Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 26
Capítulo - XXVI - Feriado




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Cap XXVI: Feriado

Cada dia que passava ao lado dela era único. Cada minuto que corria era especial. Até mesmo os segundos eram valiosos para o jovem Uchiha.

Ele tinha com Sakura uma sintonia jamais antes experimentada. As sensações eram novas, eram diferentes e acima de tudo, maravilhosas. Sensações das quais nunca sentira com outra pessoa, e acreditava nunca existir. Nunca imaginou-se apaixonado, nunca pensou em tal possibilidade. Amar? Para ele o amor jamais existiu. Era uma mentira, uma enganação. O que você pensa que é o amor, na verdade é uma armadilha que você mesmo provoca. A prova de que o amor não existia, viera depois da morte de sua mãe. Sasuke não imaginava um mundo com amor sem a pessoa que mais demonstrou tal sentimento por ele. Era uma contradição, uma estupidez amar...

Até que... Seu coração batia forte a cada segundo que seus olhos se encontravam com os dela. Até que esse mesmo órgão se apertava quando tentava imaginar uma vida sem aqueles olhos.

Sakura era a prova viva de que o amor existia e que ele podia senti-lo. Quem ousaria lhe dizer o contrário?

O sol se escondia no horizonte enquanto Sasuke degustava de mais alguns minutos sentindo o perfume inebriante dos cabelos róseos da cerejeira. Ela repousava a cabeça sobre o seu ombro, olhando para o pôr do sol, que tantas vezes assistira com ele no mirante. Sempre depois da aula eles visitavam o local onde pela primeira vez se beijaram.

–Em que está pensando? – Sasuke deixou-se perguntar com os olhos fechados, enquanto sentia o perfume dela. Sakura estava muito quieta se comparada às outras tardes em que estiveram ali, e isso não era de todo normal. Afinal o que mais faziam naquele mirante era conversar. Pelo menos da parte da Sakura, já que ela sempre inventava uma história quando percebia que ele a fitava de um jeito diferente, sabendo que queria beijá-la.

–Nada. – ela respondeu um pouco temerosa. Sasuke a sentiu ficar mais rígida sobre ele. – Está ficando frio.

Sasuke abriu os olhos e percebeu que já estava escuro. O sol se fora.

–Quer ir embora?

Sakura se levantou meio sem jeito, apoiando os braços sobre o peito dele.

–Se você não se importa... – disse ela olhando timidamente nos olhos de Sasuke. – Podemos ir?

Ele a fitou por um momento com os olhos estreitos, não entendia o que acontecia com ela.

–Claro. – Sasuke se inclinou e lhe deu um beijo casto na testa, depois se levantou.

Sakura já estava de pé ao lado dele com o casaco que forrara sobre a grama em suas mãos. Sasuke sentiu-se incomodado por não saber o que a chateava. Seria ele?

Antes que Sakura chegasse ao carro, Sasuke a puxou de encontro a ele. A rosada estremeceu quando os lábios dele encontraram a pele de seu pescoço. Sasuke a apertou contra o seu corpo e subiu os lábios até o ouvido dela.

–Terei que obrigá-la a me dizer o que te incomoda?

Sakura segurou a respiração quando a voz dele, rouca e sussurrante ecoou em seu ouvido.

–Nada me incomoda. – a voz dela saiu por um fio.

–Por que está mentindo? – ao invés de abaixar a cabeça para fitá-la, Sasuke pressionou suas mãos na cintura delicada de Sakura e a levantou. Seus lábios roçaram nos dela, fazendo Sakura fechar os olhos.

–Não estou mentindo. – retrucou ofegante. As esmeraldas ainda escondidas, o coração batendo acelerado.

–Quando mente você fica corada. – Sakura abriu os olhos e percebeu apenas o óbvio: não podia esconder nada dele. Até o minúsculo detalhe não passava despercebido diante daqueles olhos.

Sakura desviou os olhos e hesitou.

–Não é nada que possa te incomodar, Sasuke-kun... – Sakura o fitou novamente e percebeu a irritação nos olhos dele. – Podemos ir? Está ficando tarde.

Sasuke fez uma careta de desgosto por ela ter encerrado o assunto, mas não se daria por vencido ainda. Sakura teria que lhe dizer o que estava acontecendo mais cedo ou mais tarde. Afinal, ela não percebera que o que a incomoda, o incomoda também?

–Como quiser. – ele disse meio sem vontade, mas foi convincente.

Sasuke a colocou no chão, mas ainda não a libertou. Ele a beijou. Seus lábios encostaram aos dela lentamente como se apreciasse um doce raro e caro.

A cabeça de Sakura girou, suas pernas tremeram e seu único instinto foi cercá-lo com os braços. Ela pressionou a boca contra os lábios de Sasuke e aprofundou o beijo. Sasuke a retribuiu da mesma maneira, acariciando-a com a língua. Sakura suspirou sentindo seu corpo inteiro estremecer, arrepiar-se; sensações deleitosas que descobrira com Sasuke.

Eles se separaram buscando por ar, enquanto Sasuke deixava o canto de sua boca subir em um sorriso torto.

–Pensei que quisesse ir embora. – disse ele roçando o nariz ao dela.

Sakura ficou corada e desviou os olhos dele.

–A culpa foi sua... – ela sorriu e o beijou novamente.

***

–Farei o que você quiser, Yori.

O Sr. Uchiha fitava a esposa segurando sua xícara de café no alto.

–Não temos que aparecer por lá. – prometeu ele, atento a reação da mulher.

Yori levantou a cabeça e fitou o Uchiha sentindo-se péssima por ele sempre desistir de tudo por sua causa.

–Nós, não. Mas você, sim.

–Se pensa que passarei o feriado longe de você, está muito enganada.

–Pelo amor de Kami, Fugaku! Não pode fazer isso! É sua reputação.

–Para o inferno com a minha reputação! – Fugaku largou a xícara sobre a mesa e tentou se controlar. Os dois pares de olhos esmeraldinos o fitavam receosos e ele odiava quando isso acontecia.

Sakura estava à mesa, revisando seu dever de casa sem prestar muita atenção até aquele momento. Sentia-se uma intrusa intrometida quando presenciava a mãe discutindo qualquer assunto com o padrasto. Esperava que Sasuke descesse logo para que fossem para a escola.

–Me desculpem. – disse o Sr. Uchiha ajeitando-se na cadeira. – Eu só quis dizer, Yori, que eu não preciso comparecer a tal festa beneficente. Um cheque com o nome Uchiha aparece por lá todos os anos, tendo ou não minhas fotos estampadas em todos os jornais e revistas do país.

Sakura voltou sua atenção para o livro em suas mãos, agora entendendo o que se passava entre eles. Lembrou-se que na noite anterior ouviu sua mãe comentar com o marido que não gostaria de acompanhá-lo a mais uma festa. Porém, o comparecimento do Sr. Uchiha era de vital importância para o evento. Sua mãe lhe pedira apenas que ele fosse sem ela, mas Fugaku não aceitou.

E pelo jeito a discussão rendeu por uma noite inteira.

