Ai Chikara escrita por DennyS


Capítulo 21
Capítulo - XXI - Mentira




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Capítulo XXI: Mentira

Não se perguntava o motivo de ter acordado como se estivesse no céu. Como se houvesse recebido o melhor dos presentes. Sentia-se como um cego ao ver o nascer do sol pela primeira vez. Não se perguntava a razão de estar gostando tanto daquela aula que no dia anterior fora horrível, não só pela falta de alguém conhecido, mas pelos olhares curiosos que recebia. Tais olhares que não lhe incomodavam naquela manhã.

Não se perguntava os motivos de se sentir tão bem, apenas porque sabia, tinha certeza absoluta do motivo. Em uma palavra? Sasuke... Sasuke... Sasuke... O nome que não saía de sua cabeça mesmo que tentasse esquecê-lo. O nome que lhe provocou a pior insônia de sua vida enquanto sondava a sua mente pela madrugada. Não dormiu mais que três horas naquela noite, mas não estava com sono, alguma coisa dentro dela deixava sua mente acordada.

Sasuke aparecera no momento oportuno. Ela odiaria ter que perder o sono pelas maluquices que pensava antes de Sasuke aparecer na academia escura.

Lembrou-se daquele beijo enlouquecedor... Daquele calor insano que parecia tomar conta da sua alma. Lembrou-se de como sua cabeça ficou vazia quando o beijou. Preocupações, incertezas, inseguranças, tudo se dissipou como um nevoeiro levado pelo vento.

Porém o mesmo não aconteceu com Sasuke. Pelo menos fora o que ela entendeu no olhar negro e lascivo que ele tinha. Depois que se beijaram, Sakura sentia o vidro gelado da academia às suas costas, as mãos quentes de Sasuke na pele da sua barriga e pescoço, a respiração dele massagear o seu rosto e inebriar os sentidos, quando Sasuke parou. Ele acariciou o rosto dela encarando-a com aquele olhar cheio de ternura, de carinho...

Então ela entendeu. Sasuke a respeitava mais do que ela poderia imaginar. Ele percebeu que havia ultrapassado os limites e assim ele mesmo cessou a loucura que eles estavam prestes a cometer. Nenhuma palavra foi dita, nada saiu de suas bocas. Mas Sakura sabia que um olhar vale mais que mil palavras. E aquele olhar negro e brilhante transmitiu a mensagem perfeitamente.

Saíram da academia de mãos dadas e Sasuke a levou até a porta do seu quarto. Foi a noite mais plena de sua vida. Não apenas pelo beijo mas por saber que Sasuke a respeitava, e além de tudo, sentia alguma coisa por ela. Isso era o mais importante, afinal ela não se perguntaria nem tentaria adivinhar o que Sasuke sentia por ela. Não sabia exatamente o que era, poderia ser apenas uma atração boba, mas era alguma coisa.

–Senhorita Haruno! Distraída de novo? – Orochimaru fitou a novata de canto, os olhos estreitos, seu corpo tenso de frente para a lousa.

–Não senhor! Estou prestando atenção! – disse ela sorridente. Aquele dia estava muito diferente do anterior.

Percebeu que aquele professor estava com muita atenção direcionada a ela. Já era a terceira vez que ele chamava sua atenção naquela manhã. Tentava se sentir mal por ter dito tudo aquilo sobre escolas públicas e blá blá blá no dia anterior, mas nada era o bastante para isso. Era como se algum escudo invisível a protegesse todo o momento de qualquer coisa do mal que aparecesse.

***

Dessa vez as aulas passaram como férias do meio do ano. Nem viu a hora passar de tão bem que se sentia. Fez algumas amizades nas aulas de geografia e de biologia onde se encontrou com Hinata. Foi a melhor aula do dia. O professor era carismático, engraçado e maluco por sapos. Hinata desmaiou duas vezes enquanto dessecavam a pobre criaturinha verruguenta com Sakura.

A morena percebeu a diferença de humor da amiga comparado ao dia anterior. No entanto decidiu não perguntar o que provocara aquilo. No fundo ela sabia porque, só não tinha certeza absoluta. Poderia ser qualquer coisa porque Sakura é muito espontânea.

