Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 23
Capítulo - XXIII - Mundo Novo


Notas iniciais do capítulo

Presente de Natal atrasado e Ano Novo adiantado!!xDivirtam-se!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/29400/chapter/23

=================================================

Capítulo XXIII: Mundo Novo

O que dizer?

O que pensar?

O que fazer quando se ama tanto a ponto de morrer por esse amor?

Como entender?

Como compreender esse sentimento tão forte?

Sakura estava absorta. Seus pensamentos se intensificavam a cada dia, a cada minuto, a cada segundo que se dava conta do quanto estava apaixonada por Sasuke. Era algo novo e incompreensível, ela sabia. Já esteve apaixonada antes, mas agora não havia comparação para o que sentia. Eram sentimentos totalmente distintos. O que sentia por Sasuke era forte a ponto de ser indestrutível. Era inacreditável a ponto de ser irreal. Era intenso, era vívido, era único. Um sentimento novo que a preenchia de tal maneira, que a fazia desejar não sentir nada mais na sua vida.

–Sakura? Terei que perguntar de novo?

–Gomene, Ino. – Sakura percorreu os olhos nos rostos confusos das amigas ao redor da mesa no Kunai Burgers.

–Por que está tão pensativa?

–Eu acho que sei por quê. – interrompeu Tenten antes que a rosada pensasse numa desculpa. A morena esboçou um sorriso divertido e Sakura logo entendeu o motivo. – Eu vi o Morino Idate convidando a Sakura para sair. – Tenten disse tão tranquilamente como se Sakura não estivesse ali.

–Como é? – Ino pulou da cadeira quase se engasgando com a coca-cola. – Kami-sama! Isso é sério? Onegai, me diz que você disse sim! – Ino berrava sem se importar que estavam no meio de uma lanchonete lotada.

–E aquele papo do Kiba de confraternizar com o inimigo? – perguntou Temari levantando uma sobrancelha.

–Eu quero que o Kiba vá pro inferno! – rosnou a Yamanaka. – Sakura, pelo amor de Kami me diga que você aceitou!

–Eu não aceitei. – disse ela sem hesitar.

–O que?!

–Eu disse que ele precisava pedir permissão à minha mãe.

–Ah! – suspirou Ino de alívio. – Pelo que conheço da sua mãe, isso não será problema. O Idate é tão bonito e simpático...

–E um cavalheiro. – completou Tenten com a boca cheia de batata-frita. – Muito diferente do primo, o Morino Tazuna.

Sakura desviou os olhos das meninas mais uma vez. Elas começaram a tagarelar sobre as qualidades do Idate. Embora concordasse em parte com elas, não era o Idate que roubava suas noites de sono. Ele era um garoto legal e uma boa pessoa, pelo que percebeu dele, mas sabia que seus sentimentos não passariam da amizade.

As esmeraldas fitaram o lado de fora da lanchonete. O céu estava alaranjado, o sol começaria a se esconder no horizonte a qualquer momento.

Suspirou.

Era sexta-feira e estava aliviada por sua primeira semana na escola nova ter acabado. Tinha esperança de que nos próximos dias, sua popularidade mal desejada se findasse, que todos tenham finalmente esquecido sua presença, ou pelo menos fingirem que esqueceram. Estava farta de toda aquela atenção na escola. Cada passo era monitorado por alguém e isso era revoltante.

–Vocês já marcaram o dia do encontro? – Ino interrompeu seus pensamentos mais uma vez. Estava tão empolgada que parecia pertencer a ela o encontro.

–Talvez no sábado da próxima semana. – respondeu Sakura, os olhos ainda distantes.

–Pare de falar como se não fosse acontecer! – repreendeu a Yamanaka. – Você e eu sabemos que sua mãe vai deixar. Que mãe negaria o primeiro encontro da filha?

Sakura sabia que ela tinha razão. Sua mãe conhecia Morino Idate muito bem, desde que trabalhava na empresa Uchiha como secretária. Embora não achasse esse encontro o fim do mundo, ela não queria ter que sair com o Idate. Mesmo que isso pesasse na sua consciência, pois ele era um garoto muito gentil, desejava que sua mãe baixasse a louca e não permitisse esse encontro.

–O lado bom é que teremos uma semana para preparar tudo! – Ino quase saltitava da cadeira, planejando todo o encontro da Sakura.

Quando percebeu o que ela imaginava, a cerejeira estremeceu.

–Por que só na próxima semana? – perguntou Temari. – Por que não amanhã?

–Amanhã é a festa da empresa Uchiha. – respondeu Hinata um pouco desanimada. – Meu pai foi convidado e eu terei que ir com ele.

–Seu primo também. – disse Tenten fazendo uma careta. – Por isso estava pensando em convidar a Temari e a Ino para assistirem um filme comigo.

–Gomene, amiga. Vou sair com o Shikamaru. – respondeu Temari, sentindo-se ansiosa. Passaria uma noite no chalé dos pais dele.

–Eu vou, Tenten. Odeio ficar sem fazer nada no sábado à noite. – reclamou Ino. Tenten sorriu pra ela sem ânimo. Na verdade queria passar o sábado com o Neji. Fazia pouco tempo que eles reataram o namoro, precisavam de um final de semana sozinhos para enfim fazerem as pazes de verdade.

–Eu daria qualquer coisa para ficar em casa sem fazer nada... – murmurou Hinata imitando a expressão da Tenten.

–Como é, Hinata? Qualquer pessoa nessa cidade venderia a alma para ir numa festa dos Uchiha! – resmungou Ino, fazendo um biquinho de desgosto.

Sakura virou-se para a morena, com os olhos estreitos.

–É tão ruim assim? – perguntou ela, com medo. Não havia parado pra pensar em como seria essa festa.

–Eu não saberia explicar o que sinto nessas festas... Vou deixar que você veja por si própria. – disse Hinata sentindo pena da Haruno. Aquele não era o mundo dela, sabia que Sakura se sentiria perdida. Mas inteligente e disposta como ela era, tinha certeza que ficaria tudo bem.

As meninas mudaram de assunto quando avistaram uma turminha conhecida do colégio.

Sakura desviou os olhos, voltando a bebericar sem muita vontade o refrigerante de laranja. Assim como fora pelo resto da primeira semana de aula, ela era refém de seus pensamentos. Não podia permanecer poucos minutos sem conversar com alguém, logo era presa pelas dúvidas, pelos sentimentos mais fortes que ela e principalmente pelas lembranças.

Lembrou-se que nos últimos dois dias, tinha mas motivos para sorrir como nunca tivera antes.

Sasuke apareceu na mesa de jantar depois da briga que tivera com o pai. Depois que foi proposto a ele que lhe pedisse desculpas pela própria cerejeira e isso aparentemente o irritou.

