Projeto Nêmesis escrita por Lori Holanda


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

O capítulo está um pouco grande, mas espero que leiam até o fim. Beijos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/293601/chapter/4

            - Eu estou ficando cansada, será que ninguém aqui sabe dirigir? – Perguntou Lucy ofegante.

            Eles já haviam caminhado por no mínimo duas horas. O sol estava baixo no céu, ainda devia estar de manha, mas ninguém sabia a hora exata. No começo andavam rápido sem rumo, revezando o peso das mochilas e olhando para trás frequentemente, assustados com o que Bandit havia dito. Todos insistiam para que ela falasse o que aconteceu. Primeiramente ela disse que não falaria, mas depois de muito esforço, ela cedeu.

            “Tudo bem! Eu vou falar.” Ela começou. “Quando eu estava no colo do Daniel eu tive uma visão. Pelo menos eu acho que foi uma visão... Enfim, eu me vi armando uma bomba, eu vi que os sanguessugas iam nos achar e eu me vi armando uma bomba e explodindo o prédio. No começo eu achei que foi só um sonho ou alguma coisa assim, mas quando a Nancy veio correndo falando que tinha ouvido barulhos no teto eu vi que era verdade. Então eu corri pro lugar que eu tinha encontrado a bomba na minha visão e lá estava ela. Armei ela para explodir em 3 minutos e sai correndo, assim como na visão. Então quando todos já estavam aqui ‘BOOM!’Ela explodiu. ”

            Todos olhavam assustados para ela. Ela contava a história como se falasse sobre a primeira vez que ela andou de bicicleta ou qualquer coisa parecida. Parecia não entender que ela havia acabado de explodir um prédio, e contava aquilo com a cara mais dócil de todas.

            - Como você armou uma bomba? Quer dizer, você deve ter menos de 10 anos! – Disse Draco, assustado.

            - Na verdade é mais fácil do que parece, é só apertar o botão grande e escolher o tempo.

- Gente, essa menina de menos de um metro acabou de falar que teve uma visão! De que ela armou uma bomba! Ela acabou de explodir um prédio de mais de 30 metros!– Disse Max, nervoso.

Todos se calaram.

- Então? – continuou ele, olhando para Nancy – você não deve ter nenhuma explicação lógica para isso, não é?

- Bom, não é muito lógica mas é uma explicação. Vocês se lembram que eu falei que aquela empresa estava fazendo experiências com a gente, certo? Então, era isso.

- Isso o que? Será que da pra ser mais especifica?

- Eles modificaram nossas células ou alguma coisa assim. Agora nós temos super poderes ou algo parecido. Tipo mutantes.

- O QUÊ?! – Disseram todos ao mesmo tempo.

- Quando é que vocês vão se acostumar? È tipo isso, mas eu não sei explicar. A Bandit provavelmente consegue prever o futuro, ou talvez uma solução pra a situação em que ela se encontra, mas não tem explicação. Quando eu e a Gloria fomos soltas acho que ela descobriu o que eles fizeram a nós. Por isso ela fugiu. Por isso ela dizia que nós éramos monstros. Por isso ela esta morta. Nós temos poderes. Fim. Eu não sei quais, eu não sei como, eu não sei quem tem, eu não sei por que, eu só sei que é isso.

Ninguém disse nada. Não era como imaginavam. Nenhum deles parecia realmente feliz ou animado. Nem mesmo Drake. Era como se eles tivessem descoberto que estavam com um câncer terminal, uma doença terrivelmente contagiosa. Sentiam-se usados, sujos. Não parecia tão legal como nos filmes, mas era a realidade.

- Mas – começou Andrômeda – isso não faz sentido...

- E alguma coisa faz sentido por aqui? – Interrompeu Nancy, histérica – Por acaso, todos os monstros atrás de nós, isso faz sentido pra você? Ah claro, uma menina de oito anos de idade explodir um prédio é completamente lógico! Ou será que praticamente todos os seres humanos agora se alimentarem de sangue é uma coisa extremamente comum? Nada faz sentido! NADA, ok?  Nós estamos no fim do mundo, entenderam agora? Parem de choramingar! É pura sorte nós ainda estarmos vivos, não pensem que aqueles sanguessugas vão nos poupar por que nós somos especiais ou algo assim. Eles vão nos matar e nos drenar na primeira chance que tiverem. Os mais fracos primeiros, simples assim. Nós temos que sobreviver, não salvar o mundo. Isso não é um filme de ficção com um final feliz. Este já é o final, e não é feliz.