Depois da quarta aula, era hora do almoço. Sakura não queria se lembrar de como foi ruim almoçar sozinha no dia anterior, mas como estava feliz sentia que naquela manhã seria diferente.

Ainda tinha olhares curiosos na direção dela e quando não estava pensando no motivo de estar feliz, aquilo começava a incomodar.

Não estão olhando pra você!

Tratou-se de se convencer logo de uma vez. E daí que estavam olhando pra ela?Com certeza era melhor que ter a cabeça bombardeada por bolinhas de papel ou bolas de basquete.

Desceu as escadas rapidamente, ainda com aquele pensamento “não estão olhando pra você, não estão olhando para você”, que seus pés pareciam agir por conta própria, não estava prestando atenção onde pisava, apenas tentava ignorar os olhares que ela pensava, mas tinha certeza que estavam todos na sua direção.

Porém aquilo não era uma coisa certa a se fazer, quando uma pessoa é meio descoordenada. Um passo em falso no último degrau a derrubou no piso liso de madeira da escola.

No momento nem tentou se levantar, apenas esperou pelas gargalhadas e piadas sem graça pela idiota que levou um tombo. No entanto não ouviu gargalhadas, muito menos piadinhas. Um grupo inteiro foi ajudá-la a se levantar perguntando se ela estava bem.

Sakura não respondeu que sim, nem que não. Estava muito confusa para deixar sair qualquer palavra da sua boca. Levantou-se olhando atordoada a sua volta, quando ouviu uma voz conhecida. Seus olhos procuraram o rosto dele como se procurasse uma jóia perdida.

–Morino Idate?

–Oh, você se lembra de mim! – o garoto sorriu aproximando-se dela e despachando os garotos que a ajudaram. – Você está bem? Foi uma queda feia...

–Ah, já estou acostumada...

–Eu imaginava que você estudaria aqui... Para onde está indo?

–Ah, para o refeitório.

–Se quiser posso te acompanhar.

–Tudo bem...

O refeitório não ficava longe de onde eles estavam, por isso não deu tempo de conversarem quase nada. Idate perguntou sobre a mãe de Sakura, que já fazia tempos que não a via e sobre o segundo dia de aula na escola nova.

Já da porta Sakura procurou por seus amigos. Odiaria ter que almoçar sozinha novamente, na verdade ficar mais um segundo sozinha parecia ruim, mesmo para um dia feliz como aquele.

Despediu-se de Idate quando viu a cabeleira loira de Ino chamar por ela, depois seguiu até lá. Seus olhos arregalaram-se de felicidade quando viu todos juntos à mesa redonda. Tenten e Neji se beijavam de um lado, Temari e Shikamaru conversavam de outro, enquanto Naruto tagarelava com Sasuke e Kiba ao mesmo tempo. Hinata e Ino acenavam para ela que se aproximava agora com uma bandeja.

–Sakura-chan!! – a voz de Hinata pronunciou o nome que Sasuke mais esperava ouvir. Seus olhos procuraram por ela rapidamente e quando a viu, sentiu seu coração bater mais forte. As lembranças que não o permitiu prestar atenção na aula, voltaram como um lampejo.

Sakura deixou que os seus olhos se perdessem nos ônix que a fitavam. Sentiu seu corpo tremer quando se lembrou do beijo ardente, dos toques quentes da pele de Sasuke contra a sua.

Se ele soubesse o quanto aquilo mexia com ela... Se ele soubesse o que ela sentia apenas em lembrar daquelas sensações...

Sentou-se ao lado de Hinata quando conseguiu desviar os olhos dele. Foi uma questão de segundos, mas pareceu uma eternidade. Se tratando de Sasuke o tempo não fazia sentido algum. Ele simplesmente parecia congelar.

–Sakura, nós vimos você conversando com o Morino Idate... – disse Tenten com um sorriso torto. Todas olharam pra ela daquela forma, exceto por Hinata. Sakura sentiu seu rosto esquentar quando percebeu que até mesmo os meninos pararam de conversar para dar atenção à elas.

–Ele é um gato! – disse Ino. – Eu sabia que a Sakura ganharia admiradores mais cedo ou mais tarde. Gostei de ver!