Mesmo estando confusa, Sakura não questionou. Ao contrário, ficou imensamente feliz quando eles dialogaram à mesa. O Sr. Uchiha lembrou o filho que lhe devia um carro, o prêmio por ele ter sido responsável durante a lua de mel. Eles discutiam as melhores marcas de carros, enquanto Sakura sorria satisfeita para a mãe que também estava feliz pela reconciliação dos dois Uchiha.

Será que ele havia pedido desculpas?

Mesmo que ela se mordesse para saber a verdade, se conformou que esse detalhe não era tão importante. O importante era ver que eles estavam se dando bem. Provavelmente a última briga serviu de lição para ambos se respeitarem melhor.

Os problemas entre eles já não eram tão relevantes. O que mais perturbava a Haruno ultimamente, eram as dúvidas.

Estava muito apaixonada por Sasuke, tinha absoluta certeza disso. Porém um pensamento inusitado a perturbou. Estava ela sendo usada? Por que Sasuke nunca dizia nada? O que ele sentia? Por que ele sempre a beijava loucamente, mas antes nunca dizia nada?

–Sakura! Pare de pensar no Idate e VAMOS! – berrou Ino mais uma vez.

Sakura fitou as meninas de pé, pegando as bolsas e sacolas de compras.

–Eu não estava...

–Não se esqueça de me ligar no domingo. – lembrou Ino guardando o cartão de crédito da bolsa. – Quero saber tudo sobre a festa e como o Idate pediu permissão à sua mãe.

***

A rua principal que dava para a bela mansão Uchiha cercada de árvores e isolada das outras casas, estava enfileirada de carros de todas as marcas, importados, coloridos, conversíveis, pequenos e grandes.

Sasuke observava tudo da varanda do seu quarto.

As águas que escorriam da fonte na entrada do casarão, dançavam de todas as cores e para todas as direções, cintilando a linda luz prateada do luar. A fachada da casa estava enfeitada por luzes douradas e rosas vermelhas. Seu pai como sempre, não economizou nenhum centavo pela decoração. Assim como na recepção de seu casamento, tudo era perfeito, “um sonho” como descrevia o jornal e as revistas da cidade e do país.

Pura baboseira...

Pensava Sasuke. Jamais conseguiria distinguir o que mais o irritava. Se por acaso era a festa em si ou os convidados.

Saiu do quarto e a música erudita preencheu os seus ouvidos. As vozes ao longe percorriam os cômodos amplos da mansão, ecoando pelos salões que estavam vazios. Era tudo tão familiar, tão estupidamente irritante e desagradável! Devaneios que ele adoraria assassinar!

Lembranças das festas que sempre freqüentava quando criança, ao lado da mãe que sorrindo cumprimentava a todos, o perturbavam. Se naquela época soubesse como a mãe se sentia, como ela era rejeitada pelos Uchiha, como ela sofria quando fingia estar feliz apertando a mão dos desgraçados que queriam pisar sobre ela, Sasuke teria feito algo. Mesmo sendo apenas uma criança, ele agora se culpava por não ter feito nada, por não tê-la retirado daquele inferno.

Chegou às escadas. O salão estava todo enfeitado em dourado e branco. As rosas vermelhas preenchiam as mesas e alguns arranjos na parede. A música clássica estava agora mais alta em seus ouvidos. Percebeu que ela vinha do lado de fora do jardim e entrava pela casa. Provavelmente havia uma pista de dança do lado de fora.

Percebeu lá embaixo estavam todos eles.

Seus avós, os dois únicos tios e os seus quatro primos. Todos Uchihas da mesma laia...

Os outros convidados eram famílias importantes e “amigos” dos Uchiha. “Puxa saco” seria mais adequado.

Desceu as escadas e pegou a primeira taça de champanhe que avistou na bandeja de um garçom que passava. Mesmo que sentisse os olhos negros dos ambiciosos Uchiha, cravados em sua silhueta ele não os cumprimentou. Adentrou o amplo salão repleto de mesas, se afastando ao máximo dos olhares. Encostou-se numa pilastra, colocando uma mão no bolso.

Ao longe avistou o pai conversando com um de seus funcionários, Morino Ibiki. Ao seu lado estava o idiota do irmão dele, Morino Idate. Do outro lado do salão, avistou a madrasta. Ela conversava com uma mulher de cabelos brancos prateados, outra funcionária da empresa.

Olhou em volta mais uma vez, agora procurando por Sakura. Não havia visto a cerejeira desde a última noite. Ela passara o resto da tarde com a mãe fazendo compras, depois que voltou da lanchonete com as meninas e aquela manhã inteira num salão de beleza.

Talvez esse era o motivo de tanta irritação. Além de aturar essa festa estúpida, sentia falta da Haruno. Não podia ficar muito tempo sem a companhia dela ou enlouqueceria.

Não a encontrou em lugar nenhum. Talvez ela ainda estivesse no quarto.

Levou a taça de champanhe nos lábios, quando sentiu a presença de duas pessoas ao seu lado.

–Há quanto tempo, Sasuke-san!

Ele não precisou encarar o dono daquela voz para saber que era um dos seus primos. Continuou indiferente, fitando o resto do salão, procurando pelos cabelos rosados de Sakura.

Os dois garotos continuavam a tagarelar alguma coisa sobre a ausência de Sasuke nas Indústrias Uchiha. Ele fez uma carranca e engoliu o resto do champanhe.

Sasuke iria xingar os dois primos intrometidos sem dó nem piedade, quando avistou a cerejeira no alto das escadas.

Seus olhos não piscaram, estavam totalmente direcionados para ela.

Sakura estava hesitando no segundo andar, olhando receosa para baixo. Sasuke percebeu quando ela suspirou algumas vezes e ainda receosa, colocou um pé no primeiro degrau.

Sakura estava nervosa, pensou ele.

Ela descia as escadas lentamente, os olhos profundos fitando os degraus com cuidado, aparentemente medo de cair e pagar um gorila no meio de tanta gente rica.

Sasuke percorreu seus olhos na bela silhueta da rosada. Ela estava tão linda que chamava atenção dos convidados a cada degrau que descia para perto do salão.

Sakura usava um vestido roxo de alçinhas finas e de comprimento até a altura dos joelhos. Ele contornava as curvas delicadas da moça, deixando-a robusta nos quadris por conta do salto alto. Seus cabelos estavam modelados por um belo penteado, onde um arranjo cheio de pedrinhas lilás o segurava.

Ela implorou a mãe para não usar nada chamativo demais, queria algo discreto e simples, mas que aparentemente não adiantou de nada. Todos em seu campo de visão estavam olhando para ela.

–Nossa! Primo! Você pode nos apresentar aquela beldade da filha da Haruno?

