Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 25
Capítulo - XXV - Impossível Explicar


Notas iniciais do capítulo

Capítulo enooorme! Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/29400/chapter/25

======================================================

Capítulo XXV: Impossível Explicar

Será que existia uma dor pior que aquela?

Se existisse, Sasuke gostaria de trocá-la pela dor que estava sentindo.

Era uma dor forte e torturante no peito. Parecia queimar dentro dele como brasa viva, ardia sem dó nem piedade. Subia para a cabeça parecendo explodir em mil pedaços a qualquer momento.

Havia se conformado nos últimos dias que não se sentiria nem um pouco culpado pelo que havia acontecido. Quem era o verdadeiro culpado, estava do outro lado de seu campo de visão conversando com ela.

Sim, com ela... Havia também proposto para si mesmo que não diria seu nome, nem pensaria nele. O nome que fazia aquela dor no peito aumentar.

Mas que merda!

Por que está sentindo isso? Essa sensação de peso, de ingratidão, como se tivesse sido traído por ela?! Essa dor torturante era por causa disso? Por não estar se relacionando da maneira que gostaria com ela?

Sasuke conhecia muito bem a dor de perda, sabia que não era exatamente isso que sentia. Não pensava nem por um minuto que havia perdido Sa- ou melhor, aquela garota irritante. Ela estava ali, talvez com a mesma expressão que ele, talvez sentindo o mesmo que ele.

Desejava que não fosse o mesmo. Sasuke queria que ela estivesse se sentindo pior. Algo muito pior que aquela dor estúpida. Muito pior! Era o que ela merecia.

Mas se não estivesse? E se Sasuke estivesse vendo apenas o que queria ver?

A dor começou a pulsar no peito dele.

Sasuke ficou inquieto, virando o resto do refrigerante goela abaixo.

Sem mais agüentar aquela tensão ardente que o envolvia, levantou-se e saiu da lanchonete sem olhar para ela novamente. Procuraria um jeito de se sentir melhor.

***

Era noite de festa no Kunai Burgers. Quase metade da escola estava lá. A festa foi organizada pelo conselho estudantil, que no início das aulas havia proibido a festa de boas vindas por motivos de mau comportamento de alguns alunos na festa do ano anterior. Eles haviam levado bebidas alcoólicas para as restrições do colégio e o resultado foi uma boa quantidade de jovens bêbedos, muitos destruindo o patrimônio escolar.

Mas a exemplar e estudiosa filha do diretor, Koori Shizuka, conseguiu convencê-los a dar uma segunda chance, prometendo que não haveria problemas naquela noite. A única condição seria que a festa não ocorresse nas dependências da escola e isso a eficiente senhorita Koori poderia providenciar num estalar de dedos.

–Aquela Shizuka-loira-never-Phodástica e Karin-mala-mal-amada! – Ino apareceu dentre a multidão, se juntando a suas amigas em uma mesa de canto da lanchonete, acompanhada de Sakura. – Vocês não vão acreditar no que eu acabei de descobrir!

–Se não foi uma nova marca de tinta de cabelo, eu realmente não sei. – disse Tenten interrompendo a conversa que tinha com Temari. – O que foi?

–O grupinho da Shizuka vai organizar o baile de primavera! – Ino fez uma cara de choro misturada com uma cara furiosa, enquanto Tenten abriu a boca e Hinata cuspiu o suco.

–Ela de novo?! – Temari que não mostrou muita surpresa, tentou parecer indignada.

–Sim, mais uma vez aquela pilantra aproveitou seu poder de ser filha do diretor pra passar por cima dos outros! – Ino grunhiu, sentando-se ao lado de Tenten. – O pior de tudo é que a Karin parece que vai ajudá-la! Ah! Aquela traidora de uma figa ainda me paga!

Sakura se sentou ao lado da Hinata olhando para os lados, procurando por Idate de quem havia fugido.

–Algum problema, Sakura-chan? – perguntou Hinata.

–Você me avisa se vir o Idate-kun? Se apenas eu ficar de olho pode não dar tempo de por esse saco na cabeça. – Sakura cochichou para a morena que fez uma expressão confusa enquanto assentia.

Sakura já havia conversando o suficiente com o Idate naquela noite. Talvez o suficiente para o ano inteiro. Ele havia se desculpado mais uma vez pelo encontro que não deu certo, disse que havia recuperado o carro do seu irmão e que eles poderiam marcar mais um encontro. Quando chegou nessa conversa, Sakura mudou de assunto deixando-o confuso. Ela começou a comentar sobre o chão da lanchonete que brilhava mais que as vitrines do shopping. Perguntou se Idate sabia que cera eles usavam.

Claro que aquilo foi estúpido e constrangedor. Mas o que ela poderia fazer? Como diria Ino, improvisar mudando de assunto era o jeito mais educado de dar um fora. Se Idate a achasse maluca, ele poderia pensar duas vezes antes de querer alguma coisa com ela.

–Não se preocupe, Ino. Ainda temos o baile de verão, o baile de Halloween e o de formatura. Podemos organizar algum deles. – disse Hinata tentando consolar a amiga.

–Mas eu queria o de primavera e vocês sabem porquê. Eu adoro trabalhar com flores... – Ino choramingou no ombro da Tenten, jurando mentalmente que se vingaria de Shizuka.

Sakura ouvia um pouco da conversa das meninas enquanto ficava atenta aos jovens que passavam perto da mesa. Bem de longe, atrás de um grupo que dançava meio sem jeito, ela avistou a cabeça do Idate, levantada procurando por ela com uma bebida na mão.

Quando se deu conta de que era ele, Sakura virou seu corpo totalmente para as meninas e preparou o saco de papelão, ponderando se seria necessário.

–Tá se escondendo de quem, Sakura? – perguntou Tenten olhando a rosada de canto. Sakura segurava um saco de papelão usado para os lanches de viagem da lanchonete e seus olhos estavam estreitos na direção da multidão de alunos.

–Está enjoada? – perguntou Temari fitando o saco aberto nas mãos dela.

Sakura olhou para os rostos das meninas, todas confusas esperando uma resposta. Elas haviam acompanhando o movimento desesperado da cerejeira.

–Eu estou bem. – respondeu forçando um sorriso.

–Não parece. – disse Ino preocupada. A loira se enrijeceu sobre a cadeira como se tivesse esquecido seus problemas de segundos atrás. – Você acha que me engana, mocinha? Eu percebi que você tem evitado o Idate por essa semana. O que realmente aconteceu naquele encontro?

As meninas estavam todas de orelha em pé esperando a resposta da cerejeira. Depois do encontro, Sakura evitou comentar detalhes do que aconteceu. Mesmo com Ino no seu pé insistindo, Sakura disse apenas que eles foram ao cinema, comeram no Kunai Burgers, depois Idate a deixou em casa. Claro que Ino se decepcionou, mas Sakura não queria que comentários desnecessários vazassem pelo colégio.

Mas naquele momento não parecia ter escapatória. Ino a fuzilava com o olhar, deixando as outras meninas tão interessadas quanto ela.

–Desculpem, meninas... – Sakura suspirou. – Eu menti pra vocês...

–Oh Droga! O Idate te fez alguma coisa? – Tenten se levantou da cadeira com os punhos cerrados. – Aquele cretino duas caras se aproveitou de você? Pode falar, Sakura! Que agora mesmo eu vou dar um jeitinho naquele desgraçado metido a santinho!

–Não, não Tenten! Ele não fez nada!

–Não precisa ter medo de nos contar, Sakura! Eu vou...

–Não, eu juro que ele não fez nada. – Sakura percebeu que Temari e Ino suspiraram de alívio, mas Hinata e Tenten ainda estavam desconfiadas.

–Senta, Mitsashi! Deixa a Sakura explicar o que está acontecendo. – disse Ino impaciente. Conhecia o temperamento esquentado de Tenten. Mais da metade da família Mitsashi era da polícia, inclusive o pai da morena. Talvez por isso ela herdara essa sede de justiça.

Tenten se sentou lentamente ainda com a expressão dura e Sakura suspirou antes de continuar.

Ela contou tudo o que aconteceu, desde o encontro com Tazuna no cinema, até a briga do Sasuke e do Idate no Takana.

–Então era por isso que o Neji não largava o celular no sábado... – disse Tenten pensativa e um pouco decepcionada.

–Na verdade eu não entendo porque o Sasuke se comportou assim. – disseTemari confusa.

–Você se esqueceu do que a Karin nos contou? – perguntou Ino a Temari. – O Sr. Uchiha obrigou o Sasuke a cuidar da Sakura para proteger a herança. É claro que o Sasuke vai proteger o seu investimento, custe o que custar.

Sakura sentiu uma punhalada na barriga ao imaginar o Sasuke se responsabilizando dela apenas para não perder a herança. Por uma semana tentava evitar os questionamentos sobre ele. Doía demais imaginar que todo o momento que eles passaram juntos não significaram nada pra ele.

Desde a noite de sábado, eles não se falavam, nem ao menos se olhavam. Sasuke evitava os jantares em família, evitava andar pelos corredores no mesmo horário que ela e não lhe dava carona para o colégio. O motivo? Bom, o Idate apareceu no portão da mansão Uchiha todas as manhãs daquela semana. Por um lado Sakura gostou, pois tinha consciência de como seria horrível estar dentro do carro do Sasuke no estado em que se encontravam. No entanto por outro... Conversar com Idate e tentar ser gentil para não magoá-lo era ainda pior.

–Mas o Idate foi realmente um cavalheiro. Eu sabia que ele não era como o mala do primo. – comentou Temari. – Só não entendo por que a Sakura está se escondendo dele.

Tenten olhou de canto para a loira.

–Qual é, Temari! A garota ficou traumatizada. Melhor esperar um tempo para o próximo encontro e pelo que eu conheço dos homens, eu tenho certeza que o Idate quer sair com ela para reparar o fracasso do primeiro encontro.

Obrigada, Tenten! Pensou Sakura. Talvez agora ela teria ajuda das meninas para se esquivar do Idate.

–Por que não nos contou antes, Sakura? Você vai ficar com um trauma para o resto da vida. – disse Ino fitando a Haruno gentilmente.

–É verdade. – concordou Tenten. – Se tivesse nos contado no domingo a gente teria saído para fazer compras e você se sentiria muito melhor.