–Estava pensando em levá-la a fazenda neste feriado prolongado. – Sakura ouviu a voz do padrasto agora bem mais calma. Ele levou a xícara até os lábios sem tirar os olhos da esposa do outro lado da mesa. Ele sabia que Yori adorava visitar a fazenda Uchiha. – Sasuke poderia ir a festa beneficente em meu lugar.

Sakura, agora atenta a conversa, olhou de canto para o Sr. Uchiha que ainda tinha os olhos na esposa.

–O Sasuke deve ter planos para esse feriado. – respondeu Yori secamente. Ela mantinha os olhos no seu café da manhã, sabendo que o marido a fitava.

Este sorriu vitorioso. Para ele, mesmo com aquela aparente irritação, Yori havia gostado da idéia. Sasuke era o último de seus problemas.

–Bobagem. Não há nada mais importante para meu filho fazer no feriado, que algo do qual eu ofereça a ele.

–É mesmo? – a voz de Sasuke ressoou pela porta às costas de Sakura. Ela o fitou e sorriu, extremamente corada quando ele se aproximou e lhe deu um beijo demorado no rosto desejando-lhe bom dia. Ele atravessou a mesa e fez o mesmo com a madrasta.

–Bom dia, querido. – disse ela com um sorriso enorme, esquecendo completamente a irritação de minutos atrás.

Já havia um tempo em que Sasuke fazia isso todas as manhãs; observou Fugaku. Ele era a pessoa que mais admirava sua mudança de comportamento. As confusões na escola não chegavam mais em casos de polícia, as noitadas em que enchia a cara e votava bêbado para casa não existiam mais. Sasuke era outra pessoa ultimamente e Fugaku estava feliz por isso. Perguntava-se se essa mudança se devia ao fato das novas companhias em sua casa, ou do fato de Sasuke estar amadurecendo. Talvez fosse um pouco dos dois, ponderou ele. Era bom ver que seu filho estava se tornando um homem responsável.

–E o que quer me oferecer, Sr. Uchiha? – perguntou Sasuke de pé ao lado da mesa, enchendo um copo de suco de laranja.

–Quero que vá no meu lugar à festa beneficente em Dagarashi, no País do Chá. Pode passar o feriado prolongado na casa de praia, e... – o Sr. Uchiha hesitou por um momento. Parecia tentar acreditar no que acabara de lhe passar pela cabeça.

–E...? – Sasuke arqueou uma sobrancelha.

–E levar alguns amigos. – completou fazendo uma careta, como se o café amargo que ele tomara estivesse queimando sua garganta.

Se Sasuke não tivesse já bebido todo o seu suco de laranja, certamente teria cuspido ele fora. Esse era mesmo o seu pai? Levar os seus amigos para passar três dias na sua bela casa na praia?! Este não era Uchiha Fugaku! Era um clone ET. O verdadeiro estaria cuspindo fogo dentro da nave que o abduziu!

–Não me olhe com essa cara, Sasuke! Eu disse “alguns amigos” e ainda não disse as regras.

–Hn. – Claro que havia um “porém”. Uchiha Fugaku poderia parecer bonzinho, mas ainda era ele. – Shizune?

–Não. Shizune está ocupada. Você será o responsável pela bagunça que fizerem lá.

***

–Seu pai confia em você mais do que pensa. – disse Sakura, dentro do carro de Sasuke à caminho da escola.

–Isso não é confiança. – Sasuke respondeu com os olhos na estrada. – Ele não faz nada a alguém quando não ganha nada em cima disso. É como ele sempre diz... “Uma mão lava a outra”.

Sasuke nunca apontava uma qualidade no pai. Sakura havia percebido isso quando eles conversavam no mirante. Ele o culpava pelo irmão mais velho ter desaparecido e não ter entrado em contato por todo esse tempo. Sakura não sabia o que dizer a ele para que se sentisse melhor. Falar no irmão o deixava irritado.

–Ele deve ter seus motivos para ser assim. – disse ela com um meio sorriso olhando para ele. – Seu pai se importa com você, só não sabe demonstrar.

Sasuke ficou em silêncio. Para ele seu pai só se importava com a empresa, com seu dinheiro, com seu nome poderoso e popular.

Sakura reconheceu a expressão que ele fazia, sabendo exatamente o que poderia estar passando na mente dele.

–As meninas vão enlouquecer quando souberem do feriado. – disse ela para mudar de assunto. Se Sasuke se sentia mal com aquela conversa, não tinha porque continuar com ela. – Acho que o Naruto...

–Não irei convidá-los. – respondeu ele mais calmo. Sua expressão era séria, mas não melancólica.

–Então, você não vai aceitar...

–Levarei apenas você. – Sasuke tirou os olhos da estrada por um momento e a fitou. Seu olhar era estreito e lascivo, sua boca desenhada em uma linha torta.

Sakura prendeu o fôlego e ficou corada imediatamente.

Apenas ela? Como assim? Passar três dias em uma casa de praia sozinha com ele?

Sakura começou a respirar fundo enquanto Sasuke se divertia com a reação dela. Seu coração palpitou quando, que por um momento imaginou-se sozinha com ele em uma casa novamente.

Há uns meses atrás era muito diferente. Estavam os dois sozinhos numa mansão dos sonhos, mas não havia aquele sentimento intenso que ele despertava dentro dela. Era muito, muito diferente.

Agora, bom agora era o fim do mundo! O Sasuke estava passando dos limites!

–Por.. Por que? Por que, Sasuke-kun? Vai ser tão... monótono. Só eu e... e você.

–Você acha que será monótono? – Sasuke fez uma careta na última palavra. – Eu não quero ser babá de ninguém, Sakura. Se eu levar outras pessoas terei que ficar de olho em tudo. Não quero ficar ouvindo merda do meu pai por uma droga de piso arranhado ou algum vaso da história japonesa quebrado.

–Eu sei, mas...

–E teremos muito o que fazer. – Sasuke não a fitou, mas sentiu o seu olhar esmeraldino lhe alfinetando.

–Tipo o que?

Sasuke parou o carro no farol vermelho e a fitou.

–Não confia em mim?

Sakura prendeu o ar novamente. Aquele olhar estreito era mais que provocante, ele a deixava sem armas, sem reação nenhuma.

–Eu não consigo imaginar... imaginar o que nós vamos... o que terá para se fazer... – Sakura se amaldiçoou por gaguejar.

–Na sexta a noite será a festa beneficente, no sábado o café da manhã e a noite o jantar. No domingo voltaremos para casa. – Sasuke deu a partida e o carro saiu do lugar novamente.

Sakura ficou um tempo em silêncio acalmando os pensamentos, enquanto Sasuke esperava pela reação dela.

–Só isso?

Sasuke sorriu.

–A mesma chatice de rico. Como sempre.

–As meninas me convidaram pra sair. Terei que dar uma desculpa.

–Diga a verdade. Só emita a parte em que o Sr. Uchiha permitiu que eu convidasse mais alguém.

Sakura concordou, mas sabia que isso não seria o bastante. Como iria dizer a outra pessoa que ficaria sozinha com Sasuke por três dias?

Nem toda a verdade poderia ser dita.

