Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 22
Capítulo - XXII - Uma Resposta


Notas iniciais do capítulo

Capítulo absurdamente grandeo/o/o/o/ Divirtam-se!



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Capítulo XXII: Uma Resposta

Silêncio.

Nada poderia ser pior naquele momento que a falta do que dizer a ele. Sasuke estava em silêncio, muito pensativo enquanto dirigia para a escola. E Sakura sabia o motivo.

Sasuke poderia negar até a morte ou tentar disfarçar, mas as desavenças que tinha com o pai o incomodavam. Eles tiveram outra discussão naquela manhã e Sakura podia ver o quanto isso doía em ambos. Ela podia ver a dor nas feições dos Uchiha, a dor que eles tanto teimavam disfarçar.

Sakura também se sentia mal ao vê-lo daquele jeito. Queria reconfortá-lo, tirar um pouco daquele peso sobre ele, porque acreditava que Sasuke se culpava pelo que aconteceu. Ambos se culpavam, ambos tinham consciência dos seus erros, no entanto eram orgulhosos demais para se desculparem.

Porém, como fazer isso sem irritá-lo ainda mais? Deveria escolher perfeitamente as palavras, não queria que Sasuke se irritasse com ela por uma coisa que não era e nunca foi de sua conta.

Mas não faria isso naquele momento. Teria um dia inteiro para preparar o que dizer. Já estavam chegando na escola quando Sakura ouviu o longo suspiro de irritação do Uchiha. Talvez se não fosse por ela, pensou, num dia ruim como aquele, Sasuke iria para qualquer lugar, menos para a escola.

Saíram do carro. Estavam alguns minutos atrasados, pois não havia muitos alunos do lado de fora.

Sakura despediu-se de Sasuke com um sorriso, depois subiu as escadas. Ele ficou por um momento vendo-a desaparecer dentre a massa de pessoas que andavam por todas as direções.

Idiota...

Odiava ter que ignorá-la, fingir que ela não estava ali ao seu lado. Tinha medo que Sakura pensasse errado de suas intenções, pensasse que ele estava apenas satisfazendo suas vontades com ela. Mas beijá-la, como a beijou na noite anterior, era mais que uma vontade. Ele a beijava porque era preciso, havia certa necessidade nisso. Exatamente como necessitava naquele momento.

Mas o granito dentro de seu peito se tornava indestrutível sempre que pensava no jeito arrogante e difícil do pai. Aquilo fazia o ódio ferver dentro dele de uma maneira abominável.

Sabia que Sakura não tinha culpa dele estar sentindo o que sentia, mas preferia ignorá-la do que descontar sua raiva nela.

***

Depois de duas aulas terrivelmente cansativas, Sakura seguiu para a primeira aula de Química daquela semana. Cruzou os dedos para que Hinata ou qualquer outra das meninas estivessem no mesmo período que ela. Assim que passou pela porta seus olhos percorreram o laboratório.

Não havia ninguém conhecido. Novidade... Ela já estava acostumada com sua falta de sorte.

A idéia de não conhecer ninguém naquele pedaço do mundo dos ricos não era tão ruim. O ruim mesmo, era a má impressão que tinha daquelas pessoas. Conheceu jovens tão fúteis e arrogantes, tão estúpidos quanto as pestes da sua antiga escola em Tóquio. Alguns diziam para ela ficar longe de certos “fracassados”, isso depois de humilhá-los na frente dos outros. Aquilo era intolerável. Chegava a ser mais que irritante! Sakura que muitas vezes era bem humorada, chegava a ficar furiosa ao lado de pessoas com essa índole.

–Finalmente a aluna nova! – seus pensamentos foram interrompidos por uma voz aguda e alegre que vinha de um canto na frente da sala. Aparentemente era um professor, mas tinha a aparência bastante jovem. Jovem até demais para estar usando óculos escuros.

Espera aí! Por que ele disse “finalmente” e “aluna nova” na mesma frase? Por que diabos um professor estaria esperando por ela tão ansiosamente?!

O homem despachou o grupo que estava a sua volta e se aproximou da Haruno.

–Haruno Sakura, não é? – perguntou com um sorriso escancarado.

–Hai... – confirmou receosa e constrangida, tanto eram os rostos na sua direção.

–Sou Yamashiro Aoba, professor de química. Nunca ouvi tanto o nome de um aluno como ouvi o seu nos últimos dias.

Sakura ficou sem saber o que dizer. Aquilo não era novidade, mas até mesmo um professor? Kami! Que mundo é esse dominado pelos Uchiha? Claro que se ela estivesse naquela escola e a palavra Uchiha não estivesse envolvida na sua vida, isto não estaria acontecendo.

–Encontre alguém que não tenha uma dupla e sente-se.Vamos começar a aula. – disse-lhe o sensei.

Aoba-sensei nem se deu ao luxo de pedir uma apresentação como os outros professores fizeram. Afinal, toda a escola já sabia quem era Haruno Sakura.

O professor pediu que todos se sentassem, então a Haruno saiu à procura de um lugar. Passou por uma mesa onde havia uma garota ruiva, que a propósito, ela conhecia. A mesma que jogou cola no cabelo de uma “fracassada” na aula de biologia do dia anterior.

Descartada.

A ruiva desfez o sorriso quando Sakura passou por ela.

Um pouco ao fundo avistou outra mesa ocupada apenas por uma pessoa. Era um garoto loiro, muito bonito que piscou pra ela com um sorriso torto. Sakura desviou os olhos com um sorriso amarelo, torcendo para que houvesse mais uma pessoa sem par.

Vasculhou a sala com cuidado. Percebeu que muita gente esperava pela sua escolha ansiosamente, até mesmo o professor que conversava com uma garota na primeira mesa, olhava curioso na direção da nova aluna.