–Não tem problema! Podemos fazer compras amanhã! – disse Ino com um sorriso do tamanho do sol. – Eu vi um vestido da Dolce & Gabbana que é de furar os olhos das invejosas.

–Ah, eu prefiro comprar sapatos! – disse Temari retocando a maquiagem.

–Vamos deixar a Sakura escolher, tá legal?

Ino, Temari e Tenten começaram a falar ao mesmo tempo. Sakura não entendia nada, apenas sorria. Hinata continuava tomando o seu suco, também sorridente. Ambas pensavam a mesma coisa: era muito bom ter amigos.

***

A festa parecia estar quase no fim. Pela falta de bebida alcoólica e da “curtição” sem responsabilidade de alguns jovens, a lanchonete começou a se esvaziar.

Sakura conversava com Hinata ao lado do balcão da lanchonete, quando viu o Idate novamente. Hinata para ajudá-la, disse que distrairia o Idate enquanto a rosada desse no pé.

Sakura saiu por uma porta lateral da lanchonete perguntando-se onde Sasuke poderia estar, já que não o viu desde que chegou naquela festa com o Idate.

Apesar de tudo que acontecia entre eles, Sakura sabia que não podia deixar de amá-lo. Nada do que sentia por ele havia mudado durante os últimos dias. Mesmo depois daquela discussão estúpida dentro do carro em que ele afirmou que Sakura não o conhecia.

Era tão idiota a sua maneira de pensar...

Amar e não ser correspondida... Por que isso sempre acontecia com ela?

Ainda amava o Sasuke com todas as suas forças. Só restava aquela dúvida, aquela incerteza do que ele sentia por ela.

Se não era amor, o que poderia ser então? Apenas uma atração física?

Suspirou. Esses pensamentos fulminavam dentro da cabeça dela desde a noite daquele maldito encontro. Como desejava que tudo terminasse, que tudo pudesse ser normal.

Normal com Sasuke ao seu lado ou normal sem ele, Sakura não tinha certeza. Apenas queria ser feliz, mas não conseguia se imaginar feliz sem a presença dele na sua vida.

Sakura seguiu o caminho que dava para o estacionamento. Hinata lhe daria uma carona, já que o Naruto não pôde comparecer à festa.

Saiu para a escuridão da noite, entrando numa fileira de carros no estacionamento. Estreitou os olhos para enxergar melhor e avistar o carro vermelho da Hyuuga, que deveria estar logo ali à frente. Quando saiu da vala estreita de carros, avistou um casal logo à frente, encostado em um mustang prata.

Era o Sasuke.

Seus olhos não estavam mentindo para ela. Nem mesmo aquela noite escura e sem lua, onde a única luz que iluminava aquele estacionamento era de alguns postes da rua, a enganaria. Sakura podia reconhecê-lo a quilômetros de distância.

Sentiu uma dor tão forte, que poderia se comparar a um punhal lhe atravessando o peito.

Sasuke estava beijando uma garota, prensando-a em seu carro, como uma vez já havia feito com ela.

Sakura ofegou, sentindo seus olhos mergulharem em lágrimas.

Tinha que sair dali! Tinha que correr, fugir! Quem sabe até ser atropelada pelo caminho! Qualquer coisa era melhor que sentir aquela dor insuportável enquanto assistia a cena no meio do escuro.

Sua cabeça parecia dar voltas sem ela sair do lugar. Sua mente dizia ! Fuja Sakura! Saia daí! Mas seu corpo se movia para os lados sem saber ao certo o que fazer.

Como se fosse impulsionada, Sakura tentou correr de volta para o caminho que percorreu segundos atrás, mas acabou esbarrando no carro ao seu lado, fazendo o alarme do automóvel disparar ensurdecedoramente e seu coração bater mais forte do que já estava.

Sasuke e a garota atrás dele, olharam assustados na direção escura da onde vinha o barulho. O Uchiha estreitou os olhos e viu Sakura correndo dentre os carros de volta a lanchonete.

Sakura...

***

O sol passava pelas persianas como lâminas douradas atingindo seus olhos. O pequeno quarto estava iluminado; uma fina camada de poeira circulava pelo ar. Sasuke levantou o tronco com os olhos entreabertos e passou uma mão nos cabelos, tirando-os do rosto. Seus olhos tatearam o quarto absurdamente claro tentado se lembrar aonde estava.

As paredes do quarto eram brancas e cheias de fotografias. A enorme janela sob a cabeceira da cama coberta por persianas que não impediam o sol de entrar parecia fechada. Sasuke estava fadigado e com muito calor. Não conseguia sentir nem um salpico sequer do vento.

Sentou-se na cama de cara amarrada, sentindo sua cabeça latejar de dor, quando encontrou alguém do seu lado. Havia uma garota de cabelos cor de mel, deitada de bruços, as costas nuas sob o sol que vinha da janela.

Como um lampejo, tudo o que acontecera na noite anterior, passou por seus olhos cor de ônix.

Raiva, dor e mais raiva. Olhos verdes. Carro, alarme, Sakura. Bebida forte, raiva, dor.

E então um apartamento pequeno.

Levantou-se irritado por ter se lembrado do motivo que o levara até ali, apanhou sua roupa que estava espalhada pelo chão e a vestiu. Depois de se lavar no pequeno banheiro de azulejos azuis, saiu do quarto sem ao menos olhar para a garota com quem passara a noite e não fazia idéia do seu nome. O resto do apartamento estava revirado. Num canto da sala havia um abajur jogado ao chão, no meio dela havia latinhas de cerveja e garrafas de sakê vazias e uma de vodka da mais cara.

Quando se aproximou da porta, Sasuke arregalou os olhos quando encontrou Kiba deitado atrás do sofá. Então Sasuke teve uma breve lembrança do Inuzuka dentro do seu carro.

–Inuzuka! – disse ele mexendo o garoto com o pé. – Kiba!

–Hum... – o garoto remexeu a cabeça, mas não abriu os olhos. Sasuke sem paciência, pegou um vaso de flores que estava sobre uma mesinha em outro canto da sala e jogou a água de dentro dele na cabeça do amigo. – Quem foi o filho da...!

Kiba abriu os olhos, seu rosto estava amarrotado, seus cabelos emaranhados.

–Mas que merda é essa? Que lugar é esse, porra?! – ele se levantou de um pulo, mas se arrependeu assim que ficou de pé. Sua cabeça latejou dolorosamente fazendo-o segurá-la como se isso fizesse a dor passar. – Merda!

–O que você veio fazer aqui? – perguntou Sasuke e o Inuzuka procurou um lugar pra se sentar.

–Eu sei lá... Eu... Eu tava com uma ruivinha, lembra?

–E onde ela está? – Kiba estreitou os olhos, ainda com as mãos na cabeça e procurou pelo sofá onde estava sentado, como se pensasse estar sobre alguém deitado ali.

–Ela já se mandou. – disse ele quase sem acreditar. – Não são os homens que devem sair primeiro?

Sasuke ignorou o amigo e abriu a porta do apartamento. A dor em sua cabeça o deixava ainda mais irritado que de costume.

–Espera aí, Uchiha! Me dá uma carona, cara!

O sol estava baixo, não passava das sete da manhã. Sasuke procurou as chaves do carro no seu bolso enquanto descia as escadas. Kiba o seguiu murmurando alguma coisa pro Uchiha, depois chegaram na rua.

Sasuke avistou seu carro, um mustang prata estacionado na calçada. No pára-brisa havia três papeizinhos de multas.

–He, he! Como nos velhos tempos, hein Uchiha! – Kiba deu um tapa no ombro do moreno e entrou no carro.

Sasuke arrancou as multas e jogou na calçada sem ao menos verificar a quantidade do prejuízo.

Entrou no mustang e deu a partida.

Era engraçado como a história se repetia. Depois de tanto tempo sem fazer coisas irresponsáveis, sem dormir fora de casa depois de encher a cara, lá estava ele novamente, voltando para casa depois que o sol nasceu, quase morrendo de tanta dor de cabeça.

O pior de tudo, era que nunca conseguia se sentir bem com isso. Agora parecia estar ainda pior. Quando era rebelde, a ponto de enfartar o pai, mesmo curtindo ao máximo tudo que podia, ele nunca se sentia como um campeão de boxe depois de ganhar um cinturão de ouro; nunca se sentia bem.

E agora, depois que pensava ter se tornado um adulto, depois que... ela fez mudar praticamente tudo na sua vida, se sentia como um idiota por ter começado tudo de novo.

–Cara! Eu acho que nunca tinha bebido tanto como na noite passada! – disse Kiba ao seu lado, sorrindo como se a dor de cabeça não o incomodasse.

Sasuke continuou calado enquanto dirigia. Seu corpo estava dolorido, sua cabeça fervia como uma panela de pressão, seus olhos ardiam. Estava com tanta raiva que não duvidava de sua capacidade e coragem de jogar Kiba para fora do carro.

Não estava irritado exatamente com o Inuzuka, por isso se segurou. Estava irritado com suas próprias atitudes, suas próprias escolhas.

Parou o carro num sinal vermelho e avistou uma Ferrari vermelha parar ao seu lado. Ele viu quem era o motorista, era um velho de óculos escuros, porém as lembranças que uma Ferrari vermelha lhe traziam eram inevitáveis.

Idate! Ele apertou o volante e quando o sinal ficou verde, acelerou ao máximo, fazendo o carro disparar pela avenida. Kiba soltou um palavrão quando o mustang arrancou rapidamente pela rua.

Como Sasuke era tolo! Claro que não estava com raiva dele mesmo! O culpado de tudo, de todo o ódio, de tudo que ele sentia, de tudo que ele havia feito era dele! Daquele desgraçado com cara lambida!

–Tudo bem, cara? – perguntou Kiba olhando de canto para o Uchiha.

A resposta estava esculpida no rosto dele.

Kiba se contraiu, lembrando-se muito bem do que aquela expressão queria dizer. Fúria, fúria e mais fúria. Levando em conta, isso era até normal na vida do Uchiha.

–Aí, não esquenta, não. Seu pai não vai se importar por você ter dormido fora de casa essa noite.

Antes fosse esse o problema, pensou Sasuke.