***

A mesa número cinco, localizada do lado norte do refeitório, próxima às portas de entrada, estava mais cheia que de costume. Havia meninas exprimidas nas cadeiras e outras de pé, debruçadas sobre a mesa. Algumas sentavam no colo das amigas e tentavam ouvir o que Ino falava de tão importante.

Sakura estava encolhida entre Hinata e Tenten, já não muito interessada em saber o que Ino falava. Todos os dias aquela loucura acontecia na hora do almoço. Desde que a notícia de que o grupo rival de Koori Shizuka estava dando chance para novos projetos, o grupo havia aumentado. Várias meninas haviam sido transformadas pelo que Ino, Tenten, Temari e Hinata conheciam da moda atual.

A conversa do almoço era sempre a mesma: dicas e mais dicas de roupas, maquiagem, acessórios e o principal: garotos.

Ino que contava as novidades sobre a nova loja de sapatos que abrira no shopping do centro, estava tão empolgada com seus novos projetos, que sempre que tinha uma chance, agradecia a Sakura pela brilhante idéia. Ela nunca imaginava que fazendo isso poderia ser tão gratificante e ao mesmo tempo tão divertido. Com a ajuda que dava as meninas “excluídas da sociedade escolar’, ela também conseguia ajuda. Sempre que precisava de uma força com algum trabalho em qualquer disciplina difícil, mão amiga era o que não faltava. Sem mencionar que todas elas eram muito legais.

–Podemos ir até lá neste sábado. Teremos um final de semana maravilhoso! – Ino abriu um sorriso, dando pulinhos na cadeira, enquanto as outras garotas falavam todas ao mesmo tempo o quanto seria divertido.

–Espera aí, Yamanaka! – Tenten esticou o pescoço por cima das cabeças das meninas, tentando falar mais alto que as outras vozes. – Não acha que está um pouco cedo pra fazer as compras do baile de primavera? Ainda faltam semanas!

–Que faltasse um ano, Tenten! Não gosto de deixar nada para última hora. E caso não tenha notado, nosso clube aumentou. Temos que providenciar os vestidos o mais rápido possível.

As outras meninas na mesa concordaram com a loira, dando pulinhos de ansiedade, algumas fazendo uma cara nervosa por nunca terem aparecido em um baile.

Sakura ficou de pé e procurou pela Yamanaka. Por mais que não quisesse explicar a situação, ela tinha que avisar que não participaria do final se semana.

–Ino! Eu não vou poder ir com vocês. – disse ela depois de três tentativas para chamar atenção da loira. Todas se calaram e fitaram a rosada.

–Por que Saky-chan?! Gostamos tanto da sua companhia... – disse uma garota que estava ao lado de Temari. A mesma garota que dias atrás tropeçou com seu almoço e foi motivo de riso no refeitório. Era a que mais se apegara a Sakura.

–Infelizmente vou precisar ir até o País do Chá, por causa do...

–Kokumin no kyujitsu*.completou Temari. – Todos os anos os Uchiha devem comparecer. Você sabe disso, Ino. Todo mundo sabe.

–É verdade, eu tinha me esquecido. – Ino fez uma expressão tristonha e fitou a rosada. – Mas podemos comprar os vestidos sem você. Vamos deixar pro outro final de semana.

–Eu posso comprar alguns sapatos pra você. – disse Hinata com um sorriso.

–Eu te ajudo a escolher. – disse uma menina no meio da massa feminina.

Outras diziam que era uma pena, outras apoiaram a idéia de Ino, Sakura tentava ouvir cada uma delas, mas não conseguia.

De certo modo estava feliz. Ela não precisou explicar detalhes, não precisou mentir, nem mesmo deixou escapar que viajaria apenas com Sasuke. Já era constrangedor demais imaginar o que lhe aguardava nesta viagem ao litoral, mesmo sem ninguém estar sabendo.

O tempo do almoço acabou e o sinal soou pelo refeitório. As meninas se levantaram e se despediram com um beijo no rosto, depois seguiram o caminho para suas salas.

***

Quando a aula acabou, Sakura sentia-se aliviada. Passou toda a tarde com a ansiedade corroendo-lhe o estômago. Com certeza não conseguiria dormir até o dia seguinte.

Encontrou Sasuke no estacionamento da escola. Eles foram direto para a mansão, não poderiam ir para o mirante naquela tarde, porque tinham que arrumar as malas.

Sasuke não estava nenhum pouquinho incomodado com isso. Os próximos dias seriam bem melhores que uma simples tarde no mirante depois da aula. Ele não estava incomodado com nada. Seu humor não poderia estar melhor.

Quando chegou em casa, Sakura encontrou a mãe em seu quarto, tentando fechar uma mal entupida de roupas. Yori estava plena, seus olhos brilhavam, havia um sorriso oculto em seu rosto. Estava completamente o oposto se comparada a Yori daquela mesma manhã. Logo que Sakura a viu, percebeu que a mãe havia feito as pazes com o marido.

–Mãe o que está fazendo?! – Sakura arregalou os olhos para as duas malas enormes ao lado de sua cama e para a terceira que Yori tentava fechar. – É apenas um final de semana.

–Não é apenas um final de semana. É um feriado prolongado, ou seja. Um dia a mais para se divertir. – Yori pressionou o peso de seu corpo sobre a mala fazendo uma careta.

–Mesmo que fosse uma semana, acho que eu não precisaria de tanta coisa, mãe. – Sakura jogou a mochila no chão e jogou o corpo sobre a cama.

–Como sabe? Você por acaso já passou alguns dias na praia?

Sakura olhou para a mãe que sofria tentando fechar a mala e sorriu.

–O que você enfiou aí que não quer fechar? – Sakura se sentou na cama e abriu a mala, dando uma pausa para a mãe.

–Nada de tão pesado. – respondeu sua mãe ajeitando os cabelos bagunçados pelo esforço.

–Oh Kami! – Sakura gemeu quando viu o conteúdo da mala.

Coleções de biquínis de todas as cores e modelos entupiam a mala. Junto estava os bronzeadores, protetor solar, sais de banho e uma porção de cremes que Sakura não imaginava para que partes do corpo serviam.

–O que foi? – Yori sorriu e voltou a ajeitar a mala para que pudesse fechá-la. Assim Sakura não poderia retirar nada.

–Pra que tantos biquínis, mãe?

–Ora, Sakura! Não seja boba, querida. Só escolhi variedades. Aposto que as meninas levarão mais que você.

–As meninas? – Sakura estreitou os olhos.

–Sim, as meninas! Elas não irão para a praia com você e o Sasuke?

Sakura arregalou os olhos e por um momento quase se escondeu de baixo da cama. Havia pensado o dia inteiro no final de semana em que ficaria sozinha com Sasuke – para seu desespero – que não se lembrava que tinha que inventar uma mentira. Seus pais nunca saberiam que eles ficariam sozinhos. Seus pais e ninguém mais. O que poderiam pensar?

–Ah, é claro! Sim, sim, as meninas... – Sakura praguejou mentalmente. Por que pra ela era sempre tão difícil mentir? – Mesmo assim, não precisava... Três malas?

–Eu passei o dia fazendo as suas malas, querida. Tudo que você for precisar em Dagarashi, seja na praia com os amigos ou na festa de sexta-feira, estará aqui.