Desviou os olhos para o resto da sala novamente, então avistou uma pessoa sozinha, em uma mesa bem no fundo do laboratório. Tentou fitar o rosto do sujeito, que era o único que não dava atenção a ela. Ele estava com a cabeça baixa, bem concentrado em alguma coisa sobre a mesa. Mas conseguiu reconhecê-lo. Era o filho do diretor. Aquele que estava discutindo com o pai no primeiro dia de aula. Sakura não o conhecia tão bem, não tinha como avaliá-lo como os outros dois sem par. No entanto, ele parecia perfeito comparado a eles.

Seguiu até ele, ouvindo cochichos dos outros alunos. Uma voz masculina disse: “O que ela está fazendo?” Outra: “Fazer dupla com ele?”

Não ligou para os comentários. Aproximou-se da mesa e pôs seus livros sobre ela. O garoto de cabelos castanhos levantou a cabeça para fitá-la.

–Olá! Serei sua parceira de laboratório. – disse ela sorrindo, porém um pouco receosa. – Gomene, mas não me lembro do seu nome.

–Koori Haku. – respondeu o garoto confuso.

–É verdade! Haku-san! Me chamo...

–Haruno Sakura, eu sei. – interrompeu revirando os olhos.

Sakura não entendeu a reação dele, mas decidiu ignorar.

–Por que escolheu a mim? – perguntou ele um pouco irritado. – Existem pelo menos, mais duas pessoas sem um par.

–Bom... – não queria dizer a verdade exata por sua escolha, seria difícil explicar suas razões. – Você me pareceu gostar de química. – tentou esconder a mentira naquelas palavras. Esperava que ele acreditasse. – Os outros não parecem muito interessados em estudar. – isso era verdade. Diminuiu um pouco o tom de voz, porque a dupla à sua frente parecia estar de orelha em pé.

Haku ficou calado percebendo os olhares na direção da sua “ex-mesa esquecida por todos” e os cochichos mal disfarçados, quando Aoba-sensei começou a aula.

O tempo foi passando e Sakura sentia-se entediada assim como nas aulas anteriores. Ainda pensava numa maneira de conversar com Sasuke e isso estava deixando sua cabeça a ponto de explodir. Olhou a sua volta e percebeu que a cada meio minuto uma penca de alunos a encarava.

–Que droga! Por que ficam olhando pra mim? – murmurou para si mesma enquanto anotava a lição. Como Sasuke conseguia ignorar? Isso acontecia todo o momento e pra quem não está acostumado é muito desconfortante.

Haku que até então tentava ignorá-la, quando ouviu o que ela dissera, fitou-a confuso.

–Não se acostumou com a popularidade? – perguntou num tom sarcástico. Sakura o fitou.

–Eu não sou popular! – contradisse surpresa pelo garoto enfim ter aberto a boca. – Todo esse alvoroço é temporário. Logo a escola se esquecerá de mim... Espero... Só preciso agüentar por mais um ano. – ela escrevia apertando a caneta com força contra o papel, sem perceber que Haku a fitava. Ela não estava estressada, só entediada. As palavras saíam sem cálculos da sua boca.

–Como assim? Você não gosta de ser popular? Não era popular no outro colégio? – Haku arregalou os olhos, tamanha era a surpresa. As perguntas saíram quase ao mesmo tempo.

–Não. Muita gente nem sabia da minha existência. – E pensar que às vezes isso me incomodava... Pensou ela. Naquele momento daria tudo para ser invisível novamente.

Haku não entendeu o motivo da bela garota não ser popular na outra escola que estudava, talvez fosse pela falta da família Uchiha. Mas havia outro mistério. Sakura não gostava da popularidade o que era estranho. Onde estava a adolescente fútil e idiota que não pensa em outra coisa que maquiagem, roupas, acessórios e garotos? Sakura estava reclamando da popularidade? Mas quem é essa garota?

–Por que você me perguntou o motivo de tê-lo escolhido? – perguntou a rosada aproveitando que ele estava mais comunicativo.

–Porque... – ele hesitou por um momento. Sakura estava causando uma confusão terrível dentro da sua cabeça. – Sou filho do diretor.

–Isso ainda não faz nenhum sentido. Qual o problema em ser filho do diretor?

Haku não viu problema em dizer a ela a estupidez por trás disso. Sakura não era como ele imaginava. Além do mais, já havia se esquecido de como era bom conversar com alguém.

–No quarto ano – começou ele sem encará-la – estava com uma turma planejando uma travessura no banheiro feminino. Nós queríamos furar um cano e inundar todo o segundo andar. Conseguimos. Foi divertido. Nós rimos e fizemos piadas do inspetor e dos professores, curtimos a travessura. Juramos guardar segredo. Ninguém poderia saber quem estava envolvido. Mas... Dois dias depois o diretor descobriu. – ele estreitou os olhos, os punhos estavam cerrados sobre a mesa. – Dois garotos da turma foram expulsos (eram bolsistas), os outros dois castigados.

Ele hesitou. Sakura tentou imaginar o final da história. Claro que ele fora acusado de dedo duro.Alguma coisa parecia deixá-lo irritado naquele momento.

–Não foi você que os dedurou para o diretor. – disse ela. Haku a fitou.

–Não. Não fui eu... – disse entredentes. A imagem da irmã contando tudo ao pai, veio como uma faca perfurando sua mente. – Muitos que são castigados nesta escola, dizem que eu sou o culpado. Me acusam como se eu passasse o dia inteiro investigando o que eles fazem.

–Odeio pessoas que culpam os outros por seus próprios erros. – Sakura fitou um canto da sala, com os olhos estreitos, absorta de pensamentos.

Haku a fitou também pensativo. Tentava imaginar o que ela pensava.