O que seu pai iria fazer por ele ter dormido fora era o último das suas preocupações. Sasuke queria tanto se vingar de Morino Idate pela sua desgraça que não conseguia pensar em viver sem deixá-lo impune.

***

Quando chegou na mansão Uchiha, Sasuke entrou pela porta dos fundos; não queria correr o risco de ser visto. Não desejava ter que explicar nada ao pai, pelo menos não naquela manhã. Quem sabe outro dia quando o seu humor estivesse menos perigoso...

Todos os domingos o Sr. Fugaku acorda bem mais tarde. Porém naquele...

Sasuke o encontrou na cozinha segurando um jornal e uma xícara de café. Seus olhos negros pousaram na silhueta do filho assim que ele adentrou a porta da cozinha.

Ambos permaneceram mudos por alguns segundos. Se não fosse a raiva que assentava dentro do Sasuke ele teria feito uma expressão de surpresa, talvez de medo quando avistou o pai. Mas naquela manhã, ele permaneceu carrancudo. Os olhos estreitos e ardentes como se estivessem vermelhos.

–Bom dia. – disse o Fugaku com certo sarcasmo na voz, voltando à atenção para o jornal que segurava. – Você não costuma levantar tão cedo no domingo.

–Você também não. – respondeu Sasuke caminhando na direção da geladeira. Ele a abriu e virou uma garrafa de água gelada pela garganta, tentando ignorar a horrenda dor de cabeça.

–Hoje é o “dia d”.

Sasuke fitou o pai não muito surpreso.

–Vai jogar golfe de novo? – perguntou sem muita emoção na voz. O pai era viciado nesse jogo estúpido, quando não estava apostando em corridas de cavalos, onde ele mais perdia que ganhava,

–Não. – respondeu Fugaku depois de dar um gole no seu café preto-amargo. – Nós vamos.

–Sabe que eu não jogo essa droga de golfe.

–Você não precisa jogar. Quero apenas que nos acompanhe até o clube.

–E por quê? – ele perguntou desdenhoso, porém sabia o motivo. Assim como outros ricaços idiotas, seu pai queria mostrar a cidade o quanto era feliz com seu dinheiro, sua saúde e sua família feliz. Literalmente um homem de sorte, abençoado por seus bens materiais.

–Não discuta, Sasuke. – Fugaku desceu da cadeira alta do balcão de mármore e jogou o jornal que acabara de ler no lixo. – Eu não quero saber o que você fez durante esta noite que não veio para casa. Está uma bela manhã para brigas e para evitar isso, faça o que eu digo sem questionar. Ir até o clube para um almoço não vai arrancar um pedaço seu.

Sasuke se enrijeceu para retrucar com o pai, quando se lembrou de que nesses encontros no clube de golfe, alguns funcionários importantes da empresa compareciam com suas famílias para fazer pose de ricos esnobes.

–Vai jogar contra quem? – perguntou ele de repente interessado.

–Hoje será contra os Morino.

Bem o que ele imaginava. Idate estaria lá. Sozinho com a Sakura. Se Sasuke não estivesse por perto, só Deus sabe o que aquele desgraçado iria tentar com ela.

Hn! Só por cima do meu cadáver!

–Vá se trocar, filho. Vamos sair daqui em meia hora.

***

Estar ao lado dele e desejar não estar era torturante. Seu corpo estava rígido fazendo todos os músculos ficarem doloridos ao mesmo tempo. Sasuke estava distante dela, porém ao mesmo tempo perto demais. Bem mais próximo do que já esteve nos últimos dias.

Sakura encarava a janela da limusine com olhos vazios. Precisou passar um quilo de maquiagem pra disfarçar a noite mal dormida em que chorou a maior parte dela. Porém nem assim dava pra disfarçar sua fadiga, seu cansaço. Sua mãe perguntou se ela estava doente por estar com a aparência tão morta. Arrependia-se por ter dito que não. Se tivesse mentido, estaria em seu quarto pensando nele e chorando, não ao seu lado segurando as lágrimas.

Tentava não transparecer com toda essa tristeza que fora ela, a garota intrometida que provocou o barulho ensurdecedor do alarme de um carro qualquer do estacionamento da lanchonete. Se Sasuke descobrisse, se ele imaginasse que ela estaria o espionando (e ela não estava), Sakura jurava que podia se jogar na frente de um ônibus. Não queria parecer aborrecida com o que acontecia e sim parecer que não dava a mínima. Essa era a melhor maneira de deixar de amá-lo, de esquecê-lo por completo.

Amar e não ser correspondida era a pior sensação de desprezo que alguém podia sentir.

Ela estava conformada com o fracasso. Estava disposta a reconhecer que era uma “Maria-ninguém”, independente de onde estava, de como era, de quem era. Em Tóquio com a avó, era feliz apesar de não ter quase nenhum amigo, de ser literalmente excluída da escola. Em Konoha, depois de tudo que havia acontecido, de tudo que havia mudado dentro e fora de sua pessoa, ela havia nutrido falsas esperanças. Pensava que tudo mudaria radicalmente e nunca mais voltaria a ser o que um dia foi doloroso. Ela passara de uma ninguém para alguém num piscar de olhos. Passara de uma garota acidente, filha de um pai maluco para alguém normal do qual seu passado não interessava mais; ele estava morto e enterrado.

Passou a se sentir assim quando Sasuke a beijou pela primeira vez. Quando seus lábios se encontraram tão sutilmente e ela se sentiu única nos braços dele. Se sentiu importante... diria que de certo modo... amada. Amada por alguém importante e existente, totalmente o contrário dela.

Mas por que tudo foi arrancado dela como um doce tirado a força de uma criança? Como se ela não pudesse evitar, não pudesse se defender?

A resposta estava bem vívida aos olhos cansados, tristonhos e sem brilho da cerejeira.

Esse era o seu destino, afinal. Não importava quem ela era agora. Se estava numa família bilionária e muito importante, se tinha roupas caríssimas de marcas importadas. Este era o roteiro da sua vida. Não havia como mudar. Não existia borracha para apagar a palavra “fracasso” da sua história.

Os olhos esmeraldinos que não brilhavam naquela manhã, mergulharam-se em lágrimas. Sakura virou o rosto o máximo que pôde para a janela, tentando escondê-lo também de sua mãe que estava sentada bem na sua frente conversando com o marido.

–Eu disse a você que aquelas mulheres são um poço de desgosto. Não agüento mais que dez segundos na presença delas. – murmurou Yori para o marido que a abraçava pelos ombros.

–Não se preocupe, meu amor. Garanto a você que elas não estarão lá. Se estiverem, nós sairemos do clube no mesmo instante ou eu mesmo as expulso tão rápido quanto.

–Por Kami! Não precisa expulsá-las. Nós saímos.

Sakura que tentava ouvir a conversa da mãe para não ter que ouvir seus próprios pensamentos, perguntou-se se ela falava das mulheres esnobes que estiveram na festa da empresa algumas semanas atrás.

–Por Kami, digo eu, Yori! Mesmo sabendo que elas são o demônio em pessoa você mostra ter compaixão... – Fugaku estreitou os olhos e soltou uma risada sem humor sacudindo a cabeça..

–Não é bem isso. Só não quero que você se mostre ser o demônio no lugar delas.

Fugaku sorriu fitando os olhos vívidos da esposa e a beijou suavemente. Sakura fitou o casal meio tímida e desviou os olhos quando o beijo se intensificou. Yori, totalmente corada, afastou o marido que não parecia nenhum pouso constrangido com a presença do filho e da enteada, sentados bem à frente deles.

Yori pigarreou e fitou seus dois filhos com um sorriso estonteante.

–Por que estão assim tão quietos?

–Deve ser porque é domingo de manhã. – respondeu Fugaku olhando em seu relógio de ouro no pulso esquerdo.

–Antes fosse. – disse Yori percebendo que Sakura olhava para uma janela e Sasuke para a outra. Estavam muito distantes. – Estão estranhos há dias.

Sakura evitou olhar para a mãe. Com certeza ela perceberia mais alguma coisa.

Yori olhou preocupada para o marido que não ligava a mínima até ver o seu olhar.

–Andaram brigando garotos? – perguntou ele fitando o filho apenas.

–Por que a gente brigaria? – perguntou Sasuke apático, sem olhar para o pai de volta.

Sakura estremeceu ao seu lado quando ouviu a voz dele.

–Acho que eles não queriam vir, Yori. È só isso. – Fugaku acariciou o rosto da mulher e a beijou na testa. Porém ela ainda não parecia satisfeita.

Yori resolveu deixar para resolver essa questão outra hora. A limusine acabara de adentrar os portões do imenso clube. Sakura avistou pela janela o alto de três, talvez mais tobogãs atrás de um muro. A altura deles parecia ser assustadora. Se contraiu ao imaginá-la.

Quando a limusine parou, um manobrista abriu sua porta e segurou em sua mão para ela descer.

–Seja bem vinda, senhorita. – disse ele sorridente.

Sakura agradeceu e caminhou até a calçada de pedra. Logo sua mãe estava ao seu lado.

–Que lugar lindo, não é? – disse ela.

Sakura foi obrigada a concordar. A fachada do clube parecia um castelo medieval, só que muito mais moderno. Até a entrada havia uma larga passarela de pedra, cercada por uma grama vívida e tão verde quanto seus olhos esmeraldinos.

–Vamos entrar, minhas queridas. – disse o Sr. Uchiha abraçando Yori pela cintura e Sakura pelos ombros. Sasuke seguia logo atrás sem muita vontade.

Assim que a família Uchiha passou pelas portas enormes de madeira vermelha, as pessoas que estavam ali pararam para olhar. Sakura no momento não se preocupou muito com isso, pois entrou olhando para cima e para os lados. O lugar era imenso e lindo. Tudo era coberto por marfim, bege, marrom e vermelho: as mesas e cadeiras, os sofás de couro, as cortinas. O chão era encarpetado de verde-escuro e era muito macio. Sakura imaginava estar flutuando mesmo usando sandálias de salto alto.

Seus olhos continuaram inspecionando o lugar, levantando o rosto para olhar o belo teto de madeira bem trabalhado em verniz. Quando desceu os olhos por uma cortina vermelha que parecia mais uma bandeira pendendo do teto ao chão, encontrou o rosto de Sasuke não muito perto dela, a expressão indecifrável, fitando seus olhos. Sakura corou bruscamente, perguntando-se há quanto tempo ele estava olhando para ela.

Os olhos dele, intensos penetrando o seu rosto, fazia o ar ir embora dos pulmões da cerejeira. Ela sentia que o mundo não existia mais. Apenas os olhos de Sasuke no seu rosto eram reais naquele momento.

Por dentro ela gritava implorando ao seu lado hipnotizado para se mover, parar com a fraqueza que demonstrava a ele. Queria ser frígida, não queria? Não desejava tratá-lo com a mesma frieza que ele a tratava? Não queria que Sasuke sequer imaginasse que ela havia chorado por ele na noite passada? Deveria ser orgulhosa! Tentaria pelo menos uma vez ser um pouco egoísta! Pensar em sua própria vontade pelo menos por uma vez!

Então por que os segundos passavam e ela não se mexia? Apenas sentia-se mais fraca, mais vulnerável com aquele olhar poderoso que enxergava dentro dela. O seu “eu” que amava Sasuke acima de tudo estava vencendo.

Sakura entreabriu os lábios e ofegou. Percebeu que Sasuke havia desviado os olhos para o seu lado esquerdo e mudado a expressão.

–Sakura-chan!

Virou-se assustada, deparando-se com Idate que se aproximava.

–Idate-kun? – disse ela depois de limpar a garganta. Por que ele sempre aparecia do nada? – O que faz aqui?

Idate a segurou pela cintura e lhe beijou no rosto. Sakura segurou a vontade de olhar na direção do Sasuke. Orgulho! Ela lembrou a si mesma. Apenas imaginaria a expressão que ele poderia ter feito.

–O Sr. Uchiha convidou a minha família para jogar golfe esta manhã. Eu imaginei que você viria, então... – Sakura corou com o olhar que ele lançou a ela. Tentou corresponder com um sorriso da melhor maneira possível. – Vamos tomar café da manhã. Minhas primas querem conhecer você.

Sakura assentiu, avistando sua mãe ao lado do Sr. Uchiha no balcão da recepção. Pelo canto do olho, procurou por Sasuke no lugar onde ele estava minutos atrás, mas ele já havia saído.

***

Idate acompanhou a cerejeira até o restaurante do clube. Quando adentraram o amplo salão, exageradamente iluminado pelo sol que entrava pelas paredes de vidro, Sakura avistou Sasuke sentado numa mesa com a cabeça apoiada nos braços. Havia duas meninas com ele sentadas uma de cada lado falando pelos cotovelos.

–Ali estão minhas primas. – Idate apontou para a mesa onde Sasuke estava. – Conversando com o Uchiha? É o sonho delas...

–Eu não diria que estão conversando... – Sakura pensou alto depois de analisar a expressão do Sasuke enquanto as meninas tagarelavam.

Idate a fitou e ficou um pouco irritado com a maneira que ela pronunciou a frase.

–Está com ciúme?

–Ciúme? – Sakura alterou a voz e endureceu a expressão. – Mas é claro que não! Eu... eu só... Eu fico muito, muito irritada com a maneira que o Uchiha, “herdeiro bilionário”, “príncipe de Konoha” e não sei mais outros quantos nomes os jornais dão a ele, ignora as pessoas! Suas primas estão praticamente conversando sozinhas!

Idate estreitou os olhos sem entender o que havia acontecido com ela. Sakura nunca falava assim do Sasuke.

–É, você tem toda razão. O Uchiha não é muito sociável. Ele leva o seu título de rico poderoso à sério demais.

Sakura assentiu meio confusa. Não era bem toda essa raiva que queria demonstrar, mas o que Idate insinuou que ela estava sentindo a irritou.

Ela não poderia estar com ciúme! Claro que não! Absolutamente, inegavelmente não sentia ciúmes daquele Uchiha esnobe, filhinho de papai, playboy sem sentimentos! Não estava com ciúmes! Era ódio da maneira repulsiva que ele tratava as pessoas, era raiva de como ele era capaz de enganar as pessoas! De como ele... de como ele a enganou!

Era apenas isso, não era?

Ódio...?

Não era ódio. Ela não conseguia odiá-lo.

Por que sou tão fraca?!

–Vamos? – Idate segurou-a pela cintura, levando-a em direção à mesa de Sasuke.

–Vamos para onde? – Sakura tentou organizar seus pensamentos. Não era hora para pensar no Sasuke e voltar a chorar como na noite passada. Tinha que ser forte pelo menos até o fim do dia quando esse encontro ridículo de milionários acabasse.

–Tomar o café da manhã. – Idate respondeu como se fosse muito, mas muito obvio.

Na mesa do Sasuke?! Isso só pode ser uma piada!

Mas Idate não estava brincando. Eles continuaram andando até o Sasuke e as primas do Idate e só pararam quando chegaram às duas cadeiras vazias. Sakura imaginou que Idate gostaria de uma mesa só para eles, já que ele sempre gostava de ficar sozinho com ela.

–Keylan e Sury, esta é Haruno Sakura.

As duas garotas olharam para a cerejeira, analisando-a da cabeça aos pés.

–Ohayo. – disse a Haruno meio sem jeito. Entendia perfeitamente a expressão que elas faziam: uma fracassada pobretona. Sentiu raiva novamente e não só pelo ciúme, que jamais admitiria sentir. Olhou rapidamente para o Sasuke, que fitava um ponto qualquer do restaurante com a expressão ainda mais retorcida.

–Haruno Sakura! Finalmente a conheci. – disse a garota que o Idate apontou como Sury. – Idate sempre disse maravilhas a seu respeito.

Foi impressão ou Sakura ouviu um certo sarcasmo nessa última frase?

–Não comece a me constranger, Sury. – Idate se sentou, fitando a Haruno que não pareceu ficar embaraçada com o que acabara de ouvir.

Sakura também se sentou em silêncio, olhando para o prato e os talheres à sua frente. Sasuke estava ao lado oposto da mesa redonda e ela jurava que podia senti-lo muito próximo. Sua presença era intensa, a deixava mais vulnerável do que uma presa indefesa perambulando em território hostil. Era como se ele fosse muito perigoso e ela não pudesse se defender.

Sakura não agüentava mais essa sensação. Sentia-se ridiculamente estúpida por não controlar seus sentimentos, por não conseguir ignorá-lo, esquecê-lo de uma vez! Queria tanto sair daquele lugar!

Sakura levantou sua expressão angustiada. Keylan e Sury voltaram a conversar, fazendo perguntas que Sasuke não respondia. Ele parecia estar em outro planeta, seus olhos continuavam fitando um ponto distante do salão.

–Preciso falar com você, Sakura. – disse Idate despertando-a dos pensamentos.

–Pode falar, Idate-kun.

–Bom, preciso falar com você à sós. – disse ele alto o suficiente para que as meninas escutassem e parassem de falar.

–Priminho, seja um bom garoto... – disse Keylan fitando-o de canto. – Você não quer ter problemas com os Uchiha.

Não vai querer mesmo. Pensou Sasuke de repente despertando do seu transe. Na verdade ele estava desligado das duas maritacas ao seu lado. Ele estava simplesmente acompanhando tudo que acontecia a sua volta.

–Não seja ridícula, Keylan. O que quero dizer a Sakura não é da conta de vocês. Simples assim. – Idate levou sua xícara de café até lábios, os olhos castanhos se estreitaram na direção de Sasuke.

Sakura percebeu.

Idate estava provocando o Uchiha.

Sakura não conseguiu sentir raiva do Idate por isso, porque afinal não era o que ela queria?

–Podemos conversar na sala de visitas depois do café. – sugeriu o Morino.

Sakura concordou forçando um sorriso e no mesmo instante, Sasuke se levantou e seguiu em direção a saída do restaurante.

–Nossa! Onde o Sasuke-kun foi com tanta pressa? – perguntou Keylan olhando atentamente a porta por onde Sasuke acabara de passar.

–Que tal a gente ir dar um mergulho? Talvez ele tenha ido para a piscina. – disse Sury empolgada.

As primas do Idate começaram a discutir que lugar do clube o Sasuke poderia ter ido, enquanto Sakura desejava ir embora o mais rápido possível.

–Podemos ir agora, Sakura. Ou prefere terminar o seu café?

–Podemos ir. Não estou com fome.

Eles se levantaram e Sakura foi até a mãe para pedir permissão. Claro que ela não precisava pedir permissão, só queria fazer uma cara de doente à beira da morte para sua mãe sugerir que ela fosse embora.

Mas como ela esperava não deu muito certo. Depois que Idate beijou a mão da Sra. Uchiha, ela retribuiu com um sorriso estonteante e nem mesmo olhou no rosto da filha.

***

Idate conduziu a cerejeira para uma ampla sala de visitas no terceiro andar. Assim como nos outros andares, Sakura observou a decoração finíssima do clube de bilionários. Havia janelas de madeira bem trabalhadas com verniz, assim como as paredes e alguns dos móveis franceses. Estes muito parecidos com os móveis da sala principal da mansão Uchiha: seus estofamentos eram de tecidos aveludados, decorados de cores bege, vermelho e tons de dourado.

Nas paredes, quadros de molduras ricas em detalhes esculturais, davam à bela sala de visitas uma aparência fúnebre e ao mesmo tempo interessante, semelhante ao interior de um museu.

Por todo o cômodo, havia mesinhas baixas sustentando belos abajures de porcelana e o teto era emoldurado com anjos de gesso, como se eles estivessem saindo do telhado. Sakura imaginou que se ficasse muito tempo os observando, sentiria vontade de chorar.

Ao fundo havia uma lareira enorme e muito bem limpa, o que indicava que há muito não era usada. À sua frente, havia um longo sofá decorado com muitas almofadas amontoadas, uma poltrona verde-musgo de encosto largo e uma mesinha de canto sustentando uma bandeja com xícaras de chá.

Sakura estava tão distraída que nem ao menos reparou nas outras pessoas dentro da sala. Uma senhora estava sentada na poltrona ao lado da lareira lendo uma revista e se servindo de chá. Do outro lado um garçom passava segurando uma garrafa de champanhe e logo atrás, sentado numa cadeira curva de madeira com os braços apoiados numa mesa, estava Sasuke.

–Podemos nos sentar aqui. – disse Idate ainda segurando a mão dela.

Sakura sentiu seu coração bater tão forte que temeu por sua saúde. Estava tão entretida com o lugar, que entrou praticamente olhando para os ares. Naquele momento Sasuke parecia distraído com o seu laptop, mas com certeza ele os viu entrar. Certeza porque passaram bem ao lado da mesa onde ele estava e certeza porque Idate falava pelos cotovelos desde que saíram do restaurante, além do Morino falar absurdamente alto, (parecia ser até propositalmente).

Idate reparou na expressão de espanto que ela fazia, então seguiu o seu olhar.

–Não se preocupe com ele.

Sakura o fitou de olhos estreitos. Por que imaginou por um instante que Idate sabia que Sasuke estaria ali?

–Sente-se, eu vou...

–Não. – Sakura respondeu tão rápido que acabou não saindo do jeito educado que ela queria. Pelo canto do olho, reparou que Sasuke levantara a cabeça para fitá-los. – Quer dizer... eu estou com pressa, Idate-kun. Minha mãe me pediu... – mentira – Para levar... – minta melhor, Sakura! – Para me encontrar com ela lá embaixo. Pode me dizer o que você queria me dizer... – Por que ela estava soando? Por que sentia seu coração saltar do peito?

Não era apenas pela mentira em si, mas por estar mentindo para o Idate e sabendo que a poucos metros de distância Sasuke ouvia tudo.

–Bom, eu só... – Idate estava meio sem jeito. Seu plano não saiu exatamente como ele queria. – Como eu disse, fiquei preocupado com você ontem à noite.

Sakura segurava o impulso de olhar na direção do Uchiha.

–Por quê? – Sakura tentou fazer da sua expressão a mais tranqüila possível.

–Eu fui buscar uma bebida pra você e a deixei ao lado daquela kunai enorme da lanchonete e quando voltei, você não estava lá. Fiquei a festa inteira te procurando.

Por que o Idate estava fazendo isso? Ele sabia que o Sasuke ouvia tudo! Com certeza o Uchiha estava tirando sarro da cara dele naquele momento, pois era obvio que Sakura estava fugindo dele na festa.

Então por que diabos fazer isso?!

–Eu... eu encontrei as meninas... Sabe como elas são... Ficamos conversando, gomene, Idate-kun. – Sakura não se conteve e olhou na direção do Sasuke. Ele estava com os olhos estreitos na tela do laptop, sua expressão mais carrancuda que minutos atrás na mesa do café da manhã.

–Na verdade – começou Idate tomando atenção dos olhos dela novamente. – fiquei preocupado quando a vi com a Hinata na saída.

Sakura arregalou os olhos e pediu mentalmente que ele parasse de falar. Seu coração batia ainda desesperado e sem controle.

–Eu vi você chorando, e pensei...

–Chorando?! – perguntou ela de repente com a voz fina. Ela mostrou os dentes mas não estava exatamente sorrindo. – Eu não estava chorando! – tentou rir desesperadamente, mas o que surgiu dela, realmente foi o desespero.

Não queria que Sasuke soubesse que ela chorou naquela noite, porque ficaria na cara que a garota intrometida e descuidada que despertou o alarme infernal de um carro, fora ela.

Idate estreitou os olhos enquanto Sakura soltava algo parecido com uma risada.

–Não estava chorando? Eu tenho certeza que você estava...

–Não, não. Absolutamente não! – interrompeu mais uma vez “sorrindo”.

Diabos! O que ela fez pra merecer isso?! Poderia suportar qualquer outra coisa! Qualquer coisa! Quem sabe um dia inteiro na companhia daquelas duas damas da corte dizendo o quanto ela era uma pobretona morta de fome, o que seria uma tortura carnal e mental, do que estar naquela bela sala tendo Morino Idate apunhalando uma espada no seu estômago...

Sasuke não deveria saber que ela estava chorando! Muito menos ter a certeza de que fora ela quem estava no estacionamento espionando (não intencionalmente) o belo casal se amassando!

Ao se lembrar, Sakura sentiu uma pontada angustiante na barriga.

–Preciso ir, Idate-kun! – Sakura não esperou por sua resposta. Que dia infernal! Como queria se matar!! Virou-se na direção da porta, fitando o belo carpete cor-marfim enquanto andava para não ter que olhar para o moreno, que estava, que estava...

Sakura desejou olhar para ele, mas tentou se conter. Levantou a cabeça para o teto, para os quadros nas paredes, para qualquer lugar que não fosse a mesa onde ele estava. Seus olhos nem prestavam atenção no que viam, seu corpo apenas agia por impulso, tentando sair o mais rápido possível daquele lugar.

Quando avistou a porta bem na sua frente, à metros mínimos de distância, sua perna bateu numa coisa dura que parecia ser uma mesinha de centro.

Sakura soltou um gritinho de dor e caiu no chão.

Ao longe ouviu Idate gritar o seu nome, mas sua consciência foi tomada quando seus olhos avistaram os olhos negros que eram capazes de lhe tomar o ar dos pulmões.

Sasuke a segurou pelos ombros e a levantou do chão, sem retirar seus olhos dos olhos esmeraldinos dela. Sakura sentiu seu corpo inteiro estremecer, depois ficar dormente. Sua cabeça parecia limpa, em branco. Por que estava mesmo querendo sair dali o mais rápido possível?

–Sakura! Você está bem? – Idate estava bem ao seu lado, os olhos passando de Sakura para Sasuke.

–Estou. – Sakura balançou a cabeça para despertar do transe. – Estou sim! – ela tentou sorrir, percebendo que Sasuke tirara as mãos e as escondera nos bolsos, mas não saiu de onde estava. – Sou tão desastrada! Acho que esses hábitos nunca vão morrer.

Idate e Sasuke se encararam, depois fitaram a rosada se abaixar e passar a mão na perna acidentada.

–Você está bem? Posso te levar para a enfermaria e pedir que alguém dê uma olhada na sua perna.

–Ela não precisa da sua ajuda.

Sakura estremeceu quando ouviu a voz do Sasuke. A mais de uma semana que ela não ouvia aquela voz tão de perto, tão irritada, tão possessa.

Idate o fitou serenamente. Sakura se perguntava como Idate conseguia manter o controle tão perfeitamente. Nem mesmo sua expressão mudava diante da intimidação do Uchiha.

–Sakura bateu a perna muito forte, eu acho...

–Você não tem que dizer por ela. – retrucou o Uchiha com os olhos estreitos. Sua expressão era tão ameaçadora que faria qualquer um sair correndo, mas Idate permanecia tranqüilo, como se estivesse tudo muito bem obrigado.

–Nem você por ela.

–Eu estou bem... – disse Sakura de repente – Idate-kun. – completou. Se Sasuke queria falar como se ela não estivesse ali, também agiria do mesmo jeito. – A pancada não foi tão forte. – mentiu de novo. Sua perna estava latejando. – Preciso ir.

Sakura deu as costas para os dois garotos e saiu da sala de visitas mancando.

Depois de dez segundos de silêncio vivo entre eles, Idate resolveu matá-lo. Escondeu as mãos nos bolsos e murmurou, olhando para a porta que Sakura acabara de passar.

–O que seu pai faria se descobrisse, Uchiha? – Idate permaneceu com o olhar perdido na porta. – Se descobrisse o que você sente por sua meia-irmã?

Sasuke virou o rosto contorcido na direção dele, seus punhos cerrados prontos para atingir aquela cara cínica.

–O que você disse? – perguntou entredentes.

Idate virou o rosto lentamente para ele. Seus olhos estavam estreitos e havia um sorriso polido nos lábios.

–Aposto que ele mandaria você para um colégio militar do outro lado do país. – Sasuke deu um passo na direção dele, mas Idate não se intimidou. – Ou talvez faria algo imaginável. O Sr. Uchiha é tão imprevisível.

Sasuke se encontrava fora de si naquele momento. A raiva tentava dominá-lo de todas as formas, e mesmo assim ele tentava resistir.

Mas por que resistir? Há tanto queria bater naquele desgraçado!

–Acha que eu não percebi, Uchiha? O jeito como você olha pra ela, o jeito como você me olha quando estou com ela... Você não disfarça muito bem o seu ciúme.

–Você é um perfeito idiota se acha que pode me chantagear, Morino. – proferiu dando mais um passo pra frente. – Não sabe com quem está mexendo.

–Chantagear? – Idate sorriu. – Claro que não, Uchiha! Não faz o meu gênero contar tudo ao seu pai em troca de alguma coisa. Você não pode me dar nada. Eu só não vou permitir que você se aproveite da Sakura.

Sasuke trincou os dentes tentando se conter do impulso de surrar aquele desgraçado até a morte.

–Quem você pensa que é para se meter? – Sasuke apertou os punhos. Atingiria no queixo ou no nariz? Não conseguia se decidir... Quem sabe quebraria todo o rosto dele...

–A Sakura é uma garota especial. Não vou permitir que um aproveitador como você tire proveito da inocência dela.

Então era isso? Idate queria defendê-la... Defendê-la dele, enquanto Sasuke queria fazer o mesmo?

–Fique longe dela. – Idate disse entredentes. Agora também não se continha.

–Fique você longe dela, Morino. – Sasuke não queria dizer mais nada, nem permitir que Idate pudesse dizer algo. Com os dentes frouxos fica difícil dizer alguma coisa... ponderou Sasuke.

Ele se preparou para socar o rosto do Morino, quando um dos gerentes do clube interferiu.

–Está tudo bem aqui, rapazes? – Sasuke se conteve, mas continuou olhando no rosto cínico do Idate. – Algumas pessoas estão incomodadas com...

–Está tudo bem, parceiro. – Idate de repente não parecia mais furioso. Ele sorria para o gerente, aquele sorriso capaz de conquistar qualquer um, menos o Sasuke é claro. – Só aquela rivalidade comum pelo golfe. – Idate piscou e tirou uma nota de cem do bolso, entregando ao gerente que ficou com os olhos brilhando. *-*

–Oh, obrigado, senhor. Só não permita que essa rivalidade passe para um nível maior.

–Não se preocupe.

Idate fitou o Uchiha com um olhar zombeteiro antes de sair da sala.

Sasuke permaneceu tenso, sentindo seu sangue queimar nas veias. Ainda teria sua chance de acabar com aquele desgraçado! Nem que isso o levasse para o inferno! Ele iria acabar com o gostinho de vitória que Idate sentia.

***

–Sinceramente, Shizuka, eu não sei o que você tem na cabeça. – Karin caminhava ao lado da sua inimiga mortal, agora aliada da mesa causa, a caminho do refeitório apressadamente.

–Já disse que tenho os meus motivos. – respondeu a loira endurecendo a expressão no seu belo rosto de porcelana.

–Então era isso que você estava fazendo durante esse tempo todo? Tentando trazer de volta para a escola aquele bandido traficante?!

–Suigetsu não é um bandido.

–Mas é traficante! Foi expulso da escola porque estava vendendo drogas!

–Isso não foi provado. Por isso meu pai foi obrigado a aceitá-lo. Você sabe como o Sr. Koori corre de um processo judicial. – Shizuka ignorou o grito histérico que saiu da ruiva. – Além do mais, Karin, o Suigetsu não é um marginal, ele apenas age sem pensar...

–Exatamente! Tem certeza que quer um idiota nos ajudando? Precisamos de alguém mais inteligente, agora que você perdeu seu último neurônio. Não de um imbecil que já repetiu o primeiro ano, sei lá quantas vezes!

–É exatamente o que precisamos, Karin! – Shizuka parou na porta do refeitório e virou-se para fuzilar Karin com o olhar. – Tente confiar em mim só dessa vez.

–Confiar em você? A garota que infernizou minha vida desde o jardim de infância? Ah, não me faça rir...

–Então apenas espere...

Shizuka sorriu sem humor algum, enquanto Karin continuava confusa e furiosa.

A loira tinha um plano maquiavélico na cabeça. Se alguma coisa desse errado, dois idiotas levariam a culpa...

***

Mais uma segunda-feira, mas um dia angustiante de tortura na escola mais cara de todo o Japão. Sakura estava no refeitório absorta, os olhos perdidos no seu almoço frio e intocado.

Tudo parecia o mesmo. Sasuke estava distante e carrancudo, Idate cada vez mais perto, seu coração se apertava sempre que se lembrava das dúvidas e incertezas, da voz severa e fria de Sasuke dizendo que ela não o conhecia, os sonhos que fazia tudo ficar pior estavam mais freqüentes e não importava o quanto ela desejasse que tudo terminasse, a dor pulsante em seu peito se intensificava a cada dia.

A dor de amá-lo.

–Sakura!!

–O que foi? – Sakura levantou o cenho, encontrando os olhos zangados de Ino.

–Eu chamei você três vezes!

–Gomene, eu estava um pouco distraída. O que aconteceu?

–Eu é que pergunto o que aconteceu, você está muito estranha.

–Só estou cansada… Não dormi bem na noite passada.

Hinata fitou a rosada preocupada. Ela era a única que sabia o que realmente estava acontecendo. Depois do dia torturante no clube de golfe, Hinata foi visitá-la e Sakura desabafou. Hinata tinha um poder incrível para acalentar os oprimidos, Sakura se sentiu bem melhor depois de conversar com ela.

Porém essa paz só durou até Hinata ir embora...

–Eu te recomendo fazer ioga. – disse Temari mascando um chiclete. – Você não sabe como é maravilhoso esquecer de todos os problemas e ter um dia de paz interior.

–Ah que nada! Ioga é muito chato! – murmurou Tenten.

–Você diz isso porque desconta seu estresse batendo num saco.

–Não apenas isso, Temari. Meu tio me leva para atirar com ele no campo de treinamento da polícia.

–Ai que horror!

Isso é relaxante.

–Cada um tem sua maneira de se livrar do estresse. – disse Hinata gentilmente. – A Sakura só precisa escolher algo que a agrade.

–Se ela quiser, posso levá-la comigo. – disse Tenten apontando o dedo como se fosse uma arma. – Ela vai adorar.

–Mas nem pensar! – retrucou Temari. – Ela pode voltar com um dedo a menos. Esses exercícios são muito violentos para garotas!

Sakura não ouvia mais nada do que era dito pelas meninas. Tenten falava ao mesmo tempo com Temari, depois que Ino se intrometeu na conversa. A rosada continuou pensativa, quando avistou ao seu lado uma garota tropeçar com uma bandeja cheia de comida.

O tombo foi tão feio que muitos no refeitório pararam para rir, inclusive a mesa onde Sakura estava.

Ela se levantou horrorizada e se abaixou de frente para a garota.

–Você está bem?

A moça tinha um cabelo encaracolado e volumoso cor de bronze. Seus olhos estavam escondidos atrás de um enorme óculos de armação vermelha, mas que não escondiam as lágrimas espessas que saíam dos olhos.

Ela olhou para Sakura por um momento, depois se levantou e saiu correndo para fora do refeitório toda suja de torta de amora.

–Aquele cabelo parece um monte de palha! – disse Ino gargalhando em companhia de Temari, Tenten e mais algumas dúzias de alunos. – Imaginem se pega fogo!

–Que fracassada! – disse Tenten segurando a barriga que já doía de tanto rir.

Sakura permaneceu pasma, de pé, olhando para os rostos que gargalhavam em câmera lenta.

Aquela não era uma realidade muito distante da qual ela viva.

Por um momento se imaginou ali, no lugar daquela garota que não era muito diferente dela. Lembrou-se de como era semelhante na sua antiga escola, na sua antiga vida.

Sakura ainda se lembrava daqueles olhos molhados e assustados. Se lembrava do olhar confuso que ela lhe lançou antes de sair correndo, do olhar assustado para os rostos que riam dela.

Sakura se viu ali.

O que a tornava melhor que ela? O que tornava qualquer garota dentro daquela escola melhor que a garota de cabelos bronzeados?

A aparência? O dinheiro? Era apena isso?

Sakura olhou na direção das meninas, rindo estonteantemente como se estivessem se divertindo muito e perguntou-se se estava mesmo no lugar certo. Se aquele era realmente o lugar onde deveria estar. Se deveria ser realmente o que estava sendo.

Há muito ela sentia que o melhor a se fazer era voltar. Seu lar, seu verdadeiro lar era em Tóquio onde fora criada com a avó. Seu destino estava escrito ali, não onde estava. Não poderia ser onde estava!

Sabia que cada uma daquelas meninas sentadas à mesa possuíam qualidades maravilhosas. Mas se ela voltasse a ser humilde e uma Maria-ninguém, elas a tratariam do mesmo jeito?

Jamais saberia. Esse era o problema.

–Sakura! Venha, o intervalo já vai acabar.

Sakura se aproximou da mesa e continuou de pé.

–Vocês se lembram de quando me chamavam de fracassada?

Tenten interrompeu uma frase, Temari parou de tomar seu refrigerante e Ino de mexer dentro da bolsa procurando o celular. Hinata fitou a rosada temendo pelo que pudesse acontecer.

–Sakura... – Tenten não sabia o que dizer.

–Pensei que o passado estivesse morto e enterrado. – Temari disse por ela.

–E ele está, mas eu... só quero dizer que aquela garota não é tão diferente de nós. Ela só precisa da ajuda de amigas como vocês. Da ajuda que eu precisava... e vocês me deram. Humilhá-la não vai ajudá-la.

Sakura parou de falar. Esperou ansiosa pelo que elas diriam e ficou com medo da demora. Talvez agora elas a odiassem, mas Sakura não se importava. Se ela não pertencia àquele lugar, ela iria voltar para casa. Mesmo que sentisse muita saudade, sua mãe estaria bem. Bem e feliz. Isso era o que mais importava.

Sakura pegou sua mochila sobre a cadeira a colocou nas costas, mas antes que pudesse sair, Ino começou a gargalhar.

Todas olharam atônitas para ela, inclusive Sakura.

–Acabei de ter uma idéia brilhante! Há há há há...

–Ino!

–A Sakura tem razão! Há há há...

–Eu tenho? – Sakura arregalou os olhos e esperou enquanto Ino continuava a rir.

–Ino! Se você não falar de uma vez eu vou te estrangular! – Tenten se levantou para sacudir a loira e fazê-la parar de rir. Mas Ino tentou se conter. Enxugou as lágrimas e pigarreou.

–Desculpem, meninas. É que não conseguiu me segurar...

–É, nós percebemos... – murmurou Tenten com os olhos estreitos.

–A Sakura me deu uma idéia brilhante!

–Isso você já disse!

–Quer me deixar falar, Mitsashi?!

–Tá legal! Fala logo!

Sakura continuou de pé, esperando confusa o que Ino queria dizer.

–Imaginem uma coisa. – começou ela – Se fizéssemos vários projetos com as meninas da escola, teríamos um grande grupo, um bem maior que o da...

–Shizuka! – Tenten disse em voz alta e absurdamente empolgada, tomando o raciocínio da amiga.

–Além de expandir o nosso ponto de vista sobre moda! Adooooro! – completou Temari com o mesmo entusiasmo.

As três amigas começaram a falar ao mesmo tempo como de costume e Hinata fitou Sakura com um sorriso alegre.

–Sakura! Você é um gênio!

–A idéia foi da Ino.

O sinal que indicava o término do intervalo acabara de soar pela escola.

As meninas se despediram com um beijo na bochecha e foram cada uma para um lado sorridentes.

Sakura seguiu na direção das escadas, sentindo-se muito melhor pelo que acabara de acontecer. Quem imaginaria que a Ino tivesse essa idéia de “reformar” todas as garotas ignorantes à respeito da moda e torná-las inimigas da Shizuka? Bom, Sakura não fazia idéia que isso aconteceria.

Tentaria se focar nessa alegria única pelo resto do dia para conseguir estudar ao menos as últimas aulas.

Passou pela massa de alunos até alcançar as escadas. Teria aula de literatura no terceiro andar.

Quando pisou no primeiro degrau, sentiu seu braço ser puxado levemente por uma mão grande e quente.

–Olá.

Sakura fitou o garoto másculo ao seu lado, lembrando-se o lugar exato de onde o tinha encontrado pela primeira vez.

–Uau! Você está uma gata!

–Han... Obrigada! – Sakura corou e voltou a subir as escadas.

–Você não se lembra de mim, lembra? – perguntou o garoto subindo atrás dela.

–Lembro. É Sui... getsu, certo?

–Nossa, que memória!

–Bom, levando em conta que eu vi você nu na minha cama... – Sakura se calou assim que percebeu o que havia dito.

Ela apressou os passos pelos degraus de madeira, desviando-se das pessoas que subiam e desciam, até chegar ao terceiro andar.

–Então você se lembra do meu corpo nu na sua cama? –perguntou Suigetsu ofegante.

Algumas garotas que passavam por ali pararam ao ouvir a última frase.

–Não! – disse Sakura exasperada, vermelha de vergonha. – Quero dizer, sim. Mas não do jeito que você imagina.

–Tudo bem, não precisa ficar nervosa.

Suigetsu se aproximou dela depois de recuperar o fôlego, enquanto Sakura ainda estava ofegante e corada.

–Eu não sabia que estudava aqui. – disse ela mudando de assunto para esquecer o embaraço.

–Eu tinha tirado umas férias.

–Férias?

–Na sua língua isso quer dizer expulso.

–Expulso por quê?

–Fui injustiçado.

–Ah...

Sakura não queria ser mal educada, mas precisava ir para aula, já estava atrasada.

–Desculpe, Suigetsu-kun. Preciso ir para a aula.

–Espera, gata! Vamo continuar com o nosso papo. Não ta legal?

–Sim, mas é que eu...

–Saca só. – ele deu mais um passo e Sakura ficou encostada no parapeito do hall da escada. – Se a gente descer para o outro pátio, o inspetor não... Você ta legal?

Sakura havia fechado os olhos por um momento depois de sentir seu estômago embrulhar. A sensação horrorosa do seu medo de altura.

–É que eu tenho medo... de altura. Me deixe passar, onegai.

–Medo de altura? Coitadinha...

–É... uma coisa bem idiota...

–Não é idiota... – Suigetsu se aproximou, cercando-a com os braços másculos. – Assim como todo medo, deve ser superado.

–Me... deixe passar.

–Calma, gata. Não vou te jogar lá embaixo. Como eu disse, deve ser superado.

–Sim... Minha mãe acha que... eu devo ir a um psicólogo. – Sakura já sentia-se tonta. Na sua cabeça ela imaginava o precipício que estava às suas costas.

–Psicólogos não fazem nada. Você deve aprender a superar na prática.

–Acho que não... – Sakura percebeu o que ele queria fazer. Suigetsu não parecia ser uma pessoa má, ele estava sendo sincero. Pelo menos era o que a Sakura estava notando nos olhos dele. Não era igual ao do Kiba quando ele ficou brincando com o seu trauma.

–Não precisa ter medo. – Suigetsu tirou as mãos do parapeito e pôs na cintura da rosada.

–Não! Não! Não faça isso! – Sakura queria gritar, mas sempre que estava assim com tanto medo, sua voz a abandonava.

–Calma, gatinha.

Sakura sentia seu corpo começar a tremer quando suas pernas saíram do chão. Estava sentada no parapeito, sendo segurada apenas pelas mãos do Suigetsu.

Ela fechou os olhos, apertando-os a cada batida exasperada do seu coração. Suas mãos estavam trêmulas, apertando desesperadamente as mangas da camisa do Suigetsu.

–Nossa, essa parada é séria mesmo!

A voz dele estava ficando longe e abafada. De repente ela não escutava mais nada ao seu redor. Só pensava no abismo às suas costas e de como parecia dolorido cair nele.

Não que Suigetsu fosse assassiná-la, mas... E se ele a deixar cair? Se ela escorregar das mãos dele?

Sakura sentia um pavor enorme dentro de si. Seu corpo tremia, seu rosto estava molhado, suas mãos doloridas por apertá-las com tanta força no braço de Suigetsu.

O tempo parecia ter parado.

Por que isso não acabava? Será que já havia caído?

Isso não seria possível, porque não parecia estar nada diferente. Se estivesse morta não deveria estar num paraíso? Se é que existisse paraíso.

Sakura não ousaria abrir os olhos. Por mais que ela quisesse, não conseguiria.

Mais uma eternidade parecia ter se passado quando ela se sentiu diferente.

Talvez agora tenha morrido, pois seus pés estavam tocando um lugar firme. Havia braços envolta dela, mas não eram os braços do Suigetsu, estava muito diferente. Estava mais ansioso, mais firme.

E havia aquele perfume... Um perfume tão conhecido...

Era o perfume do Sasuke! O cheiro dele! Ela reconheceria esse cheiro inebriante até mesmo na outra vida!

Os braços a deixaram e agora havia mãos segurando o seu rosto.

Sakura ouviu um som abafado. Parecia ser o seu nome.

–Sakura!

Sim! Sim, era o seu nome! E essa voz... Essa voz era... do Sasuke!

–Sakura!

O som estava voltando aos ouvidos dela. Era um barulho ensurdecedor e por cima dele, bem próximo do rosto dela, Sakura ouviu mais uma vez:

–Sakura!

Ela abriu os olhos lentamente e piscou várias vezes para enxergar melhor.

Os olhos de Sasuke a fitavam. Uma de suas mãos segurava o rosto dela, seu corpo estava colado ao dele. Sasuke a sustentava de pé, olhando preocupado e ao mesmo tempo furioso para o rosto dela.

–Sas...uke-kun?

Sasuke suspirou e enxugou o rosto dela.

Só então Sakura entendeu. Ainda estava próxima ao parapeito do terceiro andar, não havia caído. Estava cercada por alunos curiosos que falavam ao mesmo tempo, alguns rindo, outros com expressões preocupadas. Tentou se recompor, tirando o peso de seu corpo que era sustentado pelo Sasuke.

Ele não a soltou por completo, a segurou firmemente pela cintura enquanto Sakura recuperava os sentidos. Ainda parecia tonta e fraca.

–Hei, Sasuke! Beleza, parceiro?!

Sasuke olhou na direção do Suigetsu que se aproximava empurrando os alunos curiosos do seu caminho.

–Leva ela pra enfermaria. – disse Sasuke a Ino, que estava bem ao lado dela.

–Hai.

Sakura só a viu quando a loira a abraçou e a guiou para descer as escadas.

Suigetsu continuou se aproximando, enquanto Sasuke continuou no lugar observando os passos dele.

Ele não perdeu tempo para se perguntar o que aquele idiota estava fazendo ali.

–Aí, não esquenta não. Eu só estava... – antes que Suigetsu pudesse dar mais um passo, o punho de Sasuke o acertou em cheio.

Suigetsu caiu de costas no chão, sua camisa branca corada do vermelho do seu sangue.

–AH!!! FILHO DA PUTA! VOCÊ QUEBROU O MEU NARIZ!!!

A multidão em volta deles começou a gritar “briga”, enquanto Sasuke queria fazer muito pior, só estava esperando Suigetsu se levantar. Mas o ex-colega de rebeldia choramingava no chão, sujando-o com seu sangue.

–QUE BAGUNÇA É ESSA AQUI?!

Todos se calaram. Era o inspetor Genma. Ele olhou para Suigetsu no chão depois para o punho de Sasuke sujo de sangue.

–Você – ele apontou para o Suigetsu – vá para a enfermaria! E você – olhou para Sasuke severamente – diretoria, agora. O resto para suas salas! VAMOS! SALAS AGORA!

***

Sasuke praguejava cada segundo que se passava. Seu pai chegaria a qualquer momento para encher sua paciência. Mas depois de ter ouvido tanta merda do diretor, pode-se dizer que já estava cheia.

–Que diabos! – Sasuke olhou na direção da porta da secretaria por onde Uchiha Fugaku acabara de passar. – O que você fez dessa vez?

–Na minha sala, por favor. – disse o diretor à soleira da entrada do seu escritório.

Os dois Uchiha entraram no escritório. Fugaku fuzilava o filho com o olhar.

–O que foi dessa vez? Eu interrompi uma reunião importante para estar aqui!

–Sente-se, Sr. Uchiha. – pediu o diretor.

–Eu não vou me sentar! Você por acaso é surdo?! Eu disse que interrompi uma reunião importante! Não vou ficar aqui sentado, tomando café e olhando pra essa sua cara feia! O que foi dessa vez?

–Seu filho, - começou o diretor limpando a garganta. Tentava ao máximo controlar sua irritação. – quebrou o nariz de outro aluno. O senhor deve saber que nesta escola não aturamos violência! Seu filho será punido com...

–Foi o Suigetsu! – Sasuke olhou para o pai com os olhos em chamas. – Ele estava dependurando a Sakura do parapeito do terceiro andar!

–O que?!

O Sr. Uchiha olhou severamente para o diretor que estava de pé, atrás de sua mesa.

–Você aceitou aquele marginal de volta, depois de ser expulso por estar traficando drogas pelo colégio?

O Sr. Koori não se intimidou com a expressão de batalha que o Fugaku fazia.

–Você deve entender, Sr. Uchiha, que todos tem direito a uma segunda chance. Os pais dele levariam essa questão aos tribunais, e eu como diretor...

–Como covarde que sempre foi! Me chamar aqui por uma coisa estúpida como essa! – Fugaku caminhou de um lado para o outro tentando se controlar. – Sasuke fez muito bem em socar o desgraçado!

–Como é?

–Vai ignorar o fato de que minha enteada estava sendo pendurada do terceiro andar pelo bandido que você chama de aluno? Com certeza ele estava brincando com o medo que ela tem de altura.

–Eu não fui informado disso...

–Claro que não foi! Você é um inútil! – Fugaku passou as mãos nos cabelos soados e virou-se para o filho. – Vá para casa e leve a Sakura.

–Sr. Uchiha! Eu não posso permitir que...

–Cale a boca! Se o histórico escolar de Sasuke for manchado por esse absurdo, pode dar adeus ao seu cargo de diretor!

Fugaku se virou para a saída e caminhou junto com o filho para fora.

–Eu disse que chamá-lo era um erro. – disse Sasuke antes de fechar a porta.

O diretor cerrou os punhos e jogou no chão violentamente, tudo que estava sobre sua mesa.

–Malditos Uchiha!

***

Tem alguém querendo me irritar...

Sasuke não agüentava mais aquela tensão, aquela irritação que já durava mais de uma semana. Não entendia como ainda conseguia se controlar, pois já deveria ter descontado toda aquela raiva em alguém...

Ou melhor, em uma pessoa em especial.

Morino Idate.

Sakura estava bem ao seu lado no carro, encolhida, olhando pela janela.

Quando isso acabaria?!

Quando toda essa preocupação por ela terminaria e o deixasse em paz?

Quando viu seus cabelos rosados balançando para fora do hall da escada do terceiro andar, Sasuke não pôde se controlar. Não conseguiu pensar em mais nada que não fosse tirá-la dali e matar o desgraçado que estivesse fazendo aquilo.

Mas afinal, por que a Sakura o deixava tão insano? Por que ele perdia a cabeça quando se tratava dela?

Sasuke já sabia. Não estava só apaixonado por ela... Ele a amava. Sabia que nada faria sentido sem ela. Sabia que ela era a sua única fraqueza.

Sasuke continuou com os olhos na estrada. Queria dizer algo a ela, mas não sabia exatamente o que. Não sabia como começar.

Sakura ainda estava quieta, olhando pela janela, sentindo um abismo profundo entre eles. Ainda estava confusa a respeito dos sentimentos de Sasuke. Estava conformada que ela não significava nada para ele, mas agora não tinha mais certeza.

Percebeu que faltava pouco para chegar a mansão. Tinha que ter coragem para perguntar a ele. Mesmo que ele a magoasse com a resposta, mesmo que ele não dissesse nada, ela tinha que ao menos tentar.

Sakura virou o rosto para frente e se endireitou no banco do carro.

Suas mãos tremiam, seu coração batia como um alucinado.

–Por que, Sasuke-kun?

Sua voz ecoou pelo carro silencioso, fazendo o coração de Sasuke saltar. Ele não esperava que ela pudesse dizer alguma coisa, estava sendo orgulhosa há muito tempo.

–Por que parece se preocupar tanto comigo, já que eu não sou nada pra você?

Sasuke manteve os olhos na estrada, mas suas mãos apertaram o volante furiosamente.

Ele avistou os portões da mansão Uchiha, porém não desacelerou. Passou por eles e seguiu outro caminho pela estrada dentre as árvores.

Sakura permaneceu confusa, não entendia o que ele estava fazendo. Sasuke não havia dito uma palavra, apenas dirigia com os olhos estreitos e a expressão dura.

Pelo caminho que faziam, Sakura percebeu que estavam indo para o Mirante. O lugar onde haviam se beijado pela primeira vez.

Sasuke parou o carro embaixo de uma árvore e saiu batendo a porta, ainda sem dizer nada. Ele deu a volta no carro, abriu a porta de Sakura e a tirou pelo braço.

–É isso que você acha?! – disse ele entredentes, apertando o pulso dela. – É isso, Sakura?!

Ele a soltou e lhe deu as costas. Agora sim estava fora de controle. Idate havia feito a cabeça dela e Sakura foi fraca o suficiente para acreditar.

–Acha que me aproveitei de você todo esse tempo? – ele não conseguia olhar nos olhos dela. Não podia acreditar que Sakura havia sido manipulada pelo Idate.

Sakura chorava. Não entedia porque ele estava irritado, mas essa era a verdade. Ela não poderia mentir que acreditava que todos aqueles momentos foram reais. Ela não podia merecê-los...

–Sim. – disse ela com a voz embargada. – Sim, é o que eu acho.

Sasuke ofegava de ódio. Queria bater em alguma coisa e acabou chutando uma latinha de refrigerante que estava jogada ali.

–Quem disse isso a você? Foi o imbecil do Idate? – Sasuke xingou mentalmente. Seu sangue fervia dentro dele. – Você é tão imbecil quando ele por acreditar!

–Ninguém me disse nada! – disse ela ainda chorando. – É o que eu vejo...

Sasuke virou-se para ela, a um metro de distância. Os punhos cerrados, os olhos estreitos.

–Não faz sentido pra mim... Eu não sou ninguém... Sou tão insignificante... Tão pequena comparada a você.

Sasuke a observou desabar em lágrimas e se sentiu culpado por isso. Lentamente seu coração pareceu desabar... Como se uma pedra de gelo derretesse.

Innocence – Avril Lavigne

http://www.youtube.com/watch?v=rJM3cab-lXw&feature=related

Waking up I see that everything is ok

Acordando eu vejo que tudo está bem

The first time in my life and now it's so great

Pela primeira vez em minha vida e agora é tão bom

Slowing down I look around and I am so amazed

Devagar eu olho em minha volta e eu estou tão impressionada

I think about the little things that make life great

Eu penso nas pequenas coisas que fazem a vida ser boa

I wouldn't change a thing about it

Eu não mudaria nada sobre isso

This is the best feeling

Esse é o melhor sentimento

Sakura sentiu duas mãos segurarem seu rosto. Ela abriu os olhos e Sasuke estava a um palmo de distância. Os ônix não estavam mais em chamas, estavam serenos, tranqüilos.

This innocence is brilliant, I hope that it will stay

Essa inocência é brilhante, Eu espero que isso permaneça

This moment is perfect, please don't go away, I need you now

Esse momento é perfeito, por favor não vá embora, Eu preciso de você agora

And I'll hold on to it, don't you let it pass you by

E eu vou me prender a esse momento, não deixe o passar por você

Sasuke desceu uma mão para a cintura dela e escondeu o rosto no pescoço de Sakura.

–Você não é insignificante... – sussurrou beijando a pele sensível da rosada demoradamente.

I found a place so safe, not a single tear

Eu achei um lugar tão seguro, sem uma única lágrima

The first time in my life and now it's so clear

Pela primeira vez na minha vida e isso está tão claro

Feel calm I belong, I'm so happy here

Sinto a tranquilidade a que eu pertenço, eu estou tão feliz aqui

It's so strong and now I let myself be sincere

É tão forte e agora eu me deixarei ser sincera

I wouldn't change a thing about it

Eu não mudaria nada sobre isso

This is the best feeling

Esse é o melhor sentimento

–Você não é pequena... – subiu os beijos para o queixo.

This innocence is brilliant, I hope that it will stay

Essa inocência é brilhante, Eu espero que isso permaneça

This moment is perfect, please don't go away, I need you now

Esse momento é perfeito, por favor não vá embora, Eu preciso de você agora

And I'll hold on to it, don't you let it pass you by

E eu vou me prender a esse momento, não deixe o passar por você

–Dentro de mim, você preenche um vazio enorme... – sussurrou nos lábios dela, abraçando-a mais forte.

It's the state of bliss you think you're dreaming

É o estado de alegria que você pensa estar sonhando

It's the happiness inside that you're feeling

É a felicidade interior que você está sentindo

It's so beautiful it makes you wanna cry

É tão bonito que faz você querer chorar

It's the state of bliss you think you're dreaming

É o estado de alegria que você pensa estar sonhando

It's the happiness inside that you're feeling

É a felicidade interior que você está sentindo

It's so beautiful it makes you wanna cry

É tão bonito que faz você querer chorar

It's so beautiful it makes you want to cry

É tão bonito que faz você querer chorar

–O que eu sinto, você jamais vai entender, Sakura. – levou a mão até a nuca, roçando o nariz ao dela.

This innocence is brilliant, it makes you want to cry

Esta inocência é brilhante, faz você querer chorar

This innocence is brilliant, please don't go away

Esta inocência é brilhante, por favor não vá embora

Cause I need you now

Pois eu preciso de você agora

And I'll hold on to it, don't you let it pass you by

E eu vou me prender a isso, não deixe-o passar por você

–Por que é impossível explicar…

Sakura não conseguia respirar. Sua mente girava, seu corpo estava dormente.

Sasuke roçou seus lábios nos dela e a beijou tão sutilmente que ela imaginou estar sonhando.

As mãos dele a apertaram contra o seu corpo, seus lábios se tornaram mais urgentes, sua língua logo se descontrolou massageando cada canto daquela boca que há uma eternidade ele não beijava.

Estavam unidos.

Sakura sentiu que era ali o lugar onde queria estar. Ao lado dele. Ao lado de Sasuke, que acabara de dizer ao modo dele como ele a amava.

Não importava o que o destino escreveu para ela.

Ela o escreveria. E o futuro que a esperava, Sasuke teria que pertencer a ele.

This innocence is brilliant, it makes you want to cry

Esta inocência é brilhante, faz você querer chorar

This innocence is brilliant, please don't go away

Esta inocência é brilhante, por favor não vá embora

Cause I need you now

Pois eu preciso de você agora

And I'll hold on to it, don't you let it pass you by

E eu vou me prender a isso, não deixe-o passar por você

============================================

Continua...






Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Aparece de armadura!*
Oie, amores da minha vida!!!
Eu sei que sempre apareço aqui com uma desculpa, mas a realidade essa: sempre que vou escrever, alguma coisa acontece e me impede. =X Tem alguém me jogando praga!!
Mas, enfim, já tenho net de novo, meu monitor antigo pifou e agora eu tenho um novinho... *-* Está tudo azul, chega de problemas!!!
Tenho uma notícia ótima pra vocês, mas antes vamos ao agradecimentos!
Agradeço imensamente, enormemente a:
Tekinha
Wenky
— Carol Alm
Amanda Haruno
renata_navas
Danny Uchiha
Mayelle uchiha
Maya - Haruno
cintia_hana
Dark Lady
sasusakulooh
Biiiaziiinha
AnaSasuke
CatarinaxD
Noriko_Sakyo
kunoichi_Uchiha
uzumakigirl
sahky_uchiha
Lady Of Shadow
Chriz-channn
AnaSasuke
mimi-gt
sakura_julia e
katarathegodess
Por recomendarem a fic... *O*
O que eu posso dizer? Chorei quando li e choro quando leio todos os dias que acesso o Nyah!
Sério gente, muito obrigada pelo carinho! A todos que acompanham Ai Chikara, sem exceções!
ADOOOOORO VOCS!!!! o/o/o/
E o pessoal que ainda não entrou na comu, o link esse aqui. http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=95934856
Lá eu dou sinais de vida quando o post demora demais.
o/o/o/o/
E agora, a notícia, hehehehe:
O hentai está garantido no cap 27!*corre pela casa*
Parem de me atazanar!!!!!.
*brincadeira!*
Espero que tenham gostado do cap e desculpem pelos erros, betei às pressas.
Bjss e até o próximo!!! XDD
=Denny