–Eu já o conhecia! – disse Sakura antes que aquela conversa tomasse um rumo diferente. – O conheci no dia que fui às Indústrias Uchiha com o Sasuke-kun.

–E daí? Agora vocês se reencontraram... – Tenten e Temari fizeram um “u” em coro aumentando a vermelhidão no rosto da Haruno. – Aposto que ele vai te convidar pra sair. Nos conte tudo, Sakura!

Sasuke enrijeceu os ombros. Não queria prestar atenção naquela conversa, mas não podia parar de ouvir. Seus olhos estavam distraídos, fitando um canto qualquer do refeitório, mas prestava toda atenção no assunto “Morino Idate”.

–Não tem o que contar... Eu... Ele só me ajudou quando caí da escada.

–Não vem com esse papo! – interrompeu Tenten batendo na mesa. – Você não precisa ficar com vergonha...

–Mas do que vocês estão falando? – intrometeu-se Kiba. – Estão falando de Morino Idate? O primo do desgraçado do Tazuna? Morino Tazuna?!

–Espera aí, Kiba. – disse Ino. – Uma coisa não tem nada a ver com a outra!

–É claro que tem! Isso é confraternizar com o inimigo! – disse o Inuzuka bebericando uma lata de refrigerante.

–Inimigo? – perguntou Sakura confusa. Na verdade não estava muito surpresa, sabia que ainda descobriria muitos segredos dessa escola.

–Morino Tazuna é uma espécie de rival dos meninos. – explicou Tenten. – O grupo dele sempre procura um motivo para brigar. O histórico do Neji está quase tão sujo quanto o do Kiba por causa disso.

–Mas essa rivalidade é com Morino Tazuna! O Idate não é do grupo dele e nunca foi. – disse Ino olhando irritada para Kiba.

–Tudo bem. Então me deixa fazer uma comparação. – Kiba se sentou melhor na cadeira olhando Ino fulminantemente. – Se eu de repente, sei lá, quiser sair com uma das amigas, ou melhor alguma prima gostosa ou meia irmã da Koori Shizuka vocês, principalmente você Ino, não iriam se importar?

Ino arregalou os olhos.

–Por que você disse a merda desse nome? – ela cerrou os punhos. – Kami! Mudei minha opinião! Kiba está completamente certo! Idate é o inimigo! Pode esquecer, Sakura!

Satura ficou ainda mais confusa.

–Quem é Koori Shizuka? – Ino a fuzilou com o olhar.

–Você ainda não a conheceu? – perguntou Kiba atônito. – Ela é uma gostosa!

As meninas fizeram uma careta e Temari deu um tapa na cabeça do Kiba.

–Essa criatura dos infernos é a filhinha do diretor. – disse Ino entre dentes. – A santinha estudiosa, um exemplo pra família Koori, a educada e bem aplicada, um amor de pessoa... Isso e mais um pouco é o que muita gente acha dela, mas na verdade ela é uma vadia! Uma estúpida! – Sakura podia ver o ódio cuspido nas palavras dela. Ino não parecia apenas odiá-la por ela ser uma pessoa ruim, mas porque Shizuka com certeza fizera alguma coisa contra ela.

Sakura se lembrou da conversa que ouviu sem permissão da sala do diretor, quando ele dizia ao filho que a irmã dele tinha muitos amigos.

“Porque eles têm medo dela...” Foi o que o garoto respondeu. Mas quem era essa garota? Desejava imensamente não ter problemas com ela.

–Sasuke-kun, Naruto-kun e Neji-kun! – Sakura seguiu a direção da voz desconhecida que soou aos seus ouvidos interrompendo os pensamentos. Viu uma garota de cabelos louros parada às costas de Sasuke, com mais duas garotas no seu flanco. Ela tinha um sorriso cínico no rosto e olhava apenas na direção do Naruto ao lado de Sasuke e Neji ao lado de Tenten e Shikamaru. – Sentiram saudades de mim durante essas férias?

–Falando no diabo... – murmurou Temari.

–Que droga! Você tinha que infetar a nossa mesa! – disse Ino furiosa para a garota que Sakura não conhecia, mas tinha uma idéia absurda de quem poderia ser.

