legítimo e a bela jovem que o acompanhava.

Com a ajuda de vários seguranças, Sasuke e Sakura seguiram pelo píer que se estendia bem para longe da encosta, enquanto os flashes machucavam os olhos da pobre Haruno e as vozes estridentes machucavam seus tímpanos.

Sem perceber como, Sakura viu-se agora sentada, sentindo o vento soprar forte em seu rosto e ricochetear seus cabelos. Já se encontrava ao lado de Sasuke em uma lancha que os transportava em direção ao MSC Melody.

A viagem demorou apenas um minuto.

Á porta baixa, um homem calvo, vestindo trajes de gala os esperava ansioso.

–Seja muito bem vindo, Uchiha-sama! – disse ele com uma breve reverência. – Me acompanhe, por favor.

Eles seguiram o homem até o corredor e entraram em um elevador de vidro. Sakura olhava tudo ao seu redor enquanto segurava a mão de Sasuke. O interior do navio, era imenso. Sakura não se sentia dentro de um barco e sim de uma cidade subterrânea. O elevador seguia seu caminho lentamente, mostrando o andar onde havia lojas e restaurantes, o andar do cassino e tudo o mais que a deixou maravilhada.

Em cinco minutos, o elevador parou no enorme salão onde aconteceria a festa.

As portas do elevador mal se abriram e o casal Uchiha era esperado por uma locomotiva de pessoas.

Sakura sentiu os joelhos tremerem e seu estômago dar voltas dentro dela. Ela lançou um olhar desesperado para o Sasuke e se admirou por ele parecer tranqüilo. Na verdade esse “tranqüilo” estava mais para uma cara de puro tédio e cinismo. Ele não queria estar ali tanto quanto ela.

Percebendo o terror que se alastrava em Sakura, Sasuke fez com que ela segurasse o seu braço, ficando assim mais próxima dele. Não dava a mínima para o que os outros pensassem sobre isso. Desejava ficar ao lado dela durante toda a festa para que o tempo passasse mais rápido.

A multidão foi se abrindo à medida que eles adentravam o salão. Milhares de rostos se dirigiam a eles com sorrisos e cumprimentos, enquanto Sakura fazia o possível para não se encolher de timidez.

As frases de admiração viam de todos os cantos, de pessoas que ela nunca vira na vida, mas que tinha absoluta certeza de que eles sabiam tudo sobre ela e os Uchiha.

Sasuke interrompeu seus passos, quando foi repreendido por um homem de seus cinqüenta anos de idade, cabelos levemente brancos e trajes impecáveis. Seus olhos eram de um azul profundo abaixo de sobrancelhas grossas e retas e sua expressão era severa. Ele tinha uma postura firme e autoritária.

–Boa noite, jovem Uchiha. – disse com sua voz grossa e melodiosa.

Sasuke o cumprimentou com um aperto de mão firme e o fitou sem demonstrar muita simpatia. Sakura percebeu que atrás daquele homem assustador, um pouco afastados, mas de olhos abertos em seus movimentos, havia três homens de terno preto.

–Seu pai não parece levar muito a sério o propósito desta festa. Ele é quem deveria estar aqui.

–Se ele não se importasse – disse Sasuke em tom seco – não me mandaria em seu lugar.

O velho de aparência monstruosa, fitou Sasuke com olhos faiscantes de raiva, e pareceu murmurar algum palavrão envolvendo a palavra Uchiha, enquanto Sasuke se afastava levando Sakura consigo.

–Quem é ele? – perguntou Sakura ligeiramente curiosa. Havia até esquecido por um momento o nervosismo.

–Um dos “milionários inimigos” do meu pai.

Como Sasuke não pareceu muito interessado em dizer mais qualquer coisa a respeito daquele homem, Sakura não insistiu. Também por que aparentemente não haveria tempo para conversar, pois muitas pessoas os cumprimentavam naquele momento. Todos sorridentes e alegres perguntado sobre o Sr. Uchiha, pelo motivo dele não ter comparecido.

Sakura tentava parecer mais simpática enquanto respondia as perguntas dos convidados que gracejavam, já que Sasuke não demonstrava nenhum interesse e até ignorava alguns deles.

Uma senhora muito elegante se aproximou com uma jovem ao seu lado que não parecia muito feliz em se aproximar do jovem casal. Sakura a reconheceu no instante em que bateu seus olhos nela.

Karin!

–Sasuke-san! Como é bom vê-lo. – a mãe de Karin o cumprimentou com um sorriso discreto, porém que não escondia seu desgosto por Sasuke não ser mais o namorado de sua filha. Ela fitou a Haruno ao seu lado como se desejasse arduamente que Karin estivesse ali em seu lugar. – Srta. Haruno! Ainda não tive a oportunidade de conhecê-la. Você se parece muito com sua mãe.

–É verdade. – respondeu Sakura com um sorriso. – Não herdei muita coisa do meu pai.

–Foi muita sorte sua, pois Karin herdou muito mais do que deveria do pai. – embora sorrisse com a conversa agradável que começara com a filha mais nova dos Uchiha, Sakura percebeu que ela não deixou de demonstrar o sentimento de repulsa que nutria pelo pai de sua filha.

A voz de Temari ecoou na mente de Sakura: Eu soube que os pais dela estão se divorciando.

Sakura fitou Karin por um momento que estava virada para outro lado conversando com outra pessoa e não pôde conter seu coração de sentir pena dela. Apesar de não ter conseguido fazê-la mudar de opinião à respeito dos “fracassados” da escola, como as outras meninas, Karin era uma garota com sentimentos. Ela provavelmente passara por um período difícil quando o namoro com Sasuke acabou e no mesmo instante seus pais se separaram.

Depois de conversarem por mais alguns minutos, a mãe de Karin se afastou para dar oportunidade a outras pessoas cumprimentarem o casal.

Uma mulher loira e muito bonita que usava um belo vestido longo de cetim azul, estava a elogiar a Haruno segurando uma taça de champanhe. Ela dizia que era uma condensa e Sakura tinha a beleza de uma beldade merecedora de um título ainda melhor que este. Sasuke ouvia tudo calado enquanto deixava seus olhos perdidos, amaldiçoando o tempo que aparentemente não queria passar mais depressa.

De repente, ao longe, por trás das centenas de pessoas que estavam no salão, todas sorridentes conversando, bebendo e comendo, Sasuke viu uma conhecida passar por entre as outras.

Seu coração pulou no peito, no mesmo instante em que ele fixou o olhar. Ele viu a figura mover-se novamente para uma visão mais ampla e então não pôde se aquietar.

Sasuke ergueu-se de um pulo e Sakura o fitou confusa.

–Sasuke-kun?

–Eu já volto. – Sasuke a soltou e disparou pelo salão sem ao menos olhar para trás.

A silhueta conhecida dirigia-se para fora do salão, seguindo na direção das escadas. Sasuke a seguia, passando pelas pessoas e empurrando as que entrassem em seu caminho. Desceu rapidamente as escadas, saindo para uma enorme varanda, que parecia mais de uma bela casa do que de um navio e engoliu em seco quando se deparou com o homem que se encontrava encostado no parapeito de madeira, fitando-o com expressão sarcástica.

–Olá, irmãozinho.

***

Sakura ficou paralisada observando Sasuke desaparecer dentre a multidão. Desesperou-se quando ficou maquinando em sua mente qual o motivo que o fizera sair de perto dela com tanta pressa, que mal ouvia o que a mulher loira lhe dizia agora.

–Desculpe. Se me der licença. – disse ela sem olhar para o rosto confuso da condensa.

Iria procurar por Sasuke. Não seria possível que algo tão ruim estivesse acontecendo que ela mesma não percebera no mesmo instante que ele.

Quando adentrou a multidão, foi parada por uma mulher morena que tinha um sorriso de orelha a orelha.

–Por tudo que é mais sagrado! Finalmente tenho a oportunidade de conhecê-la! – disse a mulher empolgada.

–Desculpe, eu preciso...

–Sou Karina Taychin, a jornalista que escreve matérias sobre você desde que foi para Konoha morar com os Uchiha.

Sakura a fitou com os olhos arregalados de surpresa, o coração acelerado de nervosismo.

–Escreve so-sobre mim?

–Não me diga que você não lê a revista Japan Buzines? A revista mais popular do país sobre negócios e...