Sakura imaginou-se em um daqueles biquínis minúsculos, nadando no mar à companhia única de Uchiha Sasuke. Uma onda de calor subiu pelo seu corpo arrepiando sua pele. Ela tremeu e sacudiu a cabeça.

Que bobagem! Nada vai acontecer...

Por mais que ela quisesse acreditar que aquele final de semana parecesse um pesadelo, Sakura tinha que demonstrar a mãe que tudo estava bem. Yori parecia animada com a visita na fazenda e Sakura não queria estragar sua felicidade.

Ela ajudou a mãe a fechar a mala sem mais nenhuma reclamação, depois foi tentar fazer seu dever de casa, não queria deixar nada pendente para o feriado.

Feriado!

Sakura tremeu ao pensar no que teria no dia seguinte. Só desejaria que nada saísse de seu controle... E do Sasuke também.

***

Na manhã que chegou, Sakura se despedia da mãe enquanto Sasuke a aguardava dentro de seu carro, ouvindo as últimas regras do Sr. Uchiha, de pé ao lado da janela. Sasuke não fazia uma cara muito boa, mas se controlava pra não escapar uma grosseria enquanto o pai falava. Acreditava que o dia seria muito recompensado. Algumas bobagens que Fugaku dizia, - que a propósito ele nem mesmo ouvia – não estaria sob suas preocupações, assim que Sakura entrasse em seu carro e eles seguissem sozinhos para o aeroporto. Por isso, com certeza não valia a pena discutir.

Quando finalmente deixaram a mansão Uchiha, Sasuke sentiu-se satisfeito. Não se importava em comparecer a droga de uma festa cheia de milionários esnobes, onde ele seria o principal centro das atenções. Estaria sozinho com Sakura e isso para ele bastava. Se seu pai tivesse lhe pedido esse favor alguns meses atrás, com certeza não aceitaria. Nem por todo dinheiro que ele pudesse lhe dar! Receber apertos de mãos e sorrisinhos só pelo motivo de ser rico, lhe irritava a ponto de matar alguém.

Depois de alguns minutos de viagem, Sasuke imaginava os seus próximos dias com a presença única de Sakura. Ela estava muito tímida e reservada, ele percebeu. Agora não era apenas “o incômodo misterioso” que ela sentia, estava receosa com o final de semana que teria à sós com Sasuke. Ele não queria que ela se sentisse desconfiada e insegura com relação a ele, afinal, Sasuke jamais a forçaria a nada.

Por mais que fosse difícil se controlar quando a tinha em seus braços, Sasuke sempre a respeitou de uma maneira única, da qual garota nenhuma que não fosse ela havia experimentado.

–Não vamos de carro?

Sasuke despertou com a voz de Sakura, percebendo que já estavam bem próximos ao aeroporto.

–Se quisermos chegar amanhã, sim. – Sasuke havia se esquecido do maldito medo de altura. – É apenas noventa minutos de viagem, Sakura.

Sasuke estacionou o carro e a fitou. Ela não parecia convencida. Sua expressão estava amedrontada, seus olhos estreitos. Ele retirou o cinto de segurança e se aproximou dela. Segurou o rosto entre suas mãos e a beijou.

–Tudo bem?

Ela afirmou com a cabeça, meio tonta pelo beijo, depois desceu do carro.

O pior lugar em que alguém que tenha medo de altura possa estar é dentro de um avião. Quando saiu de Tóquio para Konoha, sua mãe estava com ela na primeira classe abraçando-a como um bebê. Odiava se lembrar daquele mico.

Sasuke a segurou pela mão, enquanto dois homens retiravam as malas do carro.

Caminharam juntos pelo saguão do aeroporto, até chegarem em uma sala de embarque. Sakura sentia uma ansiedade muito incômoda. Alguma coisa estava dançando dentro da barriga, fazendo suas mãos suarem.

–Por aqui, Sr. Uchiha. – Sakura fitou a mulher que os chamara, antes mesmo que pudessem sentar. Ela abriu um sorriso enorme para o moreno, como se Sakura fosse invisível.

A cerejeira esqueceu o pânico por um momento e sentiu que estava agora com raiva. Mulher descarada! Não tem o mínimo respeito! Ignorou totalmente a presença da Haruno ali.

Sasuke a puxou pela mão e eles seguiram para a porta que dava num corredor que a aeromoça indicou. Esta os seguiu rebolando sobre o salto alto e balançando a saia muito curta que Sakura desaprovava.

Depois de descerem algumas escadas, chegaram até a pista de onde os aviões decolavam. De longe Sakura avistou o jatinho do Sr. Uchiha. Suas pernas começaram a tremer. Quase se desequilibrou se não fosse a mão firme de Sasuke segurando a sua.

Ao pé da escada estava o piloto e ao seu lado, com certeza o co-piloto. Eles sorriram, depois se aproximaram do casal.

–Bem vindo, Sr. Uchiha. – o capitão apertou a mão de Sasuke com um sorriso.

–Não vou precisar da aeromoça. – Sasuke seguiu na direção das escadas, sem ao menos olhar para trás. Sakura o seguiu ainda segurando em sua mão, vendo o piloto gesticular para que a aeromoça voltasse.

Quando entrou, Sakura não teve tempo de vasculhar o belo avião com seus olhos perceptíveis. Procurou a poltrona mais longe da janela no tamanho do possível e se sentou com os olhos fechados. Sentia todo o seu corpo tremer, sua cabeça girar, o estômago dar cambalhotas desagradáveis.

Sasuke se aproximou dela e se sentou ao seu lado. Sakura soava, estava pálida. Parecia pior que o seu ataque no dia em que Suigetsu a pendurou do parapeito da escola.

O Uchiha a cercou com os braços e apoiou a cabeça sobre a dela.

–Fique calma, o avião não vai cair.

–Não está ajudando, Sasuke-kun!

Sasuke sorriu e a apertou mais forte contra o seu peito.

–Eu me sinto tão idiota... – Sakura escondeu seu rosto sob o pescoço dele e apertou as mãos em sua camisa.

–Não sinta. – Sasuke tentava não pensar no passado quando a tinha assim tão frágil em seus braços. A noite em que a chamou de idiota por ter medo de altura, metralhava dentro de sua cabeça em momentos como este.

Era tão irônico as coisas que Sakura o fizera sentir pela primeira vez! Uma delas era a dor de culpa.

A voz do piloto ressoou pelos ouvidos de Sakura, afirmando para apertarem os cintos que o avião decolaria em poucos minutos. A Haruno estremeceu, apertando-se mais sob os braços de Sasuke.

–Eu não sabia que seu pai tinha uma casa na praia. – disse Sakura para começar uma conversa e se distrair do trauma. – Quantas casas ainda restam pelo mundo?

–Um apartamento em Mônaco, outro em Nova York e uma casa de campo na Itália. Ele não gosta de se hospedar em hotéis quando viaja a negócios.

–Puxa vida... Tantas moradias abrigariam centenas de sem-tetos. – Sasuke riu no ouvido dela e abaixou a cabeça para beijá-la. Sakura tentou correspondê-lo, mas o frio em sua barriga indicava que o avião já estava subindo. – Kami! Só de imaginar a altura...