Sasuke olhou para os dois garotos pela primeira vez desde que se aproximaram dele. Os olhos estreitos e irritados fulminaram ódio.

–Vão se foder! – disse antes de sair na direção de Sakura.

A cerejeira permanecia hesitante aos pés da escada. Os olhos verdes estavam tímidos procurando por socorro. Onde estava sua mãe? Poderia fazer como na festa do casamento meses atrás: ficar escondida atrás dela.

Mas diferente da festa do casamento, as pessoas davam uma pequena olhada na rosada, depois votavam suas atenções a coisas mais interessantes. Isto se dava apenas a sua aparência daquele tempo. Naquele mesmo instante, porém, havia muitos pares de olhos curiosos na sua direção.

–Está é minha querida enteada, Ibiki! – Sakura sentiu a mão fria e pesada do padrasto tocar o seu ombro nu.

–Como vai, minha jovem? É um prazer conhecê-la. – Ibiki apertou sutilmente a mão da Haruno.

–Igualmente...

Sakura o reconheceu. Era o irmão mais velho do Idate.

Este, a propósito estava ao lado do Sr. Uchiha com um sorriso escancarado.

–Linda como a mãe. – comentou Ibiki ainda de olhos nela. Sakura corou desviando os olhos, quando percebeu Sasuke se aproximar pelas costas dos Morino.

Perdeu-se no olhar aparentemente vago que ele direcionava a ela. Seus olhos percorreram o rosto afilado. Os lábios em uma linha reta, estavam naturalmente avermelhados; os cabelos desalinhados, mas que naquele rosto, estavam sempre perfeitos.

Sakura permitiu que os seus olhos descessem pelo corpo esbelto e másculo que se aproximava. Naquele momento os segundos pareciam minutos. Sentiu um calor insano percorrer o seu corpo quando fitou o peito definido, a pele alva, um pouco à mostra pela camisa preta desabotoada. Sasuke estava inteiramente de preto, vestido socialmente. Sakura adorava vê-lo de roupa social, principalmente pela informalidade em deixar alguns botões abertos. As ordens de seu pai para que usasse um terno ou um esmoquin, até mesmo insistir numa gravata em uma noite como aquela,não foram atendidas. Obvio...

Mordeu os lábios e tentou voltar à realidade.

Ela se manteve perdida no efeito que o olhar de Sasuke provocava nos seus sentidos, que acabou perdendo alguma conversa do Sr. Uchiha e dos Morino. Quando percebeu sua falta de atenção eles riam descontraídos.

–Acho que é um pouco cedo pra isso. – a voz de Sasuke perfurou os seus ouvidos. A voz era dura, seca e ela logo entendeu que Sasuke não estava com um humor muito bom. Ele respondera por ela a tal pergunta que Sakura perdeu.

–Sasuke! – exclamou o Sr. Uchiha. Ele virou-se para o filho, percorrendo seus olhos negros sobre ele. Fez uma expressão de desgosto ao perceber que o filho não estava vestido a rigor. Tentou se controlar. Pelo menos Sasuke estava com trajes sociais. Só faltava uma gravata, o que ele sempre odiou usar. Lembrou-se que na última festa da empresa, Sasuke estava de jeans, tênis e uma jaqueta de couro repugnante. – Você tem razão, filho. Yori enlouqueceria se tivesse ouvido isso...

Fugaku soltou uma risada cética, acompanhada de Morino Ibiki. Idate apenas sorriu, estava desconfortado pela expressão dura e carrancuda de Sasuke.

–Me desculpe por isso, Sakura. – disse ele quando o irmão e o dono das Indústrias Uchiha saíram para cumprimentar outros convidados.

Sakura tinha uma ruga enorme na testa. O que eles haviam falado enquanto ela estava sob o “encanto” de Sasuke? Com certeza fora uma piada que Sasuke não encontrou a graça.

–Não se preocupe, Idate-kun... – murmurou confusa. Seus olhos voltaram para o rosto irritado de Sasuke. Ele estava ao lado do Morino mais novo e segurava uma taça vazia de champanhe, a outra mão estava escondida no bolso da calça preta.

Desviou os olhos para o Idate que se aproximara com um passo

–Sakura. – disse Sasuke antes que Idate pudesse abrir a boca. – Sua mãe está procurando por você – mentiu. Foi a única coisa que encontrou como desculpa para tirá-la dali.

–Ah, que ótimo! – interveio Idate. – Era isso mesmo que eu iria propor! Temos que ir falar com sua mãe, Sakura.

Sakura ouviu um rosnado sair do peito de Sasuke, mas pensou ter imaginado isso.

–Acha que eu me esqueci da condição? – Idate arqueou uma sobrancelha e sorriu de canto para ela. – Vou pedir permissão à Yori-sama formalmente.

Sasuke cerrou os punhos, livrando-se da taça vazia em questão de segundos.

–Permissão? – a palavra saiu rouca entre os dentes trincados.

–Sim, vou pedir permissão para levar Sakura ao cinema no sábado à noite. – respondeu gentilmente. O sorriso dele era estonteante! Como Idate não se intimidava com aquela expressão insana que Sasuke lhe direcionava?Perguntou-se Sakura sem saber para qual dos rostos olhar.

Percebeu que Sasuke a fitava de canto, parecia bufar de raiva.

Ela corou um pouco envergonhada e desviou os olhos para o rosto do Idate.

–Sim, vamos falar com ela! – disse Sakura ansiosa e impaciente. Sentia-se culpada por não ter comentado com sua mãe na sala de jantar sobre esse pedido de encontro. Se ela tivesse dito, Sasuke já saberia e poderia se prevenir de algum ataque.

Ela olhou em volta e encontrou sua mãe próxima à lareira, conversando com três mulheres ao mesmo tempo.

–Ali está ela! – apontou meio trêmula de nervoso. Não olhou Sasuke novamente antes de seguir até a direção da mãe.

Adentrou as fileiras de mesas cobertas por tecidos brancos e dourados, enfeitadas por rosas vermelhas, sendo seguida por Idate. Sasuke hesitou alguns instantes, mas logo suas pernas agiram por vontade própria. Quando se deu conta já estava seguindo o mesmo caminho que eles.

O Uchiha estava com os nervos à flor da pele. Quando se aproximava dela e viu seu pai chegar primeiro com os dois Morino, sua expressão havia mudado. Sakura estava nervosa e Fugaku piorava a situação mostrando aos ricaços o belo troféu que ele tinha na sua estante! Outro defeito repugnante de seu pai. Era exatamente daquela maneira que tratara sua mãe. Mostrando a bela e sortuda mulher aos sócios e empresários, como se ela fosse uma medalha que ele conquistara.

Seu pai adorava se esnobar, adorava mostrar aos outros o quanto podia, o quanto possuía. Sentia repulsa ao se imaginar igual a ele.