Sakura a fitou mais uma vez, observando que ela tocava os ombros de Sasuke como se fossem grandes conhecidos. Os olhos da moça se estreitaram quando Ino falou mais uma vez.

–Desinfeta, garota!

–A conversa ainda não chegou no chiqueiro, Ino porquinha... – a loira sorriu sarcasticamente esperando pela reação histérica da Yamanaka.

Tenten e Hinata agiram rapidamente segurando os braços de Ino e Sakura tentou ajudar da melhor maneira possível.

–Sempre mal educada, Ino... Eu só estava cumprimentando os rapazes. – Ino xingou a garota para todo mundo escutar. Shizuka porém soltou uma risadinha sem humor, voltando sua atenção para o resto da mesa. – Que pulseira mais brega, Mitsashi. Onde comprou? Num brechó?

As amiguinhas de Shizuka riram alto atrás dela.

–Não, queridinha. Comprei numa joalheria ao lado do camelô onde você comprou esse colar de segunda mão. – as meninas gargalharam alto também e os meninos suspiraram impacientes, principalmente Sasuke que odiava esses chiliques estupidamente femininos.

–Ai Kami! Você deve ser Haruno Sakura! A garota de que todos estão falando... – disse Shizuka olhando para Sakuraa, como forma de ignorar a vitória de Tenten contra ela. – Como obrigação da minha parte, por ser filha do diretor, me encarrego de mostrar a escola à você se preferir.

–Ah... – Sakura a fitou percebendo os olhares de ódio que ela recebia das meninas. – Está tudo bem. Ino já me mostrou tudo. Arigato assim mesmo... – Ino fez uma careta para a filha do diretor.

–A Yamanaka sempre tão atenciosa... Mesmo assim, seja bem vinda ao Konoha Academy Secondary. – a loira sorriu para ela. Sakura percebeu que era um sorriso sincero e se ela estava fingindo, sabia fazer isso muito bem.

Shizuka se despediu dos rapazes novamente, pronunciando seus nomes com cautela e precisão, quase sensualmente. Tenten endureceu a expressão mesmo vendo que Neji não estava nem prestando atenção no que acontecia. Seu ódio era pela garota que dava em cima de rapazes comprometidos na maior cara dura. Até Hinata estava irritada. Ela apertou a mão do Naruto por baixo da mesa e ele lhe deu um beijo na testa.

A loira saiu desfilando pelo refeitório com as outras garotas atrás dela.

–É, vocês têm razão. – murmurou Kiba cabisbaixo. – Ela é uma estúpida!

–Está dizendo isso porque ela nem ao menos olhou pra você, Kibazinho? – perguntou Tenten com um sorriso torto. Naruto começou a rir do amigo junto com Neji.

–Vamos pra sala! – Kiba se levantou irritado. – O Genma vai me matar se nos pegar matando aula!

–Vocês estão matando aula? – perguntou Temari ao Shikamaru.

–Estaríamos tendo aula de literatura agora... – respondeu o Nara dando um último gole no refrigerante. – Não olha assim pra mim. Foi idéia do Sasuke.

Todos não ficaram tão surpresos quanto Sakura. Por que ele faria isso afinal? Uma idéia maluca passou pela sua cabeça ponderando ser possível. Matando aula para vê-la? Não, que loucura! Por que Sasuke faria isso? Claro que não!

Mas... Será?

Ela fitou a silhueta do Uchiha que estava de pé com o resto dos amigos. Seus olhos se encontraram por um momento e seu coração bateu mais forte.

Eles caminharam na direção da saída do refeitório e quando Sasuke passou pelas costas da Haruno, ela sentiu um leve toque nos seus cabelos. Não se atreveu a olhar para trás por tamanho medo. Não sabia exatamente do que temer, mas não queria que as outras meninas percebessem o quanto estava dominada por Uchiha Sasuke.

Ele desapareceu do refeitório com os outros, enquanto as meninas terminavam o almoço.

–Agora tenho aula de biologia! – disse Ino tristonha. A aula que mais odiava era biologia.

–Eu tenho história! Do que você ‘tá reclamando? – Tenten se levantou, iria reclamar de alguma coisa da aula do Orochimaru-sensei quando viu uma cena inacreditavelmente impossível de estar acontecendo. – Alguém me belisca porque eu só posso estar vendo coisas! – as meninas a fitaram imediatamente curiosas e seguiram o olhar da morena.

–Kami! – Hinata pôs uma mão no peito.

–Não pode ser! – Temari arregalou os olhos.

–Karin com a Shizuka?! – Ino cerrou os punhos e arregalou os olhos. – Aquela traidora!

–O que foi? – Sakura olhou no rosto de cada uma delas confusa, depois entendeu o que elas queriam dizer. Karin estava na mesma mesa em que Shizuka. Elas pareciam conversar naturalmente como duas amigas almoçando juntas.

–A Karin tem um ódio mortal por ela até mais forte que o ódio da Ino. – explicou Tenten ainda boquiaberta. – E isso porque o Sasuke já ficou com a Shizuka. O pior erro da vida dele, eu acho...

Sakura sentiu-se ser atingida por uma onda gigantesca. Um tsunami pareceu arrastar o seu corpo para longe dali. Parecia uma estúpida por ter essa reação interna, mas foi o que sentiu ao saber daquilo. A garota loira, linda e popular que Ino jurava ser o demônio em pessoa, já havia tido uma coisa intensa com Sasuke. Se não houvesse algo mais.

Que bobagem! Não deixe isso estragar o seu dia!

Tentou se reconfortar da melhor maneira possível. As meninas ainda discutiam sobre aquele absurdo, dizendo que Karin não merecia ter a pena que elas tinham dela nos últimos dias e que ela deveria explicar o que estava acontecendo. Mas no final decidiram que melhor era ignorá-la. Era o que Karin estava fazendo há muito tempo, o que queria dizer que ela não estava mais afim de continuar no grupo.

Elas saíram do refeitório colocando aquele assunto como encerrado. Não falariam da ruiva nem procurariam saber do motivo dela estar com a garota que mais odiava na face da Terra. Não havia outra explicação: Karin havia enlouquecido. Com certeza.

Apenas Hinata sentia alguma coisa a mais naquele acontecimento histórico. Duas garotas como elas juntas não podia ser uma coisa boa.

***

–Viu como elas olharam pra gente? – perguntou Shizuka à ruiva com um sorriso torto.

–Não, eu não vi! – Karin respondeu ríspida voltando a beber o seu suco de laranja. – Você ainda não respondeu a minha pergunta.

–Eu já disse que não tenho certeza. Não sei se devo acreditar em você...

–O que?! – Karin bateu as mãos na mesa soltando o copo vazio.

–Eles nem ao menos estavam sentados juntos.

–Isso não quer dizer nada! Eu já disse! Aquela Haruno é uma duas caras! Ela sabe fingir ser boazinha tanto quanto você. – Karin ajeitou os óculos no rosto, depois fitou a expressão cínica no rosto de Shizuka.

–Por que todo esse ódio por ela, Karin? Por ela ser bonita ou por estar mais popular que você? – Shizuka sorriu de canto. – A notícia do término do seu namoro ficou a solta apenas por umas horas. Mas já a Haruno... Bom, estão falando dela até hoje...

–Eu já entendi o seu plano! – Karin cerrou os punhos e juntou as sobrancelhas. – Você pretende me deixar de fora para tomar o Sasuke só pra você, não é? Sua loira burra e desgraçada!

–Olha como fala comigo, sua ruiva de farmácia! – Shizuka endureceu a expressão tanto quanto ela. – A única razão de estar aqui sendo aturada por mim, é pelo acordo que nós fizemos!

–Então parem de discutir! – ordenou uma das meninas que seguia Shizuka, uma morena de rabo de cavalo. – Vocês farão como o combinado! Quando conseguirem deixar o caminho do Sasuke limpo, o disputarão entre si! Mas agora devem trabalhar juntas ou não dará certo.

Karin ajeitou os óculos mais uma vez, depois relaxou um pouco os ombros.

–Está bem... – começou a Koori respirando fundo, tentando se recompor da raiva. – Digamos que você esteja certa. Que a Haruno é uma duas caras que está apaixonada pelo Sasuke...

–Precisamos mantê-la longe dele.

–Não.

–Não?! Você ficou maluca?

–Ainda não. Quero ter certeza de que você está certa. Faremos uma espécie de prova... – Shizuka estreitou os olhos para a ruiva, deixou o sorriso torto voltar aos seus lábios.

–Que tipo de prova?

–Você verá amanhã...

***

Era uma noite como qualquer outra na mansão Uchiha. Aquela impressão de lugar vazio e solitário quando qualquer som ecoa pelos cômodos. Aquele silêncio incômodo que Sakura estava começando a se acostumar. Estava toda família reunida à mesa, Uchiha Fugaku na cabeceira, Sasuke a sua esquerda, Yori a sua direita e Sakura ao seu lado. O único som ali presente era dos talheres batendo ao prato de porcelana. A falta de assunto estava incomodando até mesmo os dois Uchiha que gostavam da quietude.

–Como foi na escola, querida? – o som doce da voz de Yori despertou dos pensamentos todos que estavam à mesa.

Fugaku suspirou mostrando a alegria de sua esposa ter cortado o silêncio. Seu dia fora estressante na empresa e a única pessoa que podia melhorá-lo era ela. Sasuke assim como o seu pai, agradeceu mentalmente por ter mais duas pessoas na família que não fossem um Uchiha. Muitas vezes jantou sob aquele ambiente desagradável com o seu pai, desejando que um dia acabasse. Muita dessas vezes também se recusava ter que se sentar com ele à mesa para jantar e isso sempre provocava discussões. Nunca imaginou que um dia isso acabaria, porém lá estavam eles, com duas companhias que eram capazes de impedir que um simples jantar se tornasse uma catástrofe.

–Foi ótimo. Melhor que ontem, com certeza. – respondeu Sakura depois que conseguiu engolir uma garfada da comida estranha no seu prato.

–O segundo dia de aula sempre é melhor que o primeiro. – murmurou Fugaku confiante. Ele virou a taça de vinho goela abaixo pensando em mais alguma coisa para dizer, quando foi interrompido por Sakura.

–Fugaku-sama? – ele ergueu suas sobrancelhas com um meio sorriso. – Eu encontrei retratos de muitos Uchiha na parede da diretoria da escola.

–Hai... Muitas gerações dos Uchiha estudaram naquela escola. – Fugaku desviou seus olhos da mesa como se estivesse recordando sua juventude. – Bons tempos aqueles...

–Koori Saito era do seu tempo, não querido? – perguntou Yori.

–Sim, fomos grandes amigos...

–Hum... – Sasuke demonstrou sua irritação pela mentira aparente de seu pai. – Grandes amigos? - Fugaku olhou estreito para o filho. – Não deve estar falando da mesma pessoa...

–O que você quer dizer, Sasuke? – Fugaku endureceu sua expressão pronunciando suas palavras entre dentes.

–Vocês se odiavam. Brigavam por qualquer merda que surgisse.

–Olha como fala, garoto! – Fugaku bateu uma mão na mesa. Os olhos fulminantes na direção do filho que nem sequer olhava para ele.

–Diga que estou mentindo, pai. – agora ele o fitou. Os dois olhares negros se encaravam.

Era a primeira vez que Sakura presenciava aquela fúria em Uchiha Fugaku. Sasuke não parecia com raiva, mas tinha aquele olhar negro e indecifrável que ela não gostava.

–Você ainda está com aquela idéia ridícula? – Fugaku deixou seus ombros mais tensos. Uma veia pulsava na sua testa a ponto de explodir.

–Querido se acalme... – Yori colocou uma mão no ombro do marido mas ele a ignorou.

–Insiste em dizer que o diretor Koori te odeia por minha causa? Claro, afinal você nunca faz nada de errado, não é mesmo Sasuke? Todas aquelas punições pelas brigas que se envolveu na escola não são culpa sua! – ironizou. – É culpa do diretor que me odeia e pune você por vingança... É isso que está dizendo?

–NÃO! – Sasuke se levantou e pôs as mãos sobre a mesa. – Repita pra mim que vocês eram grandes amigos! Diga que você não o provocava com a sua arrogância de superioridade Uchiha! Diga que você não o humilhou na frente de toda a escola depois de ter dormido com a namorada dele! DIGA QUE ESTOU MENTINDO, PAI!

Sasuke fitou o pai por uns instantes, depois saiu da sala de jantar. Seu corpo estava trêmulo pela raiva, seus olhos ardiam em fúria. Era a primeira vez que o desafiava daquela maneira e não sabia o porquê de ter feito aquilo. Talvez por estar preso dentro dele por tanto tempo e não via a hora de soltar todo aquele ódio.

Mais um jantar arruinado... E arruinado por culpa dele? Ou da cara grande do seu pai mentiroso?

Sakura e Yori ficaram em silêncio presas por seus próprios pensamentos. Fugaku também se levantou da mesa após uns instantes para em seguida seguir o mesmo caminho que Sasuke fizera. Yori foi atrás dele rapidamente.

–Não faça nada.

–Me solte, Yori!

–Não faça nada! Ele é só um adolescente! – ela segurou nos ombros dele ficando no meio da porta para impedi-lo.

–Um adolescente que terá que aprender a ter mais respeito por seu pai.

–Se for atrás dele só vai piorar a situação!

–Um Uchiha não pode permitir que...

–Pare de pensar como um Uchiha por um momento, por favor! – interrompeu ainda tentando impedi-lo de passar. – Ele é o seu filho. Só precisa ter alguém que o entenda. Se for até lá para dar bronca será pior... Eu entendo disso melhor do que ninguém. – Yori percebeu que ele ainda estava tenso. – Você mesmo disse que Sasuke está mudando. Lembra-se do que me contou hoje de manhã? Você disse que estava surpreso por não ter recebido nenhum chamado da escola por alguma coisa que o Sasuke fez. Disse que estava feliz por não ter acontecido nada grave durante as férias. Está vendo como? Sasuke está amadurecendo... Ele está mudando. Assim como você mudou. – Fugaku olhou dentro dos olhos dela meio receoso. Sasuke havia revelado uma coisa que ele nunca contou à ela, um segredo que nem mesmo a mãe de Sasuke sabia. Porém Yori não parecia se importar com isso. Ele sabia que para ela, o passado fica no passado.

Fugaku respirou fundo e amoleceu um pouco os ombros. Yori o abraçou depois eles voltaram para a mesa, fitando Sakura com um olhar de desculpas. Ela estava um pouco em estado de choque, digerindo as palavras de sua mãe. Não imaginava que o relacionamento de Sasuke com o pai era tão hostil. E como Sasuke era antes de conhecê-la? Era um garoto assim tão problemático? Claro que quando ela o conheceu Sasuke não a tratou da melhor maneira, mas não foi uma coisa que da qual ele pudesse ser condenado.

–Mãe, eu já terminei. Vou fazer o dever de casa.

Subiu as escadas como se estivesse com um buraco no peito. Lembrou-se que mais cedo se sentia como se nada fosse capaz de deixá-la em pedaços. Mas depois daquele jantar arruinado, saber que Sasuke era tão infeliz por ter um relacionamento difícil com o pai, era o mesmo que se desabar em pranto.

Não tentou procurar por ele. Talvez Sasuke precisasse de um tempo sozinho para se acalmar e ela só atrapalharia.

Pegou seus livros e cadernos e foi para a cabana do jardim, o lugar sossegado e reservado da mansão onde ela gostava de se isolar para ler. Sabia que tanta coisa na sua cabeça a impediria de terminar o seu dever de casa, mas ao menos tentaria.

Sasuke estava na quadra de tênis quando viu as luzes saírem pela janela da pequena cabana de jardim. Normalmente depois de uma discussão com o pai ele ia para o mirante sem fazer curva, mas daquela vez não estava com muita vontade de sair. Seu dia fora tão bom quanto o de Sakura. Ele havia obrigado os meninos a matarem aula para poder vê-la no refeitório. Ficou a manhã inteira pensando na última noite, tais lembranças provocavam uma sensação prazerosa no seu interior. Mas agora estava tudo arruinado. Tudo por não conseguir conter a raiva pela coragem do pai em mentir. Conhecia tantos segredos daquele homem, tantas revelações abomináveis que tinha nojo em ser filho dele. Seu pai podia estar mudado agora, mas não tinha o direito de apontar o dedo para o que Sasuke fizera de errado algum dia. Nada era o bastante para alcançar o que Uchiha Fugaku já fizera.