–Não imagine, Sakura.

–Mas, eu...

–Feche os olhos.

Sakura o obedeceu e se escondeu embaixo do abraço dele novamente. Ela respirou fundo e tentou pensar em outra coisa que não fosse se imaginar dentro de um avião à não-sei-quantos-quilômetros-por-hora por cima das nuvens.

Sem imaginar o motivo, pensou em Idate. Lembrou-se de como ele se afastou repentinamente algumas semanas atrás.

–Sasuke-kun? – ela o chamou baixinho. Sabia o quanto a conversa que envolvia o Morino o desagradava.

–Hn. – Sasuke estava com a cabeça apoiada sobre a dela, seus olhos fechados.

–O que você disse ao Idate naquele dia?

Sasuke hesitou por um momento sem mover um músculo. Sakura sabia exatamente o que aquele silêncio significava. Raiva.

O silêncio dele chegava a ser pior que suas palavras.

–Por que quer tanto saber? – Sasuke odiava tocar nesse assunto, mas como queria distraí-la do trauma ele ainda não o encerrou. – Não é a primeira vez que me pergunta isso.

–Eu só... fiquei curiosa. Me admirei por você não tê-lo agredido... – respondeu sem muita convicção. Sasuke percebeu.

–É isso que te incomoda? Está preocupada com os sentimentos dele? – Sasuke não queria se descontrolar, mas só de imaginá-la incomodada com a questão de Morino Idate estar ou não magoado, o tirava do sério.

Ele deveria imaginar, afinal Sakura estava conturbada à alguns dias, mais necessariamente depois que ele disse boas verdades e algumas ameaças para que Idate não se aproximasse dela.

Sakura percebeu que ele estava descontrolado. Ela afastou-se dele para fitá-lo nos olhos.

–É isso que você pensa?

–Não é isso que você sente? – a voz dele era dura como pedra, sua expressão fria como gelo. Quando se tratava de Morino Idate, Sasuke se esquecia de como era ser sensato.

–Não seja bobo, Sasuke-kun! Por que sempre age dessa maneira? – Sasuke desviou os olhos e trincou os dentes.

–Por que você age como se tivesse compaixão por todos? – era sempre assim! Por que ela tinha que ser boa com todo mundo? Por que ela tinha que ser sempre tão perfeita?

Sakura segurou no rosto dele para fitá-lo nos olhos.

–Você está tirando suas próprias conclusões, Sr. Uchiha! – Sasuke continuou com a expressão dura, enquanto Sakura o forçava olhar para ela. – Não poderiam existir preocupações suficientes no mundo que envolvesse Morino Idate, suficientes para me incomodar.

Por que ele tinha que ser tão infantil!

Sakura o soltou e se levantou da poltrona, procurando por um acento afastado do Uchiha. Antes que pudesse se sentar, o avião estremeceu, no mesmo instante em que a voz do piloto afirmou aos passageiros que haveria uma pequena onda de turbulência nos próximos minutos. Sakura soltou um grito abafado e cravou as unhas no encosto de uma poltrona.

–Oh Kami! – seu corpo estava tenso novamente. A pequena discussão que tivera com Sasuke a fez se esquecer que estava dentro de um avião. Suas pernas tremeram, mas a intensidade do medo era tanta que não permitiu que ela saísse do lugar.

Sentiu as mãos de Sasuke na sua cintura antes que pudesse desmaiar. Ele a puxou para a poltrona novamente e a sentou em seu colo, cercando-a com os braços.

Sakura olhou em seu rosto e percebeu que a raiva se fora. Era apenas o Uchiha Sasuke agora, não o Uchiha Sasuke possesso.

–Por que você tem que ser tão irritante? – perguntou ele com um meio sorriso.

Se o que a incomodava não era Morino Idate, para a sua alegria, ele teria que descobrir o que era. Quanto a isso estava aliviado. Tempo a sós com ela era o que não lhe faltava nesse fim de semana.

***

O jatinho particular do Sr. Uchiha pousou uma hora depois da decolagem. Sakura sentiu-se extremamente aliviada quando sentiu o chão firme sob os seus pés.

Quando saíram do aeroporto, Sakura notou o clima mais quente e abafado. Os raios escaldantes do sol eram muito mais quentes em Dagarashi, se comparado a Konoha. Ela que usava calça jeans e uma bata azul de tecido fino, estava sentindo-se completamente desconfortável. Sasuke também parecia impaciente com o calor. Ele dobrou as mangas da camisa bege até os cotovelos, abriu alguns botões deixando o peito desnudo e pôs nos olhos seus óculos escuros.

Do lado de fora do aeroporto, uma limusine esperava por eles. O chofer abriu a porta, desejando um bom dia para o Uchiha, depois partiram.

Sakura sentiu-se mais confortável dentro da limusine, perfeitamente bem refrigerada. Sasuke estava ao seu lado olhando no celular uma mensagem do pai. O poderoso Uchiha Fugaku queria saber como havia sido o vôo de seus filhos. Sasuke escreveu de volta apenas um “Ok”, depois desligou o celular. Não queria que nada atrapalhasse o seu dia.

Não demorou muito tempo para que a limusine parasse próxima ao litoral. Sakura desceu do carro junto com Sasuke sem entender o motivo de pararem ali, afinal não via nenhuma casa à beira do mar. De onde estava, ela podia avistar pessoas comuns caminhando pela praia com seus filhos, pessoas se bronzeando, outras se abrigando do sol embaixo de barracas, garotas andando de patins pelas calçadas... Uma rotina normal para quem vivesse ali.

Sasuke a segurou pela mão, interrompendo sua inspeção. Ele a puxou para o outro lado da limusine onde havia um jipe estacionado. O chofer trocava as malas de carro, enquanto eles entravam.

–Não vamos de limusine até lá? – perguntou ao Sasuke que tomava o lugar do motorista.

–Odeio limusines... – disse ele com um meio sorriso. Seus olhos escondidos sob os óculos.

–Não, você odeia estar num carro que não possa dirigir. – Sakura sorriu e se acomodou ao lado dele.

Depois que o chofer guardou as malas, Sasuke deu a partida.

Aos poucos, os grandes prédios, apartamentos e hotéis luxuosos da bela praia de Dagarashi ficavam para trás. À sua direita, Sakura se perdia com a bela vista das montanhas e rochedos da bela cidade. À direita, o mar infinito, tão azul quanto o céu preenchia os seus olhos. Podia avistar as ondas se dobrarem na costa e ao longe pequenos barcos à vela flutuarem contra o vento.

A viagem durou algumas horas. Sasuke parou algumas vezes para que eles comessem e principalmente bebessem. O dia estava muito quente e se desidratar não era uma boa maneira de começar o feriado.

Depois de mais um tempo de viagem, já podiam avistar a bela casa branca da encosta.

Chamar aquilo de uma simples casa de praia era um insulto. No momento em que pôs seus olhos na casa em que Sasuke indicou como o final do destino, Sakura se maravilhou.