Sakura e Idate esperavam ao lado, Uchiha Yori terminar a conversa com as mulheres, funcionárias da empresa. Sasuke diminuiu seus passos, pegando outra taça de champanhe.

Que droga esse Morino desgraçado estava inventado? Como assim pedir permissão a mãe de Sakura? Levá-la ao cinema para ele agarrá-la numa sala escura?

Mas só por cima do meu cadáver!

Ele conhecia bem as intenções dos rapazes do terceiro ano. Afinal ele era um deles, não é mesmo? Esse Idate não era diferente. Seu primo, Morino Tazuna, aquele marginal era uma prova de como essa família era suja! Idate com certeza só mantinha esse papel de bom garoto pela boa reputação do irmão. Fugaku admirava Morino Ibiki. Sempre dizia que ele era um homem ambicioso, inteligente e inatingível, porém modesto. E era disso que as Indústrias Uchiha precisavam.

Sasuke voltou seus olhos estreitos para a dupla que já conversava com a Sra. Uchiha. Ele se aproximou um pouco hesitante, depois foi para trás de uma pilastra para ouvir melhor.

–Sinto falta daquele tempo... – murmurou Yori sorridente. Sasuke espiou por trás do tecido dourado que enfeitava a pilastra, a madrasta acariciar os cabelos de Idate.

–Como assim sente falta? Olha só pra você! Não é mais uma simples secretária é a esposa do chefe! – Yori sorriu e deu um tapinha no ombro do Morino.

Sakura fitou a mãe sorridente e franziu o cenho. Não imaginava que eles tivessem uma relação tão íntima assim.

–Seu bobo... Sabe o que quero dizer... Você era um bom rapaz que me levava pra almoçar quando ninguém mais convidava.

Sakura imaginou que a mãe era rejeitada na empresa pela forma como ela relatava nas ligações, quando Sakura morava em Tóquio com a avó. Mas não tinha idéia de que o seu salvador, seu anjo, antes que Fugaku se apaixonasse por ela, teria sido o Idate. Sakura sorriu observando os dois conversarem como se fossem grandes amigos, sentindo uma simpatia imensa por Idate.

–Mas vamos direto ao ponto! – disse Idate fazendo uma expressão de espertinho, esfregando as mãos. Sakura não conseguiu disfarçar uma careta quando sentiu uma pontada no estômago. Imaginou sua mãe apertando suas bochechas e dizendo “O primeiro encontro da minha garotinha...” – Eu queria simplesmente pedir sua permissão para levar sua bela filha ao cinema no próximo sábado.

Sakura fitou os enormes olhos verdes da mãe. Por favor, diga que não...

Sentiu-se um monstro quando pensou isso. Idate era uma boa pessoa e ela estava sendo tão... tão... TÃO FALSA!!

Yori sorriu. Seus dentes brilharam como cristais para o garoto de cabelos castanhos a sua frente.

–Bom, meu querido Idate. Se você prometer que vai deixá-la em casa às onze horas em ponto, não vejo porque não...

–Eu a deixarei aqui às dez e cinqüenta! – disse ele triunfante.

Sakura se contraiu sem entender o motivo.

–Então está bem! – Yori fitou a filha, dando uma piscada para ela.

Duas mulheres se aproximaram e a cumprimentaram, levando a Sra. Uchiha para o outro lado da sala.

–Viu só? Eu disse que não seria problema. – disse Idate aproximando da rosada.

Sasuke surgiu de repente ao lado dela segurando outra taça cheia de champanhe.

–Nossa, Uchiha! Que susto!

Sakura o fitou receosa, o coração quase pulando do peito.

–Seu irmão está te procurando. – disse ele frio. Mentindo, obviamente.

–É impressão ou você está se fazendo de pombo correio hoje? – brincou Idate sorridente. Sakura percebeu que não havia malícia para ofendê-lo.

Sasuke porém fechou ainda mais a expressão, a mandíbula apertada, os olhos estreitos e ardentes.

–Essa é uma maneira educada de dizer pra você dar o fora. Mas idiota do jeito que é, impossível entender uma indireta.

Sakura se assustava quando Sasuke falava daquela maneira tão ameaçadora.

Idate deu um passo para trás desfazendo o sorriso. Depois se retirou, fitando Sakura nos olhos. Ela entendeu como se ele quisesse dizer: até daqui a pouco...”

Sasuke bebeu o resto do champanhe sem olhar no rosto de Sakura. Ele sabia que ela o fitava.

Ela estava ao mesmo tempo confusa e irritada. Por que Sasuke parecia demonstrar todo esse ciúme?

–Não precisava falar assim com ele... – murmurou desviando os olhos esmeraldinos.

–Como queria que eu dissesse a ele para deixá-la em paz? – perguntou ele sarcástico. – Você não tem que aturar quem não gosta...

Sakura o fitou com os olhos arregalados.

–Nem sair com ele se não quiser. – completou ainda sem fitá-la.

Sakura o encarava perplexa. O que Sasuke estava denunciando? Claro que o ataque de ciúme estava estampado naquelas atitudes, mas ele agia como se tivesse algum direito sobre ela. Os pensamentos dos dias anteriores e aquela amargura de imaginar estar sendo usada por ele a atingiram em cheio.

Por que não perguntava de uma vez o que ele queria dela? O que ele sentia além de querer beijá-la?

Mas por que não havia coragem suficiente?

Simplesmente por medo...?

Medo da resposta, medo de ser desprezada como uma adolescente apaixonada.

–Por que Sasuke-kun? – ela pensou alto demais. Sasuke a fitou imediatamente, se aproximando com alguns passos.

Estavam à poucos centímetros de distância.

–Por que o que? – perguntou impassível. Seu rosto estava inexpressivo, pois não queria demonstrar a perturbação que aquela simples pergunta causou nele.

Por que ele estava com ciúme? Era isso que ela queria dizer?

Sakura o fitava nos olhos desnorteada. A respiração falhava, o coração machucava o peito frágil por oscilar com tanta violência. Sentia que as pernas ficariam bambas a qualquer momento e teria que se segurar nele.

Mesmo com aquela fraqueza que já era esperada, ela ficou muda. Se acovardou no mesmo instante em que aqueles olhos negros, profundos e misteriosos analisaram seu rosto aturdido.

O clima entre eles estava tenso. Sasuke imaginava mil perguntas em que incluiria o “Por que” que ela pronunciou. Mentalmente implorava que ela terminasse a pergunta, mesmo temendo o que poderia ser.

–Teme! – Sasuke sentiu uma palmada forte nas costas. A voz aguda de Naruto quebrou aquela tensão entre eles.

Sasuke virou-se irritado e Sakura se afastou alguns passos.

–Não é por nada não, mas essa festa ‘tá muito chata! – disse Naruto segurando Hinata pela cintura.