–Eu leio, eu só... – Sakura se lembrou que lia essa revista em Tóquio e folheava as diversas matérias sobre os Uchiha, que estavam sempre em destaque. Lembrava-se até da bela foto da mãe que saiu pela primeira vez quando ela foi contratada como a nova secretária de Uchiha Fugaku. Sakura recortou a foto da mãe com orgulho e a colou na capa de seu caderno. Mas quando se mudou para Konoha no dia do casamento, nem lhe ocorrera de que sua foto também fosse parar lá uma hora ou outra, já que a revista retratava também a vida pessoal dos Uchiha. Nem se lembrava de tal revista.

Antes nunca se lembrasse.

–Bom, é claro que agora você deve ser uma moça muito ocupada. – disse Karina um pouco infeliz por Sakura desconhecer o seu trabalho. – Mas ainda terá chance de ler todas as matérias que escrevi sobre você. É só entrar no nosso site.

–Que tipo de matéria você escreveu sobre mim? – perguntou a rosada um pouco alarmada.

–Bom, - morena começou com um sorriso – a primeira e mais interessante foi sobre a sua mudança de visual, e...

Sakura não ouviu o resto, porque sentiu um tontura de desespero lhe invadir. Podia até imaginar as fotos de comparação!

–Você vai me desculpar, - ela interrompeu a jornalista com impaciência - mas eu preciso...

–Oh, por favor! Deixe-me fazer algumas perguntas? Vou escrever uma reportagem sobre o Kokumin-no-kyujitsu,sobre esta festa maravilhosa e como a influência dos Uchiha é poderosa em termos sociais. Se conseguir uma entrevista com você, ganharei a capa!

Sakura a fitou impaciente, dando-se conta de que Sasuke já estava fora de alcance. Ela jamais conseguiria segui-lo agora. Dando-se por vencida, ela aceitou o pedido da moça jornalista, que sorriu e agradeceu com um belo sorriso.

***

–O que está fazendo aqui? – perguntou Sasuke com a voz estrangulada.

Itachi o fitou com um esboço de sorriso, os olhos estreitos e divertidos pela expressão de espanto que Sasuke fazia.

–Se esqueceu de que a presença dos Uchiha é de tamanha importância para esta festa? – Itachi esboçou um sorriso enigmático, mostrando-se distintamente vestido para a festa tradicional da alta sociedade.

Sasuke foi dando lugar a fúria enquanto fitava o rosto cínico do irmão mais velho. A última vez que o viu, Sasuke tinha oito anos e ainda sentia os efeitos colaterais da morte da mãe. Itachi acabara de brigar com o pai e fora expulso de casa. Agora estava confuso por reencontrá-lo ali. Queria saber o que estava acontecendo o mais depressa possível!

Vendo o descontrole que tomava as feições do irmão mais novo, Itachi se aproximou e gesticulou para que ele o seguisse.

Sasuke demorou alguns instantes para se mexer, mas ao ver Itachi desaparecendo por entre as pessoas novamente, ele apressou os passos na direção dele.

Itachi entrou em um corredor e desceu dois lances de escadas, seguido por Sasuke. Chegaram a um andar amplo apimentado de pessoas, onde havia piscinas, cadeiras e mesas e garçons para todos os lados. Itachi atravessou o pátio e entrou em um elevador.

As portas se fecharam no instante em que Sasuke entrou. O silêncio que pairava no ar era torturante. Sasuke fitou o irmão que estava sério e impassível. Seus olhos estreitos.

–Onde diabo você está me levando?

–Tenha paciência.

Quando finalmente saíram do elevador, Itachi seguiu por um corredor amplo e enfim parou de frente a uma porta grande de madeira.

–Entre.

Sasuke o fitou indeciso antes de passar pela porta. Viu-se dentro de uma sala enorme e vazia, a decoração lembrava o escritório de seu pai na mansão Uchiha.

–O que está fazendo aqui, Itachi? – Sasuke perguntou entre dentes, os olhos em chamas. Estava ficando furioso com a ansiedade e a confusão que embaralhava sua mente.

–Estou aqui ao acaso, Sasuke. Você não deveria ter me visto. – Itachi ignorou a expressão carrancuda do irmão, aproximando-se do bar e servindo-se de whisky. – A propósito, faço isso com freqüência. Você deveria ser mais observador.

–O que? Fica me seguindo? – embora estivesse surpreso, a voz dele saiu áspera. – Por quê?

–Ordens do nosso papai... – disse Itachi com uma expressão irônica enquanto virava o whisky goela abaixo.

–O que? O que você está...

–Acalme-se, Sasuke. Devo lhe dizer tudo do início, não tenho paciência pra ficar respondendo suas perguntas... – Itachi respirou fundo, os olhos agora tediosos olhando para o Uchiha mais novo, enquanto se acomodava em uma poltrona. – Fugaku tinha razão em esconder a verdade de você... – disse ele com o olhar perdido. – Você é impaciente.

–Fale de uma vez, porra! Você sempre adorou me irritar! – Sasuke berrou com os nervos a flor da pele, procurando algo que pudesse jogar na cabeça de Itachi.

–Como eu disse. Impaciente e descontrolado.

***

Depois da entrevista em que Sakura não fazia idéia do que havia respondido, já havia bebido três taças de champanhe. Karina, a jornalista agradecera imensamente pela gentileza da Haruno, depois saiu à procura de outra celebridade que tinha prestígio na revista Japan Buzines.

Sakura estava apavorada. Não sabia o que havia acontecido ao Sasuke, estava sozinha no meio daquela multidão que a conhecia e não sabia o que fazer. Todo aquele pânico estava tirando o seu controle de paciência e isso fazia com que ela recorresse a um péssimo hábito: a bebida. Não viu quando, nem como, só sabia que estava bebendo o champanhe que não tinha um gosto tão ardente, mas que lhe rasgava a garganta a cada gole e não lhe caía bem nos estômago.

–Pretende mesmo ficar bêbada?

Sakura se assustou ao ouvir a voz conhecida as suas costas enquanto bebia. Virou-se para o dono dela que a fitava com uma expressão séria.

–Idate! Como vai? Faz tempo que não o vejo. – disse ela meio sem jeito. Na verdade ela o via quase sempre na escola, mas não podia nem sequer cumprimentá-lo porque Sasuke não gostava.

–Não por culpa sua. – respondeu ele ressentido, deixando Sakura ainda mais desconcertada.

Ela baixou os olhos para a atadura que prendia sua mão esquerda e saltou para o lado dele.

–Idate-kun, eu sinto muito se... pelo que Sasuke disse, se ele...

–Na verdade ele não disse muita coisa. – Idate lançou um olhar significativo para a atadura, depois a fitou.

–O Sasuke quebrou a sua mão? – perguntou ela alarmada, os olhos arregalados. Se Sasuke havia feito isso, ele deveria ter lhe contado. Na verdade nunca imaginou que Sasuke poderia chegar a tanto!

–Claro que não! – Idate retrucou defendendo-se da pena dela. Sakura imaginou que ele levara uma surra do Uchiha e isso era humilhante. – Nós discutimos e eu caí e torci o pulso. Não é nada demais.

Sakura se tranqüilizou, porém ainda não se sentia melhor por ter encontrado alguém conhecido na festa. A presença de Idate estava desconfortando-a ainda mais. Ele usava o cabelo castanho arrepiado e trajes de gala da cor bege. Estava propício para a ocasião, porém não muito amigável. Sua expressão era tão desgostosa que Sakura estava começando a se irritar.

Tal irritação se intensificou quando ele perguntou irônico:

–Onde está o seu irmãzinho?

Sakura estreitou os olhos e olhou em volta.

–Está em algum lugar por aí.

–É claro que está. – Idate se aproximou dela, segurando-a pelo braço. – Não vê o que o Sasuke está fazendo com você, Sakura?

–Do que está falando?

–Ele está se aproveitando de você! Eu não posso agüentar, enquanto sei o que ele...

–Me solta, Idate! Eu preciso ir procurar o ...

–Não seja ingênua, Sakura! Enquanto você está por aqui, esquecida, se preocupando com ele e se embebedando por causa dele, o Uchiha está em algum canto do navio transando com alguma patricinha que suspira só de vê-lo passar!