–Às vezes não é tão ruim ficar sozinho. – disse ela voltando a fitá-lo. Quando se lembrou da discussão que Haku teve com o pai, percebeu que ele não gostava de ficar sozinho, parecia sentir falta de quando tinha amigos. – Quando reclamava para minha avó que não tinha amigos – continuou ela ignorando os olhos confusos do garoto – ela me dizia: “Feliz é a maçã madura e perfeita que está sozinha no cesto, que a madura e perfeita que está no cesto cercada por maçãs podres.” Ela dizia que tudo tem seu tempo. Até mesmo a hora certa de um amigo verdadeiro aparecer...

O sinal soou pelos corredores da escola. Haku ainda absorvia aquelas palavras, paralisado, fitando a garota que guardava os livros e os cadernos na mochila.

–A gente se vê depois, Haku-san. – despediu-se com um sorriso.

Haku assentiu, os olhos estreitos e confusos vendo-a sair da sala. Era a primeira garota que conhecia naquele colégio, que tinha um cérebro em funcionamento. Coisa estranha... Os pensamentos circulavam violentamente dentro da sua cabeça como um tornado.

Tentou não pensar em mais nada. Gostaria de conhecê-la melhor para ter certeza de sua personalidade. Teria essa chance na próxima aula de química.

***

Depois da aula da química, o tempo passou mais rápido. Por um momento parou de pensar em Sasuke e seus problemas familiares. Lembrar-se de sua avó foi ao mesmo tempo bom e ruim. Bom por ter espantado aquela preocupação pelo o Uchiha e ruim porque sentiu falta dela mais do que já estava.

Estava a caminho da Educação Física, a quinta aula. Acabara de sair do vestiário feminino quando encontrou Ino, Tenten, Hinata e Temari na porta do ginásio.

–Sakura! Agora teremos um desempate! – Ino cambaleou saltitante para o lado dela.

–Do que está falando?

–Infelizmente educação física é obrigatória nessa escola. Temari e eu estamos a fim de matar essa aula, mas a Hinata está com medo e a Tenten empolgada demais para jogar contra as garotas do terceiro ano. Você gosta de educação física? – Ino parecia uma vitrola descontrolada.

–Eu odeio educação física. – respondeu a Haruno. – Sou péssima em qualquer esporte. Talvez boliche fosse uma exceção.

–Ótimo! Ganhamos! – disse Ino virando-se para a saída do ginásio e puxando-a pelo braço.

–Não Ino! Eu não posso matar essa aula. É a minha primeira aula dessa semana e todos sabem que eu estou na escola. Por que não vão só vocês duas?

–Seria contra as regras. – disse Ino com uma expressão desgostosa.

–Regras?

–A regra de estarmos sempre juntas, principalmente em situações de risco, como matar aula. – respondeu Tenten.

Sakura nunca imaginou que havia regras como aquela numa amizade. Muito interessante...

–Ino! Sinto muito amiga! – disse Tenten sorridente.

–É, estou vendo o quanto você sente. – murmurou a loira caminhando ao lado das amigas para dentro do ginásio. Sabia que Tenten adorava praticar esportes. A última aula que ela mataria era educação física.

–Pode dizer ao Iruka-sensen que está com cólica.

–Esquece. Sabe que mais da metade das meninas usam essa desculpa. O Iruka-sensei não é idiota.

Mais garotas adentraram a quadra. Sakura reconheceu algumas delas da aula torturante de história, algumas da aula de literatura e física. Seus olhos passaram rapidamente pelo ginásio. Ao longe avistou Karin, os braços cruzados, o rosto inexpressivo, fitando o grupinho da filha do diretor.

–Por Kami, Sakura! – a voz de Temari perfurou os seus tímpanos com violência. – Você não está com calor? – Temari se aproximou dela fazendo uma careta fitando as mangas que lhe tampavam os braços e o cachecol em volta do pescoço. Coisa horrível! Cachecol com roupa de ginástica? Pensou a loira.

–As marcas ainda não saíram. – explicou. – Minha mãe ainda não sabe que aquilo aconteceu. É horrível ter que me cobrir pela manhã quando ela entra no meu quarto. – as meninas se lembraram das marcas de arranhões feitas pelas garras da Karin.

–Tudo bem. Vamos dar um jeitinho. – disse Ino também se aproximando. – Toma. Pode usar essa gargantilha. – ela retirou a bela jóia do pescoço e a colocou na cerejeira.

–E o que faremos com essa roupa ridícula?

–Este é o uniforme de ginástica. – disse Sakura confusa. Só então percebeu que as meninas não usavam o uniforme. Estavam de calça corsária azul, a mesma cor da calça do uniforme e uma regata branca, muito, muito colada ao corpo. Só Hinata que usava uma baby look cor de rosa.

–Tá legal. Vamos dobrar as mangas só um pouco.

Enquanto Sakura era ajeitada pelas meninas, todas malucas falando ao mesmo tempo, o professor apareceu. Ele pediu para que todas se juntassem no meio da quadra para o aquecimento, depois para que elas dividissem os times de handball.

Quando ouviu a palavra handball, Sakura suspirou. Será que Ino ainda queria fugir daquela aula? Rapidamente, todas suas lembranças de jogos desastrosos do primeiro ano em Tóquio, invadiram sua mente sem permissão.

Pior que as lembranças, foi ser escolhida para o primeiro jogo. Tenten e Hinata estavam no seu time. Temari e Ino jogariam no próximo.

Ao apito do professor, a partida começou. Sakura e Hinata imploraram a Tenten que não jogasse a bola para elas se não fosse muito preciso. Porém a maldita bola acabava nas mãos delas, em seguida era arrancada com violência pelas meninas do terceiro ano.

Mesmo com duas jogadoras tão ruins, o time liderado pela Mitsashi estava ganhando. A goleira do terceiro ano era uma franga, além de Tenten jogar muito bem.