Quando Sakura viu-se recuperada daquele transe que Sasuke sempre provocava nela, ela cumprimentou o casal. Percebeu que Hinata parecia contente, em comparação à tarde do dia seguinte. Isso deveria ao fato de que Naruto estivesse ali. Talvez ela não soubesse que os Uzumaki foram convidados.

–Sem mencionar essa droga de comida! O que é isso afinal? Parece um bolinho amassado! – Naruto continuava tagarelando a respeito da festa, quando Sakura sentiu uma mão agarrar o seu cotovelo.

Era Idate. Novamente!

–Bom, eu queria te convidar pra dançar... Agora que o Uchiha conseguiu companhia.

Sasuke percebeu a presença do Morino, voltando seus olhos para ele. Sakura ignorou o Uchiha. Não tinha coragem de olhar nos olhos dele.

–Dançar?

–Você não viu a pista de dança no jardim? É de lá que está vindo a música. Tem uma banda montada como uma orquestra sinfônica.

–Eu não sei dançar... – disse Sakura corada.

Mais uma vez Sasuke sentiu o ódio tomar conta do seu corpo. Sakura estava mentindo, ela sabia dançar bem até demais. Ela por ser uma garota boa demais para o seu gosto, acabaria aceitando o convite.

Ele hesitou em dar um passo até eles e dar outra bronca naquele abusado, talvez um soco que quebrasse os seus dentes. Seria um papelão e tanto, além de não ter certeza se era isso mesmo que Sakura queria.

Naruto continuava a tagarelar e Hinata percebeu o quase descontrole de Sasuke.

Sakura acabou aceitando o convite pelo constrangimento e Sasuke quase quebrou os dedos de tanto apertá-los.

A dupla seguiu pelos corredores de mesas, seguindo na direção do jardim.

Hinata continuou fitando o Uchiha preocupado. Sasuke parecia indeciso, não sabia se ia atrás deles, não sabia se ficava. Seu corpo estava trêmulo de raiva, o rosto contraído e vermelho.

–Naruto-kun! Vamos ver o jardim! – disse Hinata interrompendo o namorado. – Deve estar maravilhoso! O Sasuke-kun nos leva até lá!

–Tudo bem. Vamos. – concordou Naruto.

Sasuke não pensou duas vezes e saiu na frente.

Parou às portas de vidro quando avistou o casal mais jovem na pista. Ele ficou imóvel ao lado de uma mesa cheia de bolinhos coloridos. Naruto e Hinata estavam ao seu lado. Hinata não tirava os olhos do Uchiha.

Por que ele está assim? Pensou ela confusa.

Será que está com...

–Aquele desgraçado, puxa-saco, filho da mãe! – Sasuke murmurou alto demais.

Ciúmes?

Hinata deu uma risadinha, enquanto Naruto devorava alguns bolinhos ao seu lado na mesa.

–O que foi que eu fiz dessa vez? – perguntou Naruto de boca cheia.

Sasuke o ignorou, fitando as mãos abusadas de Idate.

Ele segurava a cintura fina da cerejeira com as duas mãos. A cabeça estava abaixada ensinando os passos para ela.

Sasuke fitou o rosto tímido e rosado de Sakura quando ele a apertou para mais perto do corpo dele. Sakura parecia ter estremecido.

Sasuke grunhiu.

Ela deveria estremecer apenas para ele! Tocar apenas no corpo dele! Ficar corada apenas por causa dele!

Sempre foi egoísta, não é mesmo? Então seria do pior jeito agora!

Sasuke contraiu seu corpo. Estava tenso, furioso com aquela cena, com aqueles pensamentos que Sakura estivesse nervosa por causa do Idate.

Isso era impossível!Ela não gostava dele!

–Por que você está xingando o cara, Sasuke? Ele só está dançando com a Sakura... – murmurou Naruto quando percebeu os olhos negros e sinistros que fitavam o jovem casal no meio da pista, enquanto alguns palavrões escapavam por seus lábios retorcidos.

–Dançando! Ele está se esfregando nela! – Sasuke ofegou, depois passou uma das mãos nos cabelos.

–Ah, qual é?! Qualquer um diria que você está... AI! – Naruto foi interrompido por uma cotovelada da namorada.

–Naruto-kun! Não se meta! – ela cochichou, mas Sasuke foi capaz de ouvir. Se não estivesse tão irritado teria caçoado da cara que o amigo fez quando recebeu a bronca.

Hinata é muito esperta... Pensou Sasuke. Gostava da atitude dela de perceber as coisas e guardar para si. Uma coisa que o Naruto deveria aprender.

–Não vai me convidar pra dançar? – perguntou a morena fazendo um biquinho.

–Hina-chan... Você saber que eu não gosto dessa porcaria de música clássica... – ele se interrompeu quando viu a expressão dela. A expressão que ele nunca resistia.

–Tudo bem...

Os dois foram para o meio da pista. Hinata tinha um sorriso lindo no rosto.

–Eu perdi a piada... – disse o loiro inclinando-se para beijar o pescoço dela.

–Ele está com ciúme! Isso não é maravilhoso? – ela sorriu de novo, abraçando o namorado que a conduzia no penetrando som da valsa.

–Sasuke com ciúme da Sakura? – murmurou confuso. – Por quê?

Eles se afastaram um pouco e se fitaram.

–Eles estão...? – Naruto não se permitiu terminar a pergunta. – Hinata! Como você aprova uma coisa dessas?! Isso está errado! O que o Sasuke tem na cabeça?!

–Naruto-kun! Não tem nada errado! Eles não são irmãos de verdade... – replicou ela gentilmente.

–Isso não importa! Os pais deles estão casados... Isso é... Isso é... Uma idiotice que o Sasuke...

–Estou feliz por eles. – interrompeu o namorado mais uma vez. – Eu sabia que a Sakura estava apaixonada, mas não fazia idéia que o Sasuke a correspondia! Estou tão feliz! – Hinata sorria estonteantemente. Ele também está apaixonado! Eu deveria ter notado isso mais cedo! Eu sabia que ele a fitava de um jeito diferente, um jeito que nunca olhou para garota nenhuma... Por que fui tão estúpida em acreditar no que via?

Talvez porque parecesse impossível o Sasuke se apaixonar...

Mas de qualquer modo estou feliz pela Sakura!

–Hina-chan! Pelo amor de Kami! Você... – Naruto observava a expressão iluminada da morena enquanto ela refletia. O loiro achava aquilo uma atrocidade!

–Naruto-kun... Deixe-me te fazer uma pergunta. – Naruto esperou, ainda com a expressão de desaprovação. – Se sua mãe fosse solteira e se casasse com o meu pai e a gente morasse na mesma casa, você me veria como sua irmã?