Sakura se livrou do aperto em seu braço com um movimento brusco e saiu rapidamente de perto de Morino Idate. Ele arrependeu-se do que disse, no momento em que viu as lágrimas desciam por seu rosto, enquanto desaparecia pela multidão que a fitava confusa.

***

–Vai se sentar, ou terei que forçá-lo?

–Posso muito bem ouvi-lo do jeito como estou. – Sasuke ofegava enquanto fitava o irmão, o corpo tenso, as mãos trêmulas de raiva de ansiedade, de medo, não sabia ao certo o que sentia no momento.

–Pois bem. – Itachi pegou uma caixa pequena sobre a mesa ao seu lado e retirou um charuto. – Eu, digamos, que trabalho para o Fugaku desde que fui supostamente deserdado.

–Supostamente? – Sasuke repetiu entre dentes, os olhos em duas fendas.

–O que você viu naquela noite, não foi para um único público, Sasuke. Fugaku queria enganar outra pessoa.

Sasuke passou a mão pelos cabelos e coçou a nuca. Estava tão confuso que acabou sentando na poltrona de frente a Itachi e o fitou sôfrego, tentando se controlar, porque ao que parecia, era isso que Itachi queria que ele fizesse.

–Você se lembra do nosso tio, Uchiha Madara? Irmão mais velho de Fugaku?

–Já ouvi esse nome, mas não me lembro dele exatamente. – respondeu de pronto. O suor descia por sua têmpora. – O que tem ele?

–Este sim foi deserdado. Por nosso avô. – respondeu Itachi segurando o charuto com os lábios enquanto procurava o isqueiro. – A ambição e a soberba estiveram presentes na nossa família a gerações. Você conhece como ninguém a natureza dos Uchiha; são venerados e adorados, adoram o poder e o dinheiro, embora estejam afundados em fortunas, estão sempre em busca de mais... Ninguém é tão digno de honra e bravura como um Uchiha, blá, blá, blá... E Uchiha Madara era um exemplo de tudo isso ao dobro.

Como Sasuke ouvia tudo em silêncio, embora não estivesse relaxado, Itachi continuou.

–A ambição e a soberba era tanta que Madara cometeu crimes terríveis, porque se achava no poder de executá-los. Embora fosse um Uchiha, nosso avô não achou correto os abusos que Madara cometia enquanto trabalhava nas Empresas Uchiha e assim o deserdou e o expulsou sem nem um centavo no bolso.

–Fugaku herdou tudo. O nome, as posses, o poder... – completou Sasuke tentando imaginar onde tudo isso daria afinal.

–Pode ter uma idéia de como isso revoltou Madara, não? Ele era o filho mais velho, tudo seria dele por direito.

–Sim, eu tenho, Itachi! Agora me diga o que tudo isso tem a ver com você estar de volta! – Sasuke percebeu que o irmão estreitou o olhar e o desviou. Sua expressão estava mais dura.

–Madara jurou se vingar de nosso pai. – Itachi voltou a fitá-lo intensamente. – E conseguiu. – completou observando a expressão de Sasuke.

–Como assim conseguiu? – mesmo sem saber do que Itachi estava falando, o coração de Sasuke acelerou violentamente como se ele soubesse de fato a resposta. – O que quer dizer com conseguiu, Itachi? – Sasuke se colocou de pé. Suas mãos tremiam, seu corpo oscilava, os dedos apertados em punho transmitindo toda força de ira que o consumia. Algo dentro dele dizia o significado das palavras de Itachi, mas não queria acreditar nelas.

Este significado se confirmou nas próximas palavras de seu irmão mais velho.

–O acidente de nossa mãe, não foi acidente.

***

Sakura encontrou uma mesa vazia no canto do salão. Seu estômago revirava-se dentro dela por conta do champanhe, sua cabeça girava e ela só conseguia pensar nas palavras do Idate, ditas com tanta clareza quanto expressivas. Ela tentava segurar as lágrimas que ameaçavam cair, enquanto enxugava as outras que já haviam caído.

Não acreditava que Sasuke pudesse estar com outra garota, fazendo o que Idate havia pronunciado com tanto descaramento, mas agora estava confusa. Confiava no Sasuke, mas e se ele estivesse tão infeliz e irritado por Sakura não ter cedido a ele na piscina naquela tarde, e conseqüentemente ele fora procurar outra que cedesse com mais facilidade? E se ele tivesse percebido o pavor que a atormentava quando estavam no iate e sabia o motivo deste? Com certeza, Sasuke procuraria alguém mais experiente e menos idiota que ela no assunto!

Sakura queria morrer! Aquela festa no navio dos sonhos havia se tornado um pesadelo! Sasuke estava desaparecido a mais de uma hora, havia perdido os brindes que necessitavam da presença dos clãs mais importantes do Japão e além de tudo, havia deixando a Haruno sozinha, justo quando precisava muito da companhia dele. Muitos dos convidados fitavam a Haruno com preocupação, outras com desapontamento por uma convidada tão importante estar naquelas condições de desonra, outras com pena, outras com escárnio, murmurando para quem quisesse ouvir que ela era uma ninguém infiltrada na sociedade burguesa.

Sakura não se preocupava no momento com a imagem da boa moça que deveria passar. Estava mandando toda aquela gente para o diabo e amaldiçoando-se por pensar que tudo daria certo naquela festa. Estava tão irritada com os olhares das pessoas que vomitaria de propósito sobre o infeliz que se aproximasse dela.

–Sakura-chan...

Sakura lançou um olhar mortífero na direção do Idate.

–Saia daqui, Idate! Não estou me sentindo bem e não quero ouvir mais nada! Me deixe em paz!

–Pelo amor de Kami! Como você está pálida! Deixe-me ajudá-la.

–Não preciso da sua ajuda!

–Eu sinto muito se te magoei, Sakura. Por favor, me deixe levar você pra tomar um ar. Vai se sentir melhor.

–Eu não quero ir com você, só quero ir pra casa! Não me sinto muito bem...

–Eu prometo que te ajudo a procurar o Uchiha para que ele te leve para casa, se vier comigo. Você precisa respirar um pouco de ar puro.

Sakura estava tão enjoada e fraca que não sentiu-se ser levantada da cadeira pelo Idate. Eles caminharam para fora do navio e quando o vento soprou no rosto da rosada, ela estava um pouco melhor.

Encostada no parapeito, ela fechou os olhos e tentou respirar fundo.

***

Itachi fitava o irmão sem surpresa enquanto este chutava e quebrava tudo que via a sua frente aos berros.

–VOCÊ! VOCÊ E FUGAKU NÃO TINHAM O DIREITO DE ME ESCONDER A VERDADE! – Sasuke pegou uma garrafa de whisky e a atirou na parede atrás de Itachi. – POR QUE NÃO ME CONTARAM? POR QUÊ?

–Exatamente por isso. – respondeu Itachi impassível, seus olhos mostrando a sala bagunçada.

Sasuke ofegava de fúria, lágrimas molhavam o seu rosto contorcido. Via o sorriso da mãe no último dia em que estava viva.

“-Posso ir mamãe? – ele correu as escadas para encontrá-la.

–Já terminou a lição de casa? – Mikoto virou-se para ele fingindo uma expressão severa. Seu cabelo negro ao vento.

–Nem comecei... – respondeu tristonho.

–Meu amor sempre me fala a verdade! – ela pegou o pequeno aos braços e girou com ele até que ambos ficassem tontos, gargalhando até não agüentarem mais. – Prometo que não vou demorar, querido. Vou comprar aquele boneco que você me pediu para completar sua coleção. Já o encomendei.

–Jura? – perguntou Sasuke empolgado.

Sua mãe sorriu, lhe deu um beijo casto na testa e pediu para que ele começasse a lição de casa.

O garotinho ficou observando o carro da mãe deixar a mansão, depois correu para o quarto e olhou o espaço vazio em uma prateleira que logo seria preenchido pelo último brinquedo que faltava de sua coleção. Empolgado, pegou os cadernos na mochila, sentou-se na escrivaninha e ficou contando as horas para que ela voltasse logo.”

–Onde está Uchiha Madara? ONDE?! – Sasuke passou a mão nos cabelos suados, jogando-os para trás com um gesto violento. Sentia-se desorientado, tomado pela raiva. Queria pôr as mãos no responsável pela desgraça da família Uchiha, nem que isso lhe custasse a própria vida. –Por que ele não foi preso? POR QUÊ?!

–Porque Madara executou um plano perfeito. Não havia como provar que o acidente foi na verdade um assassinato.

–Onde ele está?! Você sabe onde ele está!

–Quando Fugaku percebeu que as ameaças de Madara eram verdadeiras, já era tarde demais. – disse Itachi ignorando a pergunta de Sasuke. – Ele agora tinha medo de que algo de ruim pudesse acontecer à você ou à mim, então, ao invés de tentar um acordo com Madara, como eu havia sugerido, ele preferiu revidar com a mesma moeda.

–Você sugeriu um acordo?! – Sasuke retrucou furioso, andando de um lado para outro, tentando se controlar. – Para um verme que matou uma pessoa inocente?!

–Madara sempre desejou dinheiro e poder, irmãzinho. Se Fugaku abrisse mão de sua ganância por um momento e desse o que Madara tanto desejava, ele poderia se aquietar com essa história de vingança. Porém... – Itachi hesitou enquanto tragava o charuto com os olhos longe de Sasuke.

–Porém o que? – Sasuke interrompeu seus passos por um momento, o olhar faiscante na direção do irmão.

–Fugaku provou que eu estava errado. Madara jamais aceitaria um acordo honesto, em que esse lhe beneficiasse e não fizesse Fugaku ser atirado à lama como ele depois de ser deserdado.

–Acha que Fugaku, o pai que nós conhecemos, abriria mão de suas riquezas pela vida dos filhos? – perguntou Sasuke com expressão debochada.

Ao invés de concordar como Sasuke esperava, Itachi balançou a cabeça com a expressão contorcida.

–Não suponha coisas da qual você não sabe, Sasuke. Fugaku ama seus filhos a seu modo. Ele apenas não sabe demonstrar como um pai normal.

Sasuke fitou Itachi com ironia, sem ter certeza se ele próprio acreditava naquelas palavras.

–Então acredita que Fugaku daria tudo o que tem de mão beijada para o desgraçado do Madara, para que ele desistisse da vingança? – perguntou Sasuke cético.

–Ele não fez isso, porque sabia que não adiantaria. Você não conhece Uchiha Madara, Sasuke.

Sasuke voltou a caminhar de um lado para outro, tentando ordenar seus pensamentos. Sentia-se um estúpido por estar descobrindo toda essa história só agora. Afinal, por todos esses anos, se culpava pela morte da mãe e pela expulsão do irmão do clã Uchiha, e só agora percebia o quanto havia sido idiota por deixar esta culpa afetá-lo tanto. Nunca imaginaria que houvesse tanto por trás da história que conhecia.

–Na noite em que saí de casa, - disse Itachi observando Sasuke que não havia interrompido seus passos nervosos. – Fugaku havia recebido uma nova ameaça de Uchiha Madara.

–Que ameaça?

–Madara mandou um bilhete assinado por ele para o escritório de Fugaku com o seu nome escrito em vermelho. Um bilhete similar ao que recebera um dia antes da morte de nossa mãe. Você seria o próximo.

Sasuke parou novamente, os olhos estreitos na direção do Uchiha mais velho.

–Foi então que Fugaku se desesperou e eu sugeri o acordo. – Como Sasuke continuou em silêncio, Itachi gesticulou para que ele se sentasse novamente. Sasuke, porém não moveu um músculo. – Mas quando percebemos que o acordo não adiantaria de nada, eu sugeri outra coisa que Fugaku relutou muito em aceitar.

–O que você sugeriu?

–Que ele me deserdasse.

Sasuke caminhou até o bar e procurou por uma garrafa de bebida forte que não tivesse sido quebrada por ele.

–Por que você faria isso? – perguntou confuso enquanto enchia um copo de conhaque.

–Para me aproximar de Uchiha Madara. – respondeu Itachi como se fosse muito obvio. – Tenho estado com ele nos últimos anos. Fiz coisas que você jamais imaginaria possíveis.

Sasuke fitou Itachi depois de beber só de um gole o conhaque, em silêncio.

–Assim que soube que fui “expulso” do clã Uchiha, ele me encontrou e me ofereceu abrigo. Eu o fiz acreditar de que também queria vingança e então entrei para o seu clubinho.

–Por que ainda não matou o desgraçado? – Sasuke novamente não conseguia esconder a fúria que o dominava. Nunca imaginou-se um assassino, mas o ódio que crescia dentro dele era incontrolável, era gélido, era negro. Sua mãe, a pessoa que mais amou na face da Terra, teve a vida arrancada por um monstro ganancioso que só desejava poder e dinheiro. Agora a vingança falava mais alto dentro dele e ela deveria ser ouvida, qual fosse o preço a ser pago. – Por que ele ainda continua vivo?

–Porque não é tão simples assim. – respondeu Itachi. – Me infiltrei nesse plano de vingança para proteger minha família e ao mesmo tempo fazer Madara pagar pelo que fez a nossa mãe. – Sasuke continuou a fitá-lo insatisfeito. – Por que acha que nada te aconteceu ainda? Por que acha que as Empresas Uchiha continua a crescer todos os anos sem nenhuma interferência? Porque eu agi com a cabeça, irmãzinho. Convenci Madara de que matar os Uchiha não o faria pôr as mãos na fortuna que ele tanto queria.

–Então o convenceu de que?

–O convenci de que ele deveria ser alguém temido e poderoso, antes de mais nada. Nos últimos anos, Madara têm aplicado golpes no imposto de renda, vendido obras de arte roubadas, se meteu na máfia, envolveu-se com políticos corruptos, se tornou dono de uma cidade em Tóquio onde ele controla tudo... ou seja, sua ficha ficou tão suja quanto o dinheiro que o sustenta. Ele se tornou tão rico e cheio de poder que por uns anos nem se lembrava dos Uchiha. A cada plano que ele maquinava, a cada idéia de ameaça que o invadia quando estava em perfeito tédio, eu o convencia do contrário. Estou a pá de todos os seus passos.

–E o quanto Fugaku sabe?

–Eu o mantenho sempre informado, afinal Madara me colocou como espião dos Uchiha. Tenho que está ciente de tudo sobre vocês.

–Assim como Fugaku o colocou como meu espião. – lembrou Sasuke irônico pela vida de agente duplo do irmão.

–Tento deixar você sob proteção, irmãzinho. Madara não tem apenas a mim como espião. Onde quer que um Uchiha esteja, ele deve ficar sabendo do lugar e o propósito dele. Uchiha Madara tem uma espécie de obsessão pelo Fugaku, e ultimamente pelos casamentos...

Sasuke ergueu o olhar de fúria para Itachi.

–Pelos casamentos?

–Madara ficou bastante interessado na nova família que nosso pai formou. As duas damas de cabelos róseos chamaram sua atenção. Por isso, em todo o canto tem alguém de olho e...

Sasuke sentiu seu coração acelerar com violência. A raiva o cegou completamente, fazendo-o esquecer-se de Sakura e da maldita festa!

Ele se virou com pressa na direção da porta, mas Itachi o deteve.

–Ela está segura. Eles estão de olho nela, mas não podem fazer nada se eu não mandar.

Sasuke porém não se convenceu e continuou a seguir em passos largos para a saída. Quando ele abriu a porta, Itachi chamou seu nome.

–Não deve dizer ao Fugaku o que descobriu esta noite.

–Está falando sério? Aquele velho vai se arrepender por ter escondido a verdade de mim por tanto tempo!

–Ele fez isso para protegê-lo, Sasuke. Não coloque tudo a perder. Em breve Madara estará queimando no inferno e para que isso aconteça, devemos agir com paciência.

Embora continuasse cético e frio como uma pedra, Itachi percebeu que ele concordou.

–Ah! Um último aviso, irmãzinho.

Sasuke lançou-lhe um olhar fulminante por cima do ombro.

–Tome mais cuidado. Se Fugaku descobrir quem é sua nova namorada, não sei o que ele fará com você.

Itachi tinha uma expressão divertida, embora Sasuke não demonstrasse nenhum tipo de espanto por ele saber do relacionamento secreto entre ele e Sakura. Em resposta, um esboço de sorriso se formou nos lábios dele, seus olhos se estreitaram misteriosos.

–Adeus, Itachi. – Sasuke fechou a porta e seguiu rapidamente pelo corredor.

Itachi ficou por um momento fitando a porta fechada, mergulhando nas lembranças que pelos últimos anos forçou-se a esquecer. Aquela despedida foi mais como um “até logo.”

“-Nii-san! Não vai embora!!

Itachi interrompeu seus passos e se virou para o irmão caçula que descia apressadamente as escadas, indo ao seu encontro. Esperava vê-lo chorando e assustado pela briga violentamente ensaiada que acabara de ter com o pai, mas ao invés disso, ele tinha as feições contorcidas, o rosto vermelho. Parecia ter raiva de si mesmo.

–Eu não queria ter dito nada ao nosso pai! Eu sei que você pegou aquele dinheiro emprestado, eu só fiquei com raiva porque você brigou comigo por causa dos bonecos!

Itachi fitou a impassível a criança que se desculpava, acreditando que tudo o que acontecia era sua culpa. Queria lhe explicar o que se passava, mas Sasuke era jovem demais para saber a verdade. Estava triste e traumatizado para entender. Sasuke embora fosse só uma criança, tinha a personalidade forte e o coração já estava cheio de ódio. A morte de Mikoto causou mais danos a ele, que no resto da família.

No dia do funeral da mãe, Itachi encontrou todos os brinquedos, incluindo os bonecos do exército que colecionava, queimados na lareira.

Itachi pôs as malas no chão e se aproximou do garotinho rígido à sua frente, que naquele momento parecia incapaz de derramar alguma lágrima.

–Adeus, Sasuke. – disse ele empurrando a testa do garoto com o dedo indicador, como era de costume. Estava dizendo “até logo” e desejava profundamente que ele soubesse disso.”

Em breve tudo vai mudar. Pensou ele ainda fitando a porta.

O pesadelo está quase no fim.

***

–Está tudo bem aí, Sakura?

A voz do Idate mal chegara aos ouvidos dela, enquanto Sakura estava debruçada sobre o vaso sanitário, despejando tudo o que havia no estômago, até o que não se lembrava de ter ingerido.

Quando terminou, lavou a boca e o rosto, depois abriu a porta de um dos banheiros executivos do MSC Melody.

–Eu consegui um antiácido, mas acho que não vai adiantar muita coisa. – Idate se aproximou de Sakura quando ela saiu cambaleante do banheiro. Sakura estava tão pálida como um fantasma, sua expressão cansada. Sentia-se tão fraca que não entendia como ainda poderia estar de pé.

–Estou bem melhor. Não precisa de antiácido, obrigada. – disse ela com a voz embargada.

–Acho melhor procurarmos o Uchiha.Você precisa descansar. – Idate a segurou pela cintura e Sakura, num gesto automático, apoiou a cabeça no ombro dele.

–Eu não quero ir procurar por ele. Esse navio é imenso! Fico cansada só de pensar.

–Então você espera por mim lá no convés para tomar um ar, enquanto eu procuro por ele, está bem?

–Está bem. – Sakura tentou sorrir, mas não conseguiu levantar a cabeça. Idate estava sendo muito gentil com ela. Mesmo estando tão desabilitada, ele em momento algum se aproveitou disso. Pelo contrário, estava cuidando dela com toda atenção e preocupação.

Idate encontrou um lugar calmo e aberto onde ela poderia descansar. Não havia muitas pessoas aglomeradas, apenas alguns casais conversando e garçons transitando com badejas de bebidas. Ninguém a incomodaria ali.

–Que tal aqui? – perguntou ele ainda segurando-a pela cintura, suportando todo o seu peso.

Sakura abriu os olhos lentamente, sem forças para levantar a cabeça, sentindo a brisa do mar refrescar suas feições.

–Está ótimo. – respondeu.

–Só não fique muito perto do parapeito. Não quero ter que pular no mar para salvá-la. Este terno é alugado.

Sakura riu, tentando levantar a cabeça do ombro dele.

–Obrigada, Idate-kun! – disse ela de olhos fechados. – Eu...

De repente, sem saber como, sentiu o corpo do Idate ir para um lado bruscamente enquanto o dela ia para o outro. Sakura abriu os olhos com o coração palpitando pelo susto. Viu Idate no chão, enquanto Sasuke ao seu lado apertava o pulso dela.

–Qual a parte do “fique longe da Sakura ou eu te mato” você não entendeu, Morino? – Sasuke pressionava o pulso dela, enquanto seus olhos ardiam em fúria na direção do Idate.

–Oh, entendi perfeitamente, Uchiha! – respondeu Idate solenemente, embora demonstrasse fúria nos olhos. – Mas o fato de a Satura precisar de alguém enquanto vomitava até as tripas e não havia ninguém por perto para ajudá-la, me fizeram esquecer. – Idate se pôs de pé escondendo os punhos cerrados nos bolsos da calça.

Sasuke desviou os olhos estreitos para a rosada, notando que ela realmente não parecia bem. Além de muito pálida, ela parecia fraca e vulnerável, porém seus olhos estavam tão furiosos quanto os dele.

–Me solte, Sasuke-kun! – bradou ela pelo comportamento violento do Uchiha. Sasuke tinha atirado Idate ao chão e isso a irritou ainda mais. Ele a fitou com uma expressão de surpresa e de raiva ao mesmo tempo, sem largar-lhe o pulso. – Não tem direito de ficar zangado com o Idate-kun! Ele me ajudou enquanto você me deixou sozinha! – Sakura se arrependeu do que disse no momento em que viu a expressão insana que se formou no rosto dele e a fúria que escureceu ainda mais os seus olhos.

–Deve levá-la para casa. Sakura não se sente bem e...

–Se disser mais alguma coisa, atiro você para fora do navio! – a voz do Uchiha saiu mais ameaçadora do que Sakura estava acostumada a ouvir.

–Vai mesmo fazer isso com a sua imagem de Uchiha bom moço? – Idate gesticulou com os olhos, mostrando as pessoas que se mostravam curiosas com a cena do trio.

–Está duvidando? – Sasuke deu um passo firme na direção do Morino, mas Sakura se pôs na sua frente cambaleante.

–Pare, Sasuke! – ela segurou no peito dele com a mão livre, juntando toda força que tinha para empurrá-lo para trás. – Vamos embora, onegai!

Sasuke continuava com os olhos no rosto idiota do Morino que tentava esconder a raiva.

–Obrigada mais uma vez, Idate-kun! – disse Sakura por cima do ombro.

–Não foi nada. – respondeu o Morino com um sorriso discreto para ela. Antes de virar as costas, ele lançou um olhar de desafio para o Sasuke que o devolveu a altura.

–Está me machucando, Sasuke! – Sakura puxou o pulso em poder dele, sem muito sucesso.

–“Sasuke”? – ele repetiu com irritação por ela não ter dito o famoso “kun” no final. Ele a puxou para mais perto, colando seu corpo ao dela com um gesto rápido e um tanto indelicado. – Está com raiva por eu ter deixado você sozinha, mas isso não é motivo para aceitar ajuda daquele idiota! Eu estava...

–Não quero saber onde e nem com quem você estava! Só quero ir embora daqui! – interrompeu a rosada com uma raiva inesperada.

–Ótimo!

Sasuke a puxou pelo pulso, levando-a em direção ao elevador. A forma como Sakura estava abraçada com Idate quando ele os encontrou, o jeito como ela o defendeu, deixou Sasuke fora de si. Estava furioso demais para conversar e lhe explicar o que havia acontecido naquela noite. Esperaria ambos se acalmarem.

***

De volta ao iate que os levaria para a bela casa hexagonal de praia, Sakura não podia esconder o mal-estar que a sufocava. Além de não se sentir bem fisicamente, sua cabeça estava na pior situação possível. Não queria imaginar o que Sasuke estava fazendo longe dela, nem pensar na possibilidade das acusações do Idate contra ele. Não se sentia triste, nem tinha auto piedade. Uma fúria desgarrada tomava conta dos seus sentidos. Era a primeira vez que se sentia dessa maneira a respeito de Sasuke.

Ele aparentemente estava tão furioso quanto ela, mas Sakura não se importava. Quando entraram no iate, ela disse com toda coragem e irritação que desejava ficar sozinha e Sasuke soltou um palavrão, ignorando-a e ficando exatamente onde ela estava, enquanto virava várias doses de whisky goela abaixo.

Quando o iate ancorou no píer da mansão, eles não haviam trocado nem mais uma palavra. Porém, antes de descerem do barco, Sasuke a segurou pela cintura, ignorando a relutância da garota que dissera não precisar da ajuda dele.

Enquanto caminhavam na direção da casa, Sasuke a segurou pela cintura mais uma vez, puxando-a para si com um gesto bruto.

–Já disse que não preciso da sua ajuda! – disse ela buscando forças para ter certeza de tal afirmação. Estava tão lívida e fraca, que mal conseguia enxergar o caminho.

–E eu já ouvi e não dou a mínima. – retrucou o moreno entre dentes. Sakura jamais fora tão orgulhosa, como mostrava-se naquele momento.

–Eu não sou uma inútil! Posso caminhar muito bem sozinha!

–É claro que pode. – disse ele em meio a ironia e a fúria. – Vai acabar passando a noite aqui na praia.

–Talvez seja uma boa idéia!

Os passos do Uchiha se intensificaram enquanto a carregava consigo e Sakura percebeu que não adiantaria de nada discutir. Deu-se por vencida e deixou que ele a levasse até o quarto.

Quando chegaram lá, Sasuke limitou-se a fitá-la enquanto a sentava na cama e saía do quarto novamente. Ele bateu a porta com força e Sakura pôde escutar os passos firmes e furiosos nos degraus enquanto ele descia as escadas.

Sakura sentia-se muito mal para deixar alguma dor de culpa lhe invadir. Depois de vomitar mais uma vez, tomou um banho de água fria e engoliu dois comprimidos para enjôo. Minutos depois, estava totalmente apagada e assim ficou o resto da noite.

***

Sasuke despiu-se e mergulhou na piscina. O calor, a situação de fúria e tensão que se encontrava o seu corpo e mente não o ajudavam. A água fria deveria aliviar um pouco o seu estado de emergência. Depois de algumas braçadas e mergulhos, ele parou e encostou-se na parede da enorme piscina de braços abertos.

Fechou os olhos.

Aquela noite não estava parecendo em nada com a noite que ele imaginou. Não pretendia deixar Sakura sozinha em nenhum momento, mas o encontro com Itachi o desesperou. A longa conversa que teve com ele, o perseguiria pelo resto do tempo em que esconderia do pai. Sua vontade era ligar naquele exato momento e dizer ao Fugaku tudo que pretendia, colocar todas as cartas na mesa!

Sasuke lutava contra o impulso de fazer isso. Afinal, ele acordaria o pai (se por acaso este estivesse dormindo), e arruinaria o seu feriado com a esposa na fazenda Uchiha, e certamente Fugaku o mataria por isso.

O Uchiha tentou relaxar. Itachi parecia ter razão, pensou. Sasuke era descontrolado, impaciente. Ele jamais conseguiria conviver com o assassino de sua mãe, apenas esperando o momento propício para fazê-lo pagar.

Sasuke admirou a coragem e inteligência do irmão mais velho, amaldiçoando-se por não ser como ele. Talvez se possuísse ao menos um pouco daquele autocontrole, Fugaku não teria escondido a verdade dele.

Sasuke saiu da piscina e enrolou uma toalha envolta da cintura depois de se secar. Ainda se sentia tenso e quente, como se a raiva queimasse seu corpo por dentro. Percebeu que essa fúria não tinha nada a ver com o encontro com Itachi naquela noite. Estava furioso por Sakura estar irritada com ele. E mais uma vez o motivo era Morino Idate. Ah, como odiava aquele desgraçado! Se não fosse por ele, que intensificou ainda mais a raiva que sentia, Sasuke teria persuadido a Haruno com seus beijos e cuidado dela com mais gentileza. Estaria naquele momento ao seu lado na cama, esperando-a dormir e certificando-se de que já se sentia melhor.

Sasuke subiu as escadas e seguiu na direção da suíte onde Sakura dormia. Ele abriu a porta lentamente e se aproximou da cama. As portas da varanda estavam abertas, deixando o luar iluminar o corpo lânguido que estava descoberto.

Ele parou ao lado da cama e a fitou. Sakura respirava profundamente, seus cabelos estavam espalhados pelo travesseiro, seu rosto inexpressivo e sereno como o rosto de um anjo esculpido em pedra.

Sasuke sentiu-se mais relaxado enquanto a observava ali, daquela maneira inocente e serena, do jeito como a conhecia. Seus olhos se deliciaram quando estes pousaram no corpo esbelto que se mostrava contra a camisola de seda que ela usava.

Lutando contra o impulso de tocá-la, Sasuke pegou na ponta do lençol e a cobriu lentamente, sem resistir o desejo de tamborilar seus dedos delicadamente pelas pernas dela até a altura da cintura.

Debruçou-se sobre ela e depositou um beijo casto em seus lábios, depois saiu do quarto ignorando os impulsos tirânicos de seu corpo que a desejava.

***

Quando acordou no dia seguinte, Sakura demorou alguns minutos para se lembrar de onde estava e o que havia acontecido na noite anterior. Havia dormido tanto que seus músculos estavam doloridos e seu corpo ainda mais fraco.

Levantou-se da cama e se contraiu quando ouviu um ruído no estômago vazio. Estava faminta.

Depois de tomar banho para despertar do sono e de se vestir, Sakura desceu para o primeiro andar receosa em encontrar Sasuke esperando por ela. Ainda estava irritada e desencorajada para encará-lo.

Mas para sua surpresa e alívio, ele não estava lá. Sakura encontrou duas empregadas limpando a sala de estar. Ela as cumprimentou, depois seguiu pela cozinha. Deparou-se na sala de jantar, com uma mesa repleta das mais deliciosas guloseimas e frutas para o café da manhã.

–Ohayo, senhorita! – disse a responsável pela mesa que se aproximava com uma bandeja nas mãos.

–Ohayo! – Sakura sorriu de olho na mesa apetitosa a sua frente.

–Espero que esteja se sentindo melhor. O Sasuke-sama disse que a senhorita não passou uma noite muito agradável e que acordaria faminta, então cuidei de preparar um café da manhã majestoso! – a mulher sorriu gesticulando para que Sakura se sentasse. – Espero que esteja melhor e consiga comer.

–A sim, eu estou! O remédio que encontrei no banheiro foi milagroso. Além de me curar do enjôo, me fez ter certeza de que jamais tomarei champanhe novamente! – Sakura respondeu feliz pela mulher parecer tão humilde e educada. Ficou um tempo pensativa, imaginando Sasuke dizendo a cozinheira que ela precisava se alimentar. Se ainda não estivesse irritada pela última noite, sentiria ternura pela preocupação que ele demonstrara.

Sakura escolheu dentre a variedade de bolos e frutas, enquanto conversava com a cozinheira Yoko, como ela havia se apresentado. Seus olhos estavam atentos para todos os lados em que Sasuke pudesse passar.

–Yoko, sabe me dizer se o iate está ancorado no píer? – perguntou a rosada ligeiramente curiosa.

–Não, Sakura-chan. Não está lá. Parece preocupada com o Sasuke-sama. Ele está...

–Eu não me importo onde ele esteja. Pra mim não faz diferença... – disse Sakura ruborizada pela cozinheira ter notado o motivo da pergunta.

Enquanto se servia, Sakura ficava atenta para a porta da sala de jantar em que Sasuke passaria a qualquer momento. Estaria preparada para ele. Iria enfrentá-lo e descobrir o motivo dele tê-la abandonado na festa.t

Porém ele não apareceu enquanto ela comia, nem quando terminou. Nem mesmo à tarde quando os empregados terminaram seus serviços e foram embora da mansão.

Sakura não sabia o que pensar, nem tinha certeza do que sentir sobre o segundo sumiço de Sasuke. Ao mesmo tempo em que estava triste, estava irritada. Sasuke estava ignorando ela? Então ela faria o mesmo até voltarem para Konoha!

Sakura vestiu um vestido simples de alcinhas finas e saiu da casa. Caminhou pela praia, notando que o dia parecia mais escuro. Estava nublado, o mar não era do mesmo azul intenso do dia anterior, estava cinzento e agitado. Estava chegando uma tempestade.

Ela ficou na praia até o pôr do sol, sentada na areia olhando para o horizonte à espera do iate onde Sasuke viria. Lembrou-se que naquele dia haveria em café da manhã em uma ilha, como segunda parte da festa beneficente e um Uchiha deveria comparecer. Com certeza, Sasuke decidira ir sozinho depois da noite horrível que eles tiveram. Ele provavelmente, passaria a noite lá, visto que estava chegando uma tempestade e era muito perigoso para um iate em alto-mar.

Não agüentando mais aquela agonia, Sakura levantou-se e correu na direção da casa, sentindo-se derrotada como nunca. Não podia acreditar que passaria um dia inteiro sem vê-lo e que Sasuke tinha a audácia de fazer isso com ela!

Adentrou o jardim da bela casa, sentindo as primeiras gotas de chuva molharem seu corpo. Passaria a noite sozinha e sentia-se à beira do desespero.

Quando passou pelas portas de vidro dos fundos e pela sala de jantar, seu corpo congelou.

Sasuke descias as escadas.

Ela parou ofegante, fitando-o enquanto ele se aproximava. Sasuke levou seus olhos impassíveis a ela, sem interromper os passos.

–Onde você estava? – ela perguntou, fazendo-o parar com o corpo virado para o lado.

–Pensei que não se importasse. – respondeu ele sombrio.

Sakura o fitou tensa, o coração palpitando. Ele permanecera na casa todo o tempo e ouviu a breve conversa que ela teve com Yoko, a cozinheira.

–E não me importo! – gritou ela desafiante. Sentia-se humilhada por ele, que havia se escondido dela de propósito para fazê-la se arrastar de volta derrotada. – Você está fazendo desse feriado o pior feriado da minha vida! Se você quer se isolar de mim, eu também farei o mesmo com você!

Sakura deu as costas a ele e saiu pela porta da frente com passos apressados e firmes. A chuva desabou sobre ela, enquanto caminhava com irritação, sem rumo pelo jardim de entrada, sem se importar em ficar ensopada.

Sentiu a mão firme de Sasuke no seu braço virar o seu corpo e puxá-la para si.

–Sua irritante!

Só deu tempo de Sakura ver através dos cílios molhados a expressão dura no rosto de Sasuke, antes de ter seus lábios capturados por ele.

Sakura lutou enquanto sentia a pressão brusca dos lábios dele contra os dela, mas desistiu quando Sasuke a apertou contra o seu corpo, segurando-a pela nuca e pela cintura. Sakura lentamente foi se rendendo ao beijo, à medida que a pressão violenta de Sasuke se desfazia. Ela sentiu suas pernas fraquejarem quando a língua dele acariciou seus lábios e lhe invadiu a boca, provocando um gemido abafado.

Ao perceber que as forças dela se esgotaram, Sasuke a levou para dentro novamente depois de interromper o beijo. Ele segurou no queixo dela, forçando-a a encará-lo.

–Sasuke-kun... – ela desviou os olhos. – O que está acontecendo? – perguntou ofegante e trêmula pelo frio de seu corpo molhado.

–Estou com ciúme, Sakura. Simples assim. – Sakura o fitou e pôde enxergar o brilho da fúria nos olhos dele como chamas. – Eu não queria deixá-la sozinha, mas tinha uma coisa importante a fazer. Como pôde acreditar que eu estava com outra garota? – perguntou entre dentes ao se lembrar da pessoa que poderia tê-la feito imaginar essa idiotice.

Sakura o fitou envergonhada por ele ter percebido que ela havia pensado em tal possibilidade.

–Eu não acreditei. – admitiu ela. – Eu só estava preocupada e confusa. Toda aquela gente rica estava me deixando louca! – Sakura percebeu que ele ainda não parecia satisfeito O ciúme que ele admitiu sentir, era expressado na raiva que escurecia seus olhos. – Sinto muito se o irritei por estar com o Idate, mas é que não havia outra pessoa que eu conhecesse.

Sasuke respirou fundo e fechou os olhos por um momento.

–Vamos esquecer isso. – disse ele segurando-lhe o rosto e encostando a testa à dela. – Pelo menos por agora. Não quero brigar com você.

–Eu também não, Sasuke-kun... – Sakura sentiu-se aliviada enquanto a tensão de Sasuke o abandonava e seus braços a cercaram num abraço aconchegante.

–Você está congelando. – disse Sasuke ao sentir o corpo trêmulo contra o seu. – Venha.

Eles subiram abraçados pelas escadas e Sasuke parou de frente a porta do armário que havia no corredor e pegou uma toalha. Ele a abriu e passou pelos cabelos da rosada, pelo rosto e desceu pelos ombros lentamente.

Sakura levou seus olhos até os dele, com o coração exasperado. Sasuke também a fitou com os olhos estreitos, enquanto descia a toalha. Sentia seu corpo reagir instantaneamente ao toque e a aproximação de seus corpos, não podendo conter o desejo de tocar seus lábios naquela pele convidativa.

Sasuke deixou que a toalha escorregasse para o chão, levando a mão até o ombro dela para baixar a alça do vestido. Deixou que seus lábios traçassem linhas de fogo pela pele de Sakura enquanto a beijava lentamente. Seus beijos começaram no ombro, cruzaram o caminho do colo e subiram para o pescoço da cerejeira, que sentia os efeitos do toque quente e experiente de Sasuke a deixarem fora de si.

Sasuke foi tomado pela ansiedade de possuí-la, apertando-a contra si, empurrando-a para a parede e tomando os lábios dela com um beijo sedento de paixão. Nunca desejou tanto um mulher na sua vida como desejava Sakura naquele minuto. Sua mente fervia no desejo descontrolado de dar vazão à necessidade de tê-la naquela instante.

Com o corpo tenso e excitado, Sasuke interrompeu o beijo que quase o deixou insano e apoiou as mãos na parede atrás de Sakura.

–Se eu continuar, não vou conseguir parar. – confessou perdido nos olhos dela, que brilhavam de puro ardor inocente.

Sakura viu-se obrigada a admitir a si mesma que não queria que ele parasse. Embora existisse certo medo do desconhecido, ela sabia da vontade e coragem suficiente para mergulhar nesse desconhecido com ele.

Sasuke se mantinha ofegante, controlando o desejo que o invadia, deixando suas mãos apoiadas na parede atrás de Sakura, esperando pela resposta que com certeza o faria se afastar com muito custo. Talvez Sakura o empurrasse com violência e horror, fazendo-o se amaldiçoar por seu desejo de saciar o pecado da carne com ela tão ferozmente.

Porém, Sakura fez uma coisa que ele não esperava.

Em resposta, ela levou suas mãos trêmulas ao peito dele, deslizando-as até a nuca e colocando-se na ponta dos pés, roçou seus lábios aos dele, começando um beijo terno e inocente. Sasuke sentiu seu corpo reagir imediatamente àquele toque delicado, como se fosse incendiado por dentro.

Suas mãos a apertaram contra o seu corpo fortemente, enquanto o beijo se tornava mais urgente, mais sedento. Os lábios de Sakura correspondiam com ardor desconhecido até mesmo para ela, deixando Sasuke à beira da insanidade.

Ele imaginou-a despida, entregue totalmente às suas mãos e a sua vontade, não podendo conter uma urgência insana em possuí-la de uma vez. Porém sabia que deveria se controlar. Tinha consciência do anjo em poder de suas mãos. Não era nenhuma das garotas que já ocuparam sua cama, onde ele buscava prazer e diversão numa noite de irresponsabilidade. Era Sakura que estava ali. A peça rara em sua vida. A pessoa que possuía seu coração, a primeira por quem havia se apaixonado.

Sem interromper aquele beijo caloroso, Sasuke os conduziu até o quarto que se localizava a poucos passos de onde estavam. Sakura deixava-se ser levada pelas mãos dele, os olhos fechados, a respiração entrecortada, sentia o volume contra a calça de Sasuke pressionado em seu ventre.

Sasuke a forçou gentilmente a se sentar na cama, enquanto ele se afastava um passo desabotoando a camisa molhada.

Sakura abriu os olhos um pouco confusa, não havia palavras existentes a serem pronunciadas. Os olhos de Sasuke estavam escuros e estreitos, fitando-a com tanta intensidade que Sakura sentiu um rubor ardente tomar-lhe as feições.

A única luz dentro do quarto vinha do banheiro aberto da suíte. A luz prateada cobria a pele de Sasuke que se revelava para fora das roupas. Sakura percorria seu olhar tímido pelo corpo másculo do moreno, sabendo que Sasuke a observava com seu olhar misterioso de puro desejo.

Ela levantou os olhos até o rosto dele, certificando-se de que estava certa. Sasuke tinha um meio sorriso enquanto se livrava das calças.

–Não vai tirar o vestido? – a voz rouca ecoou aos ouvidos dela, fazendo seu corpo arrepiar-se. Sakura desviou os olhos apertando os dedos contra os lençóis, ofegante, incapaz de respondê-lo. – Não tem problema, eu mesmo tiro.

Sasuke se aproximou e a beijou calorosamente, puxando os cabelos de sua nuca. Sakura não teve tempo de verificar se ele já estava totalmente despido, pois já se encontrava deitada na enorme cama com os lábios a mercê de Sasuke. Suas mãos estavam inertes ao lado do corpo, seus olhos muito bem fechados. Tinha plena confiança em Sasuke, mas também havia certo medo. Deixar-se-ia levar pelo desconhecido, mesmo que ele lhe parecesse apavorante.

–Abra os olhos, princesa... – Sasuke sussurrou enquanto distribuía beijos pelo seu rosto e pescoço. – Nada é diferente de quando nos beijávamos um minuto atrás...

–Só que você não estava sem roupa. – replicou com um fio de voz.

–Você ainda está.

Não por muito tempo. Pensou ela respirando fundo.

Sasuke soltou uma risada baixa como se lesse sua mente, voltando a beijá-la e a observando enquanto as esmeraldas saíam de seu esconderijo. Ele se apoiou em um braço e sem retirar os olhos daqueles orbes verdes e brilhantes, levou seus dedos até as costas dela e abriu o zíper lentamente. Tinha total consciência da respiração acelerada da rosada, tal como as batidas exasperadas de seu coração, todas para ele. Nenhum homem havia tocado naquele corpo, ninguém a havia feito se sentir como se sentia. Essa conclusão fez o Uchiha sentir-se vitorioso como nunca. Seu interior gargalhava em satisfação. Possuía uma jóia única no mundo e era totalmente e somente dele.

O vestido foi sendo retirado lentamente pelas mãos de Sasuke e seus olhos deleitaram-se no corpo intocado e maravilhoso que era somente dele.

Sakura experimentava uma sensação única enquanto observava os olhos negros de Sasuke percorrerem seu corpo quase nu. Ele ofegava, podia ver seus músculos se contraírem, tentando conter o desejo avassalador que o consumia.

–Você é linda... – disse ele depois de ter o vestido molhado totalmente retirado, agora jogado no chão da suíte. Sasuke conteve um gemido ao ter ao alcance de seus olhos os seios roliços e firmes, a cintura fina e os quadris levemente arredondados agora despidos.

Seus lábios foram de encontro a um mamilo rosado, enquanto acariciava outro com a mão. Sakura não pôde conter um gemido. O prazer que fluía daquele toque era tão intenso que a fez arquear-se na cama.

Sasuke a fitou satisfeito por fazê-la sentir o mesmo prazer que ele sentia por ela. Com um sorriso torto e um olhar enigmático, ele desceu os beijos lentamente pela barriga enxuta da cerejeira, fazendo-a separar a coxas.

–Não! – Sakura protestou com um sussurro de terror quando percebeu onde ele pretendia chegar. Ao invés de deixá-lo irritado como ela esperava, Sasuke deu uma risada discreta, interrompendo os beijos e retirando a calcinha lentamente, a última barreira entre eles. Ele voltou a acariciá-la com seus dedos, com seus lábios, provocando, brincando, até sentir a tensão deixá-la, suas coxas se afastarem de livre e espontânea vontade, cedendo à persuasão gentil.

As sensações de prazer que despertaram em Sakura no momento em que os lábios dele a tocou, foram um convite para o seu desejo aumentar. Uma chama ardente incendiou o seu corpo, concentrando-se no íntimo que Sasuke acariciava com os seus lábios. A partir daquele momento ela não pensava mais em nada. Sua mente estava voltada apenas para as reações que seu corpo retribuía em resposta às carícias de Sasuke.

Ao sentir o calor e umidade com que Sakura o recebia, Sasuke quase perdeu de vez o controle. Porém lutou e venceu, voltando sua atenção para os olhos dela, para as feições de prazer que o enlouquecia.

–Sakura... – seu peito oscilava, cada músculo do seu corpo implorava por ela.

Sakura o tocou no peito, sentindo a carne tensa se contrair com o contato de sua pele e um gemido abafado sair por entre seus lábios. O rosto de Sasuke exibia a paixão desesperada, seus braços se apresentavam tensos e ele respirava com dificuldade. Sasuke fazia o possível para se controlar e não assustá-la. Sakura sentiu seu coração se encher de ternura enquanto lhe acariciava o rosto.

–Eu quero você... – ele confessou beijando-a com ardor, vasculhado com a língua a boca tão atrativa que o instigava. – Você me deixa louco... – seus dedos tamborilavam pelas coxas sedosas, chegando até a parte mais sensível do corpo curvilíneo abaixo do seu. Ele a tocou levemente, sentindo a cavidade quente e molhada, pronta para recebê-lo.

Ele se posicionou sobre ela, sem jamais deixar de beijá-la e acariciá-la de maneira sedutora, instigando-a ao roçar seu membro rijo e latejante no íntimo molhado.

–Não vou machucá-la... – sussurrou nos lábios dela.

O coração de Sakura deu um salto no peito em uma mistura de prazer e terror, quando ela sentiu a virilidade de Sasuke pressionada entre suas pernas. Porém, ao invés de penetrá-la, ele rolou os quadris aos dela, movendo-os em círculos, que a deixou tonta de desejo, afastando o medo, substituindo-o pela necessidade desesperada de se render a ele por completo.

–Eu sei que não vai...

Com um gemido abafado, Sasuke a penetrou parcialmente, para então voltar a penetrá-la com maior profundidade, até seus corpos estarem totalmente unidos. O suor banhava-lhe a testa, enquanto ele lutava bravamente contra as exigências desesperadas de seu corpo, movendo-se lentamente dentro de Sakura, observando-lhe as feições ruborizadas e contorcidas de prazer.

Com a cabeça pressionada no travesseiro, Sakura ergueu os quadris, trêmula e ofegante, buscando a satisfação que Sasuke estava disposto a lhe dar. Imediatamente, ele aumentou seus movimentos.

Uma explosão de êxtase tomou conta do corpo de Sakura, arrancando-lhe um grito quase selvagem de prazer. Com um último e desesperado beijo, Sasuke juntou-se a ela no clímax da paixão.

Ele rolou para o lado dela, levando-a consigo, deixando seus corpos entrelaçados com muita intimidade. Quando recuperou o fôlego, Sasuke beijou-a na testa.

–Você está bem? – Sasuke sentia uma felicidade imensa como nunca imaginou possível acontecer.

–Sim. – ela sorriu e o beijou delicadamente, desejando que o mundo parasse de girar.

==========================================Continua...


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Notas finais do capítulo

*Aparecendo de fininho....*



E aí, amores e amoras!! Nossa que saudade de vocês! Três meses sem atualizar?! *O* OMG!

Gente, me desculpem de verdade! Quando eu tinha tempo pra escrever, eu tava sem inspiração e sem inspiração não dá pra fazer nada de bom! =X

Mas enfim, o capítulo do tão esperado hentai está aí e eu espero que vocês tenham gostado! XD



Agradecimentos SuperHiperMega especiais a:



Mik

Lu Hyuuga

Cruuush

Camilacullen

—Hime

Eux

Sakuu-chan

AleSprite

carolinapuc

Larissa-chan

Okada-Mika

Okada-Mika

minna

Lumii

Claudinha-san

amor

RenesmeeCarlie

lovely_cherry

Lih-Hime

Aimi-chan

harunok



86 recomendações é de deixar qualquer um maluco!! =X



Muito obrigada pelo carinho, galera! XD



A todos que me deixam reviws, a todos que estão acompanhando Ai Chikara no anonimato, muito obrigada! =D Sejam bem vindos os novos leitores, AMÉM!





Quero que todos saibam que eu leio cada reviw que recebo e se ainda não respondi é porque são muitos pro meu tempo curto, infelizmente! =(



Mil beijos e devo avisar vocês de que, infelizmente o próximo capítulo só poderá sair em janeiro. Dezembro é barra pesada!





=Denny





FUI!!