Nancy terminou ofegante. Todos assustados com ela. Não havia mais nada a ser dito, e ninguém se atreveu questionar o que ela disse. Não podiam questionar a verdade, e era isso que ela havia falado. A verdade. Um silêncio constrangedor havia comandado nas próximas horas, até que Lucy quebrasse o gelo.

             - Eu não sei, mas nós precisaríamos de um ônibus para todo mundo. – Respondeu Daniel a ela.

            - Eu achei que nós encontraríamos carros voadores e cabines de tele transporte pela evolução daquele laboratório. Quer dizer, em que ano nós estamos? Pela evolução daquilo tudo eu achei que estaríamos por volta de 2199. – Disse Frank.

            - É, mas parece que pela evolução da humanidade eu diria que nós ainda estamos no século 21. 2020, 2030 talvez. – Comentou Pandora.

            - 2047. – Respondeu Ariana – Olhem ali.

            Ela apontava para um outdoor 3D. A imagem estava com defeito e piscava o tempo todo, mas ainda dava pra ver o que dizia. “The Collective, mantendo o contínuo avanço da humanidade.”

            - Slogan legal.

            -Que empresa é essa, afinal? Tem propaganda dela por toda parte. – Perguntou Billie.

            - É a empresa em que nós estávamos. – Respondeu Nancy – É como um grande laboratório tecnológico. Faz todo tipo de pesquisa. Fazia, quero dizer. Nós éramos uma de suas pesquisas, se é isso que vocês querem saber. Mas ninguém sabe que nós existimos, era tipo um projeto ultra secreto. Provavelmente sem a autorização do governo, é claro.

            - eu to com fome. – Disse Bandit, como se nem tivesse escutado o que Nancy havia dito.

            - É mesmo, nós temos que arranjar comida... Mas aonde? – Disse Loretta.

            - Ali. – Respondeu Joshua, apontando para o final de uma das ruas perpendiculares à avenida que estavam.

Todos olharam. O lugar parecia totalmente destruído por fora. Dava para ver que era um Walmart, apesar de metade do letreiro estar caído no chão. No estacionamento, vários carros abandonados e destruídos. Alguns com corpos dentro, outros com vidro e sangue espalhados pelo capô. A maioria das janelas do prédio estavam quebradas. O interior do lugar estava completamente escuro.

            - Tá, nós achamos um super mercado, e agora? A gente entra, pega e sai?

            - Nós temos que ter um plano. – Disse Jason.

            Era a primeira vez que ele falava desde que acordaram. Sua voz era grossa e firme.

            Juntaram-se em um canto. O plano era formar duplas ou trios, cada um com um objetivo. Não queriam demorar mais de dez minutos, aquele lugar poderia ser um covil ou uma espécie de esconderijo para sanguessugas. Após estabelecer os grupos, o que cada um ia pegar e todos os detalhes necessários eles finalmente estavam prontos. Armaram-se, cada um com duas das armas que haviam escolhido e o resto nas costas. Não havia tempo para praticar, o plano era acertar na cabeça caso algum monstro aparecesse. Mais ou menos meia hora se passou até que todos estivessem preparados.

            - Todos se lembram do plano? – Perguntou Nancy, nervosa.

            - Sim, nós lembramos! Vamos logo com isso. - Disse Max, impaciente.

            - Certo, então vamos!

            Todos começaram a avançar lentamente. O suor frio caindo pelos rostos, o sol do meio dia iluminando o caminho. Não sabiam o que os esperava e não tinham a mínima preparação para aquilo. A única coisa que passava pela cabeça de todos eram as palavras de Nancy, “Os mais fracos primeiro”. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo cinco sai semana que vem! Até lá.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Projeto Nêmesis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.