Naruto parou de dançar. Ficou pensativo fitando a bela namorada vestida de azul. Os olhos perolados que ela tinha, estavam brilhantes e gentis, esperando pela reação dele.

O loiro deixou um sorriso surgir nos seus lábios e lentamente os ombros tensos amoleceram. Claro que não era impossível dois meio irmãos se comportarem como tal. Se fossem criados desde crianças, a única explicação lógica. Sabia, ou melhor, tinha absoluta certeza que se Hinata fosse sua meia-irmã, ele nunca a veria dessa forma. NUNCA!

–Por que você sempre está com a razão? – disse ele apertando o corpo curvilíneo e delicado contra o seu. Seus lábios procuraram os dela, degustando daquele prazer de provar seus lábios carnudos, até que ambos ficassem sem fôlego. Ele desceu pelo pescoço perfumado, aspirando o delicioso aroma de violetas.

–Naruto-kun! Meu pai pode estar vendo! – disse ela abrindo os olhos desnorteada.

–Aquele velho desgramado!

Hinata deu um tapa no ombro dele, depois voltaram a dançar.

***

Sasuke estava na entrada da mansão, sentado à beira da bela fonte. Dessa vez ao invés de uma taça, estava com uma garrafa inteira de champanhe. Não beberia nada mais forte porque não queria ficar bêbado.

As vozes e a música estavam abafadas pelas paredes do casarão. Precisava de um lugar tranqüilo e silencioso para se acalmar. Ali era perfeito, não havia ninguém. Apenas um empregado ou dois da festa saíam para jogar o lixo fora.

Porém sabia que nem mesmo um lugar tranqüilo o acalmaria naquela situação.

Havia perdido o controle. Não agüentou continuar no meio daquela bagunça observando Sakura nos braços do Idate. Percebeu que alguns dos convidados olhavam confusos para ele. Estava se lixando para o que eles estariam pensando! Mandariam todos para o inferno se tivesse a chance. Mas como não queria ter que se explicar para o seu pai, conseguiu forças para deixar o lugar.

Por que estava assim, tão obsessivo? Sakura não era propriedade dele para exigir algum poder sobre ela! Embora desejasse isso mais que qualquer coisa...

Por que ela tinha que lhe causar tanto desconforto?

–Por que essa garota gosta de me deixar louco? – sua voz saiu rouca entre os dentes trincados.

Estava ficando irritado com ela também?

Sakura parecia estar fazendo aquilo de propósito. Provocando-o?

Não, não intencionalmente! Ela poderia estar inocente nesta história, mas não poderia deixar de culpá-la.

Por culpa dela ele se sentia preso numa gaiola, gritando o mais alto que podia enquanto a observava ao longe sentindo os efeitos colaterais de uma aproximação do sexo oposto. Aquilo não era justo! Por que logo agora Sakura decidiu _ “inconscientemente” _ provocar ciúmes no Uchiha? Especialmente numa festa onde tinha que passar a imagem de bom rapaz?

Que ódio! Quanta vontade de sair batendo em todo mundo que vier pela frente!

Especialmente no Idate... Aquele merecia apanhar mais que qualquer outro!

Tomou o resto do champanhe direto do gargalo. Sentia a cabeça latejar pelo estresse e o álcool que consumia só piorava.

Ouviu do lado de dentro da mansão, uma voz estridente convocar todos para as mesas, pois o jantar seria servido.

Como fora combinado, teria que estar ao lado do pai quando começassem a brindar pela festa.

Estava se lixando para o combinado!

Preferia morrer a ter que voltar pro miolo daquele lugar desconfortável. Teria que colocar os olhos em Sakura, provavelmente sentada ao lado do Morino e não agüentaria como antes.

Ao imaginar a cena seu estômago se contraiu e a raiva voltou a condená-lo.

Ficou sentado na entrada da mansão sem perceber por quanto tempo.

Incrivelmente estava se controlando para não entrar na festa e acabar com tudo que visse relacionado à Morino Idate. Mais incrível ainda era concluir que esse controle devia ao seu pai. Sabia como seria desastroso fazer uma cena dessas na festa de aniversário da empresa.

Confuso e furioso, decidiu subir e se trancar no quarto depois de pegar uma boa quantia de conhaque no bar privado de seu pai. O champanhe o deixara desconfortável, a cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento, mas para conseguir dormir e esquecer a causa de toda sua irritação, precisaria beber uma coisa mais forte.

Entrou na mansão pela porta da garagem que dava de frente para as escadas. Subiu sem olhar nada a sua volta. Ouviu algumas vozes chamando por ele, mas não fez nenhum esforço para ver de quem se tratava.

O bar privado se encontrava no escritório do Sr. Uchiha, no quarto andar.

Apressou os passos, centrado em seu objetivo de beber conhaque até cair de bêbado. A vontade de aparecer no meio da festa e quebrar a cara do Idate, ainda era tentadora.

Quando chegou ao quarto andar, adentrou o corredor comprido e escuro. O escritório de Fugaku ficava bem ao fundo, virando à esquerda.

A varanda logo à frente, estava com as portas abertas. As cortinas brancas dançavam para dentro do corredor escuro, balançadas pelo vento fresco daquela noite. Lembrou-se que Sakura ficava com medo de andar por esses corredores à noite. O clima desértico e sombrio deixava o lugar como num filme de terror.

Sorriu quando lembrou dela correndo para dentro da sala onde ele costumava jogar dardos e um dia quase acertou-a na cabeça.

Passou de frente à varanda com esse pensamento, quando ouviu um gemido.

Seu coração palpitou de susto no momento, os olhos antes entreabertos pela fadiga e pelo desconforto do álcool, se arregalaram. Olhou para dentro da varanda escura, notando uma massa pequena agachada sob o parapeito.

Quando seus olhos se acostumaram ao escuro ele enxergou melhor. A luz da lua que estava fraca naquela noite, cintilava algumas pedrinhas, como se fossem pérolas e iluminava uma parte do corpinho encolhido sentado no chão, agarrando os joelhos.

–Sakura?! – quando ele pronunciou seu nome, já estava dentro da varanda, abaixando-se ao lado dela.

Sakura pulou de susto, levantando a cabeça para fitá-lo. Sasuke segurou nos ombros desnudos para levantá-la, depois a cercou com os braços.

–O que foi? – perguntou ele sôfrego, quase como uma ordem. O medo de que alguma coisa grave acontecera congelou sua espinha ao mesmo tempo em que a raiva queimou os seus olhos. – Sakura? O que aconteceu?

Ela soluçava, sentindo o calor do corpo dele aquecê-la. Seus braços nus estavam frios antes que Sasuke a abraçasse.

Sem mais paciência pela falta da resposta, Sasuke segurou nos rosto dela para fitá-la. Seu coração batia freneticamente de medo, de ansiedade, de raiva. Quem havia feito mal à Sakura iria pagar caro.