No final do primeiro tempo, a bola foi parar nas mãos da Haruno que estava a poucos metros do gol. Tenten gritou desesperada atrás da marcação para que ela jogasse a bola. Sakura se posicionou, os olhos fitaram o gol, depois a garota na frente dela. Quando sentiu seu braço impulsionar a bola, foi empurrada por uma garota, que parecia ter mais de dois metros de altura, acertando a bola na cabeça de outra jogadora.

–Droga! – correu na direção dela. A reconheceu. Era Shizuka, a filha do diretor. – Oh! Kami! Eu sinto muito! Gomene! Eu não queria...

–Não se preocupe, querida... – interrompeu a loira, colocando os cabelos de volta ao lugar. – Só foi uma bolada. Não morrerei por isso... – disse com um sorriso.

–Eu sou uma péssima jogadora. Sabia que uma coisa assim aconteceria.

–Fica calma, não foi nada. – Shizuka segurou numa mexa do cabelo rosado da cerejeira. – Que linda gargantilha. Onde comprou?

–Não é minha. É da Ino.

–Ah... Com certeza fica bem melhor em você. – Shizuka sorriu mais uma vez, depois voltou a sua posição para continuar a partida de handball.

–Sakura, por que foi se desculpar? – perguntou Tenten quando ela se aproximou do meio de campo. – Achei bem feito pra ela!

–Ela não se importou...

–Não se engane com esse demônio! Koori Shizuka é mais falsa que nota de três dólares.

A partida continuou. As meninas do segundo ano ainda estavam na frente com oito gols, todos feitos pela Tenten. O time de Shizuka percebeu o quanto a Mitsashi jogava bem, dobrando a marcação sobre ela. Isso fez com que um bolo de garotas se juntasse no gol do segundo ano, provocando um empurra eu, empurra ela que era uma loucura. Hinata se afastou da bagunça e Sakura continuou bloqueando a passagem do gol. A Haruno fitou a garota que estava com a bola não muito longe dela, quando sentiu um empurrão violento, depois uma pancada forte na cabeça. Então tudo escureceu.

Sakura caiu no chão desmaiada. Ino e Temari que assistiam ao jogo, levantaram-se rapidamente e correram na direção da quadra. Uma multidão de meninas se juntou em volta dela.

–Sakura! SAKURA!! – berrou Ino abaixando-se até ela.

Estava uma bagunça de garotas ao redor do corpo da cerejeira. O professor passou por elas, tirando-as do seu caminho para que prestasse socorro à garota. Ele a pegou no colo para levá-la até enfermaria, sendo seguido por um grupo enorme de meninas, todas falando ao mesmo tempo.

Karin que não havia se mexido do seu lugar, na arquibancada da quadra, aproximou-se de Shizuka com os braços cruzados.

–Então esse é o seu plano brilhante? – perguntou ela fitando a Haruno inconsciente, desaparecendo à distância pelas portas do ginásio. – Matar a garota? Eu vi você empurrá-la.

–Não seja ridícula, ruiva! – Shizuka sorriu de canto, fitando a ruiva nos olhos. – Ainda não é o meu plano. Como eu disse, é apenas um teste.

–Teste...

–Onde está o Sasuke?

–Pra que quer saber?

–Onde ele está?

–Matando a aula de geografia. Eu o vi no pátio quando estava vindo pra cá.

–Ótimo. – Shizuka seguiu na direção da saída, sem dizer mais nenhuma palavra à ruiva.

***

–Senta aí, Kiba! Deixa de ser idiota! O Genma não vai aparecer, imbecil! – Naruto puxou o Inuzuka pela camisa, sentando-o na mureta do pátio.

–Aquele filho da pu...(N/A: censurado pela beta, ela deve ser uma santa isso sim pra agüentar ele) disse que ia mandar uma carta para o meu pai se eu continuasse matando aula.

–E você acredita? Deixa de ser trouxa! O Genma adora ameaçar, mas quando ver o Sasuke, o cara fica manso que nem cachorro castrado. Aquele ali tem um medo de ser demitido que não é brincadeira.

Sasuke estava ao lado do loiro que não calava a boca nem por um minuto. Não conseguia estudar quando estava tão irritado como estava naquele momento. Ele queria ficar sozinho, mas o grupo acabou o seguindo.

Shikamaru estava tomando refrigerante ao lado de Neji, conversando sobre um jogo de Playstation que ele comprara no dia anterior. Kiba se levantou depois que Naruto conseguiu sentá-lo, estava preocupado com o inspetor que poderia aparecer ali a qualquer momento.

–Cara, tu viu meu celular? – perguntou ele batendo nos bolsos quando sentiu uma latinha de coca-cola amassada atingir sua cabeça. – Filho duma puta! – ele olhou na direção que a latinha veio, juntamente com o resto da turma.

Avistaram Morino Tazuna mais quatro garotos, gargalhando do outro lado do pátio, sentados numa mesa.

–Quem foi o veado?! – Kiba cerrou os punhos, querendo se aproximar do seu grupo rival, quando sentiu Naruto segurá-lo ao seu lado.

–Faca frio aí, cara. – Naruto adoraria ajudá-lo a espancar os desgraçados daquela turminha, mas brigar na escola era a última coisa que ele faria. Se estivessem na entrada, tudo bem.

Tazuna se levantou da mesa com os outros garotos, ele segurava um estilingue.

–Tu me chamou do quê, mané?

Morino Tazuna adorava provocá-los. Sempre arrumava uma besteira para brigar.

Quando ele se aproximava, Sasuke se levantou, ficando ao lado de Kiba. Neji e Shikamaru também se levantaram.

–Quer que eu soletre, seu analfabeto?

–Kiba! – repreendeu Shikamaru.

–Eu tinha me esquecido que tu é burro. – disse Kiba com humor. – Quantas vezes você repetiu o segundo ano mesmo?

–Cala boca, filho da puta! ‘Tá se sentindo o maioral porque ‘tá com o Uchiha do lado. Quero ver brigar sozinho.

–Cai fora. – disse Sasuke com os olhos estreitos, os punhos cerrados. Tazuna escolheu um péssimo dia para atazaná-lo.

–Por que você acha que manda em alguma coisa aqui, Uchiha? – Tazuna deu um passo para perto dele, acompanhado dos amigos. – Tu não manda em porra nenhuma!

Sasuke avançou um passo para frente. Naruto e os outros o acompanharam um pouco atrasados. Sasuke estava pronto para atingi-lo no rosto, o punho cerrado pronto para deformar aquela expressão debochada e estúpida de Morino Tazuna. Ele era a pessoa perfeita para descontar sua raiva.

Foi quando viu uma cabeleira loira se opor à sua frente.

–Que coisa feia, rapazes... – todos a fitaram, menos Sasuke e Tazuna. – Brigando no meio do pátio e ainda por cima matando aula...

Sasuke continuava com os ombros rígidos, os punhos cerrados e os olhos estreitos, fulminando ódio na direção de Tazuna, menos de três passos à sua frente.

–Koori Shizuka.... A filhinha do diretor... – murmurou um dos garotos, amigo de Tazuna. – Você também não ‘tá matando aula, gatinha?

–Na verdade não, bebê. – ela segurou no ombro do Morino, que ainda tinha os olhos em Sasuke. – A aula de educação física foi cancelada por causa de uma aluna que se acidentou. Ah! Sasuke-kun! – ela o fitou. – A propósito, foi a sua irmãzinha. Ela está desmaiada na enfermaria.

Sasuke que até então não dava a mínima atenção para a garota como os outros meninos, pareceu despertar daquele transe de raiva. Quando entendeu o sentido daquelas palavras, dando-se conta de que tratava de Sakura, houve um estalo na sua cabeça que o fez sair dali rapidamente, esquecendo-se do motivo daquele dia de fúria, de Morino Tazuna e qualquer outra coisa. Sakura era a prioridade naquele momento.

***

Chegou ao andar da enfermaria, onde acontecia um verdadeiro alvoroço. Várias garotas estavam amontoadas no corredor, falando ao mesmo tempo. As vozes mais estridentes eram de Ino e Tenten. Até Hinata aumentava uma oitava para que a ouvissem. Parecia uma liquidação imperdível de sapatos!

A enfermeira junto com Iruka-sensei tentavam inutilmente acabar com aquela bagunça. Sasuke passou pelas garotas, que assim que o viam davam espaço para ele passar. As que não saíam do caminho, ele empurrava para o lado.

–Ai meu pé, teme! – olhou para a esquerda, encontrando Naruto espremido pelas meninas.

Saíra tão rápido do pátio, tão desligado da realidade que não reparou que os seus amigos o seguiram.

–Se vocês não saírem da porta da enfermaria em cinco segundos, chamarei o Genma! – berrou a enfermeira, suficientemente alto para que metade das meninas escutasse.

Assim que viu o Uchiha se aproximar, ela o deixou entrar. Sasuke passou pela porta, batendo-a às suas costas. O barulho daquela bagunça infernal estava abafado agora.

Passou por outra porta, adentrando uma sala ampla, muito clara, onde havia mais de cinco camas com lençóis brancos. Em uma delas, estava Sakura. Aproximou-se dela lentamente, fitando o rosto alvo de olhos fechados, tinha uma bolsa de gelo sobre a cabeça.

Sakura ouviu os passos dele no chão de mármore. Abriu os olhos e quando o viu, involuntariamente seus lábios esticaram-se num sorriso. Havia uma sensação indescritível dentro dela.

Sasuke nunca conseguiria descrever aquele sorriso. Nem mesmo o que sentiu ao vê-lo.

–Sasuke-kun…

–Você está bem? – ele se debruçou sobre ela, dando-lhe um beijo demorado na testa.

–Sim, foi apenas um desastre esportivo, estrelando Haruno Sakura. – conseguiu dizer quando o ar voltou aos seus pulmões. Sasuke tinha um cheiro muito inebriante.

–Quem fez isso? – Sasuke a fitou nos olhos com a expressão dura. Ela conseguiu sentir a fúria por trás daquelas palavras. Sasuke parecia estar à procura desesperadamente por alguém a quem descontaria sua raiva.

–Ninguém, Sasuke-kun... Foi um acidente ou só falta de sorte mesmo...

–Vou levá-la pra casa.

–A enfermeira me deu um analgésico e disse que eu posso assistir a última aula. E quando voltar pra casa, ir até o hospital para fazer uma tomografia.

–Esqueça.Vamos embora agora. – ele a pegou pelo braço para levantá-la da cama e Sakura não discutiu. Seus pais não estavam em casa naquele momento. Esse seria o momento certo para conversar com ele.

***

Quando saíram da enfermaria, o tumulto do lado de fora já havia acabado. Provavelmente por causa do inspetor Genma.

–Onde estão indo? – perguntou a enfermeira quando cruzou com a dupla pelo corredor.

–Vou levá-la para casa. – disse o moreno seco.

–Eu já informei ao diretor o que aconteceu. Ele telefonou para o Sr. Uchiha e... Uchiha Sasuke? Uchiha Sasuke!

Sasuke continuou andando pelo corredor, segurando a cerejeira pela cintura. Desceram as escadas para o segundo andar e chegaram a outro corredor vazio.

–Vou trocar de roupa e pegar minhas coisas. – disse ela ao Sasuke.

–Espero você no carro. – Sasuke levou a mão até a nuca dela, aproximando-se para beijá-la. Seus lábios tocaram o rosto alvo e delicado lentamente. Os ônix estavam escondidos. Aspirou o perfume dela com a boca, sentindo o gosto doce de flores. Abriu os olhos. Sentia o coração de Sakura oscilar violentamente contra o peito.

Sakura se sentia como se fosse desmaiar novamente. A respiração estava acelerada, as pernas fracas e trêmulas, o estômago dando cambalhotas. Segurou nos braços dele para se recompor.

Afastaram-se. Sasuke percebeu o quanto era estranho tudo à sua volta, todas as suas preocupações, pensamentos incômodos, tudo desaparecia quando estava perto dela. Fazia-o desejar estar sempre com ela.

Ainda um pouco desnorteada, ela conseguiu forças para virar os calcanhares e sair pelo corredor. Sasuke seguiu a direção oposta.

***

–Passei no seu teste, Shizuka? – perguntou Karin à filha do diretor. Elas estavam escondidas em baixo das escadas.

–Bem... – Shizuka parecia pasma como o que acabara de ver. Negava-se a acreditar. – Pode ser apenas amor fraternal.

Karin bufou.

–Pelo amor de Kami! Você viu a cara de mosca morta da Haruno. Ela está perdidamente apaixonada pelo Sasuke.

–E na sua opinião, o Sasuke a corresponde? Não seja idiota! Estou falando dele. É claro que a Haruno está apaixonada!

–Não acho que ele corresponda. Eu tenho certeza que o Sasuke está apenas se aproveitando da inocência dela. Nunca conheci garota tão ingênua!

–Mas isso não explica o fato de que ele está muito carinhoso. Se fosse apenas para se aproveitar dela, ele não a trataria assim no colégio, no meio do corredor! Onde o Sasuke que eu conheço, trata uma garota daquela maneira?

Karin rosnou irritada. Shizuka falava como se fosse a ex-namorada do Uchiha.

A loira ficou pensativa. Lembrava-se da noite que se entregou ao Sasuke, permitindo que ele satisfizesse suas vontades com ela. As garotas sempre o procuravam. Ele nunca demonstrava interesse. Quando assumiu um compromisso com a Karin, foi apenas para guardar a boa imagem da família Uchiha. Todo mundo tinha conta dos chifres da ruiva. Menos ela, aparentemente.

–Você acha que o Sasuke está correspondendo de alguma maneira? – perguntou Karin interrompendo seus pensamentos.

–Eu não tenho certeza, sua ruiva dos infernos! – a fuzilou com o olhar. Estava estressada demais para pensar numa coisa certa. Não queria acreditar que Sasuke também estivesse apaixonado. Aquilo era muito improvável, mas não impossível. Alguma coisa ela deveria saber para ter certeza.

A loira saiu de trás dos degraus da escada, os punhos estavam cerrados, os olhos estreitos. Fazer uma sociedade com a Karin estava sendo pior do que ela imaginava.

–Me deixe pensar em alguma coisa, está bem?

–Eu não tenho uma vida inteira, sua loira burra! Precisamos agir já!

–Eu sei. E pra isso precisaremos de ajuda.

–Mas que ajuda?

–Deixe isso comigo...

***

Dentro do carro, o sorriso e todo o semblante alegre da Haruno se desfizeram. Sasuke estava exatamente como naquela manhã. Dirigia sério, o rosto inexpressivo, mas que não escondia a dor, o torpor, o clima fúnebre que o rodeava. As carícias de segundos atrás, pareciam não fazer sentido naquele momento.

Sakura sentia-se agoniada com aquela situação. Queria poder fazer alguma coisa. Qualquer coisa para não vê-lo daquele jeito. Pensou em uma pergunta, qualquer coisa sobre a escola ou qualquer outra coisa., mas nada. Nada que parecesse bom o suficiente.

Os minutos foram se passando e aquele silêncio infernal continuava. O interior do carro parecia um vácuo. Nem mesmo o CD player estava ligado.

Faltava pouco para chegar à mansão. Sakura juntou toda coragem que tinha, respirou fundo e o fitou.

–Sasuke-kun? – ele teve um leve manear de sua cabeça, continuando a fitar a estrada. – Não gosto de vê-lo assim... – mesmo com o rubor invadindo-lhe a sanidade, ela não desviou os olhos do rosto dele.

–Assim como? – sua voz saiu tão grossa entre os dentes que ele se perguntou se Sakura havia entendido.

Queria que tudo parecesse normal, como se nada estivesse diferente, fingir que estava tudo bem. Mas não era fácil. Não para aqueles olhos esmeraldinos. Olhos observadores e detalhistas. Sakura parecia ter tudo ao alcance de seus olhos.

–Você sabe do que estou falando. – disse receosa. Seu coração batia absurdamente rápido. – Está assim porque brigou com seu pai.

Sasuke sentiu um desconforto. Pelo canto do olho percebeu que a cerejeira o fitava.

–Não seja boba. – murmurou pisando fundo no acelerador. Faltavam dois quarteirões para chegar à mansão Uchiha.

–Isso só faz mal a vocês. Não deveriam brigar porque...

–Sakura, não quero discutir com você sobre isso. É melhor não dizer mais nada. – a cortou antes que sua raiva explodisse de uma vez. Sentia suas mãos apertarem o volante do carro, a mandíbula dolorida pelos dentes trincados. Seus olhos estavam estreitos fitando a estrada. O autocontrole havia acabado. A raiva guardada pela manhã estava a um fio de explodir.

–Eu só queria fazê-lo se sentir melhor. – admitiu receosa. O rosto estava escondido pelos cabelos róseos.

–Não há como eu me sentir melhor. – murmurou entredentes. A fúria fervia dentro dele. Sabia que a culpa não era dela, muito menos dele culpava ao seu pai.

–É claro que há! – discordou fitando-o novamente. – Se você pedisse desculpas, com certeza...

–Pedir desculpas?

Sasuke deu uma freada brusca em frente aos portões da mansão Uchiha. Ele a fitou. A raiva estava chegando ao estremo. Percebeu que Sakura se assustou com a reação dele, encolhendo-se no canto do carro, sem conseguir olhar para os olhos dele.

–Pedir desculpas? – repetiu tentando controlar o fogo do ódio que queimava dentro dele. – Àquele verme que não vale um copo d’água? – Sakura ofegou. Seus olhos recearam olhar para o rosto dele. – Me dê só uma boa razão para que eu faça isso.

Ele ligou o carro e adentrou a mansão. Sua respiração estava acelerada. Queria dizer muito mais que aquilo, queria tirar tudo de mal que estava dentro do peito, mas conseguiu se manter no controle. Não queria magoá-la. Não a sua Sakura. Ela não tinha culpa do seu mau humor, não tinha culpa de Uchiha Fugaku ser um cretino, não tinha culpa dos seus problemas, das suas culpas, dos seus erros, das suas escolhas erradas, ela não tinha culpa de absolutamente nada! Sakura era a última pessoa que ele gostaria de ver chorando e se lamentando por ele.

Quando o mercedes conversível adentrou a ampla garagem da mansão, a Haruno engoliu o nó terrível dentro da garganta, procurando forças para indagar, ao que parecia ser, suas últimas palavras.

–Só há uma razão, Sasuke-kun... – a voz saiu embargada. Ela não o fitou. Ainda buscava forças para isso.

Respirou fundo e levantou o cenho na direção dele, que continuava com os punhos cerrados no volante, os olhos negros perdidos no pára-brisa do carro.

–Não conhecemos o dia de amanhã. – Sasuke virou o rosto inexpressivo para o lado, encontrando o par de esmeraldas marejadas que o fitavam.

Ela pegou sua mochila no banco traseiro, abriu a porta e saiu do carro. Caminhou rapidamente para fora da garagem, enxugando os olhos com a manga do uniforme.

Sasuke permaneceu parado, como se estivesse perplexo, paralisado como se havia sido pego de surpresa. E de fato não estava?

Observou a garota mais estranha que aparecera na sua vida, desaparecer dentre os carros importados da garagem imensa. No momento não havia o que falar, não havia muito menos o que pensar. Ela estava certa, isso era obvio. Sakura sempre estava certa.

“Não conhecemos o dia de amanhã...”

Seu pai poderia se engasgar de madrugada e amanhecer morto. O que aconteceria depois? Mais um peso pra sua consciência? Foi isso que Sakura quis dizer?

Merda!

Apesar do pensamento de perda, do sentimento de culpa, ele estava cansado dessas desavenças, dessa vida de brigas. Tais brigas que não foram poucas. Já chegou a pensar que seu pai só ainda não havia o colocado para fora de casa, como fez com o seu irmão mais velho, porque ele precisava muito de um herdeiro.

Porém...

Por que era tão difícil acreditar que seu pai o amava?

Sempre enxergou Uchiha Fugaku com outros olhos. Só enxergou o lado ruim do pai. Não tinha lembranças boas de sua infância com ele. Sasuke fez questão de apagá-las da cabeça assim que sua mãe havia partido. Todas lembranças antes daquilo estavam mortas, afogadas bem no fundo do oceano negro dentro de seu peito.

Algumas voltaram sorrateiramente quando Sakura surgiu na sua vida, quando seu coração pareceu amolecer por ela. Apenas o ódio do pai permanecia firme e forte.

Kuso!

Por que era tão difícil ignorar aquele orgulho?

Sempre disse a si mesmo que só pedia desculpas quando estava errado.

Bem no fundo sabia que estava errado por desrespeitá-lo, por lembrá-lo do seu passado obscuro. Mas o orgulho era malvado demais para permitir que ele admitisse isso. Admitir os erros e pedir desculpas era impossível com tanto ódio dentro dele. Impossível quando tem certeza que seu pai jamais faria o mesmo. Afinal, ele também não estava certo.

Saiu do carro um pouco mais calmo, suas mãos não tremiam mais de nervoso. Porém agora estava confuso. Se fosse atrás da cerejeira não saberia o que dizer a ela.

Não havia o que fazer, não havia o que ser dito! Ponto. Ele não precisava se humilhar.

***

Estava no banho absorto. Aquela fora a pior noite mal dormida de sua vida.

Apoiou os braços na parede do Box, deixando a água quente cair pelo rosto emoldurado.

Sua mente estava entorpecida pelos pesadelos estranhos, que o fez acordar milhares de vezes na madrugada. Deveria chegar a uma conclusão. Aquele desconforto emocional não podia continuar.

Saiu do quarto e fitou as escadas que daria para o terceiro andar. Involuntariamente, seus pés se moveram na direção dos degraus de mármore.

O que está fazendo, idiota? Você enlouqueceu?

Suas mãos dentro dos bolsos estavam suadas. Não podia negar que estava nervoso.

Idiota! Seu idiota! O que está fazendo?

Louco!

Sim. Aquilo era loucura. Era inacreditável. Ele conseguia ignorar as vozes contraditórias na sua cabeça.

Estava de frente para a porta de madeira.

Não bata!!

“Toc, toc, toc”

–Entre! – ouviu uma voz abafada e confusa gritar do outro lado.

Não entre, imbecil!

Tirou a mão direita do bolso e girou a maçaneta dourada.

Não entre! Não entre! NÃO ENTRE!!!

Quando levantou os ônix, já estava no meio do quarto.

–Sasuke?

Ele fitou o pai, que instantes atrás abotoava a camisa de frente para o espelho. Agora ele estava paralisado, vendo o filho pelo reflexo.

Sasuke olhou na direção do espelho, ignorando a expressão de tacho que seu pai fazia, sentindo as palavras chegarem pouco a pouco para saírem de uma vez da sua boca.

–Me desculpe pelo que eu disse.

Fugaku permaneceu paralisado, as mãos que abotoavam a camisa ainda estavam segurando os botões. Ele despertou do transe antes que Sasuke lhe desse as costas e saísse do quarto.

–Aquilo está no passado, filho. Não temos mais que falar nesse assunto.

Aquele era mesmo o seu filho? Não podia ser! Queria se aproximar dele e tocá-lo para acreditar que era real.

Sasuke assentiu, depois saiu do enorme quarto sem ouvir mais nenhuma palavra dentro da cabeça. Desceu as escadas rapidamente, com uma sensação indescritível. Não esperava sentir uma coisa tão leve, esperava sentir arrependimento. Esperava que seu pai estragasse tudo voltando a brigar, e que aquela decisão repentina não valesse nada.

Porém isso não aconteceu. Agora não parecia ser tão difícil pedir desculpas.

Cara! Por que havia feito aquilo? O que levou seu corpo até lá? Por que havia conseguido? Como havia conseguido? Como?

Só existia uma resposta para essa pergunta:

Sakura...

Não existia outra pessoa que fizesse mudar sua opinião dessa maneira tão repentina.

Ela era única. Era especial. Era imensa dentro dele.

***

Sakura estava dentro do Mercedes esperando por Sasuke. Estava tristonha, com sono, preferia ficar em casa. Quando se lembrou que podia inventar a desculpa de que se sentia mal, pois sofrera um acidente no dia anterior, já estava tomando café da manhã com a mãe. Os olhos fitavam as mãos sobre as pernas, mexendo levemente os dedos, brincando com a barra da saia. Aquele seria um dia terrível na escola.

Levantou os olhos deparando-se com Sasuke do lado de fora do carro. Ele a fitava tão intensamente que ela corou. Logo o ar faltou nos pulmões e ela entreabriu os lábios, deixando o ar escapar.

Sasuke tinha uma expressão diferente do que ela conhecia. Suas sobrancelhas estavam juntas, um canto de sua boca erguida num sorriso torto. Como dizia as garotas da sua turma, era uma expressão sexy que tirava o ar de qualquer uma.

Quando sua visão ficou escura, Sakura lembrou-se de respirar. Ela desviou os olhos e Sasuke entrou no carro.

Saíram da mansão, ambos sem dizer uma palavra.

Sakura notou uma diferença no humor dele, mas não tinha certeza. Acreditava que Sasuke estava irritado com ela e não queria arriscar.

–Por que está tão calada? – o moreno rompeu o silêncio. Sentiu as esmeraldas o fitarem assustadas pela voz estridente que ecoou no vácuo do carro. Por dentro Sasuke se divertia.

Ela de fato se assustou. Desviou os olhos dele, depois fitou as mãos mais uma vez.

–Não está irritado comigo? – perguntou receosa, o rosto escondido pelos cabelos.

Sasuke virou o carro bruscamente para o acostamento e o parou. Ele retirou o cinto de segurança e se virou pra ela. Levou uma mão direita até o queixo da cerejeira, levantando seu rosto lentamente ele se aproximou.

–Por que estaria? – sussurrou, apertando a cintura fina com a mão esquerda.

Sakura não teve tempo de ficar confusa. Logo sua mente estava desnorteada com aquela aproximação, com aquele calor, com o cheiro inebriante que emanava dele.

Seus lábios foram tocados lentamente, enquanto os batimentos cardíacos aumentavam. Sasuke a segurou pela nuca, aprofundando o beijo, explorando-a com a língua lentamente.

Com Sakura ele não precisava daquele desespero, daquele fervor da luxúria.

Pelo menos não naquele momento.

Queria que ela soubesse o quanto ele precisava dela. O quanto ele almejava por ela.

Separou alguns centímetros do rosto belo e delicado e a fitou. A garota mais linda inerte, entorpecida, com os olhos fechados, ofegante, apertando sua camisa fortemente.

Sakura...

Encostou sua testa a dela. Ele também estava ofegante. Escondeu os ônix, depois voltou a beijá-la.

Sakura subiu as mãos até o pescoço dele, percebendo que sua mente já estava em branco. Nada mais a preocupava.

Seu dia seria o melhor possível.

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Continua...


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Notas finais do capítulo

Y.Y



Que saudade de vcs!!!



A todos leitores que me ameaçaram em pvt, querendo me torturar, arrancar meus membros, aí está o capítulo!! >.< Demorou mas saiu!!! xD



Pra quem não conhece o personagem Yamashiro Aoba, aqui está o sujeito:

Pra quem percebeu, o pobre do Sasuke se esforçou pra pedir desculpas ao pai... Viram que eu nem usei o “Gomene”? Com certeza essa cena vai entrar para a história.



No próximo capítulo, é festa na mansão Uchiha! Eba! Aniversário da empresa! Como Sakura vai reagir no meio dos ricões? O.o Surpresa!!



Agradecimentos especiais a

Uchiha Manu,

belinha,

Lays-chan e

Full Moon-san



Que recomendaram a fic! Sério, gente! Me emocionei com o que vcs escreveram... ó.ò Muito obrigada! >.





A todos que estão mandando reviws, muito obrigada!!

O pessoal que começou a ler agora e deixa reviw nos primeiros capítulos, eu juro que nas férias respondo cada uma delas!! ^^



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Momento Propaganda:



Minhas miguxas Amanda Haruno e Sakura Pimentel fizeram uma comunidade pra fic Ai Chikara.

Quem quiser participar e contribuir para os meus surtos matinais, aqui está o link!! (=



http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=95934856



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Até o próximo capítulo!!! o/



Bjss



=Denny

P.S.Salve pra Phoenix que betou esse cap enorme sozinha...

Tadinha... ó.ò