Sasuke seguiu na direção da cabana já sabendo quem estava lá. Abriu a porta vagarosamente avistando Sakura distraída com os livros.

–Dever de casa de novo? – Sakura o fitou assustada, o coração aos pulos e os olhos arregalados. Ela estava sentada no chão, encostada num sofá de madeira.

–Acho que terei dever de casa todos os dias. Você não tem? – ela sorriu levemente humorada, tentando da melhor forma ignorar o que acontecera minutos atrás.

–Tenho. – ele caminhou para o sofá de madeira às costas dela, depois se sentou. – Apenas não faço.

Sakura respirou fundo quando o sentiu tão perto daquela maneira. Voltou sua atenção para os livros agora tentando ignorar as lembranças ardentes que não a deixaram dormir na ultima noite.

–Eu também não gosto de dever de casa. Não sei como tenho paciência pra fazer todos os dias. – disse ela voltando a copiar a lição do livro.

–Você não é uma garota normal. – Sakura parou de escrever depois o fitou com os olhos estreitos.

–Arigatou... eu acho. – Sasuke sorriu de canto pela expressão da Haruno. – Você me acha anormal?

–Anormal não é a palavra certa... – Sasuke desviou os olhos. Queria ter coragem para dizer o que realmente achava dela, mas não tinha.

–Está bem... Vou tentar conviver com isso. – Sakura se levantou arrumando os seus livros e sorrindo levemente. – Você não é o primeiro que me acha uma maluca. – ela se levantou e seguiu na direção da porta. – Boa noite, Sasuke-kun.

Sakura abriu a porta, mas antes que pudesse sair, viu a mão de Sasuke fechá-la novamente. Tamanho foi o susto que seus livros foram ao chão ao mesmo tempo que o seu coração bateu mais forte.

Ela se virou para Sasuke e o fitou nos olhos negros ofegante, trêmula, totalmente pega de surpresa. Sasuke a encostou na porta e aproximou o rosto dela de olhos fechados. Sabia que Sakura era a única que poderia fazer com que ele se sentisse melhor.

–Quero te beijar... – sussurrou roçando seu nariz ao dela. Suas mãos a cercaram pela cintura, fazendo o corpo da Haruno estremecer.

–Eu não sei se sou muito boa nisso... – ofegou apertando os olhos, sentindo seu estômago se dobrar violentamente dentro dela.

–Impossível não ser...

Sasuke a beijou. Seus lábios moveram-se contra os dela, degustando daquele sabor doce e único. Não era como um simples beijo, apenas uma união de lábios. Era muito mais que isso. Ambos podiam sentir que havia algo a mais naquele ato prazeroso. Algo terno e completo. Único e inexplicável. Algo que não era preciso entender, apenas sentir.

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Continua...


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Notas finais do capítulo

Deve ter muita gente querendo me matar depois desse capítulo!!



Oi galera!! Tudo beleza com vcs?! Eu tô na mesma! Época de vestibular, trabalho, correria, estresse...

Tá! Deixa eu explicar o motivo da galerinha querer me matar!! =X



Porque mais uma vez o hentai não saiu!



Juro a vcs que o hentai está mais perto do que imaginam.... XD Estou tão ansiosa quanto vcs, pode crê! Essa foi a última pegadinha do malandro... Digo e repito: Chega de enrolação!



Mas tem uma explicação pra isso... XD



Eu quis demonstrar o respeito que o Sasuke tem pela rosada. Coisa que ele nunca teve com garota nenhuma. Por iso a demora pra eles se enlouquecerem na cama, entendem??



*Corre das pedradas!*



O personagem do Morino Tazuna terá mais destaque no próximo capítulo. Só adianto que ele é inimigo número um do Sasuke.



Novamente só tenho a agradecer ao carinho de todos! ^.^



Muito obrigada a Mary miss guerra por recomendar a fic!! XD E a todos por mandarem reviws maravilhosos!!



Bjuss dessa baka feliz que um dia será internada (novamente) num hospício se alguém me denunciar!!





=Denny

P.S. Phoenix!!!! O que seria de mim sem vc?? O.O Não esqueçam do SALVE!!!! Ò.Ó