Foi então que se contraiu com o pensamento.

Idate...?

O nome passou lentamente por sua cabeça, como se houvesse sido pronunciado entredentes.

–O que Idate fez à você? – perguntou rosnando, os olhos fulminantes pela ansiedade de ir atrás do desgraçado e matá-lo.

Sakura ofegou, balançando a cabeça, ainda sem conseguir dizer uma palavra. Apenas soluçava, procurando a voz.

–O que ele fez? – repetiu o Uchiha apertando os ombros da cerejeira. Ela estava rígida, os olhos lívidos, tentando dizer de uma vez o que havia acontecido

–Na-Não... Não... ele não fez nada...

Sasuke não se convenceu. Continuou segurando-a firme e fitando-a nos olhos.

–Ele bateu em você? Ele te machucou? – ele a sacudiu, como se assim pudesse arrancar a verdade, depois vasculhou o corpo dela à procura de algum sinal de agressão.

–Não... – respondeu voltando a chorar. Sasuke percebeu que era ele quem estava machucando ela.

Ele a soltou imediatamente. Não havia percebido a força com que a segurava.

Ainda estava tenso e trêmulo quando a cercou pela cintura e abaixou o rosto até o pescoço dela. Sakura retribuiu o abraço e depois de alguns segundos o choro foi parando.

Sasuke suspirou e amoleceu o corpo, fechou os olhos e aplicou um beijo casto na nuca perfumada, roçando levemente o nariz.

Estava à beira da insanidade, imaginando o que Idate poderia ter feito. A primeira coisa que veio à cabeça foi a idéia de um estupro. Se fosse esse o caso, Idate poderia se considerar um homem morto.

Sasuke alisou as costas dela, voltando a beijá-la no pescoço. Estava esperando que Sakura se acalmasse para lhe dar uma explicação, quando imaginou que a culpa poderia ser dele.

Sakura estava chorando por culpa dele?

–O que aconteceu? – sussurrou no ouvido dela, delicado. Seu coração já batia normalmente, o pânico já havia passado.

Sakura suspirou e o abraçou mais forte. Sentia seu corpo mole e inerte. Estava desnorteada e entregue. Exatamente como queria estar. Ao lado dele, segura e protegida.

–Não foi nada... – suspirou de novo. Gostaria que aquela sensação durasse para sempre.

Sasuke a levantou do chão pela cintura e a levou para perto das portas da varanda. Ele as fechou e encostou o corpinho delicado da rosada na vidraça. Levou-a para longe do parapeito, pois sabia que a perturbaria por causa do medo de altura.

–Se não foi nada, por que chorar desse jeito? – sussurrou ele nos lábios dela. Só a beijaria depois que Sakura lhe contasse o que havia acontecido.

Sakura cercou o pescoço de Sasuke com os braços e mordeu o lábio inferior. Estava tremendo, o coração aos pulos, as pernas bambas. Sentia seu rosto queimar.

–Não tem que se preocupar com isso...

Sasuke se contraiu mais uma vez. Será mesmo por culpa dele? Por isso ela não quer falar?

–É uma idiotice... – disse Sakura olhando para os lábios dele. Aquilo era uma tortura! Sasuke não a beijaria até que ela contasse os seus motivos? Era um castigo?

–Quero saber... – a voz de Sasuke saiu rouca de desejo. Seu corpo já manifestava a atração ardente que tinha por ela. Segurou um sorriso malicioso quando percebeu que Sakura sentia o mesmo.

–Me senti mal pela minha mãe. – respondeu tristemente. Perdeu um pouco dos efeitos que Sasuke provocava no seu corpo, quando se concentrou na explicação que daria a ele.

–Por quê? – Sasuke abaixou sua cabeça para voltar a mordiscar e beijar a pele sensível do pescoço dela.

–Porque... – ela escondeu as esmeraldas e entreabriu os lábios. Como Sasuke queria uma explicação se ele não ajudava? – Assim... não consigo... falar... – disse lentamente, ofegando e se contraindo nos braços dele.

Sasuke sorriu e voltou a fitá-la.

Sakura suspirou e voltou a se concentrar no que dizer.

Ela contou ao Sasuke que no jantar daquela noite, sentaram-se na mesma mesa, sua mãe, o Sr. Uchiha e mais dois casais: dois empresários e suas esposas.

As belas mulheres eram muito bem educadas e gentis. Conversavam com a nova Sra. Uchiha como se ela fosse uma deusa. Elogiavam as jóias, as roupas e os cabelos da esposa do homem mais rico de todo o Japão. Era tanta formalidade que dava enjôo.

Porém depois do jantar, a formalidade foi esquecida.

Sakura circulou pelo salão procurando por Sasuke. Depois que conseguiu despistar Idate, chegou perto das mesas de guloseimas do jardim, perto da pista glamorosa de dança, e ouviu as duas mulheres caçoarem de sua mãe.

Uma dizia que ela fora esperta por ter dado o golpe do baú. “Nossa! Uma Maria-ninguém chegar onde chegou? Foi um golpe certeiro!”

Outra dizia o quanto havia odiado a Sr. Uchiha; “Para mim, ela era uma prostituta antes de fisgá-lo.” Disse fazendo uma careta esnobe.

Ouviu muito mais do que deveria... Eram tantas palavras revoltantes, tantas mentiras! Sakura não pôde ouvir o resto. Sentia raiva, repulsa, constrangimento, tristeza, amargura... O lugar estava repleto de falsidade! De pessoas mesquinhas, fúteis, esnobes e arrogantes! Mais cedo pareceu que os avós de Sasuke menosprezarem sua mãe. Mas tentou se reconfortar que estava apenas vendo coisas.

Sakura tentou fugir desse ambiente horroroso. O clima ali era insuportável! Sentiu isso desde que pusera os pés na bela sala enfeitada em dourado, mas imaginou que seria fruto do nervosismo.

Quando foi subir para o quarto, ouviu Idate chamar às suas costas. O ignorou. Não desejava falar com ele naquele momento. Ele a seguiu até o terceiro andar e a única forma de despistá-lo, foi continuar fugindo. Quando se deu conta, estava na varanda do quarto andar. O coração apertado, um nó horrível na garganta a torturava.

Não pôde conter a vontade chorar. Pensar em como sua mãe era uma pessoa maravilhosa, gentil, honesta... Só cometera um único erro na vida, que foi não ouvir o conselho mais importante de sua mãe, em não se aventurar com um desconhecido a quem se apaixonara. Mas errar é humano, não é? Yori não precisava ser condenada por isso. Afinal, ela sempre foi uma adolescente indomável, e sua mãe era muito dura, muito autoritária.