Não era tão grande quanto a mansão Uchiha de Konoha, porém mais bonita por fora. Na entrada havia um enorme portão pintado de preto carvão e acima dele, o símbolo do clã Uchiha. Do lado de dentro, o vasto jardim bem cuidado estava enfeitado de rosas vermelhas que contornavam a fachada. Todo o andar de cima tinha as paredes de vidro e o teto era de um marrom escuro e bem polido.

Sakura estava impressionada com o bom gosto dos Uchiha. Ela olhou em volta e não avistou nenhuma outra propriedade por perto. Havia apenas montanhas, rochedos, algumas ilhas pequenas e o vasto mar.

Sasuke cumprimentou alguns empregados quando desceu do carro e pediu que levassem a bagagem. Mais uma vez ele precisou interromper a apreciação da cerejeira. Ele a puxou para dentro da casa.

–O que achou? – perguntou ele arqueando uma sobrancelha. Sakura parecia nem ter percebido que fora interrompida.

–É lindo! – Sakura percorreu os olhos rapidamente pelo interior da bela casa. Agora entendia porque o Sr. Uchiha não permitia nenhum tipo de festa ali. Havia muitas obras de arte espalhadas pela casa. Vasos da história japonesa, quadros caríssimos, além da mobilha delicada de madeira.

Sasuke a puxou pela mão novamente e a levou para conhecer o segundo andar.

Por uma exploração rápida, Sakura notara que a casa fora construída no declive de um recife, e que sua forma meio hexagonal criava vistas de 180 graus. Todos os aposentos tinham enormes janelas de vidro ou paredes de vidro voltadas para o mar e para as outras ilhas. A sala de estar estava bem equipada por uma enorme TV de tela plana e a cozinha era maravilhosa.

Embora parecesse pequena, havia mais de cinco quartos naquela bela casa. Todas com camas enormes e banheiros, eram todos suítes. Sakura agora ponderava se aquilo era bom gosto ou exagero.

Sasuke a conduziu pelo corredor amplo do segundo andar até chegarem numa porta dupla branca, contornada de dourado. Ele a abriu e Sakura adentrou com os olhos voltados para a enorme janela de vidro.

–Pode ficar neste quarto. – disse Sasuke pondo no chão as malas que os empregados deixaram no corredor.

Sakura olhava pela enorme janela de vidro, onde tinha uma vista maravilhosa do mar.

–Este quarto era da sua mãe. – disse ela perdida em pensamentos.

Sasuke se aproximou e a abraçou pela cintura.

–Como sabe?

–Me lembro de ter visto um quadro com esta vista pintado por ela.

Sasuke sorriu e a abraçou mais forte. Como sempre, Sakura era muito observadora, além de ter uma memória incrível.

–Ela ficava aqui, sempre que meu pai viajava. Um dos lugares que ela mais gostava...

–Ela tinha muito bom gosto... – Sakura virou-se para ele e sorriu.

Sasuke sentiu-se reconfortante por ela estar feliz.

–Temos que chegar a festa do feriado às sete. – Sasuke a beijou, depois roçou seus lábios nos dela. – Ainda temos tempo. Podemos dar uma mergulho.

Sakura corou e seu corpo ficou rijo nos braços dele. Sasuke sorriu torto, só piorando a reação dela.

–Me-mergulhar?

–Na piscina, é claro. Podemos deixar o mar pra manhã. – Sasuke deu um beijo na testa dela, depois seguiu na direção da porta.

–M-mas Sasuke-kun!

–Te espero lá embaixo.

Sakura ficou paralisada, observando-o sair até que ele desaparecesse. Parecia que o seu cérebro havia parado de funcionar.

Como assim mergulhar?! Com ele? Sozinha numa piscina, usando nada mais que um biquíni?

Sakura ofegou, sentando-se na cama enorme no meio do seu mais recente quarto.

Mas é claro que era mergulhar! Exatamente com o Sasuke! E sim! Ela usaria um dos biquínis que sua mãe lhe comprou! Sakura não estava sonhando, aquilo estava mesmo acontecendo.

Oh Kami! Por que estou me desesperando?

Sakura sabia exatamente porque estava se desesperando. Sasuke nunca a vira sem menos que cinqüenta centímetros de roupa. Sakura nunca usou um biquíni na sua vida! Nem mesmo se imaginou dentro de um! E se ficasse ridícula?

Ela se levantou cambaleante, o coração aos pulos. Pegou uma das suas malas, a vermelha que estava recheada de roupas de banho, a colocou sobre a cama e a abriu. Pediu a Kami e a todos os deuses existentes e mais alguns da mitologia grega e romana, que por favor, pudesse ter pelo menos um maiô ali dentro.

Sakura revirou toda a mala e só encontrou biquínis de modelos e cores diferentes. Por que não teve a brilhante idéia de pedir a mãe um maiô?!

Depois de minutos intermináveis, esticando, tentando deixá-los maiores e imaginando-se dentro de um deles, ela encontrou um que poderia ser menos constrangedor. A parte de cima não adiantaria de nada tentar mudar, todos eram decotados, isso é fato. Mas a parte de baixo parecia um mini shortinho. Era a escolha mais inteligente.

Sakura não tinha idéia do tempo que ficou se olhando no enorme espelho do banheiro do quarto. Seu coração estava exasperado. Sentia-se ridícula por estar tão nervosa. Afinal aquilo era tão normal, não era? Toda garota não usa um biquíni e vai a praia? Por que era tão difícil pra ela?

Saiu do quarto enrolada num roupão felpudo, levando uma toalha. Quando desceu as escadas, sentiu-se envergonhada pelos empregados. O que eles iriam pensar se vissem a meia irmã do jovem herdeiro Uchiha dando uns mergulhos com ele?

Porém, quando chegou à sala, não viu nenhum deles. A casa estava vazia.

Passou pela sala de estar, evitando ter que ficar admirando a bela decoração. Estava muito nervosa pra isso. Chegou à cozinha e avistou do lado de fora das portas de vidro, as costas desnudas de Sasuke do lado de fora. Ele estava sentado em uma cadeira de praia à beira da piscina.

Com passos pequenos e inseguros, ela seguiu na direção dele. Seu coração palpitava, suas mãos suavam. Estava tão quente que nem a água da piscina que entraria em poucos minutos, seria suficiente para refrescá-la.

Quando chegou do lado de fora, Sakura fitou o mar e a bela paisagem que tinha dos fundos da casa hexagonal, para ao menos tentar se distrair do nervosismo. Percebeu que a piscina era uma daquelas, chamada piscina de horizonte porque o lado mais distante parecia não ter borda, a água misturava-se com o céu, como faz o horizonte com o mar. Era mesmo lindo.

Ela desviou os olhos e voltou para a realidade. Sasuke não sentiu sua presença. Ela se aproximou lentamente e o abraçou pelas costas.

–Desculpe, Sasuke-kun. Me perdi. – ela mentiu e agradeceu mentalmente por ele não ter visto sua expressão. Seu rosto estava tão quente, que poderia estar mais vermelho que um tomate.

Sasuke a puxou para o seu colo e só então Sakura percebeu que ele estava apenas de sunga.

–Está esperando uma tempestade? – perguntou ele beijando-a no pescoço. Sakura corou bruscamente, se isso fosse mais possível, e ofegou quando Sasuke desatou o nó do roupão.

–Sasuke-kun! Se nos virem... – ela pôs as mãos nos ombros dele e tentou se levantar.

–Quem poderia nos ver? – Sasuke a ignorou, sua voz estava rouca e baixa. Ele voltou a beijá-la, tamborilando seus dedos para dentro do roupão felpudo.

–Os empregados. – ela sussurrou prendendo o fôlego.

–Eles foram embora...

Sakura estava atordoada, nunca conseguiria relaxar com sua cabeça quente daquele jeito. Ela posicionou as mãos nos ombros dele novamente e o afastou.

–Você não disse que iríamos mergulhar? – os olhos do Uchiha estavam estreitos e escuros, provocando-a da pior maneira possível.

–Sabe nadar? – Sasuke agora não a tocava, mas o seu olhar a deixava inerte. Ele mesmo percebera. Sentia o corpo da cerejeira trêmulo sobre o seu.

–Claro que sei!

–Então prove.

Sakura arregalou os olhos e sentiu seu corpo se arrepiar por completo. Imaginou-se tirando o roupão com aqueles olhos no seu corpo, vasculhando cada contorno do mini biquíni que usava.

–Você primeiro. – disse ela quase engasgada.

Sasuke atirou-lhe um sorriso provocante e se levantou. Caminhou até à borda da piscina e se atirou de cabeça. Sakura o observou de pé ao lado da cadeira com o coração aos pulos. Seus olhos penetravam em cada um dos músculos que trabalhavam no corpo dele a cada braçada contra a água. Em poucos segundos, Sasuke chegou do outro lado. Ele sacudiu o cabelo molhado, jogando-o para trás, depois seus olhos foram de encontro a Sakura. Encostou-se na parede da piscina e gesticulou com a mão para que ela fosse de encontro a ele.

Sakura engoliu em seco. Tentou não olhar para ele enquanto se livrava do roupão, porém mesmo ele estando distante, podia sentir seus olhos atentos a cada movimento que fazia.

Ela retirou o roupão de uma vez e o jogou sobre a cadeira. Seus olhos estavam voltados para o chão de pedra enquanto se aproximava da piscina. Seu pulso estava acelerado, sentia o corpo quente e tenso, pois tinha certeza que Sasuke a observava.

Sakura respirou fundo, depois mergulhou de cabeça na piscina.

A água estava deliciosamente refrescante. Seu corpo movia-se de encontro ao Sasuke por baixo da água, com toda aquela tensão aliviada.

Quando se aproximou o bastante, sentiu as mãos de Sasuke nos seus braços, depois descerem para a cintura, puxando-a para ele.

Sakura sacudiu os cabelos e ficou de pé, apoiando as mãos nos ombros dele. A piscina não era tão funda naquela parte onde estava, mas se tentasse pisar no fundo a água cobriria sua cabeça.

–Aprendi a nadar com a minha mãe. – disse ela sem fôlego forçando um sorriso. Sasuke estava sério, seus olhos tinham um brilho selvagem.

Sasuke sentia seus hormônios explodirem dentro dele. Seus olhos se deleitavam com o rosto molhado, lindo e delicado da cerejeira. Ela ofegava, o que deixavam as coisas mais difíceis para ele. Já não tinha total confiança de seu controle.

Sasuke se moveu mais rápido do que gostaria, trocando de lugar com ela. Sakura tinha as costas agora na parede da piscina, enquanto Sasuke a prendia contra o seu corpo.

Sakura continuava ofegante, seu coração exasperado. Sua mente não conseguia processar o que estava prestes a acontecer. Sasuke tinha um olhar diferente, havia um brilho lascivo e mais provocante que o normal. Ele ergueu o braço e segurou-lhe o rosto com uma das mãos, mantendo-a presa em seus olhos enquanto a boca descia para seus lábios entreabertos. Mas ele não a beijou, apenas acariciou seus lábios lentamente com a língua. Sakura sentiu a intensidade prazerosa do gesto, fechou os olhos e abriu mais os lábios com um suave gemido. Outro gemido inconseqüente lhe escapou quando a língua dele de repente escorregou para dentro de sua boca.

Sasuke nunca a havia beijado com tanta intensidade, com tanto desejo como naquele segundo. Sakura suspirou e deixou suas mãos sobre os ombros dele. Seu corpo tremia, seu íntimo estava quente, sua cabeça formigava. Não havia o que pensar. Nem ao menos sabia o que pensar.

Sasuke a levantou com uma só mão, dobrando uma das pernas dela contra a sua cintura. Ele separou seus lábios e a fitou.

Sakura era linda, a mais linda que já tivera em suas mãos e ele a queria mais que tudo no mundo. Ela estava rendida. Seu corpo reagia a cada toque de sua pele molhada, seus olhos brilhavam de desejo tanto quanto os dele.

Sasuke a pressionou contra a parede da piscina e Sakura sentiu a evidência física de seu desejo por ela. Ela gemeu novamente nos lábios dele e fechou os olhos.

–Sasuke-kun... – ela posicionou as mãos sobre o peito dele e juntou todas as forças que tinha para afastá-lo. Sabia que o seu corpo o queria, mas alguma coisa a impediu de continuar.

Sasuke ofegou e a fitou nos olhos novamente. Ele queria continuar, queria seguir em frente, saciar o desejo que há muito era controlado, por mais que o pouco do bom senso lhe dissesse o contrário.

Ele soltou a perna que prendia envolta da sua cintura, tentando recuperar o controle. Seu rosto se escondeu no pescoço da rosada, beijando-a pelo contorno da mandíbula e queixo.

–Você me deixa louco... – sussurrou com a voz áspera, rouca de desejo.

–Não diga bobagens... – as esmeraldas se esconderam novamente.

–Não acredita em mim? – Sasuke a fitou, prendendo-a no seu olhar. Os lábios estavam entreabertos, a respiração entrecortada.

–Eu... acho que não devemos, Sasuke-kun...

–Está com medo de mim? – Sasuke roçou o nariz ao dela e esperou pela resposta.

Ela não veio.

–Eu nunca faria nada da qual você não quisesse, Sakura.

Sasuke mantinha o seu olhar no rosto dela e percebeu o que estava acontecendo. Os olhos dela diziam o quanto sentia medo. Não medo dele, mas sim de toda a questão entre eles, a questão daquele relacionamento proibido.

Quanto a isso Sasuke não quis discutir. O que sentia por ela era muito forte e não deixaria que esse sentimento se perdesse pelo motivo de seu pai estar casado com a mãe dela. Eles não eram irmãos. Se esse fosse o problema ele ligaria agora mesmo para o Sr. Uchiha e lhe contaria tudo. Não tinha medo do que pudesse acontecer, contanto que não a perdesse.

–O que tem incomodado você por esses dias? – perguntou ele mantendo o olhar firme novamente. Agora Sakura tinha que lhe dizer. Se fosse alguma incerteza do que sentia por ele ou medo de seus sentimentos por serem meio-irmãos, ele deveria saber. Ele diria a ela que não deveria ter medo de nada.

–Não é importante, Sasuke-kun.

–Mesmo assim eu quero saber.

Sakura hesitou por um instante, depois encontrou os olhos dele.

–O aniversário da minha avó está chegando. Eu lhe mandei uma carta perguntando se eu poderia visitá-la, mas ela não respondeu. Acho que não quer me ver.

Sasuke percebeu que ela falava a verdade. Sakura sempre demonstrou que amava muito a avó apesar de tudo, e desde que saiu de Tóquio para morar em Konoha, estava triste por ter ido embora contra a vontade dela.

–Só indo até lá pra saber. – disse Sasuke beijando-a no rosto. De certo modo estava feliz por não ser pelo que ele estava pensando.

–Eu não teria coragem. – respondeu com os olhos fechados.

–Posso ir com você...

Sakura abriu os olhos e o fitou.

–Faria isso?

–Faria por você.

***

Sasuke conversava com o pai pelo telefone enquanto esperava por Sakura no primeiro andar. Uchiha Fugaku reclamava pelo filho ter desligado o celular. Sasuke apenas o escutava em silêncio, sem se preocupar em lhe dar uma desculpa.

–Não, não tem nada quebrado. – disse Sasuke entre dentes pela milésima vez. – Vá aproveitar o seu feriado e me deixe em paz.

O Sr. Uchiha resmungou alguma coisa do outro lado da linha, depois desligou. Sasuke pôs o telefone no gancho e seguiu para a sala de estar onde Sakura apareceria pelas escadas.

Encostou-se no pé do corrimão e ligou o celular. Lembrou-se de que precisava confirmar a chegada na festa beneficente.

Enquanto explicava ao organizador da festa que a pessoa que compareceria naquela noite não seria o seu pai, avistou a mais bela flor de cerejeira descer as escadas.

Sakura sorriu quando o viu, pondo um pé de cada vez nos degraus e uma mão alisando o balaústre.

Sasuke perdeu a fala e desligou o celular no mesmo instante. Seus olhos se deleitavam em cada detalhe perfeito do corpo da Haruno. Ela usava um vestido comprido cor de rosa no mesmo tom de seus cabelos, bem modelado às suas curvas, o detalhe delicado do decote contornava o desenho de seus seios perfeitamente.

Sakura se aproximou levemente corada, seu sorriso inocente deixava o Uchiha à beira da loucura.

–Espero que a minha mãe não tenha exagerado na escolha do vestido. – disse ela parando de frente para o moreno. Este tinha os olhos estreitos e curiosos vasculhando cada canto do corpo dela. Sakura também notou no quanto ele estava bonito. Usava uma camisa de seda preta e a calça da mesma cor. Como estava muito calor, Sasuke fazia o que era de seu costume: dobrar as mangas da camisa até o cotovelo e deixar os botões de cima abertos, mostrando a pele alva de seu pescoço e peito. – Afinal, vamos a uma festa beneficente. – completou, tomando a atenção dos olhos negros para o seu rosto.

Sakura sentiu seu coração palpitar mais forte. Aquele olhar só fazia com que ela se lembrasse da cena na piscina naquela mesma tarde. Seu corpo se arrepiou no mesmo instante em que a lembrança lhe invadiu.

Sasuke se aproximou com um passo e a segurou pela cintura. Seus lábios roçaram os dela.

–A última coisa que você vai encontrar nessa festa, é alguém que precise de uma doação. – ele a beijou. – Você está linda... – seus lábios desceram para o pescoço dela lentamente, depois para baixo da orelha. – Que cheiro é esse? – ele perguntava para si mesmo com os olhos fechados. Seu corpo já reagira instantaneamente assim que a tocou.

Sakura estremeceu com aquela voz tão tentadora. As lembranças daquela tarde na piscina reacendiam um fogo desesperado dentro dela.

–É um óleo de banho que eu esfreguei depois que...

–Esfregou? No corpo todo? Eu poderia ter ajudado... – os lábios subiram de volta para o rosto dela com um sorriso que a fez prender o ar. Sasuke a beijou novamente, porém com um pouco mais de controle. Eles teriam que sair em poucos minutos e sabia que se começasse a beijá-la do jeito que gostaria, ele não conseguiria parar.

–Sr. Uchiha? – uma voz ressoou as costas de Sasuke, fazendo Sakura quase saltar do chão. Ela procurou pelo dono da voz e encontrou um rapaz vestido de branco. – O barco já está pronto, senhor. – os olhos do rapaz se concentraram na Haruno envergonhada por um longo minuto.

Sasuke não gostou muito do atrevimento. Ele lançou o olhar mais mortífero que possuía ao jovem e colocou-se de frente ao corpo da rosada.

–Eu já ouvi. Pode ir agora. – o rapaz virou os calcanhares e saiu da sala meio sem jeito.

–Barco? – Sakura franziu o cenho quando Sasuke virou-se para ela novamente. Ele ainda tinha os olhos estreitos de raiva. Definitivamente não gostou da forma como aquele abusado olhara para Sakura.

–A festa será em um navio. – respondeu ele. – É mais rápido chegar lá por água que por terra. – Sasuke a segurou pela mão depois de beijá-la mais uma vez, então seguiram na direção das portas dos fundos.

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*(Kokumin-no-kyujitsu) Feriado da Cidadaniattttttttttttt

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Continua...


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Notas finais do capítulo

Aleluia!o/o/o/o/



Podem cantar junto comigo! XDDD hehehe

Apesar da Pime-chan ter desaparecido do mapa =(, apesar das minhas férias minúsculas, eu finalmente atualizei o capítulo.

Desculpem a demora, galera! Realmente o atraso não acontece porque eu quero. =(

Na verdade o capítulo não acabaria por aí, mas se eu deixasse pra escrever tuuuuudo o que deveria acontecer, só iria atrasar mais ainda. Semana que vem tá muito corrido pra mim. Tive que suar essa semana! ó.ò

Mas enfim! >.< Espero que tenham gostado e que a demora tenha valido a pena.

Como vocês sabem, o próximo cap... hum hum *deixa eu limpar a garganta*



HENTAI!!!! o/o/o/o/o/o/



Mesmo que não tivesse avisado, acho que isso é muito obvio, não? O Sasuke tá pegando fogo, Jesus Luz! O_O Como que a Sakura vai agüentar um negócio desses?! o_O

Eu não agüentaria nem em sete vidas! =X Ai, ai....



A festa ainda promete algumas surpresas, e é lógico! O feriado!! Esse feriado prolongado vai render! XDD

Então até lá!! XDDDDD



Mas antes de eu ir-me embora! Não posso deixar de agradecer às recomendações que me fazem chorar todos os dias!

OMG!! 65??? O_O Cara, eu desmaio e acordo, desmaio e acordo! Gente, muito obrigada! A todos, a cada um que escreve coisas lindas pro coração dessa autora maluca aqui! >.

Agradeço, morro, mato e me atiro de um trem em movimento por:



jubailarinaaaa

Ellem

Smiile_Bruna

PaahUchiha

keila-chan

Ssazinha

eharumi

KuraySexGirl

Blair_Hyuuga e

akemi



bejss e até o próximo cap!