Foi isso que a fez chorar... Nunca se importou com o que os outros pensavam ou falavam dela. Se era nerd mal vestida ou não, isso a entristecia mas poderia sobreviver...

Mas com sua mãe era diferente. Ser chamada de prostituta? De golpista? A mulher que se mudou de cidade para conseguir um emprego bom para sustentar a filha?

Isso era doloroso! Ver o quanto essas pessoas eram pura falsidade, fazia seu peito doer tanto a ponto de explodir em mil pedaços.

Não era novidade para Sasuke o que as pessoas achavam de sua madrasta. Todos pensavam isso, em todas as vezes em que Uchiha Fugaku se casou.

Só que dessa vez, nenhum deles tinha razão. Tanto Sakura quanto Yori eram diferentes, humildes, não havia malícia dentro delas.

–Você não tem que se importar com isso, Sakura. – ele a encarou. Os olhos esmeraldinos estavam brilhantes e estreitos de tristeza. De algum modo Sasuke sabia como ela se sentia. Sakura não estava acostumada com a vida esnobe de um bilionário. Era um mundo novo que ela conhecia aos poucos. Um mundo que ela nunca desejou pertencer.

–Eu sei... – ela desviou os olhos e suspirou. – Eu disse que era uma idiotice. Só não segurei a vontade de chorar...

Sasuke a apertou em seus braços mais uma vez e a beijou na clavícula, subindo para o pescoço, depois para o queixo da Haruno.

Sakura suspirou e fechou os olhos quando Sasuke sugou-lhe os lábios. Ele se afastou, torturando-se mais um pouco.

–Se Idate tivesse feito alguma coisa com você, eu já estaria na cadeia... – disse Sasuke com a voz rouca e sedutora. Ele entreabriu os olhos para ver a expressão de Sakura.

Ela estava com os olhos fechados, os lábios entreabertos, ofegando. Seu peito oscilava com violência, suas mãos tremiam na nuca dele.

Sasuke sorriu torto ao imaginar que Sakura não se importava se Idate estava vivo ou morto. Pensar que ela estava encantada por ele, foi obra do ciúme incalculável daquela noite.

Ainda de olhos entreabertos, ele sugou os lábios dela e se afastou. Sugou mais uma vez e se afastou. Sentiu Sakura estremecer em seus braços.

Estava se chamando de louca. Sakura não conseguia entender, naquele momento, os motivos das suas dúvidas, daqueles pensamentos estúpidos em que achava ser usada por Sasuke. Nada mais importava. Ele não precisava dizer o que sentia naquele instante. Uma hora ou outra ele diria, nem que ela mesma tivesse que perguntar. Sempre fora paciente não é? Mesmo que o tempo não parasse, essa hora chegaria.

Sem mais agüentar aquela tortura, ele a beijou. Sugou cada pedaço de carne que havia naquela boca, depois a explorou com a língua. Sakura estremeceu mais uma vez, depois apertou a gola da camisa.

Enquanto ambos recuperavam o ar, Sasuke distribuía beijos pelo rosto, pescoço e nuca da cerejeira. Desceu suas mãos pelas costas, contornando a lateral do corpo delicado e trêmulo em sua posse. Chegou à altura das coxas e Sakura gemeu baixinho no ouvido dele.

Aquilo foi o suficiente para enlouquecê-lo totalmente.

Voltou a beijá-la segurando-a pela nuca com uma mão, enquanto a outra levantava o vestido roxo de seda. Tocou a pele macia e sedosa do seu quadril, sentindo seu membro queimar dentro das calças.

Estava ultrapassando o limite estabelecido por ele mesmo. A loucura incontrolável de possuí-la que o deixava insano o atacava sem piedade.

Sakura estava inerte. As sensações fortes que tomavam seu corpo, a entorpeciam.

–Sas... Sasuke-kun... – ela suspirou, sentindo uma contração violenta dentro dela. Sentia-se quente, sua calcinha estava molhada, seu corpo inteiro tremia, seu coração batia descontrolado.

Sasuke estava ciente das conseqüências, mas não queria parar. Não havia forças para conter aquele desejo louco que o possuía.

Mas esforçou-se para encontrar o controle. Sabia que aquele impulso impensado era por causa da quantidade de álcool no seu organismo. Estava desesperado, insano, obsessivo, e Sakura não deveria ser tratada assim.

Ele se afastou um pouco, ofegante, os olhos lascivos e brilhantes na direção de Sakura imploravam para que ele continuasse.

Sakura também ofegava, trêmula e entorpecida.

Sasuke a abraçou ainda com o peito oscilante, escondendo o rosto nos cabelos dela.

–Gomene... – sussurrou beijando-lhe os cabelos. Pedir desculpas era sempre mais fácil com ela.

Sakura mordeu o lábio e se afastou para fitá-lo.

–Você andou bebendo, Sasuke-kun? Parece cansado – perguntou ela preocupada. Havia sentido gosto de álcool quando o beijou, e agora com a claridade do luar batendo no rosto dele, podia notar os olhos pesados.

–Estou bem. – replicou, dando-lhe outro beijo na ponta da cabeça.

–Acho melhor você ir dormir... Vamos, eu te levo.

Sasuke arqueou uma sobrancelha, depois sorriu.

–Eu é que deveria fazer isso.

–Eu estou perfeitamente bem. – disse ela sorrindo. – Agora estou... – completou.

================================================================

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yo, mina!!! XD





FELIZ NATAL!!!!!!!!!!!!!!!





Eu queria muito deixar esse capítulo bem recheado! Queria escrever o que iria colocar em dois capítulos, apenas neste aqui, mas infelizmente não deu. Se eu fizesse isso não terminaria a tempo...



Mas em todo caso, espero que tenham gostado!!! ^.^



A Sakura, tadinha... está em dúvida com os sentimentos do Sasuke.

Mas ele está prestes a se abrir... Bom, do jeito dele mas será como uma declaração. Isso é o que importa! XD



No próximo capítulo, mais emoções, brigas e alguns socos na cara!! =X



*Alguém arrisca um palpite de quem terá as fuças deformadas?*



Desejo um ótimo Ano Novo para todos vocês!!!

Foi incrível passar esse ano com vocês!!! Espero que em 2010 a gente continue compartilhando as mesmas loucuras de Ai Chikara!! *-*





*-*-*-*-*-*-*



Obrigada a minha miguxa Pime-chan, Sakurinhah_chan, SakuraWoo e Dark_Bella por recomendarem a fic!



Estamos com 32 recomendações!! *O*





JESUS AMADO!! Surto a cada recomendação!! Me emociono de verdade com o que vocês escrevem!!



Muito obrigada por todo carinho, pessoal!!



bjss e até o próximo capítulo!!!





=Denny







P.S. Se tiver algum erro, me avisem, onegai!! XD Minha beta está